Parece que "o macaco" foi preso, e os carros que ostentava apreendidos, tal como milhares de euros, droga, bilhetes - os famosos bilhetes - e umas armas.
A operação tem nome - "pretoriano". Não está mal escolhido, numa alusão à guarda pretoriana de Pinto da Costa. Mas é pouco imaginativo, como decorre dos incidentes naquela igualmente famosa Assembleia Geral Extraordinária do Futebol Clube do Porto, bem se podia chamar-se "Al Capone".
O célebre mafioso americano só foi preso por evasão fiscal. Este Al Capone à moda do Porto nem por isso nunca seria detido. Acabou por ser por "violência doméstica".
Aqui há muito tempo insurgi-me - e por isso recupero o título - com a prática de uma espécie de jogo que as televisões promoviam, e promovem. Jogos de sorte e azar, de apostas, de forma mais ou menos encapotada, mas tambémconsultas de opinião. Tanto sorteiam bilhetes para este ou aquele espectáculo, camisolas, sei lá… como se limitam a pedir... uma opinião. Sempre com uma chamada de valor acrescentado por trás!
Questionava então a legalidade de tal coisa, certo no entanto da sua ilegitimidade, e não imaginaria osalto qualitativoque o negócio, que se está nas tintas para a legitimidade, já preparava. Pôr dinheiro em cima da mesa foi o passo seguinte das televisões!
Mas o pior nem foi isso. Nem sequer passar a usar as respectivas cabeças de cartaz na promoção do negócio. O pior mesmo foi passar a usá-las na pressão, na intolerável pressão, sobre o telespectador!
As três televsões generalistas - sim, a estação pública também lá está - passam perto de sete horas por dia, sete dias por semana, através das suas principais estrelas, e ídolos do grande público, a pressionar os telespectadores a ligarem para o 760 não sei quantos, a garantir-lhes, olhos bem nos olhos, que é a sua vez, que ali têm à mão os mundos e fundos que lhes irão permitir tudo o que sempre ambicionaram. É tão simples:é só ligar!
É assim todos os dias, a todo o momento, entre as 10 da manhã e o fim da tarde. Durante a semana, e ao sábado, e ao domingo... Em estúdio ou nas praças das vilas e cidades do país, para onde as três vão, no Inverno passar o fim de semana e, no Verão, as férias. Pelo que presumo seja otargetdas audiências daquelas estações, naqueles horários, nãos será difícil perceber o sucesso donegócio. Naqueletargetsó poucos, muito poucos, terão condições para resistir ao longo de horas a fio à pressão, olhos nos olhos, dos seus ídolos. Dos seus Gouchas, das suas Cristinas, das suas Júlias, ou das suas Sónias... Muitas vezes, quase sempre, com a cumplicidade dos seusinteressantesconvidados...
Aqui já não é apenas a legitimidade que está em causa. Nem sequer a ilegalidade: se não é ilegal, deverá ser; terá que passar a ser. Isto é simplesmente inaceitável!
Porque é umjogo de dinheiro. Porque recorre a publicidade ilegal - aquele tipo de comunicação, quando ganha a forma de publicidade, não pode ser legal. Porque é concorrência desleal com as entidades que exploram legalmente esses jogos. Mas, acima de tudo, porque assenta numa relação desigual. De um lado, a vender, está uma entidade poderosíssima, lançando mão a tudo, incluindo ao abuso de confiança, e do outro, consumidores indefesos, entregues às suas companhias de todos os dias. E com o telefone ali tão à mão...
"É ou não a favor da marcação de eleições na Madeira"? - pergunta Anselmo Crespo a Luís Montenegro.
Resposta: "Acho que deve ser empossado um novo governo regional e, no dia 24 de Fevereiro, o Senhor Presidente da República avaliará a situação política na Madeira, e decidirá se marca ou não eleições."
Pois... Já se tinha percebido. Isso é o que PSD (Madeira e nacional) anda a dizer há dois ou três dias. Como não se percebe o interesse num novo governo para governar três semanas. Nem se percebe o que possa fazer um governo novo em três semanas, apenas sobra a ideia de "entalar" o Presidente da República.
Não vão gostar… É certo que já não temos mais EDP´s nem REN´s para lhes vender mas ainda temos muitosvistos goldpara lhes entregar.E não é com vinagre que se apanham moscas!
Quero crer que o governo está atento, e que tudo vai fazer para resolver isto...
Para a curta deslocação à Amadora Roger Schmidt repetiu as suas habituais opções na equipa. Repetiu de tal forma que até voltou a mudar na posição 9 entregando, desta vez, a titularidade a Arthur Cabral. E, com a mesma cara, o Benfica voltou a ser igual ao dos últimos jogos, alternando entre momentos depressivos e outros próximos da perfeição.
Na primeira meia hora andou sempre mais perto do seu registo exibicional mais negativo que doutra coisa. Baixa agressividade, baixa velocidade, e baixo ritmo. E, com tanta coisa em baixo, era difícil que o Estrela não fosse bem sucedido na sua estratégia, muito semelhante à da maioria das equipas que defrontam o Benfica, bem conhecedoras daquele modelo de jogo. A equipa da Amadora mostrou que estava preparada para explorar as dificuldades do Benfica em ataque continuado, mas também para contrariar o seu lado mais forte - as transições ofensivas. Defendeu em "bloco baixo", e quando subiu conseguiu fazê-lo sem deixar muito espaço nas costas mas, especialmente, a pressionar com grande agressividade quer o portador da bola quer os espaços.
Sem velocidade, e sem grande inspiração, os jogadores do Benfica não conseguiam romper a "teia" que os da Amadora iam, cada vez mais confortavelmente, tecendo. Não se pode dizer que o golo do Estrela fosse, naquela altura, à beira da meia hora de jogo, a coisa mais esperada deste mundo. Mas pode dizer-se que se adivinhava com alguma facilidade.
Nem isso despertou o Benfica, que continuou refém das opções mais discutíveis (e discutidas) de Schmidt, seja na ala esquerda, seja no meio campo. E o jogo encaminhava-se para o intervalo, a prometer mais uma noite de sofrimento. Valeu a qualidade dos jogadores, e uns momentos de inspiração para dar a volta ao resultado é à história que o jogo estava a escrever.
Em dois minutos - o último antes dos 45, e o primeiro dos da compensação - Di Maria, Cabral e Rafa soltaram o génio e resolveram. Primeiro com uma espectacular "bicicleta" de Cabral a concluir um passe de génio de Di Maria. Depois, com Rafa, num remate de grande execução, a responder ao passe do brasileiro, novamente descoberto pelo rasgo do argentino.
O resultado ao intervalo, ainda assim justificado pelas oportunidades de cada equipa - o Estrela dispusera de duas e o Benfica de, pelo menos, quatro - não ajudou apenas a serenar o Benfica. Ajudou a galvanizar a equipa.
Ao intervalo Schmidt fez apenas uma substituição. E porque a ela foi obrigado pela lesão de Kokçu - a agressividade do Estrela foi muitas vezes muito mais do que isso, foi mesmo, e continuou a ser, dar no osso sem dó nem piedade - com a entrada de Florentino. Fez-se sentir: Kokçu não faz o mesmo, nem nada que se pareça. É um desperdício naquela zona do terreno, mas o treinador é que sabe.
Por força dessa alteração, ou não (custa a crer!), o Benfica passou para a segunda parte como da noite se passa para o dia. E, então sim, passou para uma exibição que passou por momentos de grande brilhantismo, ficando a dever ao marcador uma boa mão cheia de golos.
Otamendi, em recarga a um remate ao poste de Cabral, fez o terceiro ainda dentro dos primeiros dez minutos, e o Benfica dominou por completo o jogo. Antes, mas também depois, de mais umas quantas oportunidades de golo. E o quarto, novamente de Marcos Leonardo, um quarto de hora depois de ter entrado, acabaria apenas por aparecer já no período de compensação.
Não acabam aqui - na exibição da segunda parte e no golo que deu a mínima expressão ao reultado - as boas notícias desta noite. Houve mais: o regresso de Bah, a juntar ao de Neres (entraram ambos com Marcos Leonardo), e a estreia de Rollheiser, mesmo que apenas por cinco minutos. Má notícia é que Álvaro Fernández nem sequer tenha saído do banco.
O Estrela jogou os últimos vinte minutos com menos um jogador, o que terá sido o seu maior sucesso. Com tanto "pau que deu", chegar ao fim com apenas um jogador expulso bem podia ser uma das principais notícias do jogo.
Já passaram dois dias e do Benfica ninguém desmentiu a venda dos direitos desportivos e económicos de André Gomes. Mesmo que, tanto quanto neste momento se sabe, a operação ainda não tenha sido comunicada à CMVM – nem esta entidade, ao contrário do habitual, tenha exigido qualquer esclarecimento – sou levado a dá-la por facto.
Não faço a mínima ideia se a venda do passe de André Gomes pelos propalados 15 milhões de euros, é bom ou mau negócio. Trata-se de um jovem que, apesar de deixar a ideia que é avesso a altas intensidades, já demonstrou com clareza que poderá vir a ser um jogador de primeira água, em que o Benfica, através deste seu treinador, pareceu apostar menos do que se justificaria. Logo, tanto poderá dizer-se que ainda não justificou tão elevado montante, como que tem potencial para a curto prazo valer mais do dobro. Não se pode por isso pôr em causa o valor da venda; apenas a sua oportunidade.
Mas nem mesmo isso é, do meu ponto de vista, o que mais importa. E assim sendo não é sequer a venda de André Gomes o que de mais importante tem a venda de André Gomes. O que de mais importante há para concluir desta operação é que o Benfica está sem estratégia, a navegar à vista e com muito pouca clareza, coisa de que há muito se desconfiava.
O presidente Luís Filipe Vieira começou a época, há apenas 5 meses, com aposta estratégica na Liga dos Campeões, razão pela qual recusou qualquer venda. O Benfica não estava obrigado a vender, e em ano de final na Luz justificava-se apostar tudo. Quatro meses depois, porque afastado desse sonho, o Benfica já era obrigado a vender. E por qualquer preço, como se começou a perceber… E sem nexo causal, as necessidades de encaixe já satisfeitas (40 milhões) não têm nada a ver com oprejuízo financeiro(10 milhões, no máximo) da saída da chamada liga milionária…
E muda de estratégia, que passa da aposta na Champions para a aposta no Seixal, na formação, o que, como se percebeu, abriu uma zona de conflito com o treinador. Para de imediato vender justamente oproduto em cursoem mais adiantado estado de acabamento.
Estratégia é, por definição, um caminho claro e longo. Mudar de caminho ao sabor do que quer que seja pode ser muita coisa. Estratégia é que não!
Tudo isto é errático. E nada claro. O André Gomes não foi vendido a um clube, como é normal. Foi vendido a um empresário, coisa que LFV sempre disse não admitir no Benfica. Jorge Mendes irá agora cedê-lo a quem e nas condições que entender. Poderá até colocá-lo no Porto, que até acabou de deixar partir o Lucho Gonzalez…
Vejo a notícia da morte de Soares Carneiroe lembro-me das candidaturas presidenciais, das actuais e das do passado. Lembro-me das traquinices de Marcelo e da redundância de Durão Barroso. E da obstinaçãoaventureirísticade Soares. E até do aventureirismo incompetente de Nobre, que ameaça regressar.
Especialmente entre os mais novos, pouca gente saberá quem foi o general Soares Carneiro. Foi o candidato às presidenciais de 1980, que Sá Carneiro escolheu para lançar contra Eanes, e que já na altura também ninguém conhecia. Foi o candidato da direita que fez Eanes passar a ser o da esquerda. Que fez de Eanes o presidente eleito pela direita e reeleito pela esquerda, nas eleições que ficaram para sempre marcadas pelas mortes, nas vésperas, de Sá Carneiro e Amaro da Costa. Nas presidenciais que, a par das seguintes, com Mário Soares e Freitas do Amaral, seriam as mais radicalizadas e disputadas da história da democracia portuguesa…
Foi a encarnação do sonho deuma maioria, um governo, um presidente. A ambição de Sá Carneiro que Sócrates, muitos anos depois, tornaria possível...
Não é morte de ninguém. É apenas a morte de uma marca!
A TMN vai-se embora e não vai dizer até já. Desaparece como o fumo, e como fumo mistura-se no MEO. Desaparece uma marca com história, e com muitas histórias. Umas boas, outras más…
Nada muda, tudo fica na mesma. O marketing é isso mesmo!
A situação política na Madeira não tem nada a ver com a do país. Já percebemos que não.
Percebemos que não quando Miguel Albuquerque, o primeiro a exigir publicamente a demissão de António Costa, há pouco mais de dois meses, recusou determinadamente demitir-se. Quando Luís Montenegro, o segundo a exigir a demissão de Costa, declarou manter a confiança política em Albuqerque. E percebemos quando, do chefe do governo regional da Madeira sabemos que é, para além de arguido, suspeito de identificados actos de corrupção; enquanto, do chefe do governo do país, continuamos sem saber de que é suspeito. São tão diferentes que até a Polícia Judiciária, que dá sempre nomes sonantes às operações, chamou "influencer" a uma e deixou a outra sem nome, apesar do aparato: um Hercules C-130 (da esquadra bisontes), a aterrar na Madeira com 300 pessoas a bordo, transbordadas directamente para autocarros estacionados na pista, com os parques de estacionamento com a lotação esgotada por carros alugados para a operação.
Como uma coisa não tem nada a ver com a outra, a antecipação de eleições, que no país foi a decisão correcta, é absurda e sem nexo na Madeira - dizem. A melhor justificação para não aplicar na Madeira o que foi decidido para o país, acabou de ser apresentada por Manuela Ferreira Leite: o governo do PS já tinha oito anos; o do PSD, na Madeira, tem apenas dois meses!
Palavras para quê? São artistas portugueses, como dizia o velho anúncio...
Televisões e jornais andam numa roda-viva, empenhados em abrilhantar a festa que o poder decidiu abrir por esta altura, para promover o circo eleitoral que aqui se está a instalar para estes próximos dois anos. Fazem lembrar a orquestra do Titanic, não percebendo que o país se continua a afundar cada vez mais.
Nunca como agora sobraram tantas razões de crítica ao comportamento da comunicação social, e em especial das televisões. E nem sequer me estou a referir ao clássico capital de alienação e ao papel anestésico das programações das generalistas.
Repare-se como as televisões estão cheias, a toda a hora, de políticos no activo, ainda no poder ou com o lugar que lá deixaram ainda quente, sempre no mesmo registo, sempre com a mesma mensagem… Como são pagos – e alguns como verdadeiras estrelas – para alimentar as suas ambições e promover os seus projectos políticos pessoais. Não têm apenas acesso gratuito a estas poderosas máquinas de popularidade e de publicidade. Não, ainda por cima lhes pagam!
Marcelo Rebelo de Sousa anda há anos a construir nas televisões a sua candidatura presidencial. Chegou a hora certa e, como se viu há uma semana, não se preocupa nada com essas coisas da vergonha na cara. Não hesitou em aproveitar aquele tempo que lhe é pago para dar o golpe de misericórdia em tudo o que pudesse ser adversário potencial, reservando logo ali o seu lugar ao mesmo tempo que dava um simpático empurrão no calendário. Que, evidentemente, lhe permite prolongar o mais possível o seu espaço semanal de contacto com os portugueses. Líder de audiências!
Também Marques Mendes, ainda ontem, aproveitou o espaço televisivo que lhe pagam para usar, para exibir um documento que, supostamente, o defenderia da acusação de ter participado num negócio nada claro de venda de acções, que os jornais trouxeram a público no início da semana que hoje acaba. Como é evidente, e tenha ou não responsabilidades na operação – as menos graves das quais seriam sempre as fiscais – não há documento fiscal nenhum que o possa neste momento ilibar. No entanto, e mesmo sabendo que (quase) toda a gente percebia isso, não hesitou em usar aquele espaço parafazer aquele número.
Quando tanto se fala de indicadores, isto poderá não ser um indicador, mas é certamente um indicativo da decadência do regime. Do cheiro a fim de regime que sente por todo o lado!