Acabou por se não dar muito pela moção de censura. Nada de especialmente bombástico, nem sequer umsoundbyte. O mesmo de sempre, sem nenhuma novidade…
Claro que emergiu Paulo Portas, mas isso não é novidade. Faz parte da sua queda para submarinos: submerge durante largos períodos, para de vez em quando regressar à superfície.
A maior novidade acabou por ser a data da carta de Seguro, a sossegar as entidades europeias. A tão apregoada carta,há tanto anunciada, afinal levou a data de hoje. Uma brincadeira, mais uma!
Mas, para que nem tudo ficasse na mesma, e já que o Tribunal Constitucional – quem sabe se paratapar com uma peneiraos mais de três meses que leva para se pronunciar por qualquer coisa que, posta noutros termos (em fiscalização preventiva), teria de decidir em 20 dias – anunciara dar notícias das suas decisões sobre o orçamento depois da apresentação da moção de censura, ficamos agora a saber queosegredoserá desvendado já na sexta-feira.
Ninguém percebe o que é que uma coisa tem a ver com a outra, nem por que razão o Tribunal Constitucional decidiu não comunicar a sua decisão antes da votação da moção de censura. O destino desta iniciativa parlamentar era conhecido, nenhum tipo desuspensehavia para alimentar e não havia bancada parlamentar que fizesse depender o seu sentido de voto da constitucionalidade ou não das normas do orçamento que esperam pelo veredicto. Mas, mesmo se em tese houvesse, isso só tinha que passar ao lado do Tribunal Constitucional. Não podia ser de outra forma!
Mas enfim, se calhar estas trapalhadas todas existem para isso mesmo: para que alguma coisa fique desta moção de censura!
Chama-se Miguel Gonçalves e é o embaixador do Impulso Jovem.
Orapaz simples que acredita em super heróis,que Miguel Relvas diz ter encontrado no youtube e, por impulso, escolhido para rosto do programa do governo de combate ao desemprego jóvem, e que já ficara conhecido num Prós & Contras de há um ano ou dois atrás, é uma espécie de mistura decoaching, guru de auto-ajuda e vendedor de banha da cobra.
Não tenho qualquer tipo de preconceito sobre este tipo de perfil. Também não ponho em dúvida que este estiloprá frentexdespido de substância, vende. Tem o seu espaço, especialmente no mercado das ilusões. E não tenho a mais pequena dúvida que o perfil encaixa em Miguel Relvas: é a sua cara!
Está afastado o fantasma das interrupções do campeonato, para jogos das selecções nacionais. Mas, bem vistas as coisas, só está afastado porque acabaram. Agora, daqui até ao fim, lá para a parte final do próximo mês, é sempre a andar. Sem parar.
Este jogo de Vila do Conde era tido por um dos mais complicados que faltavam cumprir. Pelo adversário - o Rio Ave, especialmente nos Arcos, é sempre um adversário difícil para o Benfica - e, lá está, porque a experiência das paragens para as selecções não era a melhor. Cinco dos sete pontos perdidos até aqui, foram-no nestas circunstâncias de regresso à competição - dois em Guimarães, e três em Braga. Que foram também os piores jogos do Benfica na época.
Depois houve outro que também caiu num nível exibicional bastante abaixo da média, mas sem consequências no resultado. Foi em Vizela.
Pois. Este jogo de hoje tem muitas linhas paralelas com as desse jogo. E talvez isso leve a afastar o tal fantasma, mesmo que retirado.
Roger Schemidt resolveu poupar Florentino, com quatro amarelos. E o próximo jogo é o clássico que, não sendo decisivo, poderá acabar com todas as dúvidas sobre o título. Se o Benfica o ganhar, ou mesmo se simplesmente não o perder. Entregou o meio campo ao regressado (depois do castigo pelo quinto amarelo) Aursenes e a Chiquinho - hoje o melhor em campo -, e manteve Neres na posição - que não nas funções - em que o norueguês é primeira opção, na ala esquerda.
De resto, tudo como de costume. E também o futebol de qualidade do costume, mas menos oleado. A estratégia, e a competência, do adversário também contou, mas era evidente que as coisas não saíam como de costume. A equipa saía bem, na primeira fase de construção não havia problemas. Mas, lá mais à frente, onde o Rio Ave defendia com duas linhas de cinco, o último passe, e as decisões dos jogadores, não eram as melhores. Na última decisão, no último passe, ou no último toque, havia sempre qualquer coisa que não corria bem, e a confiança dos jogadores ia sendo minada.
Os jogadores da equipa vila-condense chegavam sempre a tempo do último corte, ou de tapar o último espaço. Corriam e lutavam muito, ganhavam a maioria dos duelos, e quase sempre as segundas bolas. Neres, Rafa e Grimaldo não conseguiam criar desequilíbrios, e a bola raramente chegava a Gonçalo Ramos.
Foi assim a primeira parte, com pouca baliza e com escassas oportunidades de golo. A maior acabou até por pertencer ao Rio Ave, numa bola que bateu num poste e acabou, na recarga - já em fora de jogo - depois dentro da baliza de Vlachodimos. Onde, estranhamente, as estatísticas até davam mais posse de bola á equipa do Rio Ave. O futebol do Benfica era, no papel, o do costume. O desenho era o mesmo, mas o traço não tinha a firmeza habitual.
Roger Schmidt não mexeu na equipa à entrada para a segunda parte. Também não é frequente fazê-lo, deve dizer-se. E o golo chegou logo no primeiro minuto, sem dar para perceber se alguma coisa era para mudar. E surgiu porque, com um túnel a Patrick William - que na primeira parte tinha cortado tudo o que lhe tinha aparecido à frente, muitas vezes em circunstâncias de último recurso, e quando parecia que já lá não chegaria -, João Mário provocou os desequilíbrios que até aí ninguém tinha conseguido. E a bola chegou a Gonçalo Ramos para, à segunda, a enviar para dentro da baliza. E voltar a igualar o colega no topo da lista dos marcadores, com 17 golos.
Pensou-se, na altura, que o mais difícil estava feito. E estava, mas por outras razões. Nos minutos que se seguiram o Benfica continuou a assumir o domínio e o controlou o jogo mas rapidamente o Rio Ave começou a crescer. O jogo pedia Rafa, mas o Rafa que era necessário "não estava lá". E o Neres, também não.
Foi o primeiro a sair, juntamente com Gonçalo Ramos (trocado por Musa), para a entrada do Florentino. Que era para ser poupado, mas não dava para isso. E que até nem entrou muito bem, logo com um passe falhado, a comprometer.
Parecia que o Benfica já só queria segurar o jogo. Só isso, que é bem diferente de controlá-lo. É certo que ainda teve momentos em que o controlou e até o dominou. Mas não foi isso que consistentemente fez durante toda a segunda parte.
Segurou-o, e segurou o resultado. Mas não se livrou de passar por dificuldades. Nem de nos trazer à memória o jogo de Vizela. Mesmo que, neste, a justiça no resultado não tenha ficado em causa. O que não impede que se diga que, também hoje, na décima vitória consecutiva, o resultado tenha sido melhor que a exibição.
Agora é esperar que a equipa volte rapidamente às exibições a que nos habituou. Que seja já na próxima sexta-feira. Que até é Santa!
A terceira corrida foi a mais atribulada da nova época da Fórmula 1. O Grande Prémio da Austrália, corrido esta manhã, em Melbourne, teve "safety car" logo na primeira volta, e depois mais três vezes, e três bandeiras vermelhas, correspondentes a outras tantas interrupções. Ao todo forma quatro largadas, duas nas últimas três voltas, e terminou com o "safety car", na frente da corrida.
Mais atribulado que isto, sem acidentes de risco, é difícil.
No fim, e apesar de tudo isso, nada de muito diferente do que Lineker dizia do futebol. Na circunstância," mutatis mutantis", são vinte carros e, no fim, ganha Verstappen.
A corrida do circuito de Albert Park até chegou a prometer ser diferente, mas não foi. Verstappen arrancou da "pole", com o Mercedes de George Russel ao lado. Na segunda fila, Hamilton e Alonso. O Red Bull de Perez partia do vigésimo, e último lugar da grelha de partida.
Os Mercedes pareciam estar de volta, com o segundo e o quarto lugar na grelha. E, mais ainda, quando saltaram para os dois primeiros da corrida logo no arranque. Começava Russel a ganhar vantagem quando entrou logo, e pela primeira vez, o "safety car", depois de, na terceira curva, o Ferrari de Charles Leclerc ter ficado fora da corrida, e a pista cheia da gravilha que soltou. À saída do "safety car" os dois Mercedes discutiam a liderança, sendo até estranho o incómodo que isso provocava na equipa. E nos pilotos.
Depois, tudo começou a correr-lhes mal. À sétima volta voltou o "safety car" à pista, depois do acidente de Alexander Albon (Williams). Russel aproveitou para ir às boxes, mudar de pneus mas, de imediato, a direcção da corrida decidiu-se pela bandeira vermelha. E a estratégia saiu furada ao mais novo dos ingleses passou de primeiro na corrida, para sétimo na segunda largada. Ainda recuperou até à quarta posição mas, à 18ª volta, o motor do Mercedes estourou, e deixou-o apeado.
Com a ida às boxes do colega, Hamilton herdara o lugar da frente, e foi daí que partiu para essa segunda largada. Mas por pouco tempo, o "DRS" da Red Bull resolveu depressa a questão. Uma coisa era quando Hamilton tinha o "DRS" que lhe era dado por Russel. Outra foi quando ficou sozinho, e sem a possibilidade desse dispositivo. E Verstappen chegou com toda a facilidade à frente da corrida. Para não mais a largar, mesmo com tudo o que ainda estava para acontecer.
E para acontecer estavam o despiste de Kevin Magnussen (Haas) na 53ª volta e o acidente entre Gasly e Ocon na 57ª. E mais duas bandeiras vermelhas, com mais duas novas partidas. Na primeira delas só Verstappen, que segurou a posição, e Hamilton, escaparam à confusão. Carlos Sainz tocou em Alonso, e isso valeu-lhe uma penalização de 5 segundos, que o tirou dos lugares pontuáveis. Os dois Alpine bateram entre si, Perez foi parar à brita, e Sargent bateu em cheio na traseira de De Vries. Tudo isso, claro, gerou nova bandeira vermelha e a decisão de fazer a última largada, apenas para os carros cruzarem a linha de chegada atrás do "safety car".
Apesar de todos os incidentes, ou talvez por eles, Verstappen não demonstrou a superioridade habitual. Mas ela esteve lá, e acabou por se perceber indiscutível. Nas suas palavras quando, no final, referiu ter optado pela cautela porque "ninguém sabia se os pneus iriam durar até o final". E nas de Hamilton, empolgado por voltar a disputar na frente do pelotão "depois de tantas corridas lutando por quintos lugares".
Alonso ficou o último lugar do pódio, o 101º da sua carreira, e voltou a confirmar a forma da Aston Martin, que segue em segundo lugar na classificação dos construtores. A Ferrari voltou a desiludir, com a desistência de Leclerc, e o 12º lugar (pela penalização) de Sainz. Da Mercedes, com o estoiro do motor do carro de Russel, e apesar do regresso á frente das corridas por algumas voltas, não dá ainda para se falar de recuperação. Ficou a sensação clara que o segundo lugar de Hamilton só foi possível pela sua motivação extra de estar na disputa dos lugares da frente. E que, mesmo assim, não teria resistido ao Aston Martin de Alonso sem as duas últimas bandeiras vermelhas.
Acho que nunca consegui assistir integralmente a qualquer desses programas televisivos que juntam personagens afectas aos três principais clubes portugueses – os chamados três grandes – à volta de uma mesa, supostamente a falar de futebol. Coisa que, como é sabido, me não é indiferente: gosto muito de futebol e gosto de falar disso. Mas quando me disponho a seguir algum desses programas há sempre um momento, mais cedo ou mais tarde – geralmente mais cedo - em que decido mudar de canal!
Obedecem a um formato que começou já há anos, nos primórdios da SIC, que, a crer na reprodução viral em tudo o que é canal televisivo de cabo, onde mesmo quem acaba de chegar o replica de imediato, é de sucesso. Não admira, a clubite é o melhor dos terrenos para o fazer medrar.
A receita é simples: um lastro de cinismo e acaba-se de encher com muita agressividade, bem temperada com uns pozinhos de violência verbal e falta de educação à descrição. À vontade do freguês. Depois, é deixar levantar fervura, sem grandes preocupações: se o caldo entornar tanto melhor!
E o caldo entorna muitas vezes… Parece que, ontem, na SIC Notícias,voltou a entornar. Dias Ferreira – o advogado e conhecido adepto e dirigente sportinguista – que é conhecido por alguma falta de dedo para o tempero, exagerou no doseamento da falta de educação. O moderador também não foi o mais moderado, e o decano da coisa, conhecido também pelo mau feitio – feitio é, como se sabe, um eufemismo de educação -, saiu porta fora.
Não sei se esta foi a sua primeira vez – creio que já é reincidente, mas não estou absolutamente certo disso. Sei que não é a primeira vez que isso sucede nestes programas: ainda não há muito tempo um conhecido adepto portista fez o mesmo, num programa do género, no canal público. O que não o impediu de retomar o protagonismo num outro espaço televisivo dado a questões mais sérias, da mesma estação. Nem sequer de se candidatar à presidência da segunda mais importante câmara municipal do país, certamente com a promessa de voltar a abrir as portas e as varandas às comemorações das vitórias do seu clube.
Estes formatos dependem tanto do destempero – a sucessiva e interminável passagem de imagens dos chamados lances polémicos, inventando polémicas sempre que não as haja, quase não passa de um pormenor – que acabam vítimas dele próprio. Chama-se a issoprovar do próprio veneno!
O líder do Iniciativa Liberal, Rui Rocha, participou na manifestação organizada pelos donos de Alojamentos Locais. O do Chega, também. E o Carlos Moedas também.
Os dois primeiros, lideram partidos políticos. É normal que integrem manifestações com o objectivo de pressionar e de impressionar. E de defender os interesses que politicamente representam. E é normal que se afastem, e que fujam como o diabo da cruz, das que representam os interesses que não lhe interessam.
O terceiro é presidente da Câmara de Lisboa. Não é bem a mesma coisa. Até pode ser que Carlos Moedas ache que ser presidente da Câmara de Lisboa lhe garante que venha a liderar o seu partido. Mas, agora, é presidente da Câmara da capital do país. E por acaso também capital dos problemas da habitação.
Carlos Moedas fez o mesmo que os outros dois, sem que a sua condição lhe permita colocar-se nas mesmas condições dos outros. Não deveria ter participado na que participou. Mas, tendo-o feito, deveria participar na de hoje, pelo direito à habitação.
O Tribunal Constitucional declarou hoje ter reconhecido, por unanimidade dos seus membros, o que todos os portugueses acham. Que, para analisar as questões de inconstitucionalidade do orçamento que lhe foram remetidas, três meses é tempo mais que suficiente.
Por isso dará a conhecer ainda hoje as conclusões a que chegou…