Uma selecção portuguesa. Com certeza!
Por Eduardo Louro
A selecção nacional de futebol de sub 20 foi, inglória e prematuramente, afastada do campeonato do mundo que decorre na Turquia, nos oitavos de final, ao perder com a selecção do Gana por 3-2.
Esta é uma selecção cheia de talento, a quem era legítimo exigir muito melhor. A anterior, que há dois anos na Colômbia, atingiu a final (que perdeu para o Brasil, no prolongamento) não possuía os valores individuais da actual. Era uma selecção pouco portuguesa - o seu sucesso assentou numa extraordinária capacidade competitiva, em resultado de enorme concentração e de grande força mental, atributos que, como é sabido, não são comuns em Portugal – precisamente ao contrário desta. Que falhou precisamente na concentração e na mentalidade, bem à portuguesa.
Tinha apurado vencendo o seu grupo, mas desde logo mostrando que todo o talento que exibia era facilmente traído pelas falhas de concentração defensiva. Assim foi nos dois primeiros jogos (vitória 3-2 sobre a Nigéria e empate 2-2 com a Coreia do Sul) e só assim não foi na goleada à fraca selecção cubana.
E assim foi hoje, na eliminação às mãos da selecção ganesa – a menos credenciada de quantas disputaram estes oitavos de final, já que não passou do terceiro e penúltimo lugar no seu grupo, apurando-se com uma única vitória, na qualidade de melhor terceira classificada - num jogo em que ainda antes de esgotado o primeiro minuto já havia desperdiçado dois golos feitos. Aos quinze segundos, na bola de saída, Bruma - a estrela deste mundial que tinha sido brilhante nos três jogos anteriores – partiu toda a defesa e entregou a bola a um colega (Aladje) que, a metro e meio de uma baliza deserta, conseguiu a inacreditável proeza de a rematar por cima da barra. Reposta e recuperada a bola, de novo os mesmos intérpretes, nas mesmas acções. Só que desta vez alguém desviou, para canto.
Não sei se a partir daí aquela rapaziada pensou que eram favas contadas. Sei é que nunca mais estes dois apareceram no jogo. E que a partir daí – quer dizer, durante todo o jogo – a equipa africana parecia europeia, e a portuguesa parecia africana.
Rigor nas marcações, velocidade sobre a bola, coragem na discussão de cada lance eram coisa só vista do lado da selecção africana. Ainda o primeiro quarto de hora se estava a despedir do jogo e já os ganeses ganhavam. E assim estiveram até à entrada do último, quando em três minutos a selecção nacional deu a volta ao resultado.
Com um quarto de hora para jogar e um resultado para segurar, a selecção que deixara sempre a ideia de ser muito melhor, voltou a falhar. E teve tempo de sofrer dois golos inacreditáveis.
Uma coisa é certa: esta selecção, com a capacidade de concentração e a mentalidade competitiva da anterior, seria pouco menos que imbatível. Mas enfim, já estamos habituados a não poder ter tudo!