Futebolês #49 GOLEADA
Por Eduardo Louro
O futebolês atinge hoje a quinquagésima edição!
A primeira edição, a edição 00, foi publicada no dia 7 de Novembro do ano passado. No Vila Forte (que saudades!), faz agora um ano. Comemora também o primeiro aniversário!
Confesso que não esperava que aquela ideia inicial de dar expressão à língua, ainda rudimentar, de Alves dos Santos e Gabriel Alves ou, já mais erudita e actual, de Luís de Freitas Lobo, durasse tanto. Não imaginava, no arranque, que houvesse matéria para tanto. Que fossem assim tantas as expressões do futebolês!
Não sei se haverá expressões, muito menos da minha parte, engenho e, da vossa, paciência, para manter esta rubrica por outro tanto tempo. Vamos a ver!
Este é pois um número festivo: duplamente festivo! O futebol é (tem de ser) festa, e os golos a festa do futebol. E a goleada a festa dos golos !
Creio que consegui, para todas as expressões do futebolês que aqui trouxe ao longo deste ano, encontrar a forma precisa e mais ou menos clara e objectiva de as traduzir. Foi sempre possível encontrar uma definição própria, afinal aquilo que era o objectivo – um dicionário de futebolês/português!
Pois desta feita temos um problema!
A goleada é mais que a festa dos golos. É um festival de golos! Muitos, portanto!
Mas quantos? Aí é que está o problema…
É que parece que à medida que o golo começou a transformar-se num bem escasso o critério foi baixando. Se tempo houve em que a goleada começava aos cinco, abaixo disso nem pensar, agora já vai para aí nos três. André Vilas Boas, por exemplo, ainda tentou fazer alguma doutrina sobre a matéria: depois dos 4-0 da Académica na Luz na última época, declarou-se satisfeito por ter escapado à goleada. Fora de causa, portanto, fixarmos o patamar de arranque da goleada!
Mas há ainda outro problema: a goleada depende só dos golos marcados? Então e os sofridos?
Ganhar por 5-0 é goleada! E por 5-4? São duas goleadas? Ambas as equipas golearam? A equipa que goleou também foi goleada?
É complicado! Talvez por isso, porque o futebolês existe para simplificar e não para complicar, criou-se outra expressão: a cabazada!
A cabazada é clara: um cabaz cheio de golos marcados. E o outro vazio!
O Benfica podia ter dado uma cabazada ao Lyon na última terça-feira mas acabou por apenas golear. E ser quase goleado nos último quarto de hora, naquilo que foi mais uma oportunidade perdida por Jorge Jesus.
Que nesta época vai perdendo oportunidades, umas atrás das outras. Começou, como sempre aqui se fez eco, por perder a oportunidade da supertaça, a tal que permitiu ao FC Porto recuperar a máquina de ganhar, que estava a ficar perra. Perderia, um mês depois em Gelsenkirchen, num jogo de evidente superioridade perante o Schalke 04 que se permitiu perder, a oportunidade de afirmação na Champions. E acabou de perder a oportunidade de se redimir dessa falha através de uma goleada que, para além resgatar prestígio internacional, dava vantagem no confronto directo com um dos principais adversários nas contas do apuramento. E que, the last, not the least, transportava para o decisivo confronto deste domingo com o FC Porto, um élan de valor inestimável. Uma confiança que marcaria a entrada em campo das duas equipas, mais ainda depois da exibição (pobre e nervosa) e do resultado (um empate, com os turcos a enviarem duas bolas aos ferros) do Porto na noite de ontem.
O Jorge Jesus do ano passado teria estado a empurrar a equipa para o quinto e para o sexto golos. Depois do 4-0 exigiria aos jogadores ainda mais concentração, mais entrega e mais velocidade. Não teria feito as substituições que fez, trocando as principais figuras da equipa – à excepção do inesgotável Fábio Coentrão – por outras que, podendo até ser boas segundas linhas, estão hoje transformados em jogadores sem confiança e sem motivação para cumprir os mínimos de um rendimento aceitável. Não teria permitido a ressureição de fantasmas...
No próximo domingo, dia do primeiro aniversário do futebolês, e quando passam precisamente 3 meses sobre o tal jogo da supertaça, disputa-se o clássico que pode começar a desenhar o campeão desta época. Apesar de tudo apenas um jogo de futebol, que tem de ser sempre uma festa. Que as pedras sejam substituídas por flores, como por aí ouvi dizer!