O Orçamento da lata
Por Eduardo Louro
O primeiro-ministro garante que o Orçamento do Estado para 2011 "protege o País da crise internacional, protege a economia, protege o emprego e protege o modelo social em que queremos viver". Primeiro li no Diário Económico, mais tarde ouvi na Antena 1, e não queria acreditar!
Quando qualquer pessoa com um mínimo de vergonha e de respeito, por si próprio e pelos outros, no lugar dele estaria escondido em casa, donde não sairia por vergonha, Sócrates tem o despudor de proferir declarações deste teor: protege o país, protege o emprego e protege o modelo social!
Ter lata para isto já não é lata, é completo non-sense. Já não é não ter vergonha, é loucura. Já não é faltar ao respeito aos portugueses, é a irresponsabilidade de um inimputável.
Um orçamento que, independentemente de neste momento – face à ao estado a que este primeiro-ministro, mais que qualquer outro, no fez chegar – ter que ser pouco menos que inquestionável, lança a economia portuguesa numa prolongada recessão (a premissa de 0,2% de crescimento é a mais insustentável das variáveis macroeconómicas). Um orçamento que parte de premissa explícita de aumento do desemprego para uma taxa de 10,9%, que todos percebermos que será ultrapassada. Um orçamento cujo corte na despesa incide apenas em salários e prestações sociais. Um orçamento que penaliza, quer com agravamento fiscal quer com redução de apoios sociais, as famílias logo a partir dos mais baixos rendimentos. Um orçamento, cuja entrega no parlamento constituiu mais uma rábula de descrédito, e que só será viabilizado a partir de uma das mais miseráveis campanhas de pressão e, porque não chamar os bois pelos nomes, de chantagem.
Pois é este orçamento que vai proteger o país, o emprego e o modelo social…
Andam loucos à solta. E perigosos…