FUTEBOLÊS#135 MOVIMENTOS DE ROTURA
Por Eduardo Louro
O jogo, o jogo de futebol como a vida, precisa em muitas circunstâncias de romper com o status quo, de pedradas no charco, de agitar as águas… São como revoluções que alteram equilíbrios e introduzem novas dinâmicas que abrem novos caminhos!
É aí que o futebolês vai buscar os movimentos de rotura: exactamente movimentos que rompem os equilíbrios estabelecidos, que geram perturbações na equipa adversária, que agitam o jogo. São movimentos surpreendentes, que espalham a surpresa e o pânico na defesa adversária.
É a desmarcação perfeita a responder a uma solicitação de um passe inesperado. Aí está: surpreendente! Longo, a virar subitamente o flanco, ou curto, mas preciso a rasgar a defesa. A desequilibrar, a romper…
É o que o Sporting não consegue fazer no jogo, no campo. Como não consegue movimentos de rotura no jogo jogado - como se diz em futebolês – tenta-os do lado de fora do jogo para romper com um fado que tem já a marca do destino. E para isso vai sucessivamente ensaiando movimentos de rotura com treinadores e dirigentes, imolando-os no fogo em que se vai também consumindo, mas também com a sua identidade e a sua história.
O Sporting não rompe só com treinadores, directores e administradores, rompe com a história e com a própria alma. Rompe com uma história de aposta na formação, e com o orgulho na sua Academia quando, no primeiro jogo de seu novo treinador – único treinador estrangeiro no futebol nacional, também uma rotura - apresenta um onze com um jogador da formação, com um português: o guarda-redes Rui Patrício. Que mantém apenas porque, ao contrário do objectivo óbvio da sua administração, não conseguiu vendê-lo no Verão passado!
Quando os movimentos de rotura são estes, e não os que no relvado surpreendem e desequilibram adversários, os treinadores passam e os maus resultados ficam. São já sete jogos consecutivos sem ganhar, estão batidos todos os recordes… O Sporting, à beira de se concluir o primeiro terço do campeonato, está ao nível da linha de água… E a treze pontos daqueles com que diz querer ombrear!
Há muito que há fortes movimentos de rotura em Alvalade...