Também há regressos antes de férias, mesmo que eu esteja de regresso depois delas. E também da Hungria podem vir coisas boas. E também o 13 não tem que ser um número amaldiçoado. Pelo menos para a Mercedes, e para a Fórmula 1.
Na Hungria, ao 13º Grande Prémio da temporada, o último antes das férias de Agosto, que marca ao fim da primeira fase da época, a Mercedes regressou finalmente ao pelotão da frente, e mostrou-se capaz de discutir corridas com a Red Bull e a Ferrari. É certo que já se vinha a perceber uma certa aproximação desde o Grande Prémio de Espanha, em Barcelona. E que este pódio no Hungaroring, em Budapeste, já tinha acontecido em França, em Paul Ricard, na corrida anterior. Mas só hoje, verdadeiramente, a Mercedes confirmou aquilo que se esperava desde o início da temporada - que pudesse discutir corridas ao nível do primeiro plano da Fórmula 1.
Os dois lugares no pódio, atrás de Verstappen, da Redbull, com que em Hungaroring repetiu Paul Ricard, não representam o mesmo. Em França, Hamilton e Russel, segundo e terceiro como hoje, herdaram o pódio. Hoje, conquistaram-no. E isso faz toda a diferença no processo de recuperação da Mercedes.
Hoje a Mercedes foi muito superior à Ferrari, em pista e nas boxes. E só não foi ainda superior à Red Bull. Ou melhor, a Verstappen, que venceu pela primeira vez em Hungaroring, e que, partindo da 10ª posição (Perez partiu da 11ª e concluiu na 5ª) na grelha de partida, venceu pela primeira vez uma corrida sem ter arrancado dos primeiros quatro lugares. E tudo isto apesar de ter feito um peão, que só não lhe liquidou as hipóteses de vencer a corrida porque a Red Bull é ainda muito melhor, em pista e nas boxes.
O mote tinha sido dado na qualificação, com Russel a arrancar a primeira pole da carreira. Mas Hamilton, sem sorte na qualificação, foi sempre melhor em corrida, e mesmo o melhor piloto em pista. Ficou com a melhor volta - e bateu até o histórico recorde de voltas na liderança deste Grande Prémio - e só não pôde atacar a primeira posição final de Verstappen, conquistada nas boxes, porque o "safety car" entrou nas duas das três últimas voltas, pelo abandono de Bottas, o único de uma corrida sem incidentes.
Com 80 pontos de vantagem sobre Leclerc, nitidamente em perda, como a Ferrari - e hoje já nem se pode falar tanto de erros, que hoje acumularam aos das últimas corridas, mas em incapacidade - Verstappen tem o bi-campeonato no bolso. E tudo a continuar como está, desta vez sem sombra de mácula. Também a Redbull dificilmente deixará de vencer por equipas. Mas nem por isso a última metade do campeonato deixará de ser animada, agora que a Mercedes "voltou".
Desta corrida, que se dizia de ultrapassagens impossíveis, ficam muitas ... e boas. A melhor - e das melhores em fórmula 1 - fica para Daniel Riccardo, ao aproveitar magistralmente o despique entre Alonso e Ocono para ultrapassar os dois Alpine em simultâneo. E fica o anúncio da despedida de Vettel - um tetra-campeão do mundo!
Michael Phelps tornou-se hoje no atleta maismedalhadode sempre em Jogos Olímpicos. Estava a uma medalha de Larissa Latynina, a ginasta soviética que na década de sessenta do século passado conquistara 17 medalhas olímpicas e hoje, com a medalha de prata nos 200 metros mariposa – numa prova fantástica, que dominou desde o início, mas em que foi batido por cinco centésimos de segundo pelo sul-africano Chad le Clos, na última braçada – e com a de ouro da equipa americana na estafeta de 4x200 metros livres, que ele fechou, estabeleceu um novo recorde e entrou definitivamente para o lugar mais alto do Olimpo das olimpíadas.
Já era o maior nadador de todos os tempos, agora é também o atleta com mais títulos olímpicos de todos os tempos. Curiosamente nuns Jogos em que a sua estrela parece começar a empalidecer, com resultados bem longe das oito medalhas de Atenas (2004) e Pequim (2008). Ou nos jogos em que simplesmente confirma a sua natureza humana!
Começou mal, ficando fora das medalhas logo no primeiro dia, quarto classificado nos 400 metros estilos, prova surpreendentemente ganha pelo seu colega e compatriota Lochte. Que viria depois a estar menos bem na estafeta dos 4x400 metros livres, onde deitou a perder o excelente desempenho de Phelps, deixando escapar o ouro para a equipa francesa. Seria assim de prata a sua primeira medalha nestes Jogos, e a décima sétima com que igualava o extraordinário feito de Larissa Latynina!
Fora destas coisas das medalhas anda a delegação portuguesa. E tudo indica que assim ficará. Em compensação temos uma representante que parece ter decidido não competir, como já tinha decidido marcar a diferença para a comunidade olímpica nacional, instalando-se num hotel em vez da aldeia olímpica. A velejadora Carolina Borges, uma luso-brasileira que reside nos Estados Unidos, limitou-se a enviar um mail, na véspera de entrada em prova, a comunicar a ausência. Em 2004, em Atenas, representara o Brasil!
Talvez não fosse má ideia dedicar mais algum cuidado à selecção dos atletas que vão representar o país. Pode não se exigir medalhas, mas tem que se exigir decência e respeito!
As auto-estradas e as antigas SCUTS estão às moscas: desertas! Somos o país com mais quilómetros de auto-estradaper capita. Foram gastos os milhares de milhões que estamos a pagar nas PPP. Mais os que ainda temos de pagar aos nossos amigos das parcerias por não as estarmos a utilizar, numa das nossas singularidades: pagamos por utilizar e pagamos por não utilizar!
Pagamos tudo isso e não as podemos utilizar porque, depois de pagar isso tudo, não nos sobra dinheiro para pagar as portagens. Regressamos às velhinhas estradas nacionais...
Mas há sempre forma de combater esta desertificação: é dar a alternativa ao automobilista de pagar uma multa. Brilhante. Antes de partir para férias verifique a pressão dos pneus e em geral o estado de conservação do seu carro, e faça a sua opção livre: decida se quer pagar portagem ou multa!
Esfumou-se num ápice a melhor possibilidade de uma medalha para os atletas portugueses. Com uma delegação desfalcada demedalháveis– uma onda de lesões dizimou a limitada frota portuguesa com possibilidade de alimentar esse sonho – os olhos voltavam-se para Telma Monteiro, a porta-estandarte da delegação portuguesa na cerimónia inaugural e a judoca portuguesa mais titulada em campeonatos da Europa e do Mundo, actual campeã europeia.
Foi afastada logo no primeiro combate, confirmando uma espécie de maldição olímpica. Desolada, foi lavada em lágrimas escondidas que pediu o apoio dos portugueses e que prometeu fazer o luto para rapidamente voltar às vitórias.
Por mim, todo o apoio. O desporto é assim, e os Jogos Olímpicos são também isto: lágrimas e desilusões que não abatem os campeões!
Ainda na fase inicial dos jogos é o futebol – cuja competição até começou mais cedo – a concentrar as primeiras atenções. Uma modalidade em que as surpresas por vezes acontecem, mas que nos Jogos Olímpicos acontecem mais vezes.
Enquanto Neymar confirma os seus créditos de menino-prodígio da bola e Hulk parece não ter nada para confirmar, a selecção espanhola, que dividia todo o favoritismo com a brasileira, acaba de ser eliminada dos jogos, logo ao segundo jogo. Depois de ter perdido com o Japão na ronda inaugural (0-1), a Espanha repetiu o resultado e a derrota com as Honduras. Num grupo que conta ainda com Marrocos, era inimaginável que a selecção espanhola – que integra três dos recentes campeões europeus – ficasse de fora do apuramento.
No jogo com as Honduras, que ditou a eliminação, a Espanha foi infeliz, é certo. Teve três bolas nos ferros (só a sua conta Rodrigo acertou duas vezes na barra), mais uns muitos rematesa centímetros do postee outros a bater em tudo o que eram pernas plantadas na área hondurenha. E encontrou pela frente um guarda-redes (Mendoza, de seu nome) que defendeu tudo o que lhe sobrou para defender, com elasticidade e reflexos fora do comum. E ainda uma arbitragem bem mazinha – má é má, não é a mesma coisa que tendenciosa – que lhe escamoteou um penalti - sobre o Rodrigo, o jogador do Benfica.
É futebol, como se diz emfuteblês. Mas a verdade é que a Espanha deu a primeira parte de avanço. A selecção da América Central agradeceu, marcou logo aos 7 minutos o golo que lhe garantiu a vitória. Que ao intervalo justificava mas, no final, de forma alguma…
Claro que era um Real Madrid cheio de remendos, mas não deixou de ser o Real Madrid…
Sabe sempre bem marcar cinco golos. Ganhar por 5-2 ao Real Madrid lembra anos de glória, mesmo não esquecendo que, daqueles jogadores que alinharam com a mítica camisola branca, pouco mais que meia dúzia terão oportunidade de entrar na equipa quando a época oficial começar. Mas disso não tem o Benfica culpa!
Para além dos cinco golos - todos de excelente execução, mas com particular brilho o primeiro de Enzo Perez (que fez o 3-2) e o de Carlos Martins (fazendo então o 2-2) –, da vitória e, a espaços, da exibição, o jogo confirmou algumas coisas que se vinham percebendo.
A primeira é que, numa época de poucas e discutíveis contratações, o maior reforço é Carlos Martins, que o ano passado foi mandado para Espanha e que tanta falta fez. Seguido de Enzo Perez, também o ano passado devolvido à procedência, quando se percebia ser um jogador de qualidade. Ou de qualidades. Quer dizer: os reforços só não estavam em casa porque foram mandados embora!
A segunda é que a aposta em Melgarejo para a lateral esquerda é para continuar. Não fosse a circunstância de estarmos em véspera de eleições e não teria qualquer dúvida que ninguém seria contratado para aquela posição. Como há eleições, haverá de aparecer por aí, mais dia, menos dia, um lateral esquerdo. O miúdo paraguaio é muito bom jogador, o que não quer dizer que dê para clone de Fábio Coentrão. Por enquanto esta insistência parece-me mais próxima de acabar com um belíssimo jogador do que de criar um lateral esquerdo razoável, o que, acredito, deve encher de pesadelos as noites mal dormidas de Melgarejo.
A terceira - e já que se fala de pesadelos - é que só de pensar na saída de Witsel fico eu com pesadelos. O belga é simplesmente insubstituível, e faz questão de nos mostrar isso mesmo em cada jogo.
A quarta tem a ver com o outro problema: o lateral direito. A estrutura directiva disse que não haveria qualquer contratação, que havia lá um miúdo vindo dos juniores - o João Cancelo - que supriria essa necessidade, contrariando manifestamente o pedido expresso de Jorge Jesus que, à entrada do quarto ano de Benfica, – coisa que não acontecia desde Hagan, no início dos anos 70, o treinador de todos os recordes – ainda não percebeu que esses (e todos) pedidos fazem-se à direcção em privado e não, nem aos jornais, nem pelos jornais.
Pois, mas parece que o miúdo continua pela equipa B. Pelos vistos o treinador está a esquecer-se dele, e ainda não o chamou para integrar os trabalhos de pré-época. Se calhar é preciso que alguém o lembre!
A quinta, e última, revela alguns pontos de contacto com esta. Direi que demasiados!
Também o presidente disse recentemente que “oBenfica está bem servido de centrais”. Mas também parece que o treinador não estará muito de acordo com isso: é que ainda não se viu jogar nenhum dos restantes três centrais do plantel nos cinco ou seis jogos de preparação já realizados. Rodou jogadores em todas as outras posições - neste jogo até já o Michel jogou, substituindo até um jogador (Kardec, um caso perdido) que havia sido substituto – excepto nas dos centrais. No torneio do passado fim-de-semana, na Polónia, o Luisão e Garay jogaram todos os 90 minutos dos dois jogos em dois dias – sábado e domingo.
Imagino que o Miguel Vítor, o Jardel e o Roderick estejam cheios de moral e confiança!
Ao fim de pouco mais de três meses já se percebeu o que faz o Chega na Assembleia da República com um grupo parlamentar, o terceiro maior no hemiciclo. No acto eleitoral de Janeiro percebeu-se que o partido unipessoal de André Ventura serviu para garantir a maioria absoluta a António Costa. No Parlamento serve-lhe de boia!
O contributo parlamentar do terceiro maior partido é o que se está a ver. Nada que tenha a ver com o país, nenhuma proposta para o que quer que seja, apenas barulho. Barulho para se fazer ouvir, para que seja falado, para se manter na ribalta mediática.
Augusto Santos Silva, precisamente o Presidente da Assembleia da República, foi quem melhor percebeu a utilidade do contributo de André Ventura no actual xadrez parlamentar. Percebeu e começou a explorar o filão logo que esta sessão legislativa foi inaugurada. Logo no primeiro dia, muito antes que todos nós, comuns mortais, o tenhamos percebido.
Esta espécie de moção de censura ao Presidente da Assembleia da República que André Ventura inventou deixou tudo isto muito mais claro. Para continuar a fazer barulho, a única coisa que sabe fazer, repetiu a sua receita de fazer acreditar no que nem ele acredita, lançando mão de um instrumento que não existe, sabendo que não existe e, natural e evidentemente, absolutamente ineficaz.
Até aqui, Santos Silva tem aproveitado para se tornar na "super star" do Parlamento. Agora, a partir dessa condição, aproveitou para se lançar na corrida a Belém. E chegar-se à frente.
Não. Não é uma imitação de Jorge Sampaio. Há trinta anos, Jorge Sampaio chegou-se á frente e meteu pés ao caminho. Santos Silva vai à boleia!
Abrem hoje oficialmente os Jogos Olímpicos: a XXX Olimpíada da era moderna!
Ainda um espaço de convívio de povos, de paz, beleza e harmonia, se bem que um espaço de competição acima de tudo – e onde por vezes vale tudo -, de marketing comercial e político, e de poder. Particularmente do maior dos poderes dos tempos que correm: o financeiro. Um grande negócio para muita gente, mas nem sempre – quase nunca – um bom negócio para os organizadores. A factura, pesada e negra, acaba sempre por chegar. E no entanto é sempre rija e dura, e nem sempre clara e transparente, a disputa pela sua organização.
Nada que ofusque o lado romântico dos jogos, nascido na Grécia Antiga e refundado em 1894 por Pierre de Coubertain, dois anos antes de pôr de pé os primeiros jogos da era moderna. Em Atenas, naturalmente!
Citius, altius e fortius, cada vez maisaltius e fortius, custe o que custar!
Vamos segui-los por aqui, visitando-os amiúde ao longo destas três semanas.
Terminou ontem, em Paris, a 109ª edição da Volta França, uma das mais espectaculares e bem disputadas de sempre e, seguramente, a que mais projectou os valores do desporto, e do desportivismo.
Pois... Só não esperava era que Vingegaard a tivesse escolhido para fazer alarde de todo o seu enorme mérito na vitória que se perspectivava. Que tivesse decidido que chegara a hora de confirmar que é um campeão, e que a amarela que trazia no corpo há tantos dias, conquistada num dia mau de Pogacar, e defendida depois com enorme categoria, era sua por indiscutível mérito.
Pogacar sabia que que era nestes 143 quilómetros, entre Lourdes e Hautacam, que teria de apostar tudo para alcançar a terceira vitória consecutiva no Tour, que todos davam à partida por garantida. E atacou, como lhe competia. Uma, duas, três ... seis vezes. Como sempre antes, Vingegaard respondeu outras tantas vezes. Até seguirem os dois, sozinhos. Na última descida Pogacar sofreu uma queda, e deixou o adversário sozinho.
Na 15ª etapa, no domingo anterior, entre Rodez e Carcassona, tinha acontecido o inverso, e Pogacar não atacou. Não quis aproveitar a infelicidade do adversário. Desta vez Vingegaard nem precisava de atacar, bastar-lhe-ia seguir no ritmo que trazia para deixar o adversário para trás. Mas não o fez, e esperou por Pogacar, numa tão rara quanto nobre demonstração de desportivismo. E como foi bonito o cumprimento, e o reconhecimento, do esloveno no momento do reencontro!
Chegaram juntos ao início da subida do Hautacam, onde encontraram o não menos fantástico camisola verde, o belga Wout van Aert. E a meio da subida Vingegaard, que sempre só respondera, atacou. E foi-se embora até lá acima, ganhando mais um minuto, colorindo de mais brilho a sua amarela.
O contra-relógio de sábado, de mais de 40 quilómetros e com final em subida acentuada, que durante tanto tempo se julgou decisivo, serviu apenas para mais uma lição de desportivismo e camaradagem do novo campeão do Tour. Pulverizou todos os tempos intermédios mas, no fim, ao perceber que o melhor tempo permanecia no seu colega Wout van Aert, abrandou para fazer apenas o segundo melhor registo, e garantir a vitória na etapa, por 17 segundos, ao seu companheiro.
Ontem, na etapa da consagração, com Jasper Philipsen a vencer nos Campos Elíseos, Wout van Aert apenas se preocupou em festejar com a equipa. Não sem que, antes, ainda tivesse tido tempo para uma brincadeira com Vingegaard, ao simular uma fuga com Pogacar.
Que grande Tour. Que grandes ciclistas e enormes desportistas são Vingegaard, Pogacar e Wout van Aert!