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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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UMA QUESTÃO DE CATEGORIA

Por Eduardo Louro

 

No jornalismo desportivo de antigamente, no tempo daquelas verdadeiras referências como Carlos Pinhão, Vítor Santos, Carlos Miranda, Homero Serpa e Alfredo Farinha, categoria era uma expressão recorrente. Era a categoria que melhor adjectivava as equipas de futebol e praticamente tudo se resumia a isso: ter ou não ter categoria.

Lembrei-me disto logo por volta do primeiro quarto de hora do jogo que a selecção nacional fez hoje em Israel.

A equipa nacional, que vinha de quatro jogos sem ganhar e portanto com algumas razões para desconfiar de si própria, marcou logo no primeiro minuto. Diz-se – e assim é – que o golo é o melhor tónico, a melhor injecção de confiança que pode haver. Com um golo caído do céu tão cedo, estavam criadas as condições para a equipa estabilizar e, a partir da superior valia dos seus jogadores, impor a sua superioridade colectiva. Uma superioridade que, olhando para os critérios da FIFA, se traduz nas sessenta posições que nesse ranking separam as duas selecções.

Nada disso. Apanhando-se a ganhar no primeiro minuto, veio ao de cima a mentalidade bem portuguesa: isto está ganho, afinal é fácil. Ninguém acredita que a equipa não tenha podido fazer ou que a equipa não possa fazer mais. Ninguém acredita que aqueles jogadores não saibam nem possam fazer mais e melhor - até porque é isso que fazem por esse mundo fora, para justificar os milhões que seus clubes lhe pagam - mesmo que um ou outro não mereça de forma nenhuma estar ali.

Rapidamente a equipa entregou o jogo aos israelitas, abdicando de colocar intensidade no jogo e evidenciando graves falhas de concentração, coisas que antigamente se resumiam numa palavra: categoria. E os israelitas aproveitaram para concretizar aquilo que toda a gente adivinhava: golos. Dois, chegando naturalmente ao intervalo a ganhar.

Na segunda parte nada foi substancialmente diferente. É certo que os jogadores correram um pouco mais, mas nada que alterasse radicalmente o cariz do jogo. Os erros sucederam-se, até que, num deles, surgiu o terceiro golo israelita. O Bruno Alves – percebe-se porque é que não joga no seu clube, não se percebe é porque joga na selecção nacional – deixou a bola sair para canto, depois de correr com ela nos pés dezenas de metros em direcção à própria baliza. Inacreditável. E no canto – também o Rui patrício andou aos papéis - voltou a falhar a marcação!

Parecia que tudo estava perdido mas a equipa ainda conseguiu chegar ao empate, com o terceiro golo a voltar a cair do céu, já no último dos quatro minutos de descontos. Empate que continua a deixar em aberto o segundo lugar no grupo de apuramento, embora esta selecção faça parecer cada vez mais remota a hipótese de continuar a garantir apuramentos através do habitual play-off.

Não é fácil encontrar uma exibição positiva na selecção nacional. Nem mesmo Cristiano Ronaldo. E é difícil encontrar a mais negativa, tão más foram as exibições de tantos jogadores portugueses, mas as actuações de Bruno Alves, Veloso, Varela e Meireles são absolutamente inaceitáveis.

Quando assim é, quando praticamente todos os jogadores falham, é difícil e ao mesmo tempo fácil atribuir responsabilidades ao seleccionador. É difícil porque não se pode centrar a crítica nas suas opções, embora haja razões para isso, a mais forte das quais será a de convocatórias à revelia da forma dos jogadores, prevalecendo a mentalidade scolariana de um grupo fechado, blindado mesmo. Mas é fácil porque, quando a desinspiração é total, quando o falhanço é colectivo, não há para onde olhar que não para o treinador!

Há aqui claramente a velha questão da categoria. E a verdade é que a selecção não está a provar ter categoria para estar no Brasil, o que é terrivelmente injusto para a ímpar categoria do Cristiano Ronaldo.

Esperemos que esse espectro possa libertar nele o grito de revolta que é urgente ouvir-se na selecção. Precisa-se de um enorme murro na mesa e, francamente, não vejo quem, além dele, o possa dar. Por isso, tão importante quanto a sua falta na equipa – por força do amarelo de hoje – no jogo do Azerbaijão é a sua presença na comitiva nessa deslocação!

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