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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Moeda de troca

DGS já enviou parecer técnico sobre Festa do Avante ao PCP - Renascença

 

As últimas semanas foram deixando a ideia que a autorização da realização da festa do Avante seria qualquer coisa que entrava nas contas da constituição da geringonça 2.0.

Não é uma ideia simpática, tanto mais que remete as instituições do Estado de Direito para simples agentes da táctica política do governo. Mas é a que foi ganhando cada vez mais forma nos últimos dias.

Com a aproximação da data do evento - já no final desta semana - e à medida que sua realização se tornava cada vez mais irreversível, mais ruidoso era o silêncio da Direcção Geral de Saúde (DGS). De tal forma que o Presidente da República, ainda para mais aborrecido com as encenações de crise política do primeiro-ministro e com as alterações de paradigma de António Costa, teve que dizer que bastava, e que era mais do que tempo de a DGS tornar públicas as condições de autorização da Festa.

Pressionada, a DGS informou que já tinha entregado ao PCP as condições aprovadas para a realização da Festa. Mas que não as divulgava. Que fosse o organizador a fazê-lo. 

Não há qualquer dúvida que a DGS não quis transparência em todo este processo. Ou não quis ou não pôde ser transparente. O governo, com o sound byte da ministra da saúde, logo no início, que "nada seria permitido que estivesse proibido, nem nada que fosse permitido seria proibido", tratara já de fazer descer a cortina.

Se nada disto tivesse a ver com as contas para a nova geringonça que agora, ao contrário de há apenas dez meses atrás, António Costa tem por imprescindível à estabilidade governativa, é que seria estranho.

Há 10 anos

10 anos como professor – HOJE! | EvangeBlog

 

Todos os dias tropeçamos em pequenas habilidades que têm por único fim apanharem-nos os poucos euros que vamos conseguindo manter nos bolsos. Depois dos impostos, da gasolina, do supermercado, das prestações da casa, do carro e de sabe-se lá mais o quê. Dos parquímetros e dos arrumadores que nos obrigam a pagar o estacionamento em dobro. Depois de termos conseguido segurar os últimos euros à custa de tantos e tantos cortes e de mais uns furos no cinto, ainda surge um autêntico exército de chicos espertos a magicar todas as formas  de os conseguir sacar. São autênticos ímanes apontados aos nossos bolsos!

Umas vezes de forma legal, muitas de forma ilegal, mas sempre de forma ilegítima!

À frente deste exército encontramos invariavelmente o mundo das telecomunicações. As novas tecnologias transformaram-nos em comunicadependentes e, como em todas as dependências, lá estamos nós disponíveis para alimentar mais uma vaga de traficantes que rapidamente ocupa os mais diversos pontos na cadeia de distribuição.

Se nos distraímos lá estão uns tipos a dizerem-nos que ganhamos isto e aquilo e, de repente, só damos com uns euros a voar nas asas de uns ora atrevidos ora incautos sms. Tudo legal! Tão legal que até as operadoras, invariavelmente os maiores chicos espertos, lhe dão cobertura…

O que todavia mais me impressiona é a generalização e a utilização indiscriminada das ditas chamadas de valor acrescentado. Que sejam utilizadas pelos chicos espertos, enfim: o que é que podemos fazer? 

Mas não, são utilizadas por toda a gente. Por gente absolutamente insuspeita e pela mais respeitáveis instituições. Evidentemente com a bênção de todas as altíssimas entidades reguladoras e de supervisão que, supostamente, velam por nós - pobres cidadãos e indefesos consumidores.

São as televisões, que descobriram o filão e já não há concurso que não seja decidido sem as tais dos 60 cêntimos, mais IVA. Do mais simples e insignificante concurso ao próprio concurso das cantigas da Eurovisão e das estações associadas.  Do maior português ao ídolo do momento. Às 7 maravilhas! Elegem-se assim as 7 maravilhas de tudo e mais umas botas

As sondagens são já substituídas pelas consultas de opinião, sobre o que quer que seja, a troco de uma chamada com aquele mágico custo. Por dá cá aquela palha qualquer estação de televisão quer saber a nossa opinião. Que nós damos pelos módicos 60 cêntimos, mais IVA.

Mas também simples sorteios travestidos jogos de apostas!

É durante a transmissão de uma corrida de touros que se sorteiam bilhetes mediante a resposta a uma pergunta de algibeira, do tipo das dos tipos que nos enganam com os sms. Ou durante a transmissão de um jogo de futebol, onde se sorteiam bilhetes, bolas ou camisolas …

Pelos vistos nada disto é ilegal. Mas é ilegítimo e deveria sê-lo!

Estes sorteios são um negócio. Um negócio obscuro, sem transparência e sem risco. Vezes há em que, apesar de tudo, ainda há alguma transparência: é quando informam que oferecem uma camisola a cada 500 chamadas. Aí dá para ver o chico-espertismo e para fazer as contas à aldrabice!

As consultas de opinião são outra aldrabice. Perigosa e perversa!

Acha que isto ou que aquilo?

Parece-me normal que qualquer pessoa se interrogue: por que carga de água terei de pagar para dar uma opinião … que me estão a pedir? Não faz sentido, e como acho que as pessoas não são estúpidas, tenho que concluir que só vai gastar o dinheirinho quem tiver alguma coisa a ganhar com isso.

Por exemplo, ainda ontem uma estação de televisão questionava se Carlos Queiroz se deveria ou não demitir. Quem é que, no meio de todo este imbróglio em que ele está envolvido, teria interesse no sentido da resposta?

A resposta parece-me fácil e, já agora, o resultado foi esmagador: mais de 70% achava que não se deveria demitir!

Com tantas altas autoridades não haverá uma só que seja que perceba que isto assim não vale? Ou que não devia valer!

Tour de France 2020 I

Tour de France 2020 já se encontra disponível | Future Behind

 

Arrancou hoje, em Nice, a 107ª Volta a França em bicicleta. Fora de época, já que ocorre normalmente durante o mês de Julho. Deveria ter decorrido entre 27 de Junho e 19 de Julho mas, como tudo, também foi adiada pela pandemia, e é a primeira grande Volta a ser disputada esta temporada.

Atípica, também, como tudo nos dias que correm. E não é só por ser corrida em tempo de vindimas, que era o tempo da Vuelta. Está lá o vencedor do ano passado, o colombiano Egan Bernal (INEOS), que é naturalmente o principal favorito. Atípico é que não tenha a participação de qualquer outro ciclista em actividade que já a tenha vencido. 

A INEOS, que continua a mais forte equipa do ciclismo mundial, não quis que Bernal tivesse concorrência interna, e deixou de fora os seus dois nomes mais sonantes, e que são os únicos vencedores do Tour em actividade: Chris Froome, vencedor  em 2017, 2016, 2015 e 2013, Geraint Thomas, vencedor de 2018, e segundo classificado do ano passado.

Daí que, entre os 176 concorrentes, onde se inclui um único português, Nelson Oliveira,  não seja fácil encontrar quem possa ameaçar o esperado domínio do jovem Bernal, provavelmente a iniciar um novo reinado. Poderá falar-se de Nairo Quintana, agora a solo como líder da Arkéa–Samsic, mas parece que o também colombiano já deu o que tinha para dar. Poderá falar-se dos franceses Romain Bardet (AG2R La Mondiale) ou Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), mas apenas para animar os gauleses. Ou dos espanhóis Mikel Landa (Bahrain-McLaren) e do veterano Alejandro Valverde (Movistar), mas apenas para animar uma ou outra fase da corrida. Ou das esperanças de jovens como o colombiano Miguel Ángel López (Astana) ou o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates). Ou das capacidades do também esloveno Primoz Roglic e do holandês Tom Dumoulin, ambos da Jumbo-Visma.

São muitos nomes, mesmo assim, mas todos bem menos candidatos que Bernal.

Não são muitas as etapas para os sprinters, como a de hoje. Corrida debaixo de penosas condições climatéricas, e já com muitas quedas. A última, à entrada dos últimos três quilómetros (por essas condições a direcção da prova acatou a pretensão dos ciclistas - parecia que estavam a adivinhar - e decidiu que os tempos da etapa fossem registados justamente a essa distância da meta)  envolveu Pinot e Quintana.

Ganhou o norueguês Alexander Kristoff (UAE Emirates), batendo ao ‘sprint’ o campeão mundial, o dinamarquês Mads Pedersen (Trek-Segafredo), e o holandês Cees Bol (Sunweb). E é o primeiro camisola amarela do Tour deste estranho ano 2020.

 

Há 10 anos

10 anos como professor – HOJE! | EvangeBlog

 

Há coisas fantásticas: aos 3 minutos Cardoso marca. O Benfica pressiona como ainda se não tinha visto. Pelo estádio começam a passar novas sensações arrancadas à memória de há um ano atrás, na mesma terceira jornada e como o mesmo Vitória de Setúbal. Sonha-se com a goleada, lembram-se os 8-1!

Já não há fantasmas. Respira-se fundo: Roberto não está lá. Finalmente Jesus colocara ponto final na teimosia. No entanto ele está no banco! Por que carga de água?

Não interessa… no pasa nada!

De repente, um disparate: Maxi Pereira e Júlio César, o guarda-redes substituto a quem se pedia o exorcismo de todos os demónios deste arranque de época, provam que eles existem e estão lá. Penalti, expulsão e, de repente, vinte minutos depois, lá estava ele de novo: o Roberto de todos os pesadelos!

Bola a 11 metros, ali à frente do mais odiado de todos os jogadores em campo – Hugo Leal, um velho traidor

São 40 mil almas no estádio e mais uns milhões á frente do ecrã à espera do milagre. À espera que o guarda-redes que não defende uma bola tivesse alma para defender o penalti…

Todos partilhavam dessa secreta esperança. Cenário mais adverso nem em pesadelos: o Setúbal estabelecia o empate (1-1) e tinha 70 minutos de jogo pela frente com mais um jogador e … com Roberto na baliza.

Não podia ser. Já bastavam os dois jogos anteriores!

Não estaria tudo isto combinado? Não seria esta a forma magistral de Jesus resolver de vez o problema Roberto? Claro, só assim se percebia que fosse ele a estar no banco e não o Moreira!

Combinado? Não podia ser! Então o Maxi e o Júlio César iam numa dessas?

Não. Combinado não era seguramente! Mas era o que estava escrito nas estrelas. Só podia…

Nisto, o Hugo Leal parte para a bola, debaixo de um ruído gigante onde uma chuva de apupos disfarçava uma gigantesca onda de preces. Na baliza está agora um Roberto de calção azul e camisa branca, com um ar estranhamente tranquilo. Ninguém ali reconhece o Roberto dos frangos, o Roberto em pânico todo de amarelo vestido.

Voa para a bola e defende-a. Não a segura. Ela fica ali à frente e, quando os aplausos hesitam, presos na angústia de que alguém acabaria por a empurrar para a baliza, o Roberto volta a voar. Voa que nem a águia Vitória e enrola-se nela, não mais a largando…

Jogar-se-iam mais 70 minutos. Roberto só voltaria a fazer uma defesa no último …

Há estórias assim! Nunca uma travessia do deserto foi tão curta: apenas 22 minutos!

Há sempre qualquer coisa que não bate certo!

Arquivo de Estado de contingência - Jornal o Interior

 

A declaração do estado de contingência para 15 de Setembro, ontem decidida em conselho de ministros, pareceu a mais non sense das medidas do governo ao longo desta crise pandémica. Poucos dias depois de o Reino Unido ter finalmente retirado Portugal da lista negra da Covid, medida incessantemente reclamada pelo Estado Português, quer através do governo, quer do Presidente da República, e recebida com um enorme suspiro de alívio pelos agentes económicos do sector do turístico, nada fazia menos sentido que esta "mensagem oficial de perigo" que o governo português espalhava pelo mundo.

Depois de semanas as fio a dizer às autoridades inglesas que estavam erradas, quando elas o reconheceram, o governo português diz-lhes que ... afinal, quem estava errado, era ele.

Os dados de hoje, com um dos maiores aumento de infectados de um dia para o outro, parecem querer dizer que o que parecia uma aberração é, afinal, capaz de ser prudente. Mas também sinal que têm sido mais os ventos a guiar a nau governativa do que propriamente o leme.

É que, enquanto se tratou de "puxar para cima", chegou à euforia, sem freios nem realismo. Agora, que vêm mais turistas, e que as aulas presenciais vão regressar, chega a prudência.

Para lá das contingências, há sempre qualquer coisa que não bate certo!

 

Há 10 anos

10 anos como professor – HOJE! | EvangeBlog

Jogar sem bola é uma das maiores preciosidades do futebolês. Como é que de um jogo em que a bola é a figura central, como já aqui vimos a propósito de beijos, de bolas paradas ou mesmo de segundas bolas, pode nascer a sua mais absurda negação?

Como é que é possível jogar sem bola um jogo que só se joga com bola?

Em futebolês tudo é possível. E tudo se explica, como temos visto!

Naturalmente que, num jogo com uma única bola para 22 tipos, falta bola e sobram jogadores. No final de um jogo, ao cabo dos 90 minutos, que em Portugal, falando de tempo útil de jogo, se transformam em cerca de metade, teríamos uma média de 2 minutos de bola para cada jogador. Pois é, um jogador quando entre em campo leva uma perspectiva de passar pouco mais de 2 minutos com a bola e os restantes 88 a vê-la passar.

Já começamos todos a perceber a importância de jogar sem bola. É que se não soubessem ocupar todo esse tempo imenso os jogadores seriam os tipos mais frustrados do mundo. E não consta que assim seja!

É à forma de ocupar todo esse tempo que se entregam as maiores especulações filosóficas dos mais variados gurus da bola. É delas que nascem as mais impressionantes teorias de ocupação de espaços e os mais arrojados desenhos de pressing.

Mas, para além deste eminente conceito de futebolês, há muito jogo sem bola à volta do futebol. Sem bola, sem balizas e mesmo sem campo! Chamam-lhe, ainda em futebolêso jogo fora das quatro linhas! Que nada tem a ver com o jogo jogado

É o jogo de bastidores, o jogo de influências, o jogo psicológico… São os mind games que aqui trouxemos há duas semanas! Que, umas vezes legítima outras ilegitimamente, influenciam desempenhos e determinam resultados.

Não é por acaso que os dois grandes rivais do futebol indígena – Benfica e Porto, à revelia da teimosia dos sportinguistas (que aproveito para saudar pela fantástica “remontada” de ontem, a beneficiar de um frango mas com um terceiro golo de imenso mérito) que insistem em ver no Benfica o seu principal rival – têm desempenhos em perfeita simetria. Dificilmente estarão ambos bem, ao ponto de raramente serem primeiro e segundo.

Aí estão os resultados da última liga: a um Benfica demolidor e campeão opôs-se um Porto em queda livre que não passou do terceiro lugar, fora da Champions, onde, com todo o mérito e brilhantismo, está agora o Braga. E aí está a nova liga, acabada de começar: a um Porto dominador e já na liderança contrapõe-se um Benfica com duas derrotas nos dois jogos, tantas quantas averbara em toda a época passada, às voltas com os seus fantasmas renascidos de um Roberto sem asas para voos de águia.

Mais influente que qualquer jogo de bastidores – jogo onde o Porto por norma, e de há muito a esta parte, se superioriza – é a posição relativa de cada um. A posição dominante de um fragiliza, ela própria, o outro (e aqui há um certo paralelismo com a vivência da rivalidade no Sporting: na paz dos anjos se está atrás do Porto, mas no maior dos dramas se o fosso é para o Benfica)! Daí que, como aqui tenho feito notar, Jorge Jesus tenha cometido o maior dos erros ao desvalorizar a supertaça. A vantagem pendia toda para o lado do Benfica: pela embalagem trazida da época anterior, porque mantinha a estrutura e o treinador, porque era o campeão. E porque do outro lado estava um Porto titubeante, com um novo treinador que era ainda um treinador novo. E inexperiente. Um Porto com a máquina entorpecida, se não já enferrujada.

Porto e Benfica dispõem de dois suplementos decisivos, mobilizados em absoluta sintonia com o desempenho das suas equipas: no Benfica é a mola imparável da sua massa adepta, que faz acordar o gigante e tremer de medo os rivais; no Porto é a máquina de ganhar, a mesma que manobra como ninguém as incidências, as contingências e os bastidores do jogo, e que quando arranca, livre e desimpedida, é extraordinariamente difícil de parar.

Com aquele erro decisivo Jorge Jesus permitiu que se desse à chave da máquina de ganhar do Porto. E que fosse posta em funcionamento!

Ao invés, no Benfica transformou oportunidades em ameaças, com fantasmas a surgirem de todos os lados: Ramires, Di Maria e, claro, Roberto. Pior, começa a surgir o mais perigoso de todos os fantasmas: o da autoridade do próprio Jesus! Mais que pela responsabilidade na contratação do guarda-redes – facilmente perdoável e esquecida no meio da enorme margem de crédito forjada nas conquistas da época passada –, pela insistência, contra todas as evidências de incompetência e de um pânico generalizado e espalhado por toda a equipa, em mantê-lo na baliza. Um erro de consequências imprevisíveis, a começar pelas dificuldades criadas ao seu substituto. E ao substituto do seu substituto, se a lei de Murphy, que aqui trago tantas vezes, insistir em confirmar-se!

E claro, no meio de tudo isto, em vez de da tal mola humana que leva a equipa ao colo (ou no andor, como os rivais gostam de provocar), a nação benfiquista está perdida e dividida entre os que defendem que benfiquistas são os que, em nome da tranquilidade da equipa, calam a sua voz crítica e os que, pelo contrário, acham que, ficando calados, como fizeram em tempos não muito longínquos, estão a ser cúmplices de uma tragédia.

É assim que, enquanto a uns até fica mal chorar os penalties que vão ficando por marcar, outros vão vendo penalties e livres caídos do céu resultarem em golos e vitórias incontestados. Ou a máquina de ganhar a funcionar a todo o vapor…

A ênfase

António Costa não se retractou de forma enfática, lamenta Ordem ...

 

Às duas grandes novelas do Verão, a de Cavani, já nos últimos capítulos, e da Messi, agora nos iniciais, ambas no reino da bola respondeu, pelo meio, a política com a saga "cobardes", protagonizada por António Costa, na qualidade de actor principal, e Miguel Guimarães, num papel secundário que não lhe ficou nada atrás.

Nos higlights da série dois flashs lamentáveis: uma lamentável frase de sete segundos pronunciada em off pelo primeiro-ministro; e a não menos lamentável fuga desse registo para as redes sociais, pelas mãos de quem se estava nas tintas para as normas da deontologia a que está obrigado. 

O erro de um não desculpa o de outros. E vice-versa. 

A novela parecia despedir-se com a cena final gravada nos jardins da residência oficial do primeiro-ministro, depois de uma reunião de três horas. A cena final de sempre, com tudo a acabar bem e a viverem felizes para sempre. Mas eis que, poucas horas depois, com as luzes apagadas e as câmaras desligadas, mas não em off, como da outra vez, Miguel Guimarães rói a corda. E diz que não. Que António Costa, nas declarações públicas, "não revelou a mensagem de retratamento da mesma forma enfática que aconteceu na reunião"....

Nas declarações públicas prestadas na sua presença, ao seu lado. Das duas, uma: ou o bastonário é de compreensão lenta, e precisou de dormir e acordar para perceber que as declarações do primeiro-ministro não respeitaram o guião; ou faltou-lhe qualquer coisa para logo ali, olhos nos olhos, às claras e para toda a gente ver, lhe dizer o que depois escreveu a dizer aos médicos.

Se o problema estava na ênfase, que diz ter faltado nas declarações de Costa, agora fica na ênfase que ele próprio colocou no que já era o título da saga.

 

Há 10 anos

10 anos como professor – HOJE! | EvangeBlog

 

A edição da passada segunda-feira do Diário Económico apresentava um curioso frente a frente entre dois economistas nacionais de grande relevo de gerações bem diferentes: Silva Lopes, de 78 anos e bem conhecido de todos nós e Ricardo Reis, de 32, ainda desconhecido da generalidade dos portugueses, mas já uma estrela do universo dos economistas, professor e investigador na Universidade de Columbia, e muito activo (directa e indirectamente) no planeta da economia na blogosfera.

O resultado foi uma peça interessante, de quatro páginas cuja leitura recomendo, e que aqui trago exclusivamente por uma declaração de Silva Lopes trazida para o cabeçalho da terceira dessas quatro páginas: “No meu primeiro emprego éramos dez a fazer o trabalho de três”!

É aqui que está, a meu ver, a face mais visível do choque de gerações. E não só de gerações tão distantes como estas duas, claramente de relação avô/neto. Mesmo entre gerações mais próximas!

Provavelmente será por pudor que Silva Lopes situa aquela relação no seu primeiro emprego. Porque eu acho que poderia claramente substituir a expressão “no meu primeiro emprego” por “em toda a minha vida”. Também provavelmente não errarei se disser que esse primeiro emprego foi no Banco de Portugal, onde aquele coeficiente se tem mantido ao longo dos tempos, contra ventos e marés, transformado, tal como o Ministério das Finanças, no autêntico porto seguro de gerações e gerações de quadros, em particular de economistas, para quem a competitividade é um conceito muito recente.

A violência deste choque de gerações não se fica pelas portas outrora abertas a esses desmandos e agora fechadas a sete chaves. Projecta-se ainda pelas pensões de reforma – generosas e frequentemente múltiplas, como bem sabemos – com que a geração de Silva Lopes e outras muito mais recentes hoje se locupletam.

É que, no tempo em que trabalhavam, ainda eram três a trabalhar para dez…. Agora são os mesmos dez a receber sem nenhum a trabalhar para eles!

O drama deste violento confronto de gerações é que para esses ainda vai havendo o que para os novos nunca chega. E, quando a curto prazo deixar de haver, já tiveram oportunidade de acumular o suficiente para o prazo que lhes restar.

Há 10 anos

10 anos como professor – HOJE! | EvangeBlog

O director do SOL – José António Saraiva (JAS) – na sua coluna de opinião política que, de alguma forma, se tornou ao longo de quase trinta anos já num clássico – era a Política à Portuguesa no Expresso, durante mais de vinte anos, e é, agora no SOL nos últimos quatro anos, a Política a Sério – veio esta última semana sentenciar o terceiro-mundismo de Portugal.

Para ele é uma evidência: “Portugal está a caminho do Terceiro Mundo”. Uma evidência que nem sequer nos pode espantar: “assim como há países do Terceiro Mundo que registam taxas altíssimas de crescimento e se preparam para aceder ao Segundo ou mesmo ao Primeiro Mundo, outros sofrerão evolução oposta”. Porque, sustenta ainda, “ a roda do mundo é como os alcatrazes” – quis seguramente dizer alcatruzes –: “se uns sobem, outros têm de descer”.

Creio que já muita gente estará habituada – eu, pelo menos, estou – a algumas excentricidades (chamemos-lhe assim) do José António Saraiva. Umas com alguma graça, outras com algum arrojo e, outras ainda, sem pés nem cabeça.

Lembro-me de uma, aqui há alguns anos, ainda no seu tempo do Expresso, em que desenvolvia uma teoria que mostrava a importância de se fixar a capital em Castelo Branco. Ou de uma outra, mais recente e já no SOL, de um projecto para a Baixa ribeirinha de Lisboa que passava, entre outras coisas, por criar uma zona coberta em toda aquela área. Fiquei com a ideia que seria uma espécie de Piazza del Duomo, em Milão, mas em grande!

Lembrei-me destas duas, onde se consegue encontrar um cruzamento entre algum arrojo e alguma graça, para evidenciar a clara bipolaridade de dois estados de alma: um, de um passado recente, virado para um empreendedorismo de grandiosidade e outro, actual, marcado pela mais profunda e deprimente das decadências.

Evidentemente que todos sentimos uma tremenda degradação da nossa vida colectiva. Que todos nós sentimos que o mais importante capital social – não no sentido tecnocrático do termo, mas no sentido de instrumento de intervenção e de promoção de desenvolvimento colectivo – a esperança e a confiança (a mesma a que o primeiro-ministro, subvertendo realidades, desesperadamente apela), bateram no fundo. Que se percebe que a economia não irá crescer a níveis capazes de enfrentar o problema do desemprego nos anos mais próximos. Que se percebe que não irá ser possível manter regalias sociais dadas por adquiridas. Que percebemos a degradação das instituições e, pior do que isso, dos valores. Que, por via de tudo isto, todos os dias nos cruzamos com atitudes terceiro-mundistas. Na rua, na estrada, nos serviços públicos… Mas também que o simples facto de as identificarmos como tal as transformam na excepção. Nunca na regra!

Evidentemente que não faz qualquer sentido afirmar-se que Portugal está em viagem para o Terceiro Mundo. Se o não faz utilizando o sentido figurado é de todo inaceitável, e mesmo grosseiro, pretender enquadrar essa afirmação num suposto contexto de rigor e credibilidade.

Ao recorrer á tal teoria dos alcatruzes – “se uns países sobem outros têm de descer” – uma figura com a responsabilidade intelectual do JAS – director de um jornal, o director de maior longevidade no mais influente jornal do país, actor da cena política e mediática, escritor e professor universitário de ciência política -, está a pretender fundamentar a sua afirmação num fenómeno determinístico que tem tanto de incontestável como de charlatanice intelectual.

Porque o mundo não é uma roda e será tanto mais perfeito, equilibrado e seguro quantos mais forem os países a abandonar o subdesenvolvimento e a atingir os patamares do desenvolvimento. Que são medidos de forma objectiva através de factores de diferenciação de desenvolvimento que, na sua maioria, não têm regresso.

Há coisas sem pés nem cabeça. E esta é, em toda a sua extensão - até com aquela ideia da passagem do terceiro para o segundo mundo (classificação mais que ultrapassada e já desaparecida) e deste para o primeiro - uma delas. Se é, como parece, um problema de agenda política, seria recomendável, apesar de estarmos em Agosto, em que nada se passa e tudo se desculpa, um pouco de mais cuidado. Agora desta forma… Francamente, assim até parece, lembrando-nos da saga de Scarlet O`Hara, que tudo o Freeport levou!

A champions em Lisboa III

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Terminou hoje na Luz  a "Champions" desta longa - a mais longa de sempre, quando já se disputam jogos de apuramento para a próxima - e anormal época de 2019/20, num formato de emergência ditado pela emergência da pandemia. A condensação das quatro últimas fases da competição numa espécie de fase final a eliminar, em Lisboa, trouxe uma sensação de uma outra dimensão da competição, a que a falta de público tirou ambiente e espectacularidade, mas não interesse.

Foi uma final inédita, como seria sempre. Mas também inédita pelas equipas em confronto, não pelo Bayern, que já anteriormente disputara dez finais da maior prova de clubes do futebol mundial, mas pelo PSG, que a atingia pela primeira vez nos seus 50 anos de História. Foi a final que a UEFA desejava, mas também foi a final ajustada ao desempenho das oito equipas que chegaram a  Lisboa há duas semanas para disputar o mais importante título do futebol da Europa e do Mundo.

E se não foi a mais espectacular de sempre - e não foi mesmo, se nos lembrarmos de Istambul, em 2005, mas também de mais uma ou outra - teve talvez a melhor primeira parte de sempre. Mesmo sem golos. Com o Bayern a confirmar que é neste momento a equipa mais forte do futebol mundial, porventura apenas ao alcance do Liverpool, e o PSG a confirmar que já é uma equipa, e até uma equipa espectacular.

Não se pode dizer que a equipa de Paris tenha sido superior. Mas criou mais, e mais espectaculares, oportunidades de golo. Só que na baliza dos alemães estava Neuer... Que fez a diferença. Que faz sempre a diferença quando a sua equipa não consegue controlar tudo, e chega a sua vez de dizer presente. 

A segunda parte foi substancialmente diferente. Primeiro porque o Bayern marcou ainda cedo, à beira dos 15 minutos, por Coman, e acentuou a sua capacidade de controlar o jogo. E depois porque a condição física dos jogadores já não permitia nem o mesmo ritmo, nem a mesma disponibilidade mental. E a qualidade do jogo teve que se ressentir. 

Mesmo assim, voltou a ser Neuer a fazer diferença. Não que, do outro lado, Keylor Navas tenha tido culpas no golo sofrido. Simplesmente porque, imperialmente, defendeu tudo, mesmo o que não tinha defesa.

E decidiu esta "Champions", que se confirma como competição aristocrática, continuando a virar as costas ao novo riquismo do futebol mundial. Os novos ricos, movidos a dinheiro de magnatas das arábias, terão de continuar à aguardar à porta deste clube aristocrata dos velhos emblemas europeus. Salvo uma ou outra distracção, a "Champions" continua com reserva do direito de admissão!

 

 

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