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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Cumpriu-se a debandada

Tropas dos Estados Unidos já abandonaram Afeganistão após 20 anos no país -  Mundo - Correio da Manhã

Anunciada para hoje, data que nem os últimos acontecimentos em Cabul, designadamente o atentado bombista que vitimou 13 militares americanos e mais de centena e meia de demais pessoas, fizeram alterar, os Estados Unidos anteciparam para ontem a retirada oficial do Afeganistão, sob disparos de celebração dos talibãs.

Vinte anos depois de lá terem entrado com o fim de vingar o 11 de Setembro, liquidando a Al-Qaeda, e o seu líder, Bin Laden, e de libertar o país dos talibãs - que o escondiam e proteguiam - para lhe dar um rumo de paz, na prosperidade e nos trilhos da civilização ocidental. E mais de 40 depois da invasão da então União Soviética, que tinha levado os americanos a apoiar e armar os mesmos talibãs, e a criar o "monstro" que se tornaria na sua maior ameaça.

Dos objectivos de há 20 anos, apenas um tem o visto de cumprido - a liquidação física de Osama Bin Laden. Todos os restantes falharam. À Al-Qaeda sucedeu o Daesh, que espalhou terror por todo o mundo, e dizimou grande parte do médio oriente. No Afeganistão ficam os talibãs com o poder, uma nação sem presente nem futuro, e o mais abjecto dos regimes, dos que mais atentam à dignidade humana, da qual pura e simplesmente suprimem as mulhers. E ainda um novo movimento terrorista, o ISIS-K. Que, não se sabendo ainda exactamente o que é, já deixou o cartão de visita no ataque suicida ao aeroporto de Cabul de há dias. E no mundo fica a panela de pressão de refugiados mais perto de explodir.

Nesta desbandada nem se sabe se deu para o último fechar a luz. Sabe-se apenas da escuridão e das trevas que por lá ficam!

 

A "entrevista"

Equipa TVI24 - Os vídeos de Miguel Sousa Tavares | TVI24

Segunda feira é dia de Miguel Sousa Tavares (MST) na TVI. Comenta no telejornal e, depois, entrevista uma personalidade que por qualquer motivo esteja no centro da actualidade, já no canal de notícias daquela televisão. À boa maneira da TVI ( e não só), de forma a prender o espectador, a entrevista é sucessiva e amplamente anunciada durante a emissão do telejornal.

Ontem voltou a ser assim, e a entrevista de MST a Inês Sousa Real, a nova líder do PAN, foi anunciada ao longo de mais de uma hora. Num zaping caí exactamente num desses momentos e ... claro, funcionou - deixei-me esperar pela entrevista. Não por qualquer entusiasmo especial pelas personagens; apenas, conhecendo-se as posições do entrevistador, pela curiosiade de ver até que ponto aquilo poderia ser uma entrevista.

MST é um opinador, um profissional pago mais que, para "vender" comentário, para defender as suas próprias opiniões. É assim sobre tudo o que são as suas opções pessoais, do clubismo ao estilo de vida: jornais e televisões pagam-lhe para as defender. 

Mas, uma coisa é um texto publicado num jornal ou opinião prestada numa televisão. Outra é, jornalisticamente, uma entrevista. Era por isso duvidoso que MST fosse capaz de conduzir uma entrevista contra um dos seus maiores ódios de estimação, e daí a minha curiosidade.

Não foi. E, em vez da anunciada entrevista, foi-nos servido um debate. Aceso, como poucos, e pouco sério como quase todos. Uma fraude televisiva com o ponto alto na última intervenção do entrevistador, quando calou a entrevistada com "essa não é a minha pergunta", como se aquilo tivesse sido uma entrevista.

 

 

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boashttps://quintaemenda.blogs.sapo.pt/105040.html

Os novos passes sociais estarão apenas disponíveis para cidadãos cujo rendimento mensal não ultrapasse 1,3 vezes o Indexante de Apoios Sociais (IAS). Feitas as contas, têm acesso ao passe social as pessoas com rendimento bruto inferior a 545 euros por mês.

Postas as coisas assim segue-se o inevitável: fazer prova desse rendimento! Apresentar a declaração de IRS!

Tenho uma sugestão melhor. Deixo-a aqui de borla, sem cobrar nada a ninguém. A administração fiscal que, a acompanhar a nota de liquidação de IRS, passe a enviar para os contribuintes um autocolante para aplicar na testa!

 

Liderança isolada, mas muita coisa decepcionante!

Em circunstâncias como as do jogo de hoje na Luz, diz-se muitas vezes que a equipa deu uma parte do jogo de avanço ao adversário. Foi mais que isso o que o Benfica (não) fez na primeira parte. Não a deu de avanço, limitou-se a ser uma enorme decepção!

O treinador do Benfica falara (demais) sobre a possibilidade de, depois do sucesso no play-off de apuramento para a Champions, a equipa relaxar. Com o jeito que tem para tratar destas coisas pareceu mais um convite a esse relaxamento que propriamente uma acção preventiva para esse problema. É que essas coisas tratam-se no trabalho com a equipa, não é nas conferências de imprensa.

A primeira parte foi isso, e nem a perspectiva da liderança isolada do campeonato serviu de motivação para a equipa que entrou em campo. As seis ou sete alterações na equipa relativamente ao jogo com o PSV deveriam ter promovido uma dose de ambição aos jogadores que entraram, na perspectiva de afirmarem o seu valor e, assim, ultrapassar não só os problemas de fadiga que naturalmente o jogo de Eindoven provocou, mas também os do tal relaxamento. Mas nada disso. E foi uma equipa apática, sem rasgo, e sem ambição, com jogadores não fizeram por merecer vestir aquela camisola.

E muitos não merecem mesmo. Uns porque não têm claramente categoria para jogar no Benfica - Meité é, decididamente , uma contratação que não se entende, como não se entende a de Gil Dias, que não jogou mas também não precisava, nem a de Rodrigo Pinho, que entrou no melhor período do Benfica, e nem assim mostrou argumentos que a justifiquem. Outros, como Pizzi e André Almeida, que já deram o que tinham a dar. Ou talvez o que queriam dar.

O Tondela fez apenas um remate na primeira parte. O suficiente para marcar, e sair na frente. Um golo muito consentido, no eterno problema do espaço entre o central e o lateral, na esquerda, como é realmente mais frequente, em que o próprio Vlachodimos - sempre muito apoiado pelo público, o que quererá dizer muita coisa na patética polémica criada por Jorge Jesus - também não terá feito tudo o que poderia. Ou deveria.

Mas foi sempre claramente mais equipa, o que também não era difícil com aquela prestação dos jogadores do Benfica.

Ao intervalo Jorge Jesus tirou precisamente aqueles três jogadores acima referidos, trocando-os por Gilberto, Wiegl e Rafa. E de imediato a equipa surgiu transformada, colocando em jogo mais velocidade e mais intensidade. E as ocasiões de golo que na primeira parte se não tinham visto começaram a surgir.

Só que o jogo já estava complicado. E bastaria que o guarda-redes do Tondela começasse a engatar, que os seus colegas começassem a a usar das artimanhas para quebrar o ritmo do jogo e queimar tempo, e que o árbitro -Tiago Martins, um especialista na arte de complicar as coisas ao Benfica, e com mais um penalti (sobre Rafa, aos 56 minutos) por assinalar - entrasse no seu registo provocador habitual para que se tornasse muito difícil dar a volta ao jogo.

Tudo isto aconteceu, e complicou mais um jogo complicado por aquela primeira parte. Mas também aconteceu que o Benfica não conseguiu manter o ritmo, a intensidade e a qualidade do primeiro quarto de hora. Valeu o apoio do público a empurrar a equipa para a reviravolta. Porque, na verdade, os golos da reviravolta já nem surgiram envolvidos em jogadas de futebol envolvente. O do empate, aos 71 minutos, por Rafa, surgiu num canto cobrado por João Mário, depois de um desvio de Weigl ao primeiro poste. E o da vitória, de novo a partir de João Mário, já aos 88 minutos, por Gilberto já resultou muito do esgotamento da defesa do Tondela.

Salvou-se a vitória, e a liderança isolada do campeonato. E em termos exibicionais salvaram-se João Mário - o melhor em campo - e Rafa. Mesmo que Gilberto, e Weigl, tenham sido determinantes. E nada mais!

 

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boas

Não resisto, na praia, a uma bola de Berlim, com creme; de preferência muito, a sair daquela abertura e a escorrer por entre o açúcar. Bola de Berlim, para mim, rima com praia; não me imagino de volta de uma coisa daquelas à mesa do café, da pastelaria ou da esplanada. Nem pouco mais ou menos!

Da mesma forma que, sendo eu um fanático dos pastéis de nata, nunca me imaginaria a comer um pastel de nata na praia. É assim mesmo, há coisas que têm destinos marcados. Nasceram para aquilo e não resultam noutras circunstâncias!

Se há coisas que são só minhas – as minhas manias (e são tantas…) – não me parece que seja o caso desta. Sem que, para o efeito, tenha efectuado qualquer estudo, não tenho dúvidas em afirmar que a maior parte do consumo de bolas de Berlim ocorre na praia: há dados empíricos que são como o algodão; não enganam!

Admito que qualquer estrangeiro, que provavelmente conhece muitas outras – a Berliner, a alemã donde lhe vem o nome, a da Polónia, a da Áustria, a de look mais semelhante à nossa, a da Ucrânia ou a de Israel -, ache isto a coisa mais estranha do mundo e que vendo a malta, de dentada na bola e com a boca cheia de açúcar, a torrar ao sol, pense com os seus botões que não há quem entenda estes portugueses. Se a bola de Berlim tem tudo – frito, óleo, creme, açúcar – o que as boas práticas alimentares condenam, tem também tudo o que, à partida, faria dela um bolo de inverno. Nunca de Verão e menos ainda de praia!

Mas é assim e eu diria que é cada vez mais assim. A bola de Berlim é hoje a rainha das praias, dando uma autêntica banhada aos gelados, à razão de um para cinco: por cada vendedor a anunciar o velhinho “olhó gelado…rajá fresquinho” (Rajá confundia-se com o produto – o gelado era um rajá, como uma máquina de barbear é uma Gillette - e o pregão permaneceu mesmo após o desaparecimento da marca) há cinco a apregoar – nos mais variados sotaques, do português com açúcar dos brasileiros ao português frio do leste europeu) – “bola de Berlim, olha à bolinha”!

A bola de Berlim e a praia há muito que casaram. É, ao contrário dos outros, um casamento duradouro e, com já referi, cada vez mais sólido. Tempos houve em que as bolas de Berlim nos eram servidas por umas mãos claramente divorciadas da higiene. Depois veio a tenaz e, mais tarde, a verdadeira perseguição da ASAE. Creio que terá mesmo sido o fundamentalismo inquisitorial da ASAE que criou a autêntica instituição que é hoje a bola de Berlim. O povo saiu à ruaa reacção não passou, e a bola de Berlim aí está, mais forte que nunca! E mais higiénica, é bom que se diga!

Há sempre coisas boas que ficam das guerras. Desta guerra ficou um cartuchinho e um lenço de papel!

Foi neste cartuchinho branco e neste lenço de papel que este Verão descobri os resquícios de uma invulgar campanha de marketing: a Optimus (será que com o acordo ortográfico terá de mudar?) resolveu aproveitar aqueles espaços, alvos e virgens do cartuchinho e do guardanapo, para a sua publicidade. Não para transmitir uma qualquer mensagem publicitária, das mais estapafúrdias às mais inteligentes que saem da cabeça dos criativos, mas para, pura e simplesmente, se apresentar como patrocinador oficial da bola Berlim!

Ora aí está o que faltava: uma marca de telecomunicações arvora-se em patrocinador de uma instituição como a bola de Berlim. Qualquer dia teremos a Vodafone a patrocinar a Torre de Belém, a TMN o pastel de Belém, a ZON o cozido à portuguesa, a MEO as ondas da Ericeira ou a PT a neve da Serra da Estrela!

Por curiosidade e porque acho que esta gente da comunicação e do marketing sabe o que faz, fui tentar saber mais sobre esta campanha. Vai já no segundo ano e percebi que a ideia é que o público, que associa o Verão à bola de Berlim, passe também a associá-lo á Optimus.

Bem me parecia que Verão é praia e praia é bola de Berlim… Que é óptima! Mas ... Optimus?

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boas

Acabei de assistir a um dos principais clássicos do futebol inglês: Manchester United vs Arsenal.

Um jogo fantástico com 48 remates às balizas e 10 golos – quase todos verdadeiramente fantásticos - com o United a humilhar os londrinos, ganhando por 8 a 2. No fim, os adeptos do Arsenal aplaudiram os seus jogadores, que não fugiram a correr para os balneários e agradeceram aos seus adeptos, aplaudindo-os de volta!

Como eu gostava que fosse assim em Portugal!

Até parece que o futebol ainda é o que era

How Manchester United will line up with Cristiano Ronaldo |  FootballTransfers.com

 

Ontem falava-se de Manchester. Que Cristiano Ronaldo estava a caminho do City. A explicação parecia simples - CR 7 não queria arrumar as botas sem voltar a ser campeão europeu, mais a mais depois de dois anos de tentativa falhada em Turim - e o City, de Guardiola, que ainda persegue o mais importante troféu do futebol mundial de clubes, apresentaria boas possibilidades de servir esse desejo. Mas não convencia os históricos do histórico United. 

Para eles Cristiano é red devil, e nunca poderia ser anjo com as cores do rival, que libras das arábias resgataram à subalternidade. Seria inaceitável traição, e CR7 não é para isso - garantiam-no Rooney, Rio Ferdinand e tantos outros, do seu tempo, ou de tempos mais remotos. 

E assim foi. O jacto privado que descolou de Turim aterrou em Manchester, mas desviou depois o destino para Old Traford, o Teatro dos Sonhos. Acredito que terá sido com isto que Cristiano Ronaldo sonhou - quando as luzes se começam a querer apagar, voltar a vestir a camisola vermelha que o projectou como estrela maior da galáxia do futebol! 

Torço para que corra bem. Se não correr, ainda assim é bonito. Mais bonito do que ganhar mais uma Champions, e na condição inédita de o fazer por um terceiro clube.

O futebol já não é o que era, nem nunca mais será. Até pareceu que é, e sabe muito bem mesmo quando só parece.

 

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boas

Gesto técnico é uma das principais expressões do futebolês. Tem tudo o que faz do futebolês uma subcultura com expressão própria!

É pretensiosa, mesmo a roçar o pedante, e é redonda, completamente abaulada! Porque poderia muito bem ser apenas gesto. Ou movimento. Ou acção. Ou, mais simples ainda, o que de facto é em cada caso: uma finta, ou um drible, que é a mesma coisa. Um toque de calcanhar, um domínio da bola, com paragem da dita no peito ou na coxa, uma recepção, um passe, a bicicleta, ou o pontapé da dita, enfim…

Quando alguém diz que o Xavi num gesto técnico perfeito colocou a bola nos pés do Messi que, com outro gesto técnico ainda mais perfeito passou por cinco adversários. Ou que o Cristiano Ronaldo num gesto técnico irrepreensível colocou a bola fora do alcance do guarda-redes, ninguém fica a perceber muito bem o que se passou, tanto mais que já todos sabemos que isso é o que cada um desses faz. Sempre e bem! Já quando se ouve que o Helder Postiga, com um gesto técnico desastrado, sozinho à frente da baliza atira a bola para a bancada, todos percebemos o que se passou. E já nem é por estarmos habituados à cena, é porque a bola para a bancada diz tudo!

Os gestos técnicos estão, como tudo ou quase, sujeitos às tendências da moda. E, como se sabe, não faz moda quem quer. Apenas quem pode!

Vejamos estes dois gestos: a trivela e o passe de letraDo primeiro já falamos aqui há uns tempos, nada a acrescentar. Para a letra – passe, mas também remate, que ainda cá não tinha sido trazida – há que dar uma ajuda.

Diz-se que o passe é de letra – ou o remate, porque o gesto é também já utilizado para rematar à baliza – quando é efectuado a partir de um movimento em que o pé que toca a bola está por trás – e não ao lado - do outro, o de apoio, num movimento em que as pernas se cruzam num movimento contrário ao habitual, da frente para trás. Nunca percebi por que lhe chamam de letra - até porque o futebol não é muito dado a estas coisas das letras – mas admito que alguém veja ali o desenho de um L…

Ao evocar estes dois gestos técnicos alguns lembrar-se-ão de um ciganito que por aí andou há uns tempos: Ricardo Quaresma. Bem poderia ter sido ele o criador da moda, mas não fica assim na história. Quando era Nuno Gama no Porto quis ser Roberto Cavalli em Milão! Não resultou (terá sido dos anéis?) e lá vai ele parar à Turquia, que não é exactamente um grande centro mundial da moda. E hoje, trivela passe de letra, são vulgares, massificados e estão disponíveis em qualquer pronto-a-vestir. Até nos chineses…

Já a bicicleta tem a grife de Cristiano Ronaldo e está tudo dito: sucesso garantido! É o gesto mais estúpido que existe, mas é do CR7, nada a fazer… Ah! Uma ajudinha, também: a bicicleta é aquele movimento em que, simulando o pedalar da bicicleta, se passam uns segundos que parecem uma eternidade sem que nem o jogador que o executa, nem a bola, nem o adversário - que é suposto enganar - saiam do mesmo sítio. Nunca dá em nada, mas pegou moda e é vê-lo por aí repetido por esses campos fora, como se de grande gesto artístico se trate! É o gesto preferido de Hulk, e nem os grandes jogadores do Barcelona o dispensam, como ainda agora se viu no Mónaco!

Já o pontapé de bicicleta não tem nada a ver com isto. É um gesto de elevado grau de dificuldade e de grande espectacularidade. Vale por si mesmo e não entra em modas. Se é moda é intemporal! Precisamente porque é um recurso último, quando só resta rematar com o pé que está mais à mão, como vimos esta semana Witsel (que grande jogador!) exemplificar no primeiro dos seus dois golos e dos três com que o  Benfica despachou a equipa de Co Adrianse.

O que já se vê muito pouco é o chamado pontapé de moinho. É um pontapé em que o movimento circular do corpo, todo estendido no ar paralelo ao solo, sugere o de um moinho. Ou o pontapé de tesoura, uma designação sinónima, que associa o movimento das pernas no momento do remate ao de uma tesoura. Artur Jorge, há 40 anos, no Benfica, foi quem em Portugal mais contribuiu para a fama deste gesto, mais difícil de executar e mais espectacular ainda que o pontapé de bicicleta. Executava de forma brilhante, e com muita frequência, este movimento que ficará para sempre ligado ao seu nome: um pontapé à Artur Jorge!

Como ao seu nome ficará também ligado o toque de calcanhar. Porque era ele o treinador do FC Porto que ganharia a Taça dos Campeões Europeus, em 1987 em Viena, com o tal golo de calcanhar de Madjer. A partir daí, e por muitos e bem mais espectaculares golos de calcanhar que tenham acontecido – e muitos foram, incluindo os do agora madrileno Falcao, que me lembre é o único jogador que apresenta no seu cardápio de golos toda esta gama de gestos técnicos – calcanhar e Madjer passaram a ser a mesma coisa.

E, curiosamente, o mais banal de todos os gestos técnicos, continua com a cotação em alta!

Há 10 anos

O retrovisor da vida: olhando para trás e vendo coisas boas

Os ricos querem pagar impostos para ajudar os seus países nesta crise que não tem fim. Os ricos querem pagar a crise, respondendo a um célebre repto dos tempos do PREC em Portugal. O movimento começou na Alemanha, há perto de dois anos, como aqui então dei nota. Passou para os Estados Unidos e por Warren Buffett para a França, já com uma longa lista de personalidades – algumas, mas apenas algumas, mesmo muito ricas – a assumirem o dever patriótico de pagar impostos.

Há aqui qualquer coisa que não bate certo!

O normal seria que os ricos, tal como todos nós, protestassem contra os impostos que têm de pagar. E normal ainda seria que o Estado lhes cobrasse os impostos que a sua condição ditaria!

Nada disto é normal, e sugere que afinal o Estado, como todos nós já desconfiávamos, não tem tido a preocupação de ir procurar dinheiro onde ele está. Tem preferido ir tirá-lo a quem o não tem, ou a quem tem pouco. O que, como é bom de ver, não bate certo!

Mesmo sem que nada disto bata certo a moda também chegou a Portugal. Onde logo o primeiro da lista dos mais ricos se apressou a dizer que não. Que não é rico, mas um simples trabalhador! Faltou-lhe dizer que, na sua qualidade de trabalhador, já paga impostos de mais. Como todos nós! E aí começaríamos a descortinar alguma normalidade no país sobre a matéria…

Mas não tardou que começassem a surgir mais sinais da normalidade portuguesa. Começou logo pelo governo anunciar que iria estudar o assunto, como vem sendo normal. Uma certeza: o que aí vier surgirá em sede de IRS. Com muito cuidado, para evitar que os ricos – que são já tão poucos em Portugal – fujam todos!

E logo surgiu um exército de fazedores de opinião a explicar que não vale a pena ir por aí: são tão poucos os ricos em Portugal que, tribute-se o que se tributar, a receita nunca passará de peanuts. Nem vale a pena incomodar essa gente, deixem-nos em paz – era esta, ao fim e ao cabo, a mensagem que teria de passar!

E logo houve quem surgisse a simplificar as coisas: tributem-se os rendimentos sujeitos a IRS a partir de 100 mil euros anuais – Miguel Beleza dixit! Está resolvido o problema: rico, mesmo rico em Portugal, é quem ganha 7 mil euros brutos por mês, que hoje leva para casa perto de 3 mil! Não se preocupem com os outros!

Não bate certo: mas esses não são os mesmos? Mas esses não são a classe média? Os que têm estado a pagar tudo?

Afinal a importação do tema, para consumo interno, serviu apenas para nos levar a concluir que não há ricos em Portugal e que, ao contrário do que parece possível noutras paragens, terão de ser sempre os mesmos a pagar a crise.

Estavam bem enganados aqueles que há trinta e tal anos escreveram por essas paredes fora: os ricos que paguem a crise!

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