PROBLEMAS DE QUALIFICAÇÃO
Por Eduardo Louro
O país tinha sérios problemas de qualificação. Era o que há muito se dizia!
Agora parece que tem mas é problemas de sobre-qualificação. E não é pelo simples facto – de que aqui já se falou – de andar por aí muita gente a omitir qualificações superiores para encontrar um emprego. Muito menos pelas Novas Oportunidades. E nem voltar a pensar em Miguel Relvas…
Não. O país dá-se mesmo mal com a preparação das pessoas. A geração mais bem preparada de sempre tem que emigrar, aceitar empregos precários pagos pelo salário mínimo ou esperar por uma inscrição no desemprego. A delegação portuguesa aos Jogos Olímpicos, como se sabe desfalcada dos atletas ainda em competição que conheceram o sucesso olímpico – Nelson Évora, Naíde Gomes, Obikwelu... -, foi apresentada pelo Presidente do Comité Olímpico Português (COP), o eterno Vicente Moura – 18 anos no cargo, os últimos quinze consecutivos -, como a mais bem preparada de sempre. E os resultados estão à vista!
Quando as delegações eram menos qualificadas acabava sempre por surgir uma ou outra medalha. Aqui ou ali uma de ouro, a que se juntava sempre mais uma ou duas, de prata ou de bronze. Especialmente no atletismo, mas também na vela, no judo, no tiro…
Mesmo fora das medalhas obtinham-se bons resultados, e normalmente muitos recordes nacionais. Ora, com a delegação mais bem preparada de sempre, nada disso. Vem toda a gente para casa à primeira, e com resultados muitas vezes bem abaixo das respectivas marcas de referência. Acesso às finais só nas provas cuja entrada é directa, sem qualquer disputa de apuramento!
Ainda se esperou pelo Atletismo. Bastou o primeiro dia para ver que também daí não viria nada de novo. Uma presença na final dos 10 mil metros femininos, porque é prova de entrada directa na final: Jessica Augusto, que se ficou-se pelo décimo quarto lugar!
Não sobram dúvidas, o país tem que rever o tema da qualificação. E o presidente do COP, que se demitira em Pequim para logo voltar atrás, devia ir agora descansar, e aproveitar o tempo para rever também a matéria.