As notícias que ultimamente vieram a público envolvendo a ex-mulher de José Sócrates não são mais que a própria cara do ex-primeiro ministro. Nada que surpreenda por aí além. Ninguém fica muito admirado por ver a cara de Sócrates em actos que envolvem a mulher de quem há muito está divorciado...
Repare-se: a sua ex-mulher vende um apartamento pelo dobro do valor de mercado a uma empresa do seu amigo, alegadamente para lhe pagar as obras que ele fez num outro. O mesmo amigo, o amigo comum, o amigo presente em toda a história… Passado algum tempo a empresa do amigo, entretanto em falência, vende-o por metade do valor por que comprou. Recebe o sinal e nunca mais faz a escritura para receber o resto. Pelo meio há uma procuração da vendedora para o comprador, que só é utilizada mais de um ano depois da data de emissão…
Mas também compra um monte no Alentejo, por umapipa de massafinanciada pelo BES, com a garantia de uma aplicação financeira no mesmo valor. Financiamento que é pago através de uma prestação mensal ao alcance de poucos, a rondar os 5 mil euros. Por acaso, o valor que recebe do amigo, sempre o mesmo amigo de ambos – claro que se os antigos cônjuges preservaram a amizade para que o amor provavelmente caiu, não há por que não preservar a amizade de terceiros – por uma avença mensal de serviços de consultoria urbanística. Coisa objectiva como bem se vê!
Há coisas que têm cara. E estas, de tanta trapalhada, são acara chapadade Sócrates. Parece-me claro que só não a vê quem sofrer de sérios distúrbios oftalmológicos… Olhamos para elas e percebemos o direito na prisão preventiva, mesmo que as linhas possam estar todas tortas!
O que é verdadeiramente surpreendente, único na Europa, é que o eleitorado não vê razões para penalizar ninguém. A esmagadora maioria do eleitorado (72,5%) acha que Portugal tem sido bem governado, e que quem trouxe o país até aqui deve continuar a levá-lo pelo mesmo rumo.
E isto, neste tempo e neste espaço, é verdadeiramente assombroso. Não se passa em mais lado nenhum. Não há Europa país que tenha passado por estes anos conturbados mantendo inalterável o seu tecido eleitoral. Antes pelo contrário, despareceram do mapa eleitoral muitas das forças políticas que fizeram a História da Europa no último século.
Faltam alternativas credíveis? É claro que não abundam por aí alternativas sólidas. Faltam com certeza, mas também nas sondagens haveria forma de manifestar esse sentimento… Faltam certamente alternativas mas, mais que alternativas, faltam lucidez, inconformismo, maturidade democrática, activismo político, sentido crítico e de exigência, educação cívica… E sobram medo, conformismo, passividade, resistência à mudança, ignorância...
Esta é a primeira página do Correio da Manhã. É a de hoje, na estratégia de todos os dias. Palavras para quê? É uma primeira página do Correio da Manhã!
"Montenegro advogado em negócio de casinos" - dá para tudo, e para nada. Dá para "mais marosca". Ou para "mas afinal qual é a notícia"?
Lá dentro, o Director Geral Editorial Adjunto, esclarece-nos: " Não há da nossa parte nenhuma perseguição contra o cidadão Luís Montenegro, mas obviamente temos a obrigação de escrutinar a vida pública do primeiro-ministro ou de qualquer membro do governo, como fizemos no passado e continuaremos a fazer no futuro. Porque no dia em que a imprensa deixar de fazer isso, a democracia e o País também perdem e ficam mais pobres e mais frágeis".
Termina a concluir que "não há nenhuma ilegalidade na atividade do advogado Luís Montenegro ao serviço da concessionária de jogos Solverde, mas que "é importante que os cidadãos e todo o País conheçam essa ligação e as relações contratuais existentes no passado recente".
E ficamos finalmente esclarecidos: não há notícia e há marosca. A marosca habitual do Correio da Manhã, a confundir escrutínio com voyeurismo, informação com desinformação, ética com indecência, liberdade com interesses...
Ficará para sempre como um dos grandes nomes de Hollywood, cujo mediatismo nunca cultivou. O realismo da representação de Gene Hackman trouxe ao cinema a mais perfeita confusão entre actor e personagem. Ninguém como ele terá conseguido tão estreita sobreposição!
Quando comecei a ouvir cantar – ou seria declamar? - os primeiros versos, não queria acreditar: “Não sei, não sabe ninguém”… E interroguei-me: o que é que estegajoquer daqui? Onde é que se está a meter?
Em poucos segundos deixei de ter qualquer dúvida. Estava a ouvir cantar: “Por que canto o fado”… Numa voz limpa e cristalina, sozinha… “Foi Deus, que deu luz aos olhos”… e passou a ter a companhia do contrabaixo do Ricardo Cruz, em acordes leves e espaçados. Baixinho, para não estragar nada!
“Eu sinto” – todos sentimos – “que a alma cá dentro se acalma nos versos” que ouvíamos cantar…
Quando, três, quatro ou cinco minutos depois – o tempo perdeu dimensão – se ouviu pela última vez “ai, e deuuuuuuuuuu-me esta voooooz a miiiiiiim” a sala cheia, esgotada, rebentou num aplauso arrepiante de uma plateia deslumbrada.
"Foi Deus" que ganhou outra dimensão. Não ficaria bem dizer que o António Zambujo deu outra dimensão a Deus...
Amália teria gostado de ouvir. Não tenho dúvida nenhuma!
Luz novamente cheia, mesmo que um pouco menos cheia que o normal, para este jogo com o Braga, que decidia o acesso às meias-finais da Taça de Portugal. Para assistir a um excelente jogo de futebol, e a uma grande exibição do Benfica, particularmente na primeira parte.
Bruno Lage regressou ao onze que, nas actuais circunstâncias - com a quantidade de jogadores lesionados -, mais se aproxima do que têm sido as suas primeiras opções, com Tomás Araújo a lateral direito, Akturkoglu na ala direita, e Pavlidis na frente do ataque. Dahl, na esquerda, é já claramente primeira opção - Schjelderup, que entrou aos 79 minutos, precisamente a substituí-lo, confirmou isso mesmo. Na baliza continuou Samuel Soares. E poderá não ter sido apenas rotação de Taça.
Ricardo Horta, o capitão do Braga, escolheu campo, e escolheu como fazem os pequenos - a baliza grande. Não teve qualquer impacto, e o Benfica entrou endiabrado, partindo para uma grande primeira parte. Jogou-se apenas futebol (quatro faltas, duas para cada lado), e o que o Benfica jogou foi do melhor que por cá se pode ver: pressão alta sobre o adversário, a recuperar imediatamente cada bola perdida; criatividade e fantasia; passes a rasgar; mudanças rápidas de flanco.
Perante a avalanche de futebol benfiquista o Braga fazia o que podia: defendia como podia, e tentava jogar com os ritmos de jogo, mostrando-se uma equipa adulta, mesmo que composta por muita juventude. Pode dizer-se que Carlos Carvalhal reinventou a equipa do Braga neste início de ano.
A longa série de oportunidades de golo abriu logo aos cinco minutos: Akturkoglu recebeu a bola na área, desbaratou com classe a defesa bracarense e atirou de pé esquerdo. Ao poste. Na recarga, de baliza aberta, Pavlidis não acertou na baliza. Pouco depois, novamente Pavlidis. Descaído para a direita e, de ângulo apertado, atirou forte às malhas laterais, quando poderia ter deixado para dois colegas bem posicionados á entrada da pequena área. Depois foi Bruma a marcar, numa excelente execução, com o golo a ser anulado por fora de jogo de Pavlidis.
Depois, ainda, entrou em acção Hornicek, o novo dono da baliza bracarense: está aberta a época das grandes exibições dos guarda-redes na Luz. Negou o golo a Pavlidis, depois a Akturkoglu, isolado por Kokçu, e depois ainda a Bruma, também isolado.
Nesta sequência chega finalmente o golo, já aos 39 minutos, à sexta oportunidade de golo, quando o Braga tinha disposto de uma, no remate de cabeça de Racic, ao lado, na sequência de um canto. A pressão alta do Benfica deixou Paulo Oliveira em maus lençóis, obrigado a despachar a bola para onde estava virado. Acabou interceptada por Dahl, que assistiu Pavlidis que, depois de ajeitar a bola, rematou de pronto, ainda de fora da área, batendo Hornicek.
A séria da primeira parte ficaria fechada no último lance antes do intervalo, quando nem Bruma nem Pavlidis, sozinhos em cima da linha de golo, conseguiram desviar o cruzamento de Carreras.
Ao intervalo o Benfica poderia estar tranquilamente instalado nas meias finais da Taça. Bastaria um coeficiente de eficácia de 30 ou 40% para o marcador assinalar 3 ou 4 a zero.
Carlos Carvalhal mexeu na equipa para a segunda parte. Talvez por fezada fez entrar Fran Navarro e Robson Bambu, que tinham marcado os golos da vitória na Luz, para o campeonato. O Braga subiu um pouco de produção, e ganhou algum oxigénio. Mas era o Benfica que continuava a somar oportunidades de golo, e continuava a ser Hornicek o jogador mais influente m campo.
O tempo passava, o Braga ia tendo mais bola, mas foi sempre e apenas o Benfica a construir oportunidades para alargar o marcador. Claro que à medida que o jogo caminhava para o fim, e com o resultado a manter-se, era inevitável que um certo nervoso miudinho se espalhasse pelas bancadas, onde não caiu bem a primeira leva de substituições de Lage, quando tirou Tomás Araújo e Bruma, para lançar Belotti e Barreiro. Mas o Braga nunca verdadeiramente ameaçou a eliminatória.
No fim, na lista das oportunidades de golo do Braga continuou, sozinha, aquela do remate de cabeça do regressado Racic, a meio da primeira parte. A do Benfica é um rol extenso.
Com a consolidação do nível exibicional, o actual bom futebol do Benfica está apenas a pecar na finalização. Por enquanto sem consequências de maior, mas vêm aí jogos que não vão perdoar.
Este era o pior momento para António Costa entrar no buraco escuro em que se meteu. Não conseguiu resistir aosencontrõesque foi levando de todo o lado, e acabou por se deixar cair num buraco donde dificilmente sairá.
Achinesice em que se embrulhou, e que enche hoje o espaço mediático, é apenas o exemplo mais acabado desse buraco negro onde António Costa anda às apalpadelas, cuja menor das consequências será certamente o abandono emestado envergonhadodo histórico Alfredo Barroso, que há muito andava a bater com a porta.
A António Costa está a faltar estofo, e isso vai ser fatal. Já foi fatal para Seguro, mas agora vai ser fatal para o PS. Quando a falta de estofo vitimou Seguro ainda sobrava Costa, que ainda por cima parecia ter disso para dar e para vender. Agora não sobra ninguém!
As coisas já não estavam fáceis. As dificuldades do PS já seriam enormes, como se vê pelo que tem acontecido com os seus congéneres da Internacional Socialista, todos eleitoralmente dizimados pela sua conivência com os desastres neo-liberais. Com consciência disso, António Costa, em vez de assumir o quadrado ou o círculo, optou por tentar a quadratura do círculo. Não o conseguiu, como ninguém conseguiu, nem conseguirá!
Quando, na mesma semana, António Costa diz que não faz propostas porque tudo depende depois de Bruxelas e de Berlim, que o país está melhor ao fim destes quatro anos e elogia o investimento chinês, o paradigma da política de investimento deste governo, que se limitou a entregar ao estado chinês as maiores empresas monopolistas do nosso país e a vender casas a cidadãos chineses a troco de vistos e corrupção, não assinou apenas a sua sentença de morte política. Retirou também de vez a esperança a milhões de portugueses!
Pelo que se tem visto são infrutíferas todas as tentativas de arrancar do governo uma palavra que seja sobre a decisão de Bruxelas colocar Portugal na lista de países com "desequilíbrios excessivos", submetendo o orçamento português a "vigilância permanente". Não admira. Quando estava tudo a correr tão bem, com o país no quadro de honra de Schauble, a dar lições à Grécia... Quando até o António Costa (onde é que este anda com a cabeça?), nem que fosse para chinês ver, já dizia que afinal isto está a correr bem, vir agora a Comissão Europeia dizer que nada disso, que o bom aluno não percebe nada disto e que está chumbado, é de deixar qualquer um sem fala.
Qualquer um, não. Ao contrário de Passos Coelho e de Pires de Lima, que mantiveram a boca fechada a sete chaves, Paulo Portas há-de ter uma resposta. Ele há-de voltar a falar da soberania recuperada, e há-de encontrar uma maneira de dizer que ter o orçamento na mira de Bruxelas não tem nada a ver com soberania. E muito menos com alguma coisa que não esteja a correr bem nesta história de sucesso que tem para contar aos eleitores.
A CDU venceu as eleições na Alemanha e Friedrich Merz será o novo chanceler, num governo que se prevê venha a resultar da coligação com o SPD, de Boris Pistorius, ministro da defesa do governo cessante de Olaf Scholz.
A extrema direita da AfD, que Vance e Musk tanto promoveram, ultrapassou os 20%, a melhor votação de sempre. Ainda assim - e porque os alemães, sentindo o perigo, acorreram massivamente (mais de 80% de participação eleitoral) às urnas -, Alice Weidel é irrelevante para a formação de governo.
São boas notícias para a Europa, que tanto precisa delas.
Foi uma das vozes mais importantes do "soul". E também do "r&b". Na verdade extravasou todos os géneros, e cobriu todo o espectro do pop, do folk e do jazz. O intemporal "killing me Softly with this song" mostra que Roberta Flack não se arruma numa gaveta.