Ao contrário do que se poderia admitir o Benfica está ainda bem longe da final do Jamor, onde não chega há tempo de mais. Depois do que se viu hoje na Luz, não está nada fácil lá chegar.
Ter-se-á que dizer que o que se viu hoje na Luz foi um grande jogo de futebol. Mas não se viu apenas um bom jogo, viu-se muito mais. Viu-se que o Famalicão é uma boa equipa, com bons jogadores, bem trabalhados e muito bem orientados. Já se sabia que assim era, o campeonato tem-no mostrado. Viu-se que o Benfica está a perder consistência, especialmente nas tarefas defensivas, e que são muitos os jogadores que estão bem longe dos seus melhores momentos. Apetece dizer que são todos, e que Taarabt apenas serve para a excepção que confirma a regra.
O Benfica até entrou bem no jogo, a pressionar alto e a condicionar fortemente a ambição deste sensacional Famalicão. Sabe-se que nehuma equipa consegue pressionar alto durante todo o jogo, e por isso as equipas perseguem essa estratégia de jogo para o resolver o mais depressa possível. Para que já esteja resolvido quando não for possível prosseguir com essa atitude pressionante, e geri-lo a partir daí.
Acontece que a pressão do Benfica se esgotou num quarto de hora. Antes de o resolver mas pior: antes mesmo de sequer construir situações que o permitissem começar a resolver.
Passado o primeiro quarto de hora o Famalicão equilibrou o jogo, e chegou mesmo a colocar-se por cima. E foi nesse registo que se atingiu o intervalo.
À entrada para a segunda parte o Benfica voltou a dar a ideia que iria dominar o jogo e começar então a resolvê-lo. Cedo chegou ao golo, ainda dentro dos primeiros dez minutos, e pensou-se que o mais difícil estaria feito.
Puro engano. Menos de outro tanto tempo depois, a fechar o primeiro quarto de hora, o Famalicão empatou, numa boa jogada de contra-ataque idêntica a umas tantas que havia desenhado na primeira parte, e mais umas tantas que haveria de assinar depois. Sempre a aproveitar aquela meia esquerda defensiva do Benfica, onde então estava Ferro, entrado ao intervalo para o lugar de Jardel, que entrara de início.
O segundo do Famalicão, exactamente no mesmo registo e com os mesmos protagonistas, demorou apenas mais 13 minutos. E o terceiro só não aconteceu porque Vlachodimos o impediu de forma soberba. Teria sido o bom e o bonito se Bruno Lage tivesse insistido em prescindir do seu único verdadeiro guarda-redes, como fizera até aqui.
Bruno Lage teve de esgotar as substituições para fazer entrar os pesos-pesados Rafa e Vinícius, retirando Cervi e Chiquinho, e valeu que o golo do novo empate demorou apenas 5 minutos. Até porque, com a saída de Cervi, a manta ficara curta, nunca dando para tapar o que Grimaldo e Ferro destapavam.
No fim, mesmo na última jogada do encontro, no último canto, Gabriel - também ele muito longe do seu melhor - fechou a reviravolta final. E uma vitória que o Benfica poderá ter merecido, mesmo que o Famalicão não tivesse merecido perder.
No próximo sábado é outra coisa. E ninguém irá dar pelas marcas do desgaste que este jogo deixou no corpo e na cabeça dos jogadores do Benfica!
Parece que caiu finalmente o pano sobre a encenação do IVA na electricidade. Com a dramatização, Costa & Centeno ganharam a opinião publicada, o PSD vacilou e tudo acaba em bem. Para o governo. Para António Costa, como sempre. Por enquanto ... Nem sempre assim haverá de ser...
Se calhar nem faltará muito para que assim deixe de ser.
Na oposição, em 2013, em tempos de troika, o PS propunha a descida da taxa do IVA da electricidade para os 13%, coisa que António Costa e o seu governo considera agora, em tempos de excedente orçamental, desastroso e motivo de autêntico colapso nas finanças públicas. Chegado ao governo, em 2015, dois anos depois, António Costa esqueceu-se do IVA da electricidade e lembrou-se do da restauração. E logo no primeiro orçamento opta por transferir a redução a taxa do IVA de 23 para 13% da electricidade para os restaurantes, numa escolha nunca explicada. Porque inexplicável!
Os preços praticados nos restaurantes nunca reflectiram essa redução fiscal, e a medida limitou-se a confortar a margem do negócio da restauração com cerca de 400 milhões de euros por ano.
Na dramatização que encenou a meias com Centeno, António Costa esqueceu-se disto. E ao esquecer-se disto esqueceu-se até que poderia propor a troca da descida da taxa na electricidade pela subida na da restauração. Esqueceu-se que nós sabemos que governar é fazer opções e esqueceu-se que começamos a perceber que as dele são sempre as mesmas. Que escolhe sempre para o mesmo lado. Ou sempre contra o mesmo lado...
E é o ambiente. Claro. António Costa decide o aeroporto no Montijo, mas baixar o IVA na electricidade é que faz mal ao ambiente... Um dia destes vai reparar que as coisas começam a deixar de lhe correr sempre assim tão bem!
Poderíamos ter a ideia que a escolha da cabeça de lista do Livre por Lisboa para as legislativas de Outubro passado não teria sido a coisa mais acertada. Mas não. Mesmo que "presunção e água benta cada um tome a que quer", a agora "deputada não inscrita" nasceu para aquilo.
Nasceu para estar na Assembleia da República: "Que ninguém me diga que eu não estou onde devia estar. Eu nasci para estar ali [Parlamento]. Eu vou continuar ali. Eu não me imagino em mais sítio nenhum hoje"!
E por isso prometeu não sair enquanto a sua gaguez não desaparecer da Assembleia, inaugurando um novo conceito de mandato, e quiçá de legislatura.
Foi um jogo estranho e muito complicado, este que Benfica e Belenenses SAD disputaram na Luz nesta sexta-feira. A equipa de Petit surpreendeu com uma atitude descomplexada e cheia de atrevimento.
Esteve por cima em muitas fases do jogo. Foi claramente assim na primeria metade da primeira parte, e muito assim em quase toda a segunda parte. Pelo meio houve a noite de Taarabt e três excelentes golos, todos os do Benfica, em três jogadas verdadeiramente espectaculares. Nos dois primeiros, inteirinhas do marroquino que Bruno Lage ressuscitou. No último, mais colectiva: com um passe notável do Rúben Dias, seguida de um toque de calcanhar fabuloso de Vinícius, e concluída com desmarcação e finalização irrepreensível do recém entrado Chiquinho.
Ficou a ideia que o Benfica nunca entendeu o jogo nem nunca se entendeu com o jogo. Foi um jogo com muitos espaços, nunca o Benfica teve um jogo com tanto espaço. E quando há espaço, as equipas com os melhores jogadores encontram o seu paraíso num jogo de futebol. À excepção das jogadas dos golos, o Benfica nunca soube aproveitar os espaços que o jogo lhe concedia. Parecia que desconfiava disso. Talvez por a equipa não estar habituada a isso, fazia lembrar aquele jargão popular: quando a esmola é grande, o pobre desconfia!
E não entendeu claramente aquele jogo.
Mas também não se entendeu com ele. Depois de chegar com alguma facilidade ao 2-0 (muito mais facilidade que no jogo do ano passado, cujo fantasma pairou tanto tempo na Luz) o Benfica veio para a segunda parte como se nada do que acontecera na primeira metade do período inicial tivesse realmente acontecido. E permitiu que a equipa de Petit se mantivesse viva no jogo, a engordar o fantasma da última época, que levou os únicos dois pontos que Bruno Lage deixou fugir.
E nem vale a pena invocar a mentira do penalti que deu o segundo golo ao adversário. Que o árbitro Hugo Almeida se tenha equivocado, poderá ter que se aceitar. Mesmo que sejam equívocos a mais, pois também já se tinha equivocado num livre perigoso contra o Benfica, com amarelo e tudo para o Pizzi, que nem na sombra no velho e sabido Varela tocara. Rui Oliveira, o VAR, é que não tem desculpa: o único contacto de Rafa com o mesmo Varela, num esboço de tentativa de o agarrar, acontece bem fora da área. Dentro da área apenas acontece que o velho e sabido Varela se manda para o chão!