TEMA DA SEMANA #6 - CANDIDATURA DE LUÍS FILIPE MENEZES À CMP
Por Eduardo Louro
Numa semana com lotação esgotada acabo por escolher para tema da semana aquilo que, pretendendo sê-lo, acabou quase por passar despercebido: o anúncio da candidatura de Luís Filipe Menezes à Câmara Municipal do Porto.
E não é porque Menezes tenha tentado, com tão extemporâneo quanto despropositado anúncio, lançar um tema que abafasse toda a farta asneirada do governo. Quis deixar passar essa ideia mas, na realidade, ele não quis mais nada que não fosse aproveitar a fragilidade do líder para fazer passar a sua velha e mais que batida aspiração.
Não sei se ele sabe que a gente sabe que nunca consegue ser levado a sério. Não sei se sabe que não tem estatuto – por muito que lho dêem no nosso provinciano espaço mediático ou mesmo que seja conselheiro de Estado, estatuto que Dias Loureiro se encarregou de deixar pelas ruas da amargura - para marcar a agenda política nacional. Não sei se ele sabe que a gente sabe que tem sérios problemas de coluna. Porventura não atribui importância nenhuma a ter sido o primeiro a apoiar a medida da TSU logo que anunciada por Passos Coelho para, logo que viu que os ventos não sopravam naquela direcção, ser o primeiro da área da maioria a dizer que o governo teria de recuar na medida. Sem deixar passar a oportunidade para dar mais um sinal das confusões que traz na cabeça, ao complementar que o governo deve procurar no IRS ou noutros impostos “os 2,8 mil milhões de euros indispensáveis para a consolidação orçamental” (sic), revelando-se como o único português que não percebeu que a célebre medida de Passos e Gaspar não tem especial impacto no défice: em rigor, dos 2,8 mil milhões de euros, apenas 500 milhões têm impacto orçamental.
O assunto não foi sequer notícia. Não teve qualquer repercussão, para além do entusiasmo de um ou outro aparelhista do PSD Porto e de um ou outro portista (disse portista, não disse portuense), para quem o único problema da cidade e da região é o FCP não festejar os seus títulos nas varandas do Município.
Se assim é, então porque é este o tema da semana?
Pela simples razão que estávamos todos à espera da tal clarificação – embora também não esperássemos clarificação nenhuma, apenas mais uma forma descarada de violação da lei em proveito das nomenklaturas partidárias - da lei da limitação dos mandatos. A lei impede a candidatura de titulares do cargo depois de três mandatos. Menezes está-se nas tintas e impõe unilateralmente a interpretação que acrescenta à lei três palavrinhas apenas: no mesmo município!
PS e PSD, caladinhos, agradecem…