FUTEBOLÊS#137 PRESSING
Por Eduardo Louro
O futebolês volta a um anglicismo. Pressing não é apenas um anglicismo, é também uma importação do basquetebol.
Foi na modalidade da bola ao cesto que o pressing nasceu, tornando-se, mais tarde, num conceito básico estratégico do futebol. Pressing é o adjectivo que não tem a ver com o substantivo press (imprensa), mas com o verbo to press (premir; pressionar) O pressing traduz-se, assim e em sentido literal, em pressão.
Pressão é coisa que não falta no futebol, como se sabe. Pressão sobre os dirigentes, pressão sobre os treinadores, pressão sobre os jogadores, sobre os árbitros… E apenas para falar de agentes com intervenção directa no fenómeno!
Mas é outra a pressão a que o pressing se refere. É à pressão sobre a bola. Ou, já que a bola em si mesma é imune a pressões - segue o seu destino sem se incomodar com o que quer que seja, e sem dar confiança a ninguém, muito senhora do seu nariz - pressão sobre o jogador que a dirige ou que a transporta.
A pressão – alta ou baixa – é sempre pressão sobre o jogador que toca na bola, no sentido de o impedir de pensar ou executar, pressionando-o directamente ou tapando-lhe as linhas de passe, e tem como objectivo prioritário fazer com que a perca. Depois, bom …depois, outros valores se levantam. Há quem faça disso um fim em sim mesmo e quem faça disso o princípio de tudo. Há quem apenas se interesse em fazer perder a bola ao adversário para o impedir de construir o que quer que seja. Diria que são uns invejosos: como não sabem jogar à bola não deixam jogar os que sabem. É feio!
É feio ser invejoso, mas também é feio o jogo assim…
Mas há quem tenha boas intenções, ideias nobres. Há quem faça isso para retirar a bola a quem não sabe o que fazer com ela e, uma vez com ela na sua posse, desate a tratá-la como ela merece e só eles sabem. E se a perdem logo voltam ao pressing para a recuperar, e assim sucessivamente, durante os 90 minutos de cada jogo. São as equipas que fazem da posse de bola uma filosofia de jogo e da qualidade do trato uma cultura. São os gentlemen da bola, que ela reconhece como ninguém!
Como uma mesma atitude revela uma diferença de comportamento abissal. Uns, invejosos, querem roubar a bola, não para jogar, mas apenas para que os outros o não possam fazer: se a gente não joga, vocês também não! Outros, roubam-na para lhe dar – a ela, bola, e a nós amantes do jogo – o melhor!
Estamos a falar do Barcelona ou da selecção espanhola?
Não, exclusivamente. Embora estejam aí os melhores exemplos do que se fala, todas as grandes equipas recorrem ao pressing para recuperar a bola porque sabem que só com ela, só tendo-a, podem expressar a superioridade dos seus argumentos.