Desde que é Presidente da República, e nessa função, seja em que eleições for, das autárquicas às legislativas, Marcelo encontra sempre maneira de cruzar algures, num evento qualquer ou por "mera casualidade", com o candidato do seu partido durante a respectiva campanha eleitoral. Ontem, na abertura da Bolsa de Turismo de Lisboa, uns imbecis atiraram uma lata de tinta a Montenegro, que teve de perder uma hora para tomar banho e tirar a tinta do cabelo - que não "a irritação na pele e na face" - fizeram gorar "a coincidência" e Marcelo já só encontrou Nuno Melo. E teve que se limitar a um simples "está tudo a correr bem?".
Que sim, à excepção de uma lata de tinta, respondeu o líder centrista. "Já ouvi falar" - respondeu!
E pronto. Não deu para mais. Pode ser que fique para a próxima...
Aqueles a quem chamam activistas do clima, ou são imbecis; ou são agentes de provocação recrutados cirurgicamente para fins eleitorais. Podem ser uma coisa ou outra. Ou até ambas. O que não são, de certeza, é defensores de coisa nenhuma. Menos ainda da causa climática!
Ora aí está. Nao é exactamente novidade. Nem este novo emprego do quarto elemento da troika, nem a confirmação de que a melhor qualificação que há em Portugal é a de ex-ministro!
Passos apareceu logo no arranque da campanha, levando a malta do comentário televisivo ao êxtase: era trunfo forte de Montenegro, jogado logo no início.
Não é. Passos é hoje uma carta seca. Bem se vê que nunca jogaram à sueca. Na política, como na sueca, as cartas secas - ou furadas, é a mesma coisa - jogam-se logo no início. Os trunfos guardam-se para a melhor oportunidade. E o ás de trunfo está sempre à espreita da bisca.
Os profissionais que trabalham na campanha de Montenegro sabem jogar à sueca. Se tinha que ser - e tinha porque, estando no baralho, tinha que estar naquela mão - então que fosse logo no início, para não atrapalhar lá mais para a frente. E para dar tempo para ser esquecido.
A direita do comentário político é que, pelos vistos, nem as cartas distingue. Para eles são todas do mesmo naipe!
Sem as facilidades que os números (3-0) sugerem o Benfica garantiu o apuramento para osoitavosda Liga Europa. Até porque foi sempre ficando a sensação que a equipa estava brincar com o fogo, deixando correr o jogo sem se aperceber que, assim, equipa grega ia mantendo acesa uma chama que não ateava apenas o fogo com que os jogadores do Benfica brincavam.
Não deixa de ser curioso que essa chama, que os jogadores do PAOK procuravam segurar como quem segura uma vela milagreira, tenha partido nas mãos de um jogador que o público da Luz não esquece. Katsouranis saiu sob forte aplauso da bancada, mas levou com ele essa chama, deixando que no relvado ficasse apenas a chama imensa. E com essa não se brinca, essa queima mesmo o adversário!
Na sequência da falta que lhe valeu a expulsão – indiscutível – Gaitan abriu o marcador com um golo soberbo, na marcação do respectivo livre. Depois, contra dez, vieram mais dois golos - o último mais uma obra-prima do Markovic – e poderiam ter surgido muitos mais. Que a equipa há muito devia ao jogo!
E a rotação de jogadores continua. Desta vez a equipa inicial repetiu apenas dois jogadores (Luisão e Sílvio) da equipa que iniciou o último jogo com o Guimarães. Sálvio continua o seu processo de recuperação, e hoje teve mais que minutos. Teve uma hora. Como Cardozo, que apenas hoje regressou…
A baliza continua imaculada – mesmo que o Artur quase tenha comprometido, perdoando-se-lhe a falha pela eficácia com que a remediou - e, como muito boa gente diz, os jogos começam a ganhar-se na defesa.
O Porto,alguresna Alemanha, eliminouuma equipa alemã qualquercom o improvável resultado de 3-3. Os serviços mínimos, o primeiro resultado que, sem ganhar, lhe servia. Mesmo assim notável para este actual Porto que, reproduzindo e vingando o queaqueles mesmos alemãeslhe haviam feito na semana passada no Dragão, ergueu-se do buraco fundo e negro onde bem cedo caíra.
O Expresso divulgava este fim de semana uma sondagem promovida pela Sedes (Associação para o Desenvolvimento Económico), feita pela Pitagórica. Esta divulgação é apresentada como "A Perspetiva do Cidadão sobre as Propostas da Sedes” e diz resultar "da recolha de informação feita entre 16 de janeiro e 12 de fevereiro, através de entrevista telefónica".
A Sedes é uma velha e respeitável organização de intervenção política e social bem conhecida, como conhecidos são os seus membros, pelo menos os mais destacados. É natural que se promova - e pague, ou recolha financiamento para isso - estudos de opinião sobre os temas que coloca em agenda, e defende. Não é isso que está em causa. É outra coisa, e já lá vamos.
Os dados revelados pelo estudo - repito, todos temas de propostas da Sedes - indicam que 47% dos portugueses são favoráveis ao aumento dos gastos com a defesa nacional, com igual percentagem a ser favorável ao regresso do serviço militar obrigatório; que 70% considera necessária uma revisão constitucional; que 75% acredita que é alto, ou muito alto, o nível de corrupção no país; que 67% entende que não há suficiente separação entre política e justiça; e que 60% são favoráveis à regionalização.
Até aqui nada de especial.
Depois a coisa começa a cheirar a esturro quando, como se pode confirmar pelo link acima, começa por anunciar que ""35% confiam “pouco ou nada” na saúde pública em Portugal, apenas 26% confiam “totalmente ou muito”, enquanto 39% confiam “razoavelmente”". Olhamos, e vemos que o número que indica que 65% dos portugueses confia na saúde pública em Portugal - SNS, evidentemente - está escondido por trás dos 26% confiam “totalmente ou muito”, e dos 39% confiam “razoavelmente”. E que o que é enfatizado é o dos restantes 35% que confiam "pouco ou nada".
Mas não se fica por aqui. Quando o tema muda para o sector privado da saúde, escreve-se que "por oposição... 33% dos inquiridos confiam “totalmente ou muito” e 15% confiam “muito pouco ou nada”. Ora, se a aritmética não é uma batata, o que o estudo diz é que apenas um terço dos portugueses confia na oferta privada de saúde, número que até bate certo com os dois terços que confiam no SNS. A aritmética bate certa, o português - "por oposição" - é que não!
Se até lá acima "nada de especial", até aqui o cheiro a esturro vem da manipulação dos números na forma como são apresentados. Mas há mais.
O estudo revela que 73% dos portugueses são favoráveis à criação de um Senado, de uma segunda câmara no Parlamento, precisamente uma das propostas da Sedes. Outra é a da criação de círculos uninominais, que 71% não sabe o que é.
Se até aqui era a aritmética que não batia certo com o português, agora já nada parece bater certo. Que 60% seja favorável à regionalização poderá ser aceitável. A regionalização está no debate público há muito tempo, e até já rejeitada em referendo. Já foi há muito tempo, e a posição dos portugueses poderá hoje ser outra, a contrária. Que 73% dos inquiridos apoie a criação de um Senado - que não me lembro de alguma vez ter andado pelo debate público, e que representaria mais uma Instituição Política (mais lugares para a classe política, quando esta não anda lá assim tão bem vista) parece pouco aceitável. E não bate mesmo nada certo com os 71% que não sabem o que são círculos uninominais, bem mais presentes no debate público. Que uma tão grande maioria conheça, e seja a favor da criação de um Senado que não faz parte do debate público, mas não faça ideia do que são círculos uninominais, tema praticamente tabu na discussão política - é certo - mas, ainda assim, trazido a debate uma vez por outra, não faz sentido.
Em suma, temos aqui um "dois em um" muito comum neste jardim à beira-mar plantado. Estudos de opinião, sob as suas mais diferente formas, que no fundo apenas pretendem "validar" as posições de quem os encomenda; e, ainda por cima, o enviesamento da apresentação - filtragem, como agora se diz - dos seus resultados de acordo com os interesses de quem os publica. E mais um exemplo de que a falta de transparência é certamente mãe dos maiores problemas da nossa vida colectiva!
Quando a instalação sonora da Luz deu a conhecer o onze do Benfica para este jogo com o Portimonense, terão sido poucos, entre os quase 60 mil nas bancadas, os que ficaram desconfiados.
Num jogo em casa, contra um dos aflitos, que se sabia vir defender com toda a gente em cima da sua baliza, jogar sem qualquer ponta de lança, não fazia sentido. Como a embirração com Roger Schmidt é já mais que muita, soava a "invenção" - "lá está ele a inventar outra vez". Ou então a embirrar connosco, quando só nós é que podemos embirrar com ele.
Eu, que não sou de embirrar, e que acho que a motivação de um treinador profissional nunca poderá ser a de embirrar com ninguém, tentei perceber o que poderia ter passado pela cabeça do treinador do Benfica. Não tendo Tengstedt - claramente o "nove" da sua confiança para jogar da forma que é a sua - terá começado a fazer contas, pensei: somou os golos dos ponta de lança disponíveis e concluiu que, todos juntos, marcam bem menos golos que Neres, João Mário, Di Maria e Rafa.
Na minha cabeça aquilo começou a fazer sentido. E comecei a lembrar-me que venho há muito reclamando que o lugar de Kokçu é mais adiantado, na função condizente com o número 10 que Rui Costa lhe ofereceu. Que mais recuado, como tem jogado sempre, é um desperdício. Só que nessa posição joga o Rafa, e não deve haver ninguém, em perfeito estado de saúde mental, que possa achar que deva sair para jogar o internacional turco.
Portanto jogar sem ponta de lança era a fórmula de tirar o melhor de Kokçu e manter em campo quem faz golos. Correu bem. Schmidt não inventou nada, foi racional.
A primeira parte mostrou logo que a equipa jogava bem, dentro daquilo que é a ideia de jogo de Roger Schmidt. O Portimonense comportou-se como era esperado, a defender com todos em cima da área, protegida por um muro e ocupada por uma floresta de pernas. Não era fácil passar pelo muro e, depois, ainda desviar-se das pernas todas que surgiam. Mas o Benfica tentou. Por fora e por dentro. Em tabelas e diagonais. Por vezes mais pelo meio que o desejável, nem tudo era perfeito, mas a equipa nunca desistia. Nem nunca se desorganizava quando perdia a bola, não consentindo qualquer oportunidade ao Portimonense de sair lá de trás.
Não marcou, é certo. Mas criou uma mão cheia de grandes oportunidades para isso, com o guarda-redes Nakamura a defender tudo, já a ameaçar tornar-se intransponível.
Ao intervalo, o 0-0 não contava nada. O que animava as bancadas e espalhava benfiquismo era Diogo Ribeiro, e as suas duas medalhas de ouro.
Para a segunda parte nada mudou. E na verdade não havia nada que mudar, a não ser a bola entrar. Sabe-se que muitas vezes não entra, mas também se sabe que quando é bem jogada está mais perto de entrar. E que há coisas mágicas; às vezes apenas um número. O de hoje era o 4!
As bancadas usaram o minuto 4 para aplaudir António Silva, numa comunhão de sentimento de pesar pela perda do avô. Como guardariam o 87 para João Neves, entretanto já ambos no banco, pelas mesmas razões pela perda da mãe.
Foi em quatro minutos que o Benfica derrubou o muro, desbaratou a floresta de pernas. E Nakamura conseguiria defender tudo, menos quatro golos. E que golos!
Aos 10 minutos "o ponta de lança" Rafa, a passe de Bah, marcou o primeiro. De trivela, a enganar Nakamura. Dois minutos volvidos foi Neres, lançado por Kokçu, a fazer tudo, concluindo com um drible ao guarda-redes. E, mais dois depois, um passe de trivela de Rafa deixou a bola para mais um grande golo, de Di Maria - pois claro. Do trio de ataque faltava ele. Três golos em 4 minutos. E sem a pressão do resultado o futebol do Benfica ia-se refinando.
O número era o 4. Por isso o quarto golo - bis de Rafa, pois claro - apenas chegou à meia hora. Por isso Nakamura continuou a defender tudo. Por isso o golo foi anulado (e bem, por fora de jogo) à quinta vez que a bola entrou, num espectacular chapéu de Tiago Gouveia (que já substituíra Neres, e entrara com Florentino), que daria um golo para emoldurar.
Os pontas de lança entraram, sim. Mas já tudo estava mais que resolvido. Primeiro Arthur Cabral e, depois, já muito em cima dos 90, como é habitual, Marcos Leonardo. E claro, não marcaram.
No fim, fica um bom jogo, a dar ânimo às hostes. Até à próxima quinta-feira ... E fica a certeza que não temos mesmo lateral esquerdo. Que já se esgotou a experiência Morato, que o Alvaro Carreras está verde, e que nos valha Bah, que assim lá permite que Aursenes resolva mais esse problema.
A Alemanha anunciou hoje défice orçamental zero em 2013. Tecnicamente zero, porque na realidade foi um superavit de 300 milhões de euros!
Muita gente virá dizer que sim senhor, que os alemães são assim, gente de rigor, que só gasta aquilo que pode… Como deve ser… Dirão mesmo que é por isso que têm todo o direito de impor regras aos outros. Que, sendo disciplinados, têm legitimidade para impor a sua disciplina!
Pois. Mas para eles não quiseram austeridade, e por isso tiveram crescimento económico, e com ele maiores receitas. E com crescimento, e mais receitas, tiveram taxas de juros baixíssimas, quando não nulas ou negativas. Menos despesa e menor défice…
A pescadinha de rabo na boca. Que impõem aos outros, mas às avessas, com muito menos boca e muito mais rabo… Que se lhes deixa sempre a jeito, para que dele disponham como muito bem lhes apeteça!