O Paris Saint Germain conquistou hoje, em Munique, a Champions League, que há muitos anos, desde que passou a nadar em dinheiro do Qatar, perseguia. E falhava consecutivamente com a constelação de estrelas que esse dinheiro seduzia, e que lhe permitiu juntar Messi, Neymar e Mbappé, sem nunca conseguir formar uma equipa.
Luís Enrique sabia que uma equipa é muito mais que a soma de talentos, e por isso trocou super-vedetas por jogadores jovens, de grande qualidade, mas também de grande humildade. De grande capacidade de sacrifício e de trabalho, mas também de enorme ambição e de fome de ganhar. Entre eles Nuno Mendes, João Neves, Vitinha e Gonçalo Ramos.
Já se sabia que o PSG, que para chegar à final teve de ultrapassar a armada inglesa da Champions, era melhor que o Inter que, para aqui chegar, teve de afastar os também colossos Bayern e Barcelona. Com alguma sorte, e com um futebol muito físico, muito de bolas paradas, e pouco entusiasmante.
Um futebol que, hoje, o futebol do PSG pautado pelo Vitinha, segurado pelo João Neves e aberto pelo Nuno Mendes e pelo Hakimi, que explode nos pés de Dembelé, de Doué, ou de Kvaratskhelia, desbaratou por completo, num 5-0 que é apenas o resultado mais desnivelado da história das 70 finais da maior competição de futebol da Europa.
Termina amanhã, mas ficou decidido hoje, o Giro de Itália.
Sem João Almeida, este ano reservado para ajudar Pogacar a vencer o quarto Tour, Roglic e Ayuso partiram como grandes favoritos à vitória.
Roglic cedo começou a distanciar-se desse favoritismo e, de novo com quedas a atrapalhar-lhe a vida, acabou por desistir já na terceira e última semana.
Ayuso, o jovem espanhol de mau feitio, companheiro de João Almeida na UAE, que a imprensa espanhola traz em andor para o altar do seu ciclismo, também não demorou muito a demonstrar que não estava à altura do favoritismo que trazia. Acabou também por abandonar, logo a seguir a Roglic, imediatamente a seguir a ter perdido mais de 10 minutos para os primeiros, e caiu para bem fora do top ten. Disse-se que fora mordido por uma abelha. Ou por uma vespa.
A diferença não tem importância nenhuma. A polémica - vespa ou abelha - só serve à desculpa, que foi a que tudo aquilo soou.
O mexicano Del Toro (UAE), e o equatoriano Carapaz (Education First), não puseram Roglic e Ayuso fora de combate. Tomaram conta da corrida, e dominaram-na até hoje, ao penúltimo dia, no Cole de Finestre, nos Alpes. No Piemonte.
Tudo indicava que seria no alto do Finestre, lá nos 2178 metros de altitude, que os dois latino-americanos decidiriam o Giro. Mas não foi assim, e o ciclismo voltou a assistir a um golpe de teatro, que tantas vezes o visita. Nem pareceu que a Jumbo Visma tivesse preparado uma grande jogada para o cheque-mate à corrida, como não parecia que Simon Yates estivesse em grandes condições para se bater com Del Toro e Carapaz. Ainda ontem perdera tempo para ambos, e mantinha o seu terceiro lugar na geral à custa de uma prestação discreta. Bastante discreta, mesmo.
Golpe de teatro é isso mesmo. Cedo se formou uma fuga, onde a Visma fez integrar Wout Van Aert que, sem ser Pogacar, Vingegaard ou Roglic, é um galáctico do ciclismo. Um dos mais decisivos corredores do ciclismo actual. A fuga foi acumulando tempo de vantagem, até chegar aos 10 minutos. Lá atrás, 10 minutos atrás, Carapaz e Del Toro marcavam-se. Simon Yates decidiu ver no que dava aquela marcação, e aproveitou para dar um esticão, meio a medo.
Os dois ibero-americanos olharam um para o outro, à espera de ver quem respondia. Nenhum respondeu, acharam - ou fizeram-nos achar - que aquele Yates não metia medo a ninguém. E o britânico lá foi montanha cima. Lá no alto do Finestre tinha o companheiro Wout Van Aert, levado pela fuga, à espera.
Foi a vez do belga fazer a diferença. Pegou no colega e foi por ali abaixo, como só ele sabe ir. E a diferença para Carapaz e Del Toro nunca mais parou de crescer. Já Yates tinha a maglia rosa bem segura ao corpo quando, a cerca de 5 quilómetros da meta, e com Carapaz e Del Toro derrotados sem apelo nem agravo, Wout Van Aert encostou, exausto. Coube ao britânico fazer o resto.
E como o fez. Com a vitória no Giro ali à vista, a segunda, depois da Vuelta há meia dúzia de anos, Yates voou para a meta, sem parar de aumentar a vantagem, que chegou aos 6 minutos. O suficiente para cavar uma diferença (na casa dos 4 minutos) para o segundo e terceiro que nunca existira ao longo de toda a competição.
No fim, mais uma vez, a super-poderosa UAE deixou a ideia que não sabe gerir a fartura. Se calhar, no ciclismo como em tantas outras circunstâncias, gerir a fartura até é mais difícil que gerir a escassez.
Está confirmada arecondução de Carlos Costa à frente do Banco de Portugal. Depois de esconder a decisão durante algumas semanas, Passos Coelho confirmou-a. Poucas semanas depois do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ter acusado, como acusou, o governador do Banco de Portugal. Numa semana em que as pensões da Segurança Social, e a sua sustentabilidade, estão no topo da actualidade, sem que ninguém fale dos milhões que o BES lhe destruiu. Com a responsabilidade óbvia de Carlos Costa. Que Cavaco, sempre na linha da frente na defesa das mais indefensáveis posições do governo de Passos, se apressou a ratificar.Não há ninguém em Portugal mais bem preparado para a função, disse ele.
Longe vai a velha ambição de Sá Carneiro. Estamos numa nova e triste era:uma maioria, um governo, um presidente... um governador do Banco de Portugal ... uma Autoridade Tributária ... uma Segurança Social ... Tutti quanti!
Porque no poder tudo se compra. E tudo se paga!
O governo tinha de ficar de fora dosuperescândalo do BES, que fez do BPN uma brincadeira de crianças, para utilizar a terminologia do primeiro-ministro. O Relatório da CPI serviu-lhe os intentos,sacrificandoCarlos Costa. Que se mantevefirme e hirto,inabalável, quando qualquer pessoa digna eadequada à função, assimenxovalhada, não hesitaria em demitir-se.
Passos Coelho pagou-lhe o serviço. Limitou-se a pagar. Cavaco fez o resto, resgatou-lhe a credibilidade. Para, com isso, também ele lavar dali as mãos... Bem sujas, como bem nos sabemos, naquelas recomendações que ninguém esquece. As tais almofadas que garantia existirem ...
Lendo - e bem mal, por acaso - o teleponto, num ambiente encenado até ao mais ínfimo pormenor pelo Luís, o Bernardo, de Sócrates, Gouveia e Melo apresentou a sua candidatura, em modo "Miss Universo". Com aplausos, muitos, da plateia bem ensaiada, a cada frase lida.
No fim, não ficamos a saber muito mais do almirante. Que não tinha substância, já desconfiávamos. Quer unir, como todos sempre dizem querer. Quer o que é bom, e não quer o que é mau. Como todos, e a Miss Universo também.
Já sabíamos - já o tinha dito - que se situa politicamente ao centro, entre a social democracia e o socialismo, mas na sala só vimos gente de direita. Lá vimos Carlos Carreiras, Fernando Negrão, Isaltino Morais, Ângelo Correia, Ribeiro e Castro, Chicão ...
Poderiam ter apenas perguntado ao André como é que consegue combater a corrupção recebendo dinheiro da corrupção. Mas não. Não andam atrás dele para lhe fazer perguntas incómodas. Andam atrás dele, por todo o lado, apenas para lhe apontarem as câmaras e os microfones, para que ele mostre e diga o que quer.
Fez-se difícil, a sexta. Quis trocar as voltas... Já vinha de trás. Trocou as voltas nas meias finais, quando estava tudo preparado para receber o Sporting, e afinal apareceu o Vitória de Setúbal. Repetiu logo a seguir, quando para hoje se esperava o Porto e acabou por aparecer o Marítimo. Uma semana depois, e com propósitos diferentes...
Há uma semana tinha aparecido de pilhas bem carregadas. Gastou-as logo na primeira parte e depois acabou. Hoje o Benfica não lhe permitiu que repetisse essa primeria parte e bem cedo tomou conta do jogo, sucederam-se as oportunidades e o golo lá acabou por aparecer, quando faltavam menos de dez minutos para o intervalo. Depois lembrou-se do jogo da semana passada, e das pilhas que então faltaram ao adversário, e com a expulsão do jogador Marítimo - que chegou meia hora atrasada -, a jogar contra dez, pensou que a sexta já lhe não trocaria mais as voltas.
Mas trocou. O Marítimo fez o empate e... foi o diabo. O Benfica acusou o golo e, claramente, desorientou-se. Valeu que faltava ainda muito tempo, o suficiente para que a equipa se voltasse a encontrar. Só que depois, fosse lá pelo que fosse, faltou um mínimo de eficácia. As oportunidades de baliza aberta sucediam-se a um ritmo só comparável à sucessão de faltas, muitas delas de grande violência, dos impunes jogadores do Marítimo. Quequeimavamtempo, apostando nos penaltis para o desempate.
Até que à entrada dos últimos dez minutos Ola John acertou finalmente na baliza, fazendo o que Lima, Jonas e Maxi por tantas vezes não tinham conseguido fazer, acertando finalmente as contas com a sexta.
Gouveia e Melo apresentou oficialmente hoje, ao início da noite, a sua candidatura à Presidência da República. E numa coisa parece ter tido razão: preparar e enviar convites àquela gente toda há-de certamente ter sido uma tarefa exigente.
Os resultados eleitorais definitivos ficaram ontem conhecidos, com o apuramento dos votos da emigração. Com quatro cadeiras de deputados para atribuir, estava em causa - mesmo que, pelo que toda a gente sabia ser o sentido de voto dos nossos emigrantes, se já conhecesse o desfecho - a decisão do segundo partido em deputados eleitos. Já que, quanto ao segundo partido mais votado, que para nada conta, a vantagem do PS era virtualmente impossível de ser anulada pelo voto emigrante.
No entanto não pareceu nada que o que ontem foi conhecido tivessem sido apenas os resultados definitivos das eleições de 18 de Maio. Quis-se dar a parecer que, ontem, 28 de Maio - até a data é apropriada -, foram conhecidos os resultados de uma outra eleição. De umas eleições que se traduziram numa vitória esmagadora do Chega.
- Como?
- A resposta é simples: como sempre!
André Ventura reservou uma sala num hotel da capital para celebrar um resultado já andava a celebrar há dez dias, e as televisões foram a correr atrás dele, repetindo exactamente o que tinham feito atrás das ambulâncias. E fizeram parar o país com directos, discurso do chefe, comentários e mais comentários, aplausos e mais aplausos, ameaças e mais ameaças, nas entrelinhas e fora das linhas. E propaganda. Muita propaganda!
Assim, como sempre. A partir de agora mais ainda assim do que nunca!
Acabei de saber que a "Estratégia Nacional para a Habitação" está em discussão pública. Acabei de saber que o prazo de discussão pública acaba precisamente hoje, quando o final do dia chegar. Acabei de saber que ninguém sabia disso. Ninguém: nem a comunicação social, nem os cidadãos... Nem mesmo os deputados. Nem os da maioria... Ninguém!
Mas pronto. Esteve em discussão pública. Cumpriu-se uma lei qualquer...
Foram presos sete dirigentes da FIFA. Blatter, o chefe do bando, ficou de fora. Como se não fosse... E depois de amanhã há eleições. Que o "o mais bem-sucedido ditador não homicida no último século", voltará a ganhar... Como se hoje nada se tivesse passado...
Faltou-lhe, ainda assim, no ponto 1, exigir a irradiação de toda aquela gente. Acrescentar a decisão de protestar do jogo, e a exigência da sua repetição. E acrescentar ainda, a complementar o sétimo e último ponto, que qualquer tentativa de retaliação da Federação Portuguesa de Futebol sobre a indisponibilidade do Estádio da Luz para as selecções, "enquanto a verdade desportiva não prevalecer nas competições nacionais", levaria o Clube a ponderar abdicar das competições nacionais.
Foi, por incompetência do Departamento de Comunicação - fez mais o João Gabriel num "twit" de ontem que toda a comunicação no mandato de Rui Costa -, e por falta de liderança e de rumo desta Direcção, tardia e incompleta a reacção que há muito se exigia. A ser mais oportuna, bem poderia ter evitado o assalto, decisivo e descarado, dos últimos dois meses. Quando tudo ainda havia para ganhar!
Dir-se-á que "mais vale tarde do que nunca". É bem capaz de ser mais acertado dizer que, não houvesse eleições em Outubro, e ainda nem seria desta.