Dois anos... é muito tempo!
Por Eduardo Louro
No dia em que passam dois anos sobre as eleições que levaram Passos Coelho ao poder, a própria efeméride já era dada a avaliações, a olhar para o que ficou para trás, a olhar para resultados. Maus, como se sabe.
Já não bastava que hoje nos lembrássemos das expectativas criadas com as eleições de 5 de Junho de 2011. E falhadas, todas, umas atrás das outras. Do apoio que este governo chegou a ter, e que foi desbaratando. Dos aliados que foi perdendo, uns atrás dos outros… Está hoje, ao fim de dois anos, isolado, com um único aliado, não menos isolado também ele!
Já não bastava que nos lembrássemos das promessas falhadas – invertidas mesmo - de Passos Coelho. Das reformas sempre adiadas que viriam agarradas à intervenção externa e que ficaram na gaveta. Que, sempre que mexiam com interesses instalados e protegidos, continuaram adiadas. Poderá hoje desconfiar-se se a própria reforma laboral resulta de uma concepção reformista, se de mera muleta ideológica de sustentação da política austeritária e de empobrecimento do país. E no entanto ainda ontem ouvi em Leiria Álvaro Santos Pereira dizer, com o ar mais convencido deste mundo, que este governo implementou nos últimos dois anos o programa de reforma mais ambicioso na Europa desde a era Thatcher.
Como se tudo isso não bastasse, o INE divulga hoje os números do primeiro trimestre. E diz que, num ano, o PIB caiu 4%. Quer dizer, em termos homólogos, comparando o primeiro trimestre deste ano com o do ano passado, esta foi a maior queda no PIB dos últimos quatro anos.
Se não haveria pior maneira de comemorar os dois anos da vitória eleitoral de Passos Coelho, também não havia forma mais irónica de o fazer!