APROFUNDAMENTO POLÍTICO DA EUROPA
Por Eduardo Louro
Confesso que no apogeu das minhas euroconvicções, quando o meu euroentusiasmo batia recordes e via amanhãs que cantam espalhados pela União Europeia, era federalista. Achava que o projecto europeu desembocaria inevitavelmente aí, e que lá se deveria chegar o mais rapidamente possível.
À medida que a crise se foi instalando na Europa percebi que não havia projecto europeu, que isso não passara da maior mentira da História europeia dos últimos vinte ou trinta anos. A partir de 2009 senti-me abandonado pelo meu euroentusiasmo, e a ideia federalista levou o sumiço do fumo. Sei bem que foi a partir dessa altura que ela mais medrou na sociedade portuguesa. Quando se começou a perceber que as coisas por cá iam correr mal, enquanto lá mais para o centro e o norte da Europa nem tanto, antes pelo contrário, as pessoas começaram a pensar que, perder soberania para manter qualidade de vida, valia a pena. Começaram a pensar que a união política era a fórmula mágica que nos alimentaria a ilusão de sermos ricos!
Enquanto, nas minhas euroconvicções, eu entendia o federalismo como o processo natural do projecto europeu, a maioria entende-o como a sua salvação sebastianista. Não é a mesma coisa!
Ao vermos a abusiva e inqualificável interferência alemã nas eleições do passado domingo na Grécia percebemos que não é a mesma coisa. E quando ouvimos Angela Merkel falar de aprofundamento da união política - por mera coincidência em véspera dos resgates das terceira e quarta economias da união monetária - começamos a perceber o que isso poderá ser!