UMA QUESTÃO DA AUTORIDADE
Por Eduardo Louro
Miguel Relvas esperou que o mau tempo passasse. Hibernou durante uns meses e, assim, calado e imóvel, se foi mantendo no governo.
Veio recuperando o pio aos poucos e, por esta altura, já não sente qualquer inibição. E é então esta figura que tem a relação que tem com os media que vem agora, do alto da sua imensa sabedoria e não menor integridade, dizer que “uma comunicação social enfraquecida constitui uma séria ameaça à cidadania”. Logo ele que, ainda ontem nos Açores, mandou agredir e prender um jornalista. Mas não se limitou a isso: para não enfraquecer a comunicação social, pô-la a divulgar a notícia como o Público ou Expresso fizeram!
Nuno Ferreira é um jornalista, tem um blogue - Portugal a pé – encontrava-se nos Açores e estava instalado no mesmo hotel que Relvas e os seus homens. Conta-se que, encontrando-o, lhe perguntou se não tinha vergonha de andar por aí, pergunta de que a segurança de Relvas não terá gostado. Quando mais tarde se preparava para aceder no seu quarto encontrou a mesma segurança a barrar-lhe o caminho: é preso e algemado, dão-lhe umas bofetadas pelo caminho, e manda-se para os jornais a notícia – que enfraquecidos publicam acriticamente – que um homem ofendeu o senhor ministro e tentou agredir um polícia da sua segurança!
Se ainda alguém tinha dúvidas sobre a autoridade desta figura para falar de enfraquecimento da comunicação social, acabam-se com este episódio. Autoridade não lhe falta!