O Orçamento Geral do Estado para 2013 foi hoje aprovado, como se sabia. Não se sabia é quehaveria de ser aprovado à pressa…Nem que a Presidente da Assembleia da República iria negar essa bem notada pressa - "foi seguido o mesmo método do ano passado",diria contornando a verdade - dando mais uma ajudinha para o descrédito da chamada casa da democracia. Mesmo que de uma democracia que convive bem com a ditadura dos partidos e dos respectivos aparelhos…
Não fosse assim e este orçamento não teria sido aprovado!
Sobre o orçamento nada mais há a acrescentar, já aqui se disse tudo o que havia para dizer. O governo e a maioria que obrigatoriamente o sustenta não quiseram nem querem discuti-lo. Sabem que é uma fraude e, por isso, quanto menos se fale dele, melhor!
Introduziram por isso o tema da revisão das funções do Estado, com o sentido de oportunidade de que ainda ontem aqui se deu conta.
A verdade é que a estratégia foi relativamente bem sucedida. Fala-se e tem-se falado nos últimos dias muitíssimo mais das funções do Estado do que do Orçamento, das opções que lhe são subjacentes e das fragilidades e incompetência que documenta.
Poucos teremos dúvidas que há real necessidade de reavaliar as funções do Estado, porque muita coisa mudou. Mas creio que serão muitos os que têm dúvidas que seja este governo o mais indicado – pela gritante falta de competência, pela falta de consistência no rumo, pelo fundamentalismo ideológico, etc. - para o fazer. Como muitos serão os que não compreenderão muito bem que se questionem as funções sociais do Estado, num período como o que o país atravessa, sem que se questione o garrote financeiro da troika, em particular os juros, a taxas inaceitáveis, que representam a fatia maior de toda a despesa do Estado.
Lula venceu as eleições, e é, de novo, 12 anos depois, Presidente do Brasil. Com mais 2 milhões de votos que Bolsonaro, mas apenas 1% de vantagem.
Respira-se de alívio. Mas também se pode conter a respiração, de medo. O país está dividido ao meio e carregado de ódio. E de armas. As instituições estão minadas. O sistema político é complexo e anacrónico, e o judicial pouco menos que isso. Não se sabe como Bolsonaro reagirá à derrota. Nem, mesmo que aceite como veredicto democrático, o que fará do país daqui até Janeiro, quando entregar o poder.
Com menos de 51% dos votos, minoritário na câmara dos deputados e no senado, e com a teia de compromissos contraditórios, muitos deles não menos anacrónicos, que teve de construir para garantir a eleição, Lula da Silva tem pela frente uma espécie de missão impossível.
Para esta missão impossível tem a seu favor o apoio internacional, e o das figuras mais marcantes da sociedade brasileira. E a esperança que tenha aprendido com o passado...
Na discussão do Orçamento de Estado na Assembleia da República discutiu-se tudo menos o dito. A politquice do costume, com mais ou menos encenação e com a amnésia do costume. PS e PSD muito esquecidos: um de que foi governo e do que aí foi feito, e outro, tanto como das promessas feitas, da garantia que nunca se desculparia com a pesada herança. O governo e a maioria na realidade já não têm outro argumento que não a governação anterior, esquecendo duas coisas: que garantiram não recorrer a esse expediente e que estão a governar há quase ano e meio.
Mas a verdade é que na discussão do orçamento não se discute o orçamento, a provar aquilo que aqui tem repetidamente sido dito: que este orçamento apenas existe porque é preciso haver um. Se não vale de nada, se não serve para nada, se nem o governo que o apresenta nem a maioria que o defende e aprova acreditam nele, o que é que há a discutir?
Quando se deveriam estar a discutir os “enormes aumentos de impostos” do Orçamento, o primeiro-ministro apresenta medidas contingentes – mais impostos - para a falha da execução orçamental. Está a apresentar o Orçamento e o seu primeiro rectificativo, ele que, neste ano, bateu o recorde de orçamentos rectificativos, ultrapassando os governos provisórios do PREC!
Quando se deveriam estar a discutir os cortes de despesa do Orçamento, o primeiro-ministro, refundador, alarga a refundação ao Estado, depois do pontapé de saída dado na semana passada pelo ministro das finanças com aquela de “pensar nas funções do estado e no preço que se está disposto a pagar por elas”.
O governo que prometeu reformar o Estado, que foi eleito também com essa promessa, em ano e meio não mexeu uma palha. Mas quando apresenta um orçamento que não consegue executar, repara que a única saída que tem é cortar funções ao Estado. É, quando mais tira aos portugueses para dar ao Estado, que mais vai tirar no que o Estado tem para dar aos portugueses.
E é quando desperdiçou toda credibilidade que chegou a ter, depois de perder todas as muitas oportunidades que teve, e depois de ter esgotado toda a boa vontade, compreensão e disponibilidade de colaboração da parte do PS, que vem apelar – de forma pública e alvoraçada, sem o mínimo tacto político – à ajuda de Seguro para consensos na reforma do Estado. Faz algum sentido?
Nunca tanta incompetência junta foi vista neste país…
Valha-nos que um banqueiro nosso amigo – e muito competente - acha que tudo vai bem. E que é com mais austeridade - que o país aguenta, garante – que nos salvamos do destino da Grécia. “Ai aguenta, aguenta” – diz ele! Até poderá aguentar, Sr Ulrich, mas esse é mesmo o caminho da Grécia. Com o mesmo destino, como já toda a gente viu!
O Benfica continua a espalhar magia pela relva, sem intermitências. Hoje, de novo na Luz, de novo em festa, praticamente cheia, perante o Chaves, voltou a exibir o seu futebol entusiasmante, de primeiríssima água.
Havia alguns receios, as feridas antigas estarão saradas, mas as más memórias não são fáceis de apagar. O Chaves tinha ganhado em Alvalade. E em Braga. O jogo da passada terça-feira tinha tudo para ter deixado a equipa altamente confiante, e segura do seu valor. Mas também tinha sido muito exigente, física e mentalmente. Os jogadores tanto poderiam entrar em deslumbramento, como desgastados, como em relaxe. E depois havia a questão do chip - a mudança do modo "Champions" para o de campeonato nacional. Contra um adversário tranquilo, bem trabalhado, como se tem visto, e moralizado pela história já feita neste campeonato, deslumbramento, relaxe, cansaço e chip são coisas complicadas.
Só que este Benfica parece imune a essas coisas todas. Não há deslumbramento, não há relaxe, não há cansaço e só tem um chip, o do futebol de alto quilate. E nem deu tempo ao Chaves para sequer pensar que poderia na Luz repetir Alvalade, ou a Pedreira. Quando, com apenas dois minutos, Neres fez magia naquele golo espectacular, já o Benfica tinha conquistado dois cantos, e já o menino António Silva tinha tentado imitar o calcanhar do Rafa, da passada terça-feira.
E nunca mais parou. Os jogadores nunca se cansam quando se divertem a jogar à bola. Estes jogadores a que Roger Schemidt devolveu o prazer de jogar à bola divertem-nos divertindo-se!
Bastaram pouco mais de cinco minutos para Grimaldo voltar a vestir a magia de golo. O jogo não ficava resolvido nos primeiros dez minutos porque já se sabe - o 2-0 é um resultado perigoso, diz-se. Dificilmente o será quando não se levanta o pé, quando o caudal de futebol enleante não seca.
E o Benfica não levantou o pé, nem baixou a quantidade nem a qualidade do seu futebol. E Rafa, primeiro, e Gonçalo Ramos, depois, poderiam ter dobrado o resultado em pouco tempo.
A equipa nunca relaxou, mas abrandou então um pouco. Em ritmo e em concentração, mas foi em apenas dois ou três minutos, pouco depois da meia hora. Resultou em dois passes falhados, um dos quais só não deu em golo porque Vlachodimos também faz parte da equipa. E está também em grande forma!
Serviu de lição, e rapidamente chegou ao terceiro golo. De Gonçalo Ramos, assistido pelo fantástico Aursenes, mais um caso sério nesta equipa, acabando de vez com os perigos do 2-0, e abrindo as portas para uma segunda parte tranquila, como se pedia neste contexto competitivo, com a importante deslocação a Israel, donde poderá ainda trazer o primeiro lugar do grupo de apuramento na Champions.
E foi isso, a segunda parte. Tranquila. Mas nem por isso menos bem jogada, nem por isso sem a magia, que regressou logo no início. Primeiro numa grande jogada de Rafa, que assistiu João Mário para o golo que um defesa adversário evitou, desviando a bola para canto. Pouco depois, naquele mágico golo do fantástico Enzo. Não contou, foi depois anulado por fora de jogo (18 cm) de Aursenes, no início da jogada.
E regressaria mais vezes. No lance em que João Mário foi derrubado à entrada da área, mas ainda a tempo de deixar a bola em Rafa, isolado à frente do guarda-redes, pronto para o golo. Com o árbitro, Luís Godinho, a preferir assinalar a falta, beneficiando escandalosamente o infractor.
Mas é isto. A jogar desta forma, o Benfica não dá hipóteses aos adversários, nem aos árbitros habilidosos, como Luís Godinho. Não se limitou a impedir esse golo, teve ainda que, de uma só vez, amarelar Aursenes - por uma falta que nem falta pareceu - e Otamendi, por simplesmente usar o seu estatuto de capitão para chamar a atenção justamente para isso.
E regressaria no quarto golo, de Musa, assistido por Enzo, a concluir mais uma brilhante jogada tricotada já dentro da área flaviense. E no grande remate do Gilberto, à trave. Que deu a Rafa, na recarga, o quinto golo, igualando os números do melhor resultado da época, com o Marítimo, há semanas. Ainda assim longe do que, com melhor coeficiente de aproveitamento das oportunidades criadas, seria um resultado de mais condizente com a qualidade de mais esta excelente exibição de futebol!
O que se está a passar na IL é o que se passa em todos os partidos políticos - diria mesmo em todas as agremiações - quando atingem expressão de poder. Seja de que nível for, o poder divide. E divide-se.
Logo que os partidos passam a ter lugares para distribuir, entram em estado de conspiração. É sempre assim, mas é ainda mais assim com os liberais. Foi assim no PSD. E assim foi no CDS, quando os liberais tomaram as rédeas do partido. Volta a ser assim quando daí emigraram para criar a Iniciativa Liberal.
Enquanto foi um pequeno partido, sem expressão parlamentar, João Cotrim de Figueiredo conseguiu ser o mínimo denominador comum da Iniciativa Liberal. Logo que atingiu o respeitável número de oito deputados na Assembleia da República, deixou de ter condições para segurar o partido. E a ilusão de pouca dura que semeou pelas gerações mais novas.
As jornadas parlamentares da coligação deste fim-de-semana, com que os partidos da maioria quiseram mitigar a crise que os une, trouxe-nos, a par de alguns momentos de humor proporcionados pelo ministro Aguiar Branco, pelo ministro Relvas ou até pela ministra Teixeira da Cruz, um novo enigma político.
Vítor Gaspar já tinha começado a falar de maratona,mas como pouco depois Aguiar Branco falava de rações de combate para duas legislaturas, sem perceber bem que o seu forte não é certamente o humor, a imagem das dificuldades da maratona lá por volta do quilómetro 35 ficou um bocado perdida. E lá veio depois Passos Coelho com a refundação: a refundação do Memorando da Troika!
Depois de toda a gente ter percebido que as coisas corriam muito mal, chegou a vez de ser o governo a ter essa percepção. Ou de começar a dela dar conta!
A fase do “nem mais dinheiro nem mais tempo” já lá vai e Vítor Gaspar diz-nos que é grande a probabilidade não conseguirmos concluir a maratona. E Passos Coelho, que nunca quis sequer ouvir falar em renegociação, fala derefundação.
Ninguém sabe o que é que entende por refundar o Memorando da Troika. Nem António José Seguro, que deveria saber... E perceber por que era o PS para ali chamado.
Mas sabe-se – Passos Coelho sabe, e Seguro deveria saber - que a próxima avaliação da troika, já em Novembro, vai estourar com o Memorando. E que virá outro (a) caminho. Não há refundação nenhuma, o que aí vem é um segundo resgate. E nele vai ser preciso envolver o PS: é disso que refundação é eufemismo!
A teimosia e a incompetência de Gaspar e Passos deram nisto como, há muito, muitos sabíamos…Deu na Grécia, sempre um passo à nossa frente. Já no terceiro resgate, e em mais perdão de dívida: agora tocam-nos1.100 milhõesque nos calharam em sorte – por solidariedade, não era? - em 2010 e já em 2011. Lembram-se?
Desta vez ofutebolêsfixa-se num simples verbo:ligar. Com várias aplicações, mas sempre à volta do mesmo!
Aequipa não está ligada, ounão consegue ligar o jogoou mesmo manter a equipaligada ao jogoou voltar aligar-se ao jogo– que é a mesma coisa - são expressões dofutebolêsà volta do verboligar. Mas não mais do que estas: não ligar ao jogo, por exemplo, já não éfutebolês!
Quando a equipa não liga ao jogo, como tantas vezes acontece, deixando toda a gente à beira de um ataque de nervos – por exemplo, o Porto não ligou nada ao jogo com uma equipa de nome Santa Eulália, do passado fim-de-semana para a Taça, e o Vítor Pereirapassou-se– ofutebolêsnão se preocupa. Se o resultado der para o torto, o que não foi o caso do Porto – ummiserável1-0 ao tal Santa Eulália, mas ganhou – então lá vêm ostomba-gigantes, aestóriade David e Golias e mais umas tantas frases feitas. Mas nada que ofutebolêstenha criado!
Não estar ligada, ounão conseguir ligar o jogo- ou o inverso, na afirmativa - é a mesma coisa mas dita de forma diferentes. Não assim tão diferentes, mas diferentes!
Se a equipa não está ela próprialigada, com os diferentes sectores – a defesa, o meio campo e o ataque - a comunicarem fluentemente entre si, ligados que nem elos de uma corrente, não consegueligar o jogo. O jogo não resulta fluente, consistente, harmonioso e consequente. Pelo contrário, surge como que curto circuitado, aos repelões, sem bola - porque perdida muito rapidamente – e sem nexo, causal ou qualquer outro.
A caixa que comanda a ligação - da equipa e do jogo – é o meio campo – talvez por isso há quem lhe chame ocoração da equipa- onde cada peça é como um interruptor. O pivô ou os pivôs – pode ser um ou dois,o 6 ou o 6 e 8– asseguram a ligação naprimeira fase de construção, e o 10 a ligação àsegunda fase, a decisiva.
É porque as coisas funcionam assim que o Benfica não está a funcionar. Com as saídas em simultâneo do Javi (6) e do Witsel (8) e com Aimar e Carlos Martins (os dois 10) permanentemente de fora, a equipa não tem sequer interruptores. E sem interruptores não há comoligar a equipae, sea equipa não está ligada, não consegueligar o jogo. Bem pode Jorge Jesus ir ao baú cheio de alas para procurar interruptores… Não resulta, como já se viu! E não se vê como é que, assim, Luís Filipe Vieira irá conseguir pagar apromessados três campeonatos em quatro anos, já para não falar de uma competição europeia…
Já no Sporting as coisas são diferentes. O Sá Pinto, provavelmente chamado ao comando porfazer faíscacom facilidade, nunca conseguiu que a equipa ligasse o jogo, e rapidamenteviroupassado. O Oceano pegou na equipa, mas continuoudesligada, semfio de jogo. E no entanto os interruptores estão lá, o que não funciona são os próprios circuitos. Acreditam que os engenheiros (electrotécnicos) belgas sejam melhores que os portugueses, mas não é o que se diz por aí…
Manter a equipa ligada ao jogoé outra coisa bem diferente. Tem a ver com a reacção à marcha do resultado, que é preciso não deixar desnivelar.
Quando o resultado começa a pesar – dois, três, quatro – a equipa tende adesligar do jogo, a ficar cada vez mais longe da possibilidade de discutir o resultado. Às vezes basta um golo para trazer de volta a equipa, para avoltar a ligar ao jogo. Para lhe dar a ilusão e a crença de que ainda é possível. E por vezes surgem reviravoltas espectaculares, como sucedeu na semana passada na Alemanha, onde a selecção da Suécia, depois de estar a perder por 4-0, desatou a marcar e ficou de tal formaligada ao jogoque só parou no último segundo, mesmo a tempo de chegar ao espectacular 4-4 final!
Foi com este cartão de visita que Roger Schemidt chegou, há cinco meses, para começar a escrever a partitura deste hino ao futebol que o Benfica hoje apresentou na Luz. Neste fantástico estádio, cheio e vibrante, hoje a festejar o seu 19º aniversário.
Poderá haver quem ame o futebol sem amar o Benfica. O que não pode haver é quem ame o futebol sem se deixar apaixonar por este futebol do Benfica!
Quem não viu o jogo (nunca saberá o que perdeu!) e olhar apenas para este resultado tangencial de 4-3 com que o Benfica venceu a Juventus, e se apurou, desde já, para os oitavos de final da Champions, poderá até achar estranha esta exaltação à exibição desta noite, a melhor exibição deste sensacional Benfica de Roger Shemidt. E provavelmente a melhor de sempre do Benfica na Europa!
Por isso é melhor explicar que o jogo teve duas histórias: a do hino ao futebol que o Benfica interpretou, e a do resultado. E uma não tem nada a ver com a outra, do mesmo modo que uma não apaga a outra.
O resultado não se apaga. É este 4-3 que ficará para sempre. O recital de futebol com que o Benfica presenteou a Juventus, também não. Nada o apagará da memória de quem teve a felicidade de assistir ao jogo!
Tudo foi perfeito. O Benfica - a quem o empate também servia - entrou a dominar o jogo em todos os capítulos, e a empurrar a Juventus lá para trás. O primeiro golo não tardou mais que 17 minutos, e anunciava a noite perfeita que aí vinha: era, finalmente, o primeiro golo do menino António Silva. O golo que já tantas vezes lhe tinha sido negado teria de chegar numa noite perfeita!
O cruzamento de Enzo foi perfeito. O remate de cabeça do menino, no meio dos três centrais adversários, foi mais que perfeito.
A partir daí a gala foi sempre em crescendo. Mas também foi a partir desse golo perfeito que se começou a escrever a história do resultado. Apenas 4 minutos depois, e na primeira vez que conseguiu chegar à area, no canto subsequente, a Juventus empatou. Depois de ressaltos e mais ressaltos acabou por ser Moise Keen a empurrar a bola para dentro da baliza de Vlachodimos, com o árbitro a assinalar fora de jogo, que o VAR não confirmou. Um golpe de infortúnio que o Benfica transformou num mero incidente de jogo. O "show" tinha de continuar.
E continuou. Bastaram mais 5 minutos para Aursenes - mais outra exibição deslumbrante - pôr a cabeça em água a Cuadrado. Só lhe restou a mão para tirar a bola ao norueguês, dentro da área. João Mário fez o que tem feito com competência, e estava feito o segundo, repondo a vantagem, que nunca se tinha justificado ser perdida.
O futebol do Benfica continuava imparável. E requintado, mágico mesmo. Magia foi o que não faltou, sete minutos depois, na jogada do terceiro golo. Magia é com Rafa, e só poderia mesmo ser uma obra-prima. De calcanhar, a responder ao passe de João Mário.
Faltavam 10 minutos para o intervalo, e o 3-1 no resultado era o que de melhor a Juventus levava da primeira parte.
Nada mudou para a segunda parte. E bastaram cinco minutos para novo solo de Rafa. Desmarcado por Grimaldo, foi por ali fora até ficar cara a cara com Szczęsny. Depois foi a arte de lhe fazer passar a bola por cima. Era o bis de Rafa, e a goleada cravada no marcador.
Os jogadores da Juventus estavam de cabeça perdida. Um deles até apertou o pescoço ao Rafa, com a complacência do árbitro. Não sabiam para onde se virar. Os jogadores de vermelho surgiam-lhe todos os lados, como se fossem mágicos. A Luz era o inferno. E as oportunidades de golo sucediam-se. Szczesny negou mais um a Gonçalo Ramos. António Silva só não voltou a marcar por milímetros. Os jogadores do Benfica estavam no paraíso, e já só procuravam o hat-trick para Rafa. Que o teve nos pés aos 75 minutos, com a baliza ali à mercê, depois de mais uma brilhante assistência de João Mário. A bola saiu a rasar a trave.
Allegri já tinha esgotado as substituições, à procura de estancar a avalanche do futebol benfiquista. Roger Schemidt, nem uma. Não se podia estragar o que era perfeito.
De repente, do nada, viu-se que Allegri tinha metido no jogo um tal Illing-Junior, mais uma esperança do futebol inglês. Fugiu pela esquerda e cruzou para Milik, também lançado por Allegri, marcar. De uma goleada histórica, o resultado passava para 4-2.
A superioridade do Benfica era tal que ninguém viu qualquer ameaça naquele golo. Muitos terão mesmo pensado que aquele golo, não passava da velha regra do "quem não marca sofre", e que, como sucedera no primeiro, apenas serviria para relançar o Benfica para mais golos.
Só que, logo a seguir, o menino inglês repetiu a graça, e Mckennie, também ele saído do banco, marcou também. Em dois minutos, e a 11 dos 90, a Juventus conseguia dois golos e deixava o resultado em 4-3.
Não estava tudo contado. Contada estava a história do resultado. Rafa ainda tinha mais para dar ao jogo. E deu. Aos 85 minutos voltou a soltar magia, e a ir por ali fora, deixando toda a gente para trás, para acabar com a bola no poste esquerdo da baliza de Szczesny, depois de o obrigar a lançar-se para o lado oposto. Saiu logo a seguir, sob a maior ovação da História de 19 anos da nova Catedral.
É verdade que a Juventus poderia até ter empatado, num canto já no período de compensação. E é verdade que se sofreu. E que, depois do remate ao poste de Rafa, se temeu a repetição da velha máxima da bola.
Nada disto apagou a gala de futebol do Benfica desta noite. Acrescentou-lhe apenas a emoção que a transforma em épica!
Acompanheimais uma entrevistade um banqueiro. Desta vez foi Nuno Amado, o presidente do BCP, na TVI 24.
Que, também ele, fale como um banqueiro e que digam todos o mesmo não surpreende. O que surpreende é que agora todos falem do Tribunal Constitucional. Ao que dizem, o diabo que agora ameaça dar cabo do país!
O que surpreende é que, quando toda a gente, de todos os quadrantes – sejam eles quais forem – já se pôs de fora das opções políticas e económicas do governo, os banqueiros permaneçam firmes e hirtos na defesa desta política de destruição da economia que o governo prossegue. E que, eles e apenas eles, não poupem elogios ao ministro das finanças!
Por que será? Estranho, não é?
Ah! Já sei:se calhar é por isto.Se calhar é porque é muito interessante ir buscar dinheiro ao BCEde borlae aplicá-lo na dívida pública às taxas de juro dosmalandrosdos mercados. Se calhar é porque se a política fosse outra, e como o dinheiro não estica, para financiarem a economia não poderiammeter a mão no potedestasrendas. Sim, também os banqueiros gozam de rendas, não são apenas as EDP´s, as PT`s ou as grandes distribuidoras…
Ah! Percebo: os banqueiros são coniventes com este processo de destruição do país. Com tamanha lata que nem se preocupam em disfarçar um bocadinho…
Do chamado "acordo sobre as interconexões", também chamado "corredor verde" - provavelmente por ser potencialmente mais bonito - que agitou a política da caserna nestes últimos dias, não percebo nada. E creio que não estarei sozinho nesta ignorância, até porque, dele, nada se sabe.
Como nada se sabia do anterior, o tal que, ao contrário deste, que prevê essa "interconexão" por mar, a previa pelos Pirenéus. Sabia-se apenas que fora assinado entre o governo de Passos - e talvez por isso tão defendido pelo PSD - e o de François Hollande. E que nunca chegou a existir, porque Macron sempre se lhe opôs.
É aqui, neste preciso ponto, que passamos a perceber o essencial deste novo acordo para levar energia para a Europa através do Mediterrâneo. Pela simples razão que somos levados a perceber que os interesses franceses, que Macron põe acima de quaisquer outros, terão a ver muito coisa, menos com a forma como lá chega o gás. E depois o hidrogénio, que ainda se não sabe quando, nem como, se começará a produzir. Por terra, ou por mar não muda muito. Pode custar mais ou menos dinheiro (e isso é com a Europa, já se sabe), mas chega lá à mesma, para atravessar o país, na mesma. É ao percebermos isso que percebemos por que nada se sabe de um acordo que não existe, e que, remetendo tudo para as calendas, dificilmente existirá. E que se resume à simpática fórmula encontrada por Macron para deixar tudo na mesma, fazendo parecer que alguma coisa mudou.
Pelo meio, e aqui entra a Espanha, fica a saber-se que, se e quando vier a existir, este acordo privilegia os portos espanhóis e deixa de fora o porto de Sines.
Perguntar-se-á: então por que é que António Costa faz disto uma festa?
Creio que só há uma resposta: porque ele é mesmo assim. Gosta de festas!