A SAGA DE ULRICH
Por Eduardo Louro
A autêntica saga que Fernando Ulrich inaugurou com o célebre “ai aguenta… aguenta” não tem fim à vista. Promete eternizar-se. Ou, pelo menos, bater a regressada saga dos Ewning, que parecia nunca mais acabar!
Mas não devia. O líder do BPI tem a obrigação de pôr fim à novela muito rapidamente, e não pode continuar a alimentá-la como tem feito. Por uma razão simples: porque tudo começou num erro grosseiro de comunicação!
O “ai aguenta… aguenta” inaugural foi um erro grave de comunicação que só tinha que ser corrigido de imediato, com o saber e a humildade que devem ser próprios dos verdadeiros lideres. E mesmo das elites!
Teria sido fácil fazê-lo, e dispõe de meios para isso e para muito mais: agências de comunicação, gestores de imagem, sei lá… Mas não o fez, e nem sequer se pode dizer que a emenda lhe tenha saído pior que o soneto. Não houve sequer uma verdadeira tentativa de emenda, houve apenas uma tentativa de fuga para a frente. E as fugas para a frente normalmente correm mal!
Hoje, no Parlamento, onde foi ouvido em sede de comissão de orçamento e finanças, que está a ouvir os presidentes dos bancos ajudados pelo Estado, o que foi notícia foi precisamente a sua novela, acabando por lhe acrescentar mais um episódio. Ao ponto de o deputado comunista Honório Novo lhe ter recomendado que se demitisse – há gente que resolve tudo com demissões – obrigando-o a responder que o seu lugar está sempre disponível e nas mãos dos accionistas.
Bem o sabemos, mas … não havia necessidade…
E é verdade que, por incompetência na comunicação, e por uma certa arrogância intelectual que não o deixou voltar a trás, está a prejudicar o banco que dirige. E os accionistas, por muito bem que achem que ele o dirige, podem até não achar muita graça a este particular!