Não sei por quê - não é verdade, até sei, mas gosto sempre de deixar algumas reservas - mas gostei de ouvir (entrevista à RTP 3) o provável próximo ministro das finanças. Se, evidentemente,o nosso senhorPresidente da República não decidir passar os próximos três mesesa ouvir as tais personalidades, ou - quem sabe? - prolongar a sua estadia na Madeira com uma visita às suas cagarras, certamente carregadas de saudades...
Gostei do tom, contrastante com o que estamos habituados. E gostei do ar, despretensioso. Depois, gostei ainda de não ouvirbasófias. Nem asneiras... Nem certezas absolutas de quem é dono da verdade. Estávamos um bocado fartos disso. Alguns, claro!
Chama-se a isto encanar a perna á rã. Não bastou que, na hora de marcar a data das eleições, não se tivesse preocupado minimamente com o orçamento, mas apenas com os seus interesses eleitorais. Ou os dos seus... Não bastou que no o actual quadro político tenha já queimado um mês.É ainda preciso ouvir sabe-se lá quem e sabe-se lá para quê...
O actual Presidente da República é muito selectivo na urgência e na necesssidade do Orçamento. Agora não tem pressa nenhuma, nem que de Bruxelas clamem por umpapelitoque seja, mas nem sempre foi assim. Houve tempos de muita pressa, em que não se podia perder tempo com minudências. Prescindiu sempre de exercer o dever de fiscalizar as sucessivas inconstitucionalidades nos sucessivos orçamentos de Passos e Portas, para não perder tempo.Para que o país não corresse nunca o risco de ficar sem orçamento...
A jornada de benfiquismo de ontem teve hoje por prémio um clássico na Luz. Os mais de 56 mil nas bancadas - pois é, a fasquia começa a baixar dos 60 mil -, os 94 mil que ontem votaram, e os outros milhões de benfiquistas espalhados pelo país e pelo mundo que fazem do Sport Lisboa e Benfica um dos maiores clubes do universo merecem, e exigem, RESPEITO.
O jogo desta noite, na Luz, da 11ª jornada, com o Casa Pia, é todo um clássico.
O adversário estacionou o autocarro à frente da sua baliza. Duas linhas de cinco, juntinhas, entre as linhas que marcam as duas áreas, a grande e a pequena. Clássico!
O Benfica entrou bem no jogo, chega à vantagem, e começou a baixar a intensidade. Clássico!
Com a passagem dos minutos, à medida que o jogo caminha para o fim, os jogadores começam a perder concentração. As decisões dos árbitros complicam-se, e a perda de concentração vai-se agravando, atingindo o climax já depois do minuto 90, e a vantagem esvai-se no período de compensação. Clássico!
Esta noite, na Luz, o Benfica começou a desmontar o autocarro do Casa Pia relativamente cedo. Aos 16 minutos marcou, depois de Rios já ter enviado um remate ao poste. Num golo com assistência (Plavidis) e finalização (Sudakov) espectaculares, trabalhadas dentro da cabine do autocarro. O Benfica ultrapassava os 80% de posse de bola, e o Casa Pia não ligava dois passes seguidos. A excepção aconteceu durante três ou quatro minutos, ali por volta da meia hora.
O Benfica que, como sempre, tinha entrado com um onze muito perto do habitual - com Otamendi de fora, a cumprir castigo pelo quinto amarelo (Palhinha só há um!) pedido em Guimarães (como Rios hoje o pediu, também para limpar antes do jogo com o Sporting), substituído por António Silva e, com Dedic regressado de lesão, com Aursenes na ala esquerda - entrou para a segunda parte com Prestiani a entrar precisamente para o lugar do norueguês, transferido para o lugar de Enzo, que tinha durante a primeira parte dado indicações de não estar em condições para prosseguir no jogo.
Se a ideia era voltar a espevitar o jogo, não resultou. De resto, Prestiani não está a resultar. É cada vez mais parra, e cada vez menos uva. Ainda assim não demorou mais a marcar que na primeira parte. Antes de expirar o primeiro quarto de hora, de penálti, Pavlidis marcou o segundo. O chamado golo da tranquilidade.
Que seria, não tivesse o árbitro, o lagarto Gustavo Correia, cinco minutos depois, inventado um penálti. Inacreditável. Tão inventado, e tão inacreditável que, na Luz - e por todo o lado - se tinha por inevitável a intervenção do VAR, a corrigir o destempero do lagarto. Mais inacreditável ainda: do VAR, nem sinal de vida!
Cartões amarelos, distribuídos a torto e a direito, reforçaram a instabilidade. E tranquilidade do segundo golo desaparecia de repente, como fumo.
Lembramos-nos então que, ontem, o Sporting trouxera três pontos dos Açores, graças a um golo no último minuto dos descontos, depois de o árbitro ter transformado um pontapé de baliza, a favor do Santa Clara, num canto a favor do Sporting. O árbitro João Gonçalves, e o assistente Ângelo Pinheiro, não viram o que toda a gente viu. Que o Quenda rematou a bola para fora, sem que ela tocasse em quem quer que fosse.
E veio-nos à memória que o campeonato da época passada foi precisamente decidido no dia 12 de Abril quando, nos Açores, numa das mais escandalosas arbitragens da época, o árbitro Cláudio Pereira oferecia os três pontos ao Sporting. E, exactamente como hoje, no dia seguinte na Luz, o árbitro António Nobre assinalava um penálti (com que o Arouca empatava 2-2, ironicamente o mesmo resultado de hoje), tão inacreditável como o de hoje, então por Otamendi "ter rasteirado o adversário com a cabeça". Também um clássico!
O VAR, que ontem nos Açores não pôde dizer ao João Gonçalves que o golo não poderia ser validado. Que há sete meses não quis dizer ao António Nobre que ninguém consegue rasteirar ninguém com a cabeça, como hoje não quis dizer ao Gustavo Correia que a bola bateu na barriga do António Silva, caiu-lhe para a coxa, e que daí ressaltou para lhe tocar na mão, não é um instrumento ao serviço da verdade desportiva. É simplesmente um instrumento ao serviço da manipulação de resultados!
Trubin defendeu o penálti, mas não havia maneira de escrever direito por linhas tortas: inacreditavelmente, Tomás Araújo, o primeiro a chegar à bola excelentemente defendida pelo guarda-redes do Benfica, ao tentar enviá-la pela linha de fundo chutou-a com força para dentro da baliza.
O terceiro golo até acabaria por chegar, por Barreiro, depois um minuto em campo. Foi celebrado nas bancadas como a circunstância merecia. Foi anulado, por fora de jogo, e a tranquilidade não voltou.
Era quase inevitável que um erro qualquer desencadeasse uma sucessão de outros, como num dominó. Aconteceu a meio do meio campo, no primeiro dos quatro minutos de compensação, e foi obra de Richard Rios, já depois de se ter feito ao tal amarelo. A cadeia propagou-se para dentro da área benfiquista, e tocou a todos. Trubin incluído.
No primeiro dia da nova presidência de Rui Costa, o Sporting é presenteado com três pontos nos Açores, o Porto com colinho em Famalicão, e o Benfica é decidamente atirado para fora da estrada do título.
Não faço a mínima ideia se as coisas vão correr bem. Não estou certo que não surjam pontos de ruptura entre forças políticas que, mais que estarem distantes, não estão habituadas a estar juntas. Não tenho grandes dúvidas que de todos os lados será lançada gasolina logo que se veja o menor indício de combustão.
Há possibilidade de correr bem e de enterrar de vez a TINA. De mostrar que em democracia há sempre alternativa política. Se isso acontecer, o regime mudou. E se há coisa que o país precisa é de mudar um regime que se esgotou...
Mas, se nada disso acontecer, se tudo correr mal e neste jogo viciado voltarmos à casa de partida, ainda assim, este não foi um tempo perdido. Tanto mais que permitiu ao país perceber - a quem quis ver, há sempre quem não consiga ou simplesmente não queira ver - a comunicação social que tem, as televisões que vê e os jornais que lê. Como orientam e manipulam a informação e como, dessa forma, manipulam e formatam a opinião pública. Permitiu ver como jornalistas que todos apreciavamos pela competência, profissionalismo e isenção são afinal apenas profissionais diligentes nas tarefas que lhe destinam.
Porque, do resto, já toda a gente sabia. Blogues à medida e perfis falsos do facebook para manipular e desinformar já eram, há muito, coisa conhecida.
Afinal a fasquia ficou ainda mais alta: 93.891 sócios do Sport Lisboa e Benfica reconduziram Rui Costa, de forma expressiva, com 66% dos votos.
Não quer dizer que toda essa imensa massa de benfiquistas esteja feliz com o desempenho de Rui Costa neste seu primeiro mandato, acabado de terminar. Que dizer que uma grande maioria dos benfiquistas tem carinho pelo Rui Costa, pelo que foi, e pela pessoa que é. Quer dizer que uma grande maioria dos benfiquistas acredita que ele aprendeu com os erros e fracassos, e que vai fazer muito melhor. E quer dizer que a alternativa que lhe foi apresentada não era credível.
João Noronha Lopes foi só uma enorme decepção!
Agora, venha a paz. E venham as vitórias e os troféus. Que já se faz tarde!
93081! É recorde mundial, mas não é o que importa. É um número gigante, mas o que importa é que confirma a grandeza única do glorioso Sport Lisboa e Benfica.
Há quinze dias, 85710 - o recorde dos recordes -, decidimos que decidiríamos hoje entre Rui Costa e João Noronha Lopes. Hoje fomos ainda mais - muitos mais! - a decidir ... decididamente.
O jogo desta tarde na Luz teve o seu quê de crueldade para os adeptos do Benfica. Perante um Boavista que tem História de primeira, mas não tem futebol nem jogadores para isso, o Benfica foi mau de mais; sem velocidade, apático, sem movimento, e sem dinâmica nem rotinas. Nem o resultado - vitória por 2-0 - nem as três vezes que a bola bateu nos ferros, iludem esta realidade que vai dando cabo docolinho.
Hoje não destoou muito daquilo que têm sido a maioria dos jogos nesta época. Só foi mais evidente porque o adversário era muito fraco, fraco de mais para o que deveria ser exigível no primeiro escalão do futebol nacional. Se o adversário se fecha lá atrás - se se apresenta com o bloco baixo, como dizem os entendidos - o Benfica não entra. Se, pelo contrário, o adversário ocupa o campo todo e pressiona na frente, o Benfica não sai. Cruel é que isto tenha ficado evidente perante esteBoavistazinho... Cruel é que o Boavista tenha criado dificuldades quando jogou fechado lá atrás na primeira parte, e tivesse sido incómodo quando subiu no terreno, na segunda.
Podem sempre compreender-se as dificuldades de entrar numa defesa muito reforçada e muito fechada. Mais difícil é compreender as dificuldades em sair da pressão. Mas, que uma equipa como o Benfica, que fazia das transições rápidas a sua principal estratégia de jogo, não consiga, depois de ultrapassada a primeira linha de pressão e já com campo aberto pela frente, ligar com sucesso uma única jogada para aproveitar o adiantamento do adversário, é que já não se consegue compreender.
Ou talvez se consiga: uma equipa que falha passes atrás de passes - chega a falhar passes a 5 metros - sem movimentos trabalhados, que não tem dinâmicas de desmarcação, não consegue sair em transição se não em jogadas individuais. Com os jogadores marcados pelos passes errados, sem ninguém a abrir linhas de passe sem risco, só lhes resta correrem com a bola cinquenta ou sessenta metros, permitindo a recuperação dos adversários, que correm sem bola e sem outra preocupação (de posicionamento ou de marcação) que não sejacaçar a presa fácil que é o portador da bola.
Hoje o Benfica foi isto. E, repito, não foi muito diferente do que tem sido. Sem Jonas - que não tem nada a ver com o jogador que foi a época passada - resta apenas a Gaitan e Gonçalo Guedes o papel de presas mais difíceis. Mas na maior parte das vezes não deixam de ser também presas!
Valha que o Carcela voltou a jogar mais 10 minutos. E valha que isso tem sido tempo suficiente para marcar. E vão três...Sem festejos!
O Bloco já anunciou queestá fechado. Durante o dia de hoje, o mais tardar até amanhã, deverá - terá de - ficar também fechado o acordo com PC. Sem que ponham pés no governo, o que para uns, é bom; para outros, é mau.
É mau para quem tem dúvidas sobre a solidez dos acordos, para quem desconfia das boas intenções da esquerda a que as vozes do regime chamam de extrema: estar na margem não é a mesma coisa que estar no barco, como escreve hoje a Fernanda Câncio num texto tão imperdível quanto romântico. É bom, nem poderia ser de outra maneira, para quem acha que a esquerda tem peçonha.
Como Jorge Coelho, que acha que não pode haver misturas, e que isto só é bom se servir bóia para voltar a trazer o PS á tona, para depois voltar a apanhar a crista da onda. Há gente no PS que ainda não percebeu o que aconteceu!
Há gente que não consegue descortinar estes "tão prometedores dias" que vivemos... Não são amanhãs que cantam, são apenas dias de esperança. De esperança que isto não seja apenas o que tem que ser, por já não poder ser outra coisa. Por simplesmente tudo ter chegado ao ponto de não retorno. Por ninguém poder já recuar...
Que seja finalmente mudança, porque é preciso que alguma coisa mude... Para que nem tudo fique na mesma!
Está amaldiçoada, a participação do Benfica nesta Champions, marcada pelo pecado original da desastrosa derrota no arranque, com o Qarabag, há quase dois meses.
Esta noite era decisiva para a inversão dessa maldição. Todos os sentiam. Mourinho também, e pedira aos adeptos uma presença em força. Que jogassem também. Os adeptos nunca falham, e lá estivemos 58 mil, a acreditar. Enquanto foi possível. Mas nunca exactamente a jogar. Na verdade nunca saíram das bancadas grandes empurrões ...
O Benfica entrou em campo com o onze habitual, sendo que a variabilidade na ala esquerda é já habitual. A novidade foi Barreiro, à frente do meio campo, aquele que, para Mourinho, é o seu lugar. A pressionar, e a dar profundidade, no que Sudakov, hoje de novo deslocado para a ala esquerda, não tem respondido.
E entrou a jogar bem, dando continuidade à melhoria que tinha mostrado na segunda parte de Guimarães. Não sendo exuberante, não atingindo grande brilhantismo colectivo nem que, para além da de Rios (finalmente a confirmar-se), tenha havido grandes exibições individuais. Mas dominando claramente o jogo e criando muitas oportunidades para marcar.
O Bayer Leverkusen, confirmou ser uma equipa que troca bem a bola (sob a batuta do nosso Grimaldo, o capitão, mas também o patrão) e rápida e assertiva a desdobrar-se para o ataque, sem confirmar as fragilidades defensivas que lhe eram apontadas. E deixou claro desde o primeiro minuto que vinha à procura do empate. Era tudo o queria levar do jogo.
A primeira parte acabou por ser um confronto entre uma equipa virada para a frente, a querer ganhar, e com dinâmica de vitória - o Benfica -, e outra a virada para si própria, a segurar a bola, e a adormecer o jogo - o Bayer. Só o Benfica procurou o golo, que poderia ter encontrado por quatro ou cinco vezes. Rematou 11 vezes, quatro delas na baliza, e duas na barra. A equipa alemã apenas por uma vez conseguiu chegar à área de Trubin, num lance criado e finalizado pelo velocíssimo Poku, com um remate ao lado da baliza.
Não fosse esta uma Champions amaldiçoada e Benfica teria saído para o intervalo a ganhar por números que garantiriam desde logo uma vitória irreversível.
A segunda parte arrancou no mesmo ritmo, mas mais amaldiçoada ainda. Nos primeiros dez minutos Pavlidis falhou três golos cantados. Na primeira vez, logo aos 2 minutos, não foi só maldição. A tentação para fintar o guarda-redes, e entrar com a bola pela baliza dentro, em vez de a rematar de imediato para a baliza, não é maldição. É pecado capital!
A maldição ficaria completa em poucos minutos. Esgotavam-se os primeiros 10 minutos da segunda parte quando, finalmente, desta vez depois de virar o Barreiro, o árbitro italiano se dignou a puxar do amarelo para Tapsoba, antigo jogador vimaranense. Que, no minuto seguinte, voltou a abalroar o cabo-verdiano do Benfica, desta com o cotovelo e dentro da área (na imagem). Penálti, e expulsão - não poderia ser de outra maneira. Mas pôde - árbitro e VAR fizeram que não viram nada. Logo a seguir, num raro contra-ataque, Patrick Schick, que acabara de entrar, recebeu a bola à entrada da área, sobre a esquerda, e chutou, para o primeiro remate à baliza da equipa alemã, obrigando Trubin a uma grande defesa. A bola sobrou para a frente de Dahl que, pressionado pelo lateral direito contrário, Arthur, não teve discernimento para mais que, de cabeça, devolver a bola ao avançado do Bayer, numa assistência primorosa para o golo do checo.
Faltava meia hora para o fim do jogo. Mas maldição é assim. E porque o Benfica a sentiu, mas também porque o árbitro italiano permitiu que a equipa alemã impedisse que continuasse a haver jogo, foi como se tivesse acabado ali, ao 65 minutos.
No fim, fica mais uma derrota. A mais injusta de todas. E o fim das aspirações europeias para esta época.