Na América ...
Desta vez o insólito vem do Alabama, um dos Estados do Sul dos Estados Unidos da América, onde o direito à posse e uso de armas está acima de qualquer direito da mulher, especialmente de for negra.
Os factos ocorreram já em Dezembro passado, mas a notícia é fresquinha, e vem da acusação, agora conhecida, de uma mulher grávida pelo homicídio do seu filho. Pela prática de aborto, pensará certamente o leitor... Num Estado em que o aborto é o mais grave dos crimes, será normal...
Nada disso. O feto que esta mulher de 27 anos trazia na barriga perdeu a vida porque, no meio de uma discussão (sobre o pai da criança) com outra mulher, de 23, à porta de um bazar, a grávida foi atingida com um tiro que, em vez de a matar - e por consequência igualmente o feto -, deixando-a ferida, matou apenas o futuro bebé. A acusação tem por base a convicção absoluta, a crença inatacável, que a mulher tem por função procriar e por obrigação parir filhos fortes e saudáveis, constituindo acto criminoso tudo o que o impeça.
Tendo sido ela a iniciar a discussão, ou no mínimo não a tendo evitado, cometeu um crime, claramente culpada de ter levado um tiro que provocou a morte do feto. Nesta mesma lógica do caldo de cultura da América profunda, a mulher que disparou apenas o fez em legítima defesa. No uso do legítimo e superior direito a usar armas!
O New York Times tomou a iniciativa de efectuar um inquérito à população sobre esta sentença. Os resultados foram esmagadores: a vítima é mesmo culpada!
É assim... na América...