O que nos vale é que temos sempre os miúdos. Esses ninguém consegue estragar. Depois não os aproveitam, mas essa é outra história.
À quarta os juniores do Benfica acabam de se sagrar campeões europeus. Depois de três finais perdidas, também na Youth League, os miúdos abateram a maldição de Bella Gutman. E logo com uma exibição de luxo, e com uma vitória por 6-0, que não se usa numa final. Sobre o Red Bull Salsburgo, a multinacional do negócio do futebol de formação, que vinha de 5-0 ao Atlético de Madrid, nas meias finais. E que tinha sido o adversário da primeira final perdida, em 2017, na equipa de João Félix. Que para hoje pedia vingança ao irmão, e companhia.
O Benfica é hoje campeão Europeu. Mas é a equipa com mais jogos nesta competição, criada em 2013. E com mais presenças na final, 4 em 9.
Teve de tudo, o percurso da equipa até à final - goleadas de 4-0 ao Barcelona, ao Bayern de Munique, e ao Sporting, já nos quartos de final, em Alcochete. E depois, nas meias finais, após uma entrada forte em que chegou rapidamente ao 2-0, jogou praticamente hora e meia com 10, por injusta expulsão do guarda-redes. Uma hora até aos 90 minutos, com a Juventus a aproveitar para chegar à igualdade, e mais meia hora de prolongamento. E desempate por penáltis, onde o André Gomes, que era o guarda-redes suplente, defendeu dois.
Este texto publicado pelo JPT no Delito de Opinião, a propósito da canção símbolo do 25 de Abril interpretada pelo Paulo de Carvalho, "E depois do adeus", sugeriu-me o comentário que lá deixei, e que, porque me parece que muita gente poderá achar estranho que uma canção que, independentemente da sua qualidade dentro do género, nada tem de revolucionário, nem de subsversivo para o regime de então, seja símbolo do 25 de Abril, decidi partilhar aqui com os meus leitores.
Aqui fica:
""Gostaria de acrescentar à "história deste símbolo" um contributo que nunca vi referido ao longo de todos estes anos. Não consigo garantir que nunca tenha sido expresso. Se o foi, nunca me apercebi que o tivesse sido. Foi a primeira senha utilizada pelo movimento. Para dar o sinal para a saída das tropas dos quartéis na madrugada do dia 25 de Abril de 1974. Por volta das 22.55 horas do dia 24, João Paulo Dinis, colocou-a no ar na antena dos Emissores Associados de Lisboa. Para que as canções pudessem funcionar com a precisão de uma senha secreta teriam que estar fora das "play list" da altura. Como primeira senha, com a ordem de avançar, seria arriscado utilizar qualquer uma das canções de intervenção, de fora por proibidas pela censura. Serviria facilmente de alerta para os ouvidos do regime. "E depois do adeus", como diz "no género, uma bela canção e muito bem interpretada", era de todo insuspeita. Nada tem de subversivo. Mas não podia constar da" play list" porque, na altura, como durante ainda muitos anos depois - e francamente não sei por imposição nacional, se da Eurovisão - as canções vencedoras do festival ficavam impedidas de passar na rádio antes do festival da Eurovisão. Independentemente das virtudes da canção, dos compositores e do intérprete, "E depois do adeus" seria muito provavelmente a única que poderia ser utilizada como senha de partida. Mais tarde, já com o movimento em curso, sem recuo possível, então sim -"Grândola vila morena". Esta foi a minha leitura na altura - que vivi intensamente - e que também nunca expressara. E que achei apropriado fazê-lo a propósito do seu texto.""
Nas comemorações oficiais do 25 de Abril, na Assembleia da República, salientaram-se os discursos do deputado do CDS – de quem nem sei o nome – e o do Presidente da República. Lamentável o primeiro, tão lamentável que não merece mais palavras. Pouco menos que isso, o segundo!
Foi um presidente ausente, como tem sido. Que, constantemente, assobia para o lado. Que passa pelos problemas como cão por vinha vindimada…
Se há oportunidade para o Presidente da República se revelar vigilante e activo no discurso é esta. É no 25 de Abril!
Para Cavaco Silva já não importam os limites dos sacrifícios há muito ultrapassados, nem a falta de equidade na sua distribuição. Não importam as desigualdades instaladas na sociedade portuguesa, nem importa se o governo brinca com a concertação social, temas que não estão só na ordem do dia. Estiveram também, num passado recente, no centro das suas preocupações, ou do que delas dava conta!
É importante que os portugueses passem para fora imagens positivas? Claro que sim! Mas é apenas isso que, numa altura destas, tem para dizer aos portugueses?
Parece que sim. O que Cavaco teve para nos dizer foi que sofrêssemos calados e que esse sofrimento não tem importância nenhuma. Importante é que mostremos boa cara para o exterior!
PS: Este foi o cravo que caiu da lapela de Cavaco. Era o único sem cravo: governo, presidente da AR, todos com cravo. Está explicado: caiu. É este o momento preciso em que ia a caminho do chão!
Os militares de Abril, através da sua Associação representativa, anunciaram que não participariam nas comemorações oficiais, a terem lugar na Assembleia da República. Mário Soares e Manuel Alegre – às vezes juntam-se – juntaram-se-lhes em solidariedade, presumo.
Os militares de Abril têm toda a legitimidade para decidirem o que decidiram. Já o poderiam ter feito no passado, porque já muitas foram as comemorações que ocorreram em ambiente hostil a Abril, embora também se possa dizer que nunca tal foi tão flagrante e que há sempre uma primeira vez. De Manuel Alegre, com mais ou menos legitimidade, também se compreende a atitude, consentânea com as suas posições habituais. Já a de Mário Soares é, no meu entendimento, menos compreensível e porventura menos legítima.
O 25 de Abril é comemorado na rua, pelo povo e com o povo. Mesmo que com essa inovação absurda e incompreensível da tolerância zero - seja lá o que isso for - anunciada pela polícia. A sua comemoração é popular, não é oficial, na Assembleia da República, cada vez mais bafienta e entediante. Mas o que aconteceria se o poder institucional deixasse de assinalar oficialmente esta data?
Não seria Mário Soares o primeiro a levantar a voz? Certamente que sim. E certamente com razão!
Não se percebe, por isso, que Mário Soares tenha tomado esta posição, em vez de, também lá, na Casa da Democracia, fazer ouvir a sua voz de protesto, denúncia e lamento pelo estado a que deixaram chegar Abril. E de, lá, se manifestar então solidário e enfatizar a posição da Associação 25 de Abril!
Ainda fomos colegas no ISEG - numa altura em que mais se preocupava com a UEC que com a Estatística ou a Econometria - ele a entrar e eu nos últimos anos. Só o voltaria a ver em 2006, no SOL!
Parecia estar a dar a volta à doença mas, nas duas últimas sextas-feiras, aquele espaço vazio no Conselho Superior, da Antena 1, deixava prever o pior…
Mantém-se a sina - o Benfica não consegue ganhar três jogos consecutivos nesta Liga. Tem agora os últimos três jogos para conseguir esse registo, um indicador da indispensável regularidade numa competição destas. As dúvidas que seja desta são mais que muitas. O Benfica já perdeu 15 pontos em casa, e não há objectivos que resistam a uma realidade destas.
Há pouco tempo dizia-se que o Benfica era forte com os fracos e fraco com os fortes. Agora, de há largos meses a esta parte, o Benfica é fraco com os fortes e com os fracos. Mais recentemente é ainda mais fraco com os fracos. Na realidade só não foi fraco com o Liverpool; em Alvalade o Sporting não foi sequer forte.
A irregularidade desta equipa não é apenas culpa dos jogadores. É de todos, adeptos incluídos. Basta olhar para o que vimos ao longo da semana, com o movimento que se viu à volta de Nelson Veríssimo. Bastou empatar em Liverpool e ganhar em Alvalade para que os adeptos achassem que o futuro teria que passar pelo actual treinador. Que era errado, e injusto, se assim não fosse.
A irregularidade do Benfica, e este empate de hoje com o Famalicão, na Luz, têm em comum, acima de tudo, uma mesma causa: falta de ambição. À equipa basta um um dois resultados positivos para achar que já cumpriu os objectivos. Não tem ambição para mais. E isso, mais que responsabilidade dos jogadores, é responsabilidade de quem está acima. De todos, a começar no treinador, o rosto mais visível dessa falta de ambição.
Os exemplos são muitos. O mais flagrante é o discurso de Nelson Veríssimo: "toda a gente dizia que iríamos ser amassados pelo Ajax e a equipa deu a resposta". Foi sucessivamente repetindo a expressão, acrescentando-lhe Liverpool. E depois até o Sporting. Ouvimos isto vezes sem fim, e voltamos a ouvi-lo depois de mais este desaire.
Esta falta de ambição notou-se logo na constituição do onze inicial, e confirmou-se na acomodação da equipa ao jogo. Sem Everton, a cumprir suspensão pelo amarelo de Alvalade, Nelson Verísismo apostou em Gil Dias. Percebeu-se que o treinador quis premiá-lo pelo golo em Alvalade. Não jogou nada ao longo da época, nunca justificou a contratação, que ninguém percebeu mas, porque nos 5 minutos que jogou em Alvalade marcou o golo que o Darwin fabricou, justificou a titularidade. É preciso pouco para ser titular numa equipa de alta competição. O Rúben Amorim é que não percebe nada disto.
O que se tem visto quando a equipa precisa de resolver os jogos, é Nelson Veríssimo tirar o Everton e fazer entrar o Yaremchuk, passando o Darwin para a posição do brasileiro. O natural seria que, sem o Everton à partida, e com o jogo para resolver, e face ao histórico deste jogos na luz quanto mais cedo melhor, tivesse feito isso no onze inicial. Falta de ambição do treinador, e ideia de que o jogo haveria de se resolver por si mesmo a passar para os jogadores.
E foi isso que vimos que os jogadores tinham na cabeça. Que não era preciso grande velocidade, nem era preciso ir para cima do adversário e abafá-lo, coisa que, de resto, não sabem como se faz. O tempo resolveria por eles, sem se lembrarem dos 13 pontos que, muitas vezes assim, já ali mesmo tinham deixado. À falta de ambição, de ritmo e velocidade o que é mais provável é juntar-se a falta de inspiração. E, com tudo isto, a única coisa que o tempo faz é acrescentar motivação ao adversário.
E foi isto o jogo, como é isto em quase todos. Depois, nunca se passa nada no intervalo. As substituições têm hora marcada. Sempre fora de horas. E na maioria difíceis de perceber. Taarabt, na única que mexeu com o jogo, já foi à terceira e trazia agarrada o Radonjic, de que já ninguém se lembrava.
Isto e mais uma arbitragem das do costume, de mais um árbitro do costume. Nada mais que o costume, e como de costume nada se passa. Tudo gente conformada. Para o conformado Nelson Veríssimo, se o penálti tivesse sido assinalado até poderia ter sido falhado.
Nós não nos conformamos. Mas isso passa. Eles sabem que passa depressa!
Tudo em conformidade com as sondagens, nas eleições presidenciais francesas: Hollande à frente de Sarkozi e a extrema-direita de Marine Le Pen a continuar a engordar, com mais de 18% dos votos. Se assim continuar na segunda volta, o mordomo da Senhora Merkel falhará a reeleição e François Hollande - com 54% nas sondagens - será le nouveau President!
O que irá mudar?
Pela forma como, na campanha eleitoral, Hollande passou ao lado dos problemas – grandes, bem grandes – e pelas promessas irrealistas, mesmo demagógicas, que apresentou, diria que as expectativas não podem estar muito altas. Mas acredito que a Senhora Merkel tenha que pôr um anúncio à procura de novo mordomo…
Em dia de clássico em Espanha – que Mourinho ganhou, quebrando o enguiço e fechando a estória da La Liga, e com Cristiano Ronaldo a marcar e a ultrapassar, em pleno Nou Camp, o rival Messi no pichichi – Jorge Jesus explicou, bem explicado a toda a gente, como ofereceu o campeonato ao Porto.
Defrontando uma das melhores equipas da Liga – porventura uma das duas melhores do ponto de vista táctico – Jesus apresentou uma equipa com quatro (40% dos chamados jogadores de campo) dos ostracizados do plantel: Capdevilla, Matic, Nolito e Saviola. Com isso explicou, tintim por tintim, como geriu mal o plantel e como conseguiu chegar à fase decisiva do campeonato com o seu onze esgotado, a ponto de oferecer de bandeja treze pontos aos seus adversários. Não que os quatro tenham realizado exibições espantosas – todos jogaram bem mas, dos quatro, apenas Nolito foi soberbo durante a primeira parte – mas porque ficou provado que tinha opções para gerir a equipa, mantendo-a a praticar o melhor futebol que se vê nos relvados nacionais. E demonstrou que, ao contrário do dizem muitos entendidos – a maioria dos quais benfiquistas -, Saviola e Aimar são compatíveis em campo!
Com tudo isto e com uma exibição de luxo – o Benfica poderia ter saído para o intervalo com seis golos no bornal – Jesus pediu desculpa aos benfiquistas. Por mim, aceito-as. Mas nem assim o desculpo. Não perdoo nem esqueço!
Nada mais interessa, nem aquele cartão amarelo a Sapanaru que o árbitro transformou em penalti para, por volta do famoso minuto 30 do jogo do Dragão, desbloquear um jogo complicado que, até aí, tinha dado apenas três oportunidades de golo para … o Beira Mar!
A participação de Zelensky na sessão solene da Assembleia da República, especialmente concebida para o efeito, não frustrou as expectativas. Foi a sua 26ª intervenção em parlamentos democraticamente eleitos, pelo mundo fora. Já havia por isso uma matriz: o objectivo de mobilização internacional para a causa ucraniana substanciava-se na excelência comunicacional, com um discurso bem estruturado e de forte carga emocional, robustecido por referências históricas, geográficas ou até de carácter civilizacional ao país e ao povo a que se dirigia.
Era esta última vertente da sua intervenção a que maiores expectativas suscitava. O resto não seria muito diferente, por muitos mais dados - e mais chocantes ainda - que a continuação da guerra infelizmente lhe permitiria acrescentar ao seu relato. Até apostas se faziam …
Não desiludiu, também nessa vertente mais ansiosamente aguardada. Referiu a dimensão populacional de Lisboa e do Porto para reforçar a imagem a passar sobre cidades completamente destruídas, e referiu-se à ditadura que vivemos e ao 25 de Abril, que vamos festejar por estes dias.
A referência geográfica ao Porto e a Lisboa não mereceu qualquer contestação ao Partido Comunista, que deixou as suas cadeiras vazias, mas não quis deixar de comentar a intervenção que não aprovara. Ainda admiti que o PCP se tivesse sentido insultado por Mariupol ser "tão grande quanto Lisboa", mas não. O insulto foi Zelensky referir-se à revolução dos cravos.
Não, senhora deputada Paula Santos. A senhora, porque foi a senhora que se prestou ao serviço, os seus outros cinco colegas de bancada, e os outros todos que mandam em vós os seis, é que hoje insultaram o 25 da Abril. E seguramente mais de 10 milhões de portugueses.