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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Há 10 anos

 

RECORDAR | EducaSAAC

Mais do que o fim dos dinossauros, e a derrota expressiva dos seus mais mediáticos representantes. Mais do que a derrota de Menezes e a vitória de Rui Moreira, no Porto, mais que a vitória do PSD (de Rui Rio, Miguel Veiga ou Paulo Rangel) sobre o PSD de Passos Coelho e da sua turma. Mais que a derrota dos aparelhos partidários, em Sintra, em Matosinhos ou em Braga. Mais que a derrota da política do vale tudo, em Gaia. Mais do que a vitória da CDU e a restauração do poder autárquico comunista. Mais do que a vitória do PS, comemorada por Seguro em ambiente pouco menos que fúnebre. Mais que a vitória de António Costa, que é mais que a vitória em Lisboa, e mais que a expectativa do que irá fazer com ela. Mais que a derrota do Bloco, incapaz de sobreviver à geração que lhe deu vida. Mais que a derrota de Jardim, e a confirmação do fim do dinossáurio jardinismo na Madeira…

Mais que tudo isso, impressiona que a vitória eleitoral para uma Câmara, e logo num município que está no topo dos índices de desenvolvimento humano no nosso país, tenha sido comemorada à porta de um estabelecimento prisional. Não menos do que tudo isso impressiona que, com tudo isto a fervilhar nas televisões, as audiências fossem lideradas pela estreia de mais uma casa dos segredos

Soube bem, mas a pouco!

Luz cheia - mais de 62 mil - como é já habitual. A transbordar. De festa, fervor e paixão!

Sem medos, nem tremideiras. Roger Schemidt deu o mote, como que a anunciar que isso é passado. "Neres e Di Maria são compatíveis" - tinha anunciado. Se são compatíveis, é para já. Sem medo!

A Luz gostou. Gostou dos dois desequilibradores nas duas alas, e gostou da mensagem de coragem que se lia na constituição da equipa. Com Neres e Di Maria no onze, Schemidt dizia que não tinha medo. E a mensagem parecia passar para o relvado, transportada pelos jogadores.

Mas esgotou-se rapidamente. Em poucos minutos. Foi "sol de pouca dura". Nem cinco minutos durou. Devia ser muito pesada, os jogadores não a conseguiram carregar mais tempo. E o Porto começou a parecer que queria mandar naquilo tudo. E como quando uns mandam os outros baixam as orelhas, os jogadores do Benfica começaram a baixá-las. Não deu bem para perceber se chegaram a ficar assustados, mas lá que deu para perceber que "baixaram as orelhas", deu.

Aproximava-se a primeira parte do meio quando o Fábio Cardoso, aspirante a Pepe, mas ainda sem a sua impunidade, foi (bem, indiscutivelmente!) expulso por, sem pernas para Neres, a caminho da baliza do Diogo Costa, o mandar abaixo, sem dó nem piedade. 

Só por isso, por passarem a jogar contra 10, se não chegou a perceber se os jogadores do Benfica estavam mesmo a ficar assustados. Mas percebeu-se que não estavam inspirados. A equipa poderia não ter medo, o problema é que não tinha mais nada. Não tinha velocidade. Não tinha intensidade. Não tinha coragem. E parecia até não ter lá grande vontade. A expulsão galvanizou mais (ainda mais!) as bancadas que os jogadores. A inspiração, essa, sobrou apenas para Trubin.

E que bem-vinda que é!

Não é que o guarda-redes do Benfica - a quem impuseram a necessidade de ter de provar tudo - estivesse a ser sujeito a muito trabalho. Mas fez - e bem - o que teve para fazer. Com duas intervenções - uma arrojada e corajosa saída aos pés do Taremi; e uma grande defesa a desviar o remate de Pepê, já perto do intervalo, quando o Porto já deveria estar reduzido a nove jogadores - impediu que corresse mal o que realmente poderia ter corrido mal.

Do lado do Benfica apenas uma oportunidade e meia de golo. A meia de Di Maria, quando o chapéu ao guarda-redes do Porto saiu ligeiramente por cima, logo no primeiro minuto, quando os jogadores ainda carregavam a coragem que Roger Shemidt lhe tinha posto às costas; e aquele lance pouco depois da meia hora, quando Neres fugiu pela esquerda, e o Diogo Costa defendeu o remate prensado, na mancha, para se levantar e afastar, com uma vistosa palmada, a bola que, no ressalto, ia a pingar para dentro da baliza. E, logo a seguir, uma escapada de Rafa pela direita, depois de ganhar em velocidade a David Carmo, acabando travado em falta quando se isolava. Num lance muito idêntico ao que acabara na expulsão do Fábio Cardoso. Tanto que o Soares Dias, desta vez no VAR, não teve dúvidas em dizê-lo ao árbitro João Pinheiro, que apenas sancionara com livre e amarelo. Que confirmaria, contrariando a opinião do insuspeito Soares Dias, depois de consultar as imagens.

O Porto poderia, e deveria - pareceu-me - ficar reduzido a nove jogadores a um pouco mais de 10 minutos do intervalo. Aí, ao intervalo, só havia uma certeza - não era esperança, era mesmo certeza: a segunda parte tinha de ser completamente diferente!

E foi. Roger Schemidt não mexeu no onze, mas foi outra equipa que regressou dos balneários. Foi o Benfica, a jogar à Benfica, sem permitir ao Porto disfarçar que estava a jogar com menos um. Foi para cima deles e não os largou. Empurrou o Porto lá para trás, e sufocou. 

As oportunidades de golo iam-se sucedendo. Claras, umas atrás das outras. O Porto não conseguia sair daqueles 20 metros à frente da baliza do Diogo Costa, que ia adiando o golo. Só nos primeiros 12 minutos da segunda parte, Musa falhou um golo feito, Kokçu atirou ao poste, Diogo Costa "roubou" o golo a Neres, isolado depois de  passar pelo João Mário (o defesa portista) e de deixar o Zé Pedro (o central que entrou com a expulsão, substituindo o Romário Baró (a surpresa do Sérgio Conceição) sentado na relva, e o remate de Otamendi à malha lateral.

Em pouco mais de 10 minutos, três grandes oportunidades de golo. O golo tardaria ainda mais 10 minutos. Obra de Neres e Di Maria, os dois. Juntos. E compatíveis. Já com Cabral em campo, acabadinho de entrar para substituir Musa.

A Luz explodiu em festa. E o Benfica não levantou o pé. Logo a seguir o (excelente) remate de Otamendi, com o guarda-redes batido, saiu a rasar o poste.  

O Porto, que na segunda parte fez um único remate, fraco e ao lado, tentou sair do sufoco e o Sérgio Conceição decidiu apostar nos últimos 10 minutos, lançando Ivan Jaime, o filho, Francisco e o Gonçalo Borges. Mas a circulação de bola do Benfica não lhes permitiu outra coisa que não fosse aumentar-lhes a frustração.

E sabe-se como aquela gente lida mal com a frustração ...

É uma vitória importante. É sempre importante ganhar. Mais ainda ganhar ao Porto. Mas é uma vitória que sabe a pouco. Um só golo, em seis ou sete oportunidades, é pouco!

Há 10 anos

RECORDAR | EducaSAAC

A culminar uma época brilhante Rui Costa sagrou-se hoje campeão mundial de estrada, em ciclismo, competição realizada na região italiana da Toscana, com chegada a Florença. O pódio completou-se com Joaquim Rodriguez, que o ciclista português venceu sobre a meta, e Alejandro Valverde, até aqui colega de Rui Costa na Movistar.

Portugal tem, pela primeira vez, um campeão do mundo de ciclismo!

Ao contrário do que é habitual nas provas do campeonato do mundo de estrada, provas habitualmente desenhadas para roladores, esta era uma corrida destinada a seleccionar os melhores – como o próprio pódio confirma - com muita e variada montanha nos seus mais de 200 quilómetros. Um aprova para fazer jus ao título de campeão do mundo!

Foi, para Rui Costa, a cereja no topo do bolo, depois da vitória na Volta à Suíça e da brilhante Volta à França, com vitória em duas etapas, que fazem deste o ano de ouro do ciclismo português. Também Rodriguez e Valverde confirmaram, com a sua presença no pódio, a excelente época que fizeram.

Como se esperava o alemão Tony Martin venceu ontem a prova de contra-relógio, revalidando o seu título de campeão mundial da especialidade pela terceira vez consecutiva. Nos restantes lugares do pódio ficaram o brtânico Bradley Wiggins) e o suíço Fabian Cancellara. 

Depois do tenista João Sousa se ter hoje tornado hoje no primeiro português a vencer um troféu do ATP, ganhando o torneio de Kuala Lumpur, bem se pode dizer que este foi um domingo de ouro para o desporto nacional!

Há sempre forma de arranjar mais problemas

Montenegro corta de vez com o Chega: ″Não é não, ponto final″

O IL não quis participar da maioria que haverá de suportar o governo de Miguel Albuquerque na Madeira. Não era problema, ainda havia o PAN. E anunciou-se o acordo com quem nunca se concorda... 

Pior. Com parte dele. Pior ainda - com a parte que o não pode assinar.

É a Lei de Murphy também aplicada à política. E a Miguel Albuquerque. E, porque para isso se pôs a jeito, a Luís Montenegro.

Está mesmo a correr mal. Primeiro, Miguel Albuquerque anunciou que não governaria se não obtivesse a maioria absoluta nas eleições. Depois, já não era nada disso que tinha dito, mas apenas que só governaria em maioria. E que essa já estava garantida. De tal forma que apresentaria o governo até ao fim da semana. 

Bom ... querem ver que o Chega - com quem nada de nada ... porque não fazia falta - ainda vai afinal fazer falta?

Há gente a quem nunca bastam os problemas que já têm. Têm sempre que arranjar mais. Não estarão todos no PSD, mas há por lá gente dessa que chega...

Há 10 anos

RECORDAR | EducaSAAC

Até há bem pouco tempo o FC Porto tinha sido fundado em 2 de Agosto de 1906, por José Monteiro da Costa. De acordo com a História oficial do clube de décadas e décadas, teria agora a bonita idade de 107 anos!

Entretanto, em 1988, acrescentaram-lhe 13 anos e uma estória. A estória de um cavalheiro apaixonado pelo beautiful game e, admite-se, por uma beautiful lady, que teria fundado um clube em 1893, justamente no dia 28 de Setembro, dia do 30º aniversário de El Rei D. Carlos. Porém, António Nicolau de Almeida - assim se chamava o dito cavalheiro e assim narra a estória – se bem o fundou melhor o abandonou, e rapidamente partiu para Inglaterra atrás das suas duas paixões que, ao que se conta, não eram lá muito compatíveis. Abandonado, consta que o clube morreu sem que mais alguém dele se lembrasse!

Até que, já depois da proeza de Madjer em Viena, em pleno reinado de glória de Pinto da Costa, alguém se lembrou de o ressuscitar para acrescentar mais 13 anos, e mais estórias, ao FCP. Nome que, diz-se para melhor temperar a estória, foi sugerido, lá de Inglaterra, pelo próprio António Nicolau de Almeida ao estudante José Monteiro da Costa, que de lá vinha.

Não importa se são 107 ou 120 anos, se a data a festejar seria 2 de Agosto ou 28 de Setembro. Até acho que 2 de Agosto não tem jeito nenhum, está tudo de férias – tenho uma filha que nasceu por esses dias e bem me lembro do que isso a irritava, nunca tinha os amigos para festejar – e que o 28 de Setembro é outra coisa. É uma data com um lugarzinho na História de Portugal - não é particularmente brilhante, mas está lá – e até já é tempo de campeonato a aquecer.

Por isso hoje é dia de festa, e há almas que cantam… A festa começou ontem, e bem. Para que nada falhasse lá estava o convidado especial para todas as festas - aquele que nunca falha, que nunca vira costas, que nunca diz que não - com a inevitável e preciosa prenda!

Sabia-se que assim seria. A coisa não está para brincadeiras e os trunfos são para se jogar quando é preciso!

Entretanto estão lançados mais uns episódios de suspense. Se o país já aguardava com grande expectativa pela tal participação à UEFA, agora a expectativa aumenta a aguardar que o Paulo Fonseca veja o lance da prenda de Pedro Proença. Ou que alguém explique o que é que aconteceu a uns jogadores do Guimarães que ainda no domingo jogaram com o Benfica...

Há 10 anos

RECORDAR | EducaSAAC

É notícia que a Polícia não tem conseguido notificar Oliveira e Costa para ser ouvido em Tribunal, no processo – não, não é sobre o BPN, ninguém faz ideia de quando a Justiça trate disso – que envolve seu amigo e colega (de partido, de parlamento, de governo e de actividades criminosas e vigarice) Duarte Lima.

Foi também notícia esta semana a notificação de Jorge Jesus, o treinador do Benfica que no final da tarde de domingo, no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, passou por aquilo que é público e do conhecimento geral.

Era fácil encontrar e notificar o treinador do Benfica: poderia estar em casa, poderia estar a trabalhar, no Estádio da Luz ou no Seixal, ou poderia estar de folga, ainda em casa ou noutro sítio qualquer. Era fácil, mas ainda assim poderia ter de ser procurado em vários locais diferentes: menos de 48 horas depois estava notificado!

Se era, como foi, fácil encontrar e notificar Jorge Jesus - que, mesmo assim, se declarou enganado pela Polícia, que a Polícia lhe passou uma rasteira - mais fácil seria encontrar e notificar Oliveira e Costa. Deveria estar na prisão, mas não está. Estando em casa, deveria ter o dispositivo de pulseira electrónica, mas não tem. Está apenas sujeito a termo de residência e de identidade, e bem podia já ter fugido para onde bem lhe apetecesse, como de resto se receava.

Mas não. Não fugiu, estava em casa. Mas não era notificado e foi preciso que a notícia andasse pelos jornais para que surgissem os seus advogados a falar de mal entendidos, e a disponibilizarem-se para contactarem com o tribunal para facilitar o agendamento do depoimento.

Há notificações e notificações, há Justiça e Justiça e há Polícia e Polícia. O que faz com que haja cidadãos e cidadãos…

Até nos lembramos de, há uns tempos, uma Polícia ter notificado o cidadão presidente do FC Porto para passar uma certa noite em Vigo. E valeu a pena, como se sabe!

Há 10 anos

RECORDAR | EducaSAAC

Um barão é isto. O barão nasceu e cresceu no regaço do cavaquismo e reproduziu-se no aconchego do bloco central dos interesses, no centrão, no núcleo do regime.

O barão tem um percurso natural: do governo para a vida. Parte do governo – onde a prepara - para chegar à vida, ao conforto de uma vida institucional e empresarial cheia e preenchida. É um percurso de um só sentido, sem retorno: uma vez lá chegados, não mais regressam…

A escolha de Rui Machete para o governo foi um dos grandes absurdos de Passos Coelho. Por todas as razões, mas também por esta - pelo regresso contra-natura, fora de rota!

Por isso nunca mais saiu das primeiras páginas dos jornais. Por isso nunca mais de lá sairá, na espiral de “incorrecções factuais” e “erros involuntários” que fazem “a podridão dos hábitos políticos”!

Fartote na Madeira

Miguel Albuquerque espera apresentar um governo de maioria

As eleições regionais da Madeira, ontem realizadas, animaram o espectáculo político do país.

O PSD já tinha deixado de ganhar sozinho na Madeira, já tinha precisado de dar o braço ao CDS, quando ainda se sabia o que valia. Apresentou-se coligado com o velho parceiro, que hoje, nem na Madeira nem em qualquer outro lado, ninguém sabe o que vale. Sabe-se - calcula-se - que valha pouco. Ganhou. Ganharam. Claramente, mas sem maioria absoluta e, consequentemente, com a necessidade de alargar a base parlamentar de apoio ao novo governo aos novos partidos que chegaram pela primeira vez à Assembleia Regional madeirense Chega, PAN e IL.

Bastando-lhe para a maioria parlamentar o deputado eleito pelo PAN, ou o outro eleito pela IL, pôde dar-se ao luxo de descartar, e assim continuar a empurrar com a barriga, a sombra arrepiante do Chega. É até provável que Miguel Albuquerque se socorra de ambos para se precaver de qualquer percalço, assim a jeitos dos que têm acontecido nos Açores.

Até aqui tudo normal. Mas não tão normal para evitar um fartote!

A jeito de aperitivo, começou pelo PS, objectivamente o maior perdedor, com Sérgio Gonçalves, o líder regional, a festejar por ter "mais votos em conjunto do que a terceira e quarta forças políticas que participaram neste ato eleitoral" e a garantir ter ficado “claro que o Partido Socialista é a única alternativa de governo para Madeira”.  Continuou, como se fosse o prato de peixe, com Luís Montenegro a comparar "os 43,13% do resultado da coligação, os 41,37% que deram ao Doutor António Costa maioria absoluta". A caldeirada é prato de peixe, mas tão substancial que já dispensava prato principal.

Só que este não podia ser dispensado, porque há muito vinha sendo repetidamente anunciado por Miguel Albuquerque: "Não governo, não vou governar e recuso-me a governar se não tiver maioria, é impossível". O prato principal não desiludiu: obviamente não me demito e as “diligências já estão a ser feitas ... e até ao fim desta semana espero apresentar um Governo de maioria”!

Obviamente que não falta qualquer legitimidade eleitoral a Miguel Albuquerque para continuar à frente do governo regional. Legitimidade política e vergonha na cara é outra conversa!

E essa é conversa para continuar. A começar já no inevitável envolvimento do IL, do "menos Estado para tudo" na solução governativa que mais uso faz do " Estado para tudo" no nosso país!

Há 10 anos

RECORDAR | EducaSAAC

Está a decorrer em Angola o campeonato do mundo de hóquei em patins. Os jogos da selecção nacional, que procura recuperar o título há muito perdido, estão a ser transmitidos no canal 2 da RTP.

Há muito que, também para mim, esta modalidade perdeu o encanto e o interesse. E digo também para mim porque a verdade é que é cada vez menor o interesse que desperta, mesmo nas poucas regiões do mundo onde ainda tem expressão. As pessoas e as instituições que têm por dever preocupar-se com isso vão lhe introduzindo regras novas, com o objectivo, de melhorar o espectáculo e a competição e, assim, reverter o clima de perda em que o hóquei em patins há muito entrou. E novas configurações que tornem a modalidade telegénica, capaz de captar os interesses das televisões, que hoje sustentam todas as grandes competições desportivas.

Estes têm sido objectivos sucessivamente falhados, deve dizer-se. Não há muito a fazer quando uma modalidade não tem expressão global, e o hóquei em patins passou ao lado da globalização. Perdeu a beleza estética que os portugueses lhe emprestaram, em particular nas décadas de 60 e 70 do século passado e, com isso, a dimensão de espectáculo capaz de agradar aos olhos do espectador. E perdeu dimensão competitiva, se é que se possa falar de competitividade numa modalidade que em toda a sua história tem cinco campeões do mundo, três dos quais, pode dizer-se, contingenciais: a Inglaterra, que apenas ganhou os dois primeiros, nos longínquos anos de 1936 e 39, e a Itália (1953,86,88 e 97) e a Argentina (1978,84,95 e 97) por quatro vezes cada. Espanha e Portugal - que já não ganha há 10 anos e que neste século apenas ganhou por uma vez (2003, em Oliveira de Azeméis) – com 15 campeonatos do mundo cada, somam 30: praticamente 80% dos títulos!

Também por isso não é modalidade olímpica, embora já lá tivesse passado como modalidade de exibição, em 1992, nos jogos de Barcelona - como não podia deixar de ser - e onde Portugal ficou fora das medalhas (Argentina, Espanha e Itália). E por isso um campeonato do mundo de hóquei em patins não tem, nem de perto nem de longe, nada que ver com uma qualquer grande competição mundial. E que, evidentemente, está a anos luz do futebol onde um Campeonato do Mundo, como do Brasil do próximo ano, é um acontecimento mundial que mobiliza milhões de pessoas por toda a parte.

Mas não foi para falar de hoquei em patins, nem de campeonatos do mundo, que iniciei este texto. Isso acabou por vir a talho de foice, porque, dizia eu, os jogos da selecção nacional estão a ser transmitidos na RTP2. Que ontem jogava precisamente com a selecção anftriã, num jogo que prometia  - em causa estava justamente o apuramento da selecção angolana para os quartos de final - e que me obrigou a uma irresistível espreitadela. O relato estava a cargo do Paulo Catarro, agora correspondente em Angola da estação pública de televisão, que, como se a transmissão não fosse a cores, entendeu dar-nos os pormenores dos equipamentos das duas selecções: "a selecção nacional apresenta-se com o seu equipamento alternativo, de meias e calções azuis e camisola branca" (cores recuperadas das décadas douradas de 60 e 70) e "a selecção angolana com o seu equipamento habitual de camisola vermelha e calção negro".

Nunca na minha vida, tratando-se de equipamentos, tinha ouvido falar de calções negros. Sempre ouvi falar de calções pretos e, para mim, os calções se são pretos, são pretos, não são negros. As calças, se são pretas, são pretas. Não são negras.

Fiquei a saber que, para este correspondente da RTP em Angola, os calções são negros. Como o preconceito...

Ah! A selecção nacional ganhou por 5-1 e a de Angola ficou fora do seu mundial!

Acabem lá com o fogo amigo

Começo a contar a história deste Portimonense-Benfica, referente à sexta jornada deste campeonato, e o segundo jogo consecutivo fora, por Roger Shemidt. Diz-se que o seu futebol é previsível. E é. De resto ele próprio o confirmou naquela "summit" qualquer do futebol de há dias, no Porto, quando disse que o Benfica joga sempre da mesma forma.

Se "joga sempre da mesma forma", é previsível, já diria La Palisse. Assim sendo, não seria muito difícil aos adversários contrariá-lo. A verdade é que, na enorme maioria das vezes, não o conseguem. Parece-me que por razões óbvias: porque, sendo previsível, é bem estruturado e executado por jogadores de qualidade que, em condições normais, tornam imprevisível o previsível. É isso que, de resto, permite que o Benfica jogue sempre da mesma maneira, e quase sempre bem.

Roger Schemidt não poderia ter esta ideia de jogo se não tivesse estes executantes. Tendo-os, faz bem em defendê-la.

Roger Schemidt tem impedido a saída de determinados jogadores, considerados fundamentais. Apontava-se-lhe com frequência que lhe faltava comprová-lo, dando-lhes utilização. Hoje comprovou-o, e não apenas no onze inicial, onde lançou Morato, Neres e Florentino - três deles - dois dos quais com implicações posicionais na equipa. Só Florentino rendeu directamente João Neves que, ao intervalo, rendeu directamente Kokçu. Morato, a prever o próximo jogo da Champions, em Milão, com o Inter, "obrigou" Otamendi a ocupar o lugar de António Silva, no lado direito do centro da defesa. E Neres (não faz sentido os adeptos reclamarem da bancada a sua entrada, como lamentavelmente aconteceu na quarta-feira), jogando na esquerda, "enviou" João Mário para a posição deixada livre por Di Maria. Talvez lesionado, ou talvez poupado. Como fazia sentido.

Criticar as opções de Roger Schemidt não é pecado. Pecado é fazê-lo com a ligeireza "do oito ao oitenta" dos adeptos, sempre disponíveis para embarcar em processos auto- destrutivos. 

Dito isto, o Benfica não deixou milho para os pardais, lançou-se ao jogo como lhe competia e teve 25 minutos avassaladores. Como é habitual só que, hoje, sem dar tempo para os pardais aparecerem.  E tudo começou logo a correr bem, com o primeiro golo aos 5 minutos. E melhor ainda por ter sido um grande golo e marcado por Bah, um dos jogadores mais necessitados de auto-confiança. E na realidade um dos mais afastados do desempenho da última época.

Quando, aos 17 minutos, Musa marcou o segundo, já a avalanche do futebol benfiquista em Portimão justificava mais golos. É compreensível que o elevadíssimo ritmo dos primeiros 25 minutos não possa ser mantido durante todo o jogo. É normal que assim seja, e o Benfica moderou a pressão no acelerador. Só aos 27 minutos o Portimonense conseguiu fazer a bola chegar à grande-área do Benfica, já o campeão nacional tinha desperdiçado oportunidades para duplicar o marcador. Na realidade nem lá chegou, simplesmente a sobrevoou.

Ainda assim, com mais moderação, o jogo corria bonito e de feição. Com dois "se nões": a recorrente falta de eficácia (Rafa acrescentou mais dois desperdícios - aos 32 e aos 36 minutos - aos anteriores); e a lesão de Bah que, com o grande golo que marcou, tinha tudo para estabilizar emocionalmente, e logo num lugar para que a alternativa ... é Aursenes. Só porque é alternativa para tudo!

Ao intervalo Roger Shemidt fez umas inéditas três substituições: Bah, lesionado, pelo regressado Jurasék - que foi para o seu lugar na esquerda, passando o norueguês para a direita - Musa, pelo "necessitado" Arthur Cabral, e Kokçu por João Neves. Nada que fizesse baixar o nível exibicional da equipa. 

O ponta de lança brasileiro não faz o que Musa faz, não tem o mesmo impacto na pressão e na recuperação defensiva, mas nem isso era problema. E dava até indicações claras de maior entrosamento com o resto da equipa. O golo é que continua muito arredado. Chegou a parecer que seria hoje, mas não voltou a aproveitar as oportunidades de que dispôs.

E lá voltou a acontecer o que tantas vezes tem acontecido. Depois dos 10 minutos iniciais, com mais três oportunidades desperdiçadas - Rafa, Neres e Arthur Cabral -, e de uma habilidade do árbitro Helder Malheiro, que entendeu que, não assinalar uma falta sobre Rafa na meia lua, era vantajoso para o Benfica, de uma perda de bola de Neres na área adversária saiu um contra-ataque e o golo. No primeiro remate à baliza. E Trubin voltava a sofrer mais um golo sem ter uma única defesa para mostrar.

Nem deu para pensar na malapata do 2-0. Nem para lembrar como vem sendo tão frequente transformar uma goleada virtual num assustador 2. É que, no minuto seguinte, nova perda de bola, remate à queima em cima de Morato e ... más notícias do VAR. Aquilo era para penálti, disse. Música para os ouvidos de Helder Malheiro.

Pela quarta vez numa semana, e em três jogos, Trubin tinha a bola ali a 11 metros, pronta para lhe entrar na baliza. Se tinha corrido bem com o golo de Bah, melhor correu com a defesa do penálti. O guarda-redes do Benfica, acossado e pressionado por todo o lado, em autêntico bulling, defendeu. Deu o corpo às balas de tanto fogo, muito dele dito amigo, e defendeu muito mais que um penálti. 

Agora, deixem-no em paz!

E um jogo que em poucos segundos passara virtualmente de goleada a empate, voltava a poder ser o mesmo que sempre tinha sido. A tranquilidade chegara nas luvas de Trubin. O golo da dita, o terceiro, chegaria 5 minutos depois, na classe de Rafa (o que joga este rapaz, lembrem-se do Grimaldo!). Ganhou a bola a um adversário e foi por ali fora, como só ele sabe, até a entregar para a finalização de Neres.

Assunto resolvido. Faltava jogar meia hora. Muito tempo, mas apenas tempo para mais quatro (quatro!) oportunidades para ampliar o marcador. E para lhe dar, no mínimo, um ar que tivesse alguma coisa a ver com o que  foi o jogo. 

Nos resultados, este campeonato vai equilibrado. De uma maneira ou outra, mais de uma do que outra, todos vão encontrando maneira de somar 3 pontos a cada jogo. Seja preciso o tempo que for, seja precisa a batota que for. A jogar à bola é que a diferença é muito grande!  

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