É SÓ FUMAÇA...
Por Eduardo Louro
Oito horas depois soube-se o que já se soubera três ou quatro horas antes: que não há crise e o povo é sereno! E - já que recorri ao saudoso Pinheiro de Azevedo, nada como continuar a evoca-lo – que é só fumaça…
Uma fumaça bem tóxica, que deixa isto com um ar cada vez mais irrespirável…
O poder mediático decidiu que o problema era a taxa social única (TSU). Recuasse-se, ou fizesse-se lá o que se fizesse com o disparate da TSU, e tudo ficaria resolvido. Induzidos por esse movimento, ficamos a conhecer as posições de cada um dos conselheiros sobre a matéria, que não divergia da posição do país.
Havia ainda a questão da crise política, bem à vista de todos e iniludível. Que os partidos da coligação acabaram por resolver com … a apresentação de listas conjuntas às autárquicas. Ultrapassada portanto. Como o Presidente anunciara três ou quatro horas antes do início do Conselho de Estado, desvalorizando-o e esvaziando-o.
Sem crise política para resolver, o Conselho de Estado atirou-se à TSU, como se sabia. O governo, por sua vez, apenas não anunciara já o recuo nesta medida para imputar a decisão ao Conselho de Estado, numa lógica de antes uma derrota que um recuo. Só fumaça, evidentemente!
Que agora permite ao governo regressar à concertação social para negociar os aumentos no IRS pela via de reformulação dos escalões e criar uma sobretaxa sobre metade do subsídio de Natal, com o poder mediático, em coro, a dizer que é a alternativa à medida da TSU. Como esta já o tinha sido relativamente à decisão do Tribunal Constitucional, quando está mais que explicado que nada têm a ver umas com as outras. Mas mantém a fumaça viva …