Os adeptos benfiquistas não desistem, nem abandonam a equipa, por piores que sejam os momentos por que passe. Hoje, neste fim de tarde, voltaram a encher a Luz, a apoiar a equipa, e a ajudá-la a levantar-se, depois de quatro jogos seguidos sem ganhar, com três derrotas consecutivas, que fizeram desaparecer 6 dos 10 pontos de vantagem com que o Benfica tinha chegado a esta ponta final do campeonato.
Os adeptos fizeram a sua parte, e a equipa confirmou a vontade de dar a volta a esta surpreendente quebra, de que já tinha dado mostra em Milão, na passada quarta-feira.
Roger Schemidt também fez a sua parte, mesmo que possa apenas ter feito parte da parte que lhe cabia. Mudou algumas peças na equipa, porventura menos do que devia, mas sabe-se quanto isso lhe custa. E fez as substituições em tempo útil, e acertadas.
Sem Bah, tirou Gilberto da equipa, repetindo a experiência da segunda parte de Milão, entregando a Aursenes o lado direito da defesa. E resultou. O internacional norueguês não sabe jogar mal, jogue onde jogar. Deu a titularidade a Neres, que há muito a justificava, e também resultou. Nesta altura a equipa não tem quem tenha maior capacidade para criar desequilíbrios nos adversários, e confirmou-o no jogo. E, pela primeira vez, a João Neves. Em vez de Florentino. E voltou a resultar.
Nos poucos minutos que Schemidt lhe tinha dado, o miúdo tinha sempre aproveitado para mostrar que contava. Joga à bola como poucos. Não dá ao jogo o que dava Enzo, mas dá muita coisa boa à equipa. Na saída de bola, no transporte, e até na frente. Hoje confirmou tudo isso, e foi dos melhores. Ao seu nível apenas Neres.
A tarefa para hoje, frente ao Estoril, era mais que ganhar. Ganhar era imperativo, mas não era menos importante mostrar saúde física e mental para reverter a situação em que a equipa tinha caído, e dar garantias de ter condições para enfrentar os desafios que tem pela frente. Ganhar de goleada, e com uma exibição ao nível daquelas a que a equipa nos habituara, seria a cereja no topo do bolo, e porventura o empurrão decisivo que faltava para recuperar a embalagem perdida.
Cumprido o jogo, e à luz deste caderno de encargos, os adeptos saíram da Luz com "mixed feelings". O jogo foi ganho, mas pelo magro 1-0. A exibição teve bons momentos, especialmente na primeira parte, e foi suficiente para um resultado dilatado, para uma vitória expressiva. Mas não foi suficientemente robusta para afastar fantasmas. Especialmente tendo em conta que, na teoria, este seria à partida o "mais fácil" dos seis jogos que faltavam quando se iniciou.
Poderia este jogo cumprir todo o caderno de encargos que lhe estava destinado?
Dificilmente, nesta altura. Até porque se a equipa revelou melhorias, o jogo mostrou que a estrelinha anda distante, e que as arbitragens "não dormem". Noutro contexto as oportunidades de golo teriam tido outro aproveitamento. Os penáltis que nos jogos dos outros estão sempre ali, prontos a desbloqueá-los, nos do Benfica nem a ferros. E quando, a ferros do VAR, lá saiu um, João Mário voltou a falhar.
O Benfica poderia ter resolvido o jogo na primeira parte, quando conseguiu impor um ritmo alto e muitas vezes sufocar a equipa do Estoril, exclusivamente dedicada a tapar os caminhos da sua baliza, defendendo com todos os jogadores em cima da sua grande área. Ocasiões de golo não faltaram para isso.
Só num espaço de 10 minutos, entre os 13 e os 22, João Neves, Gonçalo Ramos e Rafa desperdiçaram três, antes de Rui Costa fazer vista grossa a um penálti cometido sobre Aursenes. Voltaria a fazê-la 10 minutos depois, valendo desta vez o VAR. Mas nem de penálti, mais uma vez, e o golo apenas surgiria já perto do intervalo, à quinta oportunidade, pela magia nos pés de Neres, e pela cabeça de Otamendi.
Pensou-se que o mais difícil estava feito e que, como a equipa estava a jogar, e com a tranquilidade que o golo traria, o resultado iria crescer na segunda parte. Mas não. O jogo continuou a ter a baliza de Dani Figueira como sentido único, mas sem oportunidades de golo.
Roger Schemidt mexeu na equipa logo no início do segundo quarto de hora, substituindo bem Chiquinho e Gonçalo Ramos por Florentino e Musa. A equipa aumentou o ritmo e voltou então a criar novas oportunidades para marcar. Marcaria mesmo, pelo internacional croata, a finalizar, com classe, a melhor jogada da segunda parte. Mas não valeu. No início da jogada Aursenes recebera a bola quando estava a recuperar de posição adiantada, e o VAR anulou - bem - o golo.
O relógio avançava, e nas bancadas temia-se o magro 1-0. Chegou a fazer-se silêncio, mas durou pouco. O Benfica mantinha firme o controlo do jogo, ninguém tremia, e isso fez regressar o apoio dos adeptos.
Gonçalo Guedes, então sim, tardiamente, ainda entrou. Ter-se-ia justificado entrar mais cedo, e para o lugar de Rafa. Como já foi tarde (a 4 minutos dos 90), serviu para os - merecidos - aplausos a Neres.
O árbitro Rui Costa, para além de ser peça do sistema, é péssimo. Quando um árbitro é mau, e quer fazer mal, penáltis só obrigado. Queimar tempo, é à vontade. E qualquer disputa de bola é falta. Rui Costa, o árbitro, foi isto. E isto é o que nos espera até ao fim do campeonato!
Aos outros, voltamos ontem a ver com o que contam: amarelos a todos os adversários, expulsões bem cedo, penáltis, uns atrás dos outros, e impunidade total em todas as zonas do campo, e especialmente dentro da sua área.
Há seis meses, com o governo a acabar de refinanciar a banca, em plena lua-de-mel, a austeridade não era problema. Interrogando-se se o país aguentaria mais austeridade, os banqueiros não hesitavam na resposta:"ai aguenta, aguenta"- dizia Ulrich, sem complacências.
Na semana passada, no entanto, os banqueiros já vinham a terreiro, porRicardo Salgado, dizer que não. Que o país já não aguenta mais austeridade!
Poderá o leitor achar que é normal. Foi descoberto otal erro na folha de Excelde que Vítor Gaspar tinha feito o (in)devido uso, e finalmente está toda a gente, António Borges incluído, convencida que a insistência na austeridade não leva a outro lado que não o aprofundar da espiral recessiva. Até Durão Barroso já descolou da austeridade,e fez jámea culpa.
Até poderá ser que assim seja, que os banqueiros tenham visto passar esta carruagem e decidido embarcar nela. Para não perder este comboio. Mas fico com a ideia que não foi esta a carruagem que avistaram, nem era este o comboio que não queriam perder.
Sabe-se como se trata de gente que cheira, melhor que ninguém, o apodrecimento do poder. E que perante esse cheiro é ágil e rápida em tudo o que possa precipitar os acontecimentos. Bem nos lembramos que Sócrates atirou a toalha ao chão precisamente depois de os ter recebido na véspera!
Claro que o governo, sempre pouco hábil nestas coisas, deu um bom pretexto quando decidiu incluir a banca, logo a seguir ao Tribunal Constitucional, no lote dos responsáveis sobre quem sacode a água do capote. Passos Coelho – mais uma vez bem acolitado por António Borges, que tomou para si, veja-se bem, as dores do ataque à banca - pretende que o governo tudo faz para que a economia cresça, só que a banca, fechando-se ao crédito, não deixa. E de tudo tem feito para pressionar os bancos a abrir os cordões à bolsa, esquecendo-se que o poderia ter feito sem se expor a este ridículo se tivesse incluído nos contratos de recapitalização qualquer coisa a esse respeito.
Toda a gente percebe que não há crescimento porque não há investimento. Nem consumo. E não porque não haja crédito. Crédito para quê?
É evidente que nas condições actuais da nossa economia as empresas não precisam de crédito para fazer crescer o seu volume de negócios. Precisarão dele eventualmente para financiar prejuízos e fundo de maneio, penalizado pela degradação das suas próprias cobranças, para se aguentarem, para não fechar portas… Ora, o crédito bancário – que procuram nessas circunstâncias já depois, como bem se sabe, de ter esgotado o dos seus fornecedores e de lhe ter agravado também as dificuldades – não deve servir para isso. É que isso chama mais por capital que por crédito... E é bem compreensível que, depois de tudo o que se passou, a banca não pretenda entrar por aí…
O resto é demagogia. E o governo – e António Borges (tem sempre que se falar assim, porque ele é governo sem ser do governo) – faria bem melhor se, em vez de se perder em demagogias e à procura de desculpas, fosse directo ao assunto. E ir directo ao assunto é, nesta matéria, pôr rapidamente o Estado a pagar as suas dívidas. É fazer com que o Estado deixe de ser o maior caloteiro do país, e passe a pagar a tempo e horas. Depois, bem … depois é traçar uma política de crescimento económico porque, de austeridade, o país não precisa mais. O Estado precisa, o país não!
Nem é preciso nenhum estudo especial. Basta olhar para a política fiscal: está lá quase tudo!
No final da semana passada os jornais anunciavam um buraco de milhões no sector público de transportes, em consequência da negociação de contratos financeiros de alto risco. Em pleno fim-de-semana foram demitidos dois Secretários de Estado, ambos com responsabilidades anteriores no Metro do Porto, onde terão sido responsáveis por contratos desse tipo. E dois outros foram mantidos no governo, entre os quais Maria Luís Albuquerque, a poderosa Secretária de Estado do Tesouro, que enquanto Directora Financeira da Refer terá sido também responsável pelo mesmo tipo de contratos, conhecidos pela designação de Swaps.
Ao contrário do anunciado pelos jornais os contratos Swap não são contratos de alto risco. São, antes, contratos que têm por objectivo baixar o risco das operações financeiras, incindindo neste caso sobre os juros. Outros há para cobrir riscos de câmbio. São instrumentos através dos quais, em determinado momento da vida de um financiamento, se transforma em fixa a sua taxa de juro variável, pagando por isso, naturalmente, uma determinada comissão. Exemplificando: uma empresa tem um contrato de financiamento negociado à taxa euribor com um spread de 0,5 pontos percentuais; a taxa euribor era, à data, de 2,5%, o que dava uma taxa de juro efectiva de 3%. Em determinada altura, e perante a perspectiva de subida da taxa euribor, é negociado o contrato de Swap que fixa essa taxa de juro – 3% - perante o pagamento de uma comissão de 0,60 pontos percentuais. Ou seja, assegura uma taxa de juro de 3,6% para todo o empréstimo, independentemente do comportamento da taxa euribor. Trata-se pois, como se percebe, de uma prudente decisão de gestão. Que passa a irrepreensível quando tomada no timing certo e, evidentemente, quando os custos financeiros que dela decorrem são perfeitamente acomodados na conta de exploração!
Em 2007, por exemplo, as perspectivas eram de subida da taxa euribor. Estas operações faziam todo o sentido e podiam ter sido bem negociadas. No entanto, com a crise económica e financeira de 2008, e para lhe fazer face, o BCE começou a baixar sucessivamente as taxas de juros, mantendo-as em mínimos históricos ao longo destes últimos cinco anos. Bem abaixo das estabelecidas naqueles contratos, resultando em perdas potenciais. Em prejuízos virtuais!
Mas não é disto que os jornais falam. Falam de prejuízos reais, e isso é estranho. Mais estranho é que, por isto, dois Secretários de Estado tenham sido demitidos. Mais ainda é que a Secretária de Estado do Tesouro, ao que corre, não o tenha também sido apenas porque, no caso da Refer que lhe é imputado, impacto financeiro ser menor.
Não faz sentido que isto não seja explicado. Não faz sentido lançar neste momento achas despropositadas para a fogueira que consome este governo. Não faz sentido minar ainda mais a capacidade e a credibilidade deste governo!
Poderia ser mais uma trapalhada, mas é bem mais que isso. É mais um carimbo de descrédito num governo de aldrabões.
Apertados nas trapalhadas, logos os trapalhões criaram a aldrabice do parecer jurídico que garantia robustez à prova de bala à decisão de demitir, com justa causa, a CEO da TAP. Instigados a apresentá-lo na Comissão Parlamentar de Inquérito, fingiram que não percebiam.
Pressionado, e ameaçado de crime de desobediência, em Nota Oficial da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, o governo alega "a salvaguarda do interesse público" e acrescenta que "o parecer em causa não cabe no âmbito da comissão parlamentar de inquérito" e que "a sua divulgação envolve riscos na defesa jurídica da posição do Estado".
Se não fosse insistir na aldrabice, seria insistir na trapalhada. Admitir haver riscos na sua divulgação, era negar a sua própria robustez. Se só poderia piorar, piorou, com Fernando Medina a confirmar a mentira, com a maior desfaçatez: "Não há nenhum parecer"!
Como já se adivinhava que não havia, mesmo sem se imaginar que os aldrabões pudessem chegar a tanto. A partir deste episódio já se pode deixar de carregar na tecla do "regular funcionamento das instituições" e passar para a da "salvaguarda do interesse público".
Depois de despedir a francesa, o governo está a despedir-se à francesa. De fininho, deixando a conta para trás...
Não fosse o espectacular segundo golo do jogo e a fantástica jogada que opariu, e poderíamos estar agora a dizer que o Benfica teria feito hoje frente ao Sporting um dos piores jogos da época. Como essa jogada - e esse golo - valem por todo um jogo, não se poderá dizer isso, e teremos apenas de falar de um jogo bem ganho e fortemente determinado pela evolução do marcador!
Exactamente assim: com um golo no último quarto de hora da primeira parte e outro – esse tal fantástico, nascido da magia de Gaitan e da arte de Lima – à entrada do último do jogo, o Benfica geriu o jogo a partir do resultado.
O Sporting chegou a este jogo numa situação inédita numa centena de derbis já disputados: a uma distância do seu maior – diria que único – rival nunca vista. Em pontos, com menos de metade dos pontos do Benfica, em golos, e em qualidade de jogo. Mas com umélanespecial: uma onda de motivação lançada a partir do banco pelo novo e populista presidente e por uma sequência, inédita nesta época, de três vitórias consecutivas e de quatro jogos sem derrotas, construída a partir de golos no último minuto do tempo de compensação. Com alguma expectativa e muita ilusão, ao que se foi ouvindo ao longo da semana!
Foi, por isso e pela forma como o Benfica abordou e ganhou o jogo, difícil ao Sporting – e ao Porto, como certamente se irá ver - digerir esta derrota. E fácil transformá-la numa vitória moral: “o Sporting foi melhor”, dizem. E o árbitro deixou por marcar tantos penaltis a seu favor quantos cada um quer… Para Jesualdo Ferreira, um. Para outros dois, ou mesmo três. Para os portistas - aí está, isto era mais que um derbi - a coisa não se faz por menos de quatro penaltis. E duas expulsões!
Não importa nada que o Sporting não tenha construído uma única oportunidade de golo…
Marcelo voltou a não promulgar a lei sobre a eutanásia. Não a voltou a enviar para o Tribunal Constitucional, devolveu-a ao Parlamento. Pela quarta vez!
Numa altura em que tanto se fala do "regular funcionamento das instituições", invocado como razão forte para dissolver o Parlamento e pôr fim a esta maioria que, na realidade, não se cansa de o pôr em causa, há aqui coincidências curiosas.
O Tribunal Constitucional, instituição última no que ao "regular funcionamento das instituições" diz respeito, viveu mais de um ano na irregularidade, com juízes a permanecerem em funções muito para além do seu mandato. O mandato do vice-presidente Pedro Machete terminara em 2021. No ano passado mais dois conselheiros viram o seu mandato chegar ao fim: João Caupers, o presidente, e o juiz conselheiro Lino Ribeiro.
Na instituição que é o último garante da Constituição, um quarto dos seus membros permaneceu em funções muito depois de terminado o seu mandato de nove anos ... determinado pela Constituição (Artigo 222º).
Se isto não põe em causa o regular funcionamento das instituições, nada o pode fazer mais gritantemente.
Para o Presidente Marcelo, a quem, constitucionalmente, compete zelar pelo "regular funcionamento das instituições", a aberração maior no "regular funcionamento das instituições" nunca foi problema.
Esta aberração começou a ser finalmente corrigida há menos de uma semana, com os 10 juízes eleitos pela Assembleia da República a escolherem Carlos Carvalho, Rui Guerra da Fonseca e João Carlos Loureiro para sucederem aos que já tinham terminado o mandato. Falta ainda escolher o novo Presidente, pelo que o processo não está concluído.
Talvez não seja coincidência que os três juízes cujos mandatos foram prolongados tenham, todos, votado pela inconstitucionalidade da lei. Como a votação foi de 7-6, é fácil de concluir que, com "o regular funcionamento da instituição" a votação foi de 6-4, a favor da constitucionalidade. E que foi o 3-0 dos irregulares, a decidir da inconstitucionalidade.
E se essa não é uma coincidência, dificilmente também o não será que, agora, Marcelo não tenha enviado a lei, cuidadosamente preparada para sanar quaisquer laivos de inconstitucionalidade, para o Tribunal Constitucional na sua nova constituição, e tenha usado a veto político.
Quando o Presidente é um taticista o "regular funcionamento das instituições" ... tem dias. E quando um presidente não corta a direito, mas ao sabor das suas tácticas, é a própria Instituição Presidência em funcionamento irregular.
PS: Nada do que ficou escrito tem, evidentemente, o que quer que seja a ver com a lei em causa. Apenas, e só, com o "regular funcionamento das instituições".
Não era realisticamente expectável que o Benfica pudesse virar o resultado da eliminatória hoje em Milão. Não o era pelo que tínhamos visto do Inter, uma equipa de grande maturidade táctica, constituída por jogadores de grande valia individual; e não o era pelo que tem sido o Benfica das últimas semanas, num ciclo profundamente negativo, com uma sucessão de três derrotas.
Nestas circunstâncias, ultrapassar a diferença de dois golos que o Inter trouxera da Luz, se era o objectivo, era inatingível. O jogo confirmou isso mesmo, em nenhum momento o Benfica mostrou que poderia dar corpo à ideia perdida de chegar às meias-finais desta Champions.
Os objectivos para este jogo teriam de ser - e provavelmente seriam mesmo - estancar a série de derrotas e realizar uma exibição a que a equipa, e os adeptos, se possam agarrar para inverter a fase negativa que atravessa, matar a descrença, e afastar fantasmas.
À luz desses objectivos, o jogo foi interessante, e até empolgante. A perspectiva de ir além deles morreu cedo, logo aos 13 minutos. Quando, no primeiro remate do jogo, Barella marcou e deixou o Inter ainda mais confortável na eliminatória. E quando ficou claro que os argumentos que, em Lisboa, tinham sobrado à equipa italiana e faltado ao Benfica, voltavam a decidir este jogo de Milão.
Esse golo evidenciou logo que o Inter continuava a ganhar todos os duelos. E que o Benfica mantinha no défice de agressividade o sua principal dificuldade para ultrapassar estes jogos de maior exigência.
Foi nos duelos que os jogadores do Benfica perderam que perderam esta eliminatória.
O Benfica só conseguiu o primeiro remate à meia hora de jogo. Mas, para isso, foi preciso um livre. De Grimaldo, que até poderia ter acabado em golo, não fosse a boa defesa de Onana. E chegou ao empate oito minutos depois, no segundo remate, na primeira boa movimentação colectiva da equipa, iniciada com um passe de grande visão de Florentino, continuada na movimentação de Gonçalo Ramos e de Grimaldo, a obrigar o muro italiano a abrir, no cruzamento preciso de Rafa, e na excelente conclusão de cabeça de Aursenes.
O resto foi controlo do jogo por parte do Inter e, ao intervalo, mesmo com o empate, garantido só estava o desfecho da eliminatória. Os outros objectivos realistas do Benfica ainda não.
O Benfica entrou com Neres para a segunda parte. Entrou bem o brasileiro, e entrou bem a equipa. Desta vez não saiu Florentino. Saiu Gilberto, que nunca se tinha entendido em campo, com Aursenes a preencher a sua posição. Uma novidade, mas ainda haveremos de o ver na baliza.
O Benfica entrou bem mas, mais uma vez, um erro de arbitragem para "enfeitar" esta eliminatória, depois dos da Luz. Carlos del Cerro Grande, o árbitro espanhol que no passado domingo protagonizou em Valência (no jogo com o Sevilha) uma das mais inacreditáveis arbitragens da era do VAR, não assinalou um penálti claro de Lautaro sobre Aursenes. O Benfica tinha a bola, e jogava no meio campo do Inter, que fechava todos os caminhos para a sua baliza, e parecia que estava a atingir os tais objectivos realistas.
Só que o Inter saía em contra-ataque sempre que podia. Na primeira vez que o pôde, ia a segunda parte a meio, Lautaro Martinez marcou o segundo, com uma grande execução, saindo pouco depois, substituído pelo compatriota Corrêa. Que, dois minutos depois de ter entrado, marcou o terceiro, em novo contra-ataque, e novamente num golo de grande execução.
Em comum, nestes contra-ataques bem sucedidos, a exploração do flanco direito e da falta de rotina de Aursenes, e a falta de agressividade, passividade mesmo, no centro da defesa do Benfica.
Faltava um quarto de hora para o fim, e o cenário mais provável era, então, de mais uma derrota. Ou até de um enxovalho capaz de afundar a equipa ainda mais.
Os jogadores sentiram isso, e e não deixaram que isso pudesse acontecer. E, ao que, não direi de bom, mas de razoável tinham feito, acrescentaram querer. E alguma agressividade, nunca antes vista. Gonçalo Guedes, que substituíra Ramos pouco antes do terceiro golo, mas especialmente Musa e João Neves, que entraram a substituir Rafa e Chiquinho logo a seguir, muito contribuíram para isso.
E nesse quarto de hora só deu Benfica. Neres rematou ao poste. Três minutos depois António Silva reduziu, respondendo de cabeça a um livre de Grimaldo. Um dos raros golos de bola parada dos últimos jogos, curiosamente no jogo em que, mesmo sem que se tenham visto lances trabalhados, finalmente acabaram aqueles cantos curtos para trás que já só irritavam.
Nove minutos depois, já sob o cair do pano, Musa, com a presença na área que Ramos nunca conseguira, empatou o jogo, e confirmou os objectivos que, na realidade, havia para atingir.
O Inter foi melhor no conjunto da eliminatória. Foi tacticamente superior e tem inquestionavelmente melhores jogadores. Mas, no futebol, ser melhor num jogo, ou numa eliminatória, nem sempre decorre de ter melhores jogadores e até melhor táctica. É frequente que haja circunstâncias do jogo a contribuir para que uma se superiorize, e outra se inferiorize.
Mesmo com o actual Benfica longe da "performance" anterior, a verdade é que, na Luz, há uma semana, ficaram dois penáltis por assinalar a favor do Benfica. Hoje, ficou outro. No jogo da semana passado, diz-se que por o VAR ser holandês, e estar interessado na posição da Holanda no "ranking" da UEFA. No de hoje, não sei qual seja a razão, mesmo que o Valência-Sevilha do passado domingo diga muito sobre este árbitro espanhol.
De que não há dúvida é que, se estes três penáltis tivessem sido assinalados, tudo teria sido diferente. E, se não é líquido que o Inter tivesse sido melhor, é evidente que o resultado final da eliminatória teria sido outro.
Assim, não foi. Mas, assim, com o que foi, não há razão para não acreditarmos todos que este ciclo tenebroso se fechou hoje em Milão. Mas é preciso manter a revolta patente no último quarto hora deste jogo, sem adormecimentos.
O tema é velho mas acaba de voltar à ribalta: a Alemanha nunca pagou à Grécia a dívida resultante da ocupação nazi!
As contas foram agora feitas, e é a própria Der Spiegel que dá conta da investigação que levou ao apuramento do valor dessa dívida. Que ascende a 162 mil milhões de euros, o equivalente a 80% do PIB grego. Simples: a Alemanha paga o que deve e estão resolvidos os problemas das finanças gregas!
O ministro das finanças alemão – esse mesmo, o Schauble – apressou-se a dizer que os gregos devem preocupar-se com a reforma da sua economia. Que as reparações de guerra já prescreveram, são assunto há muito enterrado…
Se fosse por cá, Passos & Gaspar estariam a acenar com a cabeça, que sim. Que disparate estar agora a desenterrar essas coisas… O ministro dos negócios estrangeiros grego – Dimitris Avramapoulos – lembra que há leis internacionais para resolver isso.
Acabamos de saber que o Tribunal Cível do Porto decidiu que Luís Filipe Meneses não poderá candidatar-se à Câmara Municipal do Porto. Em Lisboa tinha já sucedido algo de idêntico à candidatura de Fernando Seara.
Sendo estes os dois casos mais mediáticos, não se esgota neles a lista de candidaturas autárquicas que pretendemfintara lei. E que levou à emergência de um movimento cívico – Movimento Revolução Branca – que em boa hora decidiu apresentar providências cautelares nos concelhos onde essas candidaturas surgiram.
Tenho por certas duas coisas: que nem em todos os concelhos as decisões dos tribunais serão conformes com as de Lisboa e Porto, isto é, que nem todos os tribunais farão a mesma - correcta, a meu ver, como há muito aqui expressei - interpretação da lei; e que estas decisões sobre as duas mais importantes câmaras do país, como de outras no mesmo sentido, serão objecto de recurso e acabarão eventualmente por não vingar. Mas isso não me impede de saudar a iniciativa cívica deste movimento e de desejar – desejar profundamente – que crie raízes de cidadania de que a sociedade portuguesa é tão carenciada.
Esta lei da limitação de mandatos, e o que dela está a classe política a fazer, é o espelho fiel do funcionamento da estrutura política em Portugal: uma lei que surge de um espírito claro – impedir que se perpetuem pessoas e interesses no poder -, que depois é redigida de forma dúbia para, como todas, ser discutível e, por fim, aprisionável por interesses. Na circunstância, os dos partidos!
Partidos que, em vez de evitar apresentar candidaturas que chocassem com a lei, decidem antes ignorá-la, bem como ao seu espírito. Como ignoram o estado a que chegaram e a que fizeram chegar o país… E desataram a apresentar candidaturas à revelia da lei só porque favoreciam os seus projectos de poder. Não se julgue que há algum tipo de questões ideológicas, ou qualquer traço de direita ou esquerda a balizar a atitude de cada partido. Nada disso. É por acaso queos maus da fita neste filmesão o PSD e o PCP: o mero e simples acaso de circunstancialmente serem eles a tirar proveito da situação.
Tudo isto se passaria – como sempre tudo se passou – sem grandes ondas, se ninguém ousasse levantar questões.
Levantadas, surgiria o lado hilariante, sempre parte integrante da política que por cá se faz. Da Presidência da República vinha a descoberta da pólvora: o problema era o da contracção. Se para Shakespeare o dilema erato be or not to be, aqui eradeouda!
De nada valeu que deputados legisladores de então confirmassem o espírito da lei. Logo surgia umiluminadoa contraditá-lo, a trocar odeporda.
A Assembleia da República acabaria por fugir do problema, entender que não lhe cabia explicitar a interpretação da lei. Que isso caberia aos tribunais – em Portugal tudose chutapara os tribunais - se alguém se desse a tal…
Paradigmático. É isto a política em Portugal e é disto que por cá se faz a governação…E é por aqui que deviam começar as famosas reformas estruturais. Mas como isso já não cabe à troika…
A presença de Lula na Assembleia da Pepública no 25 de Abril já era suficientemente polémica. Por tudo e mais alguma coisa, a começar no "pecado original" de Marcelo, que abriu a "caixa de trapalhadas" que se seguiu.
Agora, com Lula em bicos de pés na cena internacional, aumentou. Sempre que Lula se põe em bicos de pés, as coisas tendem a correr mal. Não é de agora, nem será por ser baixinho.