O QUE SABEMOS...
Por Eduardo Louro
O Ecofin acabou de aprovar mais tempo. Quanto mais tempo e em que condições mais tempo, são coisas que não sabemos.
Mas há coisas que sabemos. Sabemos – disse-nos o inimputável Vítor Gaspar – que não será nada parecido com os quinze anos reclamados … pela Irlanda. Sabemos que Vítor Gaspar e Passos Coelho, que sempre recusaram esse cenário, como se sabe, pediram-no a medo, com vergonha e muito baixinho, a ver se por cá se não ouvia. E sabemos que quando assim é, quando o pedido tímido e envergonhado surge em lugar da convicção, da determinação e da objectividade, o resultado é frouxo. Tão ou mais frouxo que o pedido!
Sabemos que a Europa sempre fugiu das decisões frontais de combate à crise, que sempre preferiu as meias tintas e os pequenos passos à solução efectiva. Que em vez de ir directamente ao assunto, gosta de andar à volta dele. Que só em última instância, e sempre tarde, lá chega. Quando chega…
Sabemos que Vítor Gaspar diz que o mais importante é a Europa reafirmar a confiança no processo de ajustamento português. Que, para ele, não há nada mais importante que a manifestação da convicção da Europa no êxito do programa para Portugal. E sabemos o que isso significa. O que é que isso quer dizer, em que é que isso se traduz…
Sabemos bem que assim, dando agora mais tempo – nas maturidades dos empréstimos e no deferimento das metas do défice – mas deixando tudo o resto na mesma, não sobra qualquer impacto para a economia. Sem estímulos à economia e ao emprego, simplesmente mais tempo, é simplesmente mais tempo em crise. É simplesmente prolongar a crise…à espera que, daqui a uns anos, dos escombros de uma sociedade completamente destruída nasce uma coisa qualquer. O quê?
Não sei. Alguém saberá?