Correu bem?
Por Eduardo Louro
Ainda sob o efeito Mourinho fomos ao mercado. E correu bem, dizem…
Bom, dizem alguns. Se calhar não correu assim tão bem!
É o tal copo meio cheio ou meio vazio, pensaria alguém que acabasse de aqui cair, vindo de um qualquer planeta longínquo.
Não. Não é nada disso. Até porque o copo está vazio, completamente vazio!
Vamos por partes. Correu bem, tão bem que trouxe de volta um Sócrates pateticamente exuberante. Que vê o que mais ninguém consegue sequer imaginar: “… um sucesso sob todos os parâmetros – procura e preço”! E “os mercados a recompensar o nosso país”!
Basta isto para que tenha corrido mal. Bastou isto para nos reavivar a memória de um primeiro-ministro descomprometido com o sentido de responsabilidade, habilidoso e de costas voltadas para a realidade. Bastou isto para que, se dúvidas houvessem, ficássemos com a certeza que não é possível sairmos deste buraco com este governo!
Ninguém acha que haveria condições para que a operação de hoje pudesse ser outra. Que fosse legítimo esperar melhores taxas de juro, ou mais procura – apesar de ser um “parâmetro” que vale o que vale. Pouco! Ninguém tem dúvidas que, nas actuais circunstâncias e apesar de tudo, há na operação de hoje mais motivos de regozijo que de consternação. E que Sócrates não pode nem deve fazer outra coisa que não seja puxar a moral para cima!
Mas … francamente! Assim não! Assim vira as coisas ao contrário… não é credível. E perde a confiança: a nossa e a dos mercados!