Futebolês #62 JOGO AÉREO
Para o futebolês o jogo aéreo é mesmo o que se joga pelo ar. Não é que se jogue no ar, como poderia parecer!
Daí que equipas fortes no jogo aéreo não sejam as que jogam nas nuvens e muito menos as que andem nas nuvens. Por paradoxal que pareça uma equipa forte no jogo aéreo tem que ter os pés bem assentes no chão. Não pode andar nas nuvens…
O Sporting, por exemplo, queixa-se das suas debilidades no jogo aéreo. Não tem defesas altos e, por isso, sofre muitos golos de cabeça. Também não tem avançados altos e, por isso, marca poucos golos de cabeça: parece que marcou apenas um no campeonato, precisamente no último jogo, pelo seu novo goleador: um tal Zapater. Daí que o seu treinador – Paulo Sérgio – mais pareça um agricultor florestal e ande há meses a reclamar um pinheiro. O que ele tem chorado por um pinheiro!
E depois confunde tudo e acaba por achar mesmo que, andando nas nuvens, resolve o problema do jogo aéreo. Toda a gente sabe que o Levezinho, mesmo que não fosse um pinheiro – era mais uma árvore de Natal – jogava bem de cabeça. E, antes dessa obsessão pelo pinheiro, marcava muitos golos de cabeça. Pelo poder de impulsão, pela movimentação na escolha da melhor de posição, pela agilidade e, até, porque metia a cabeça onde, muitas vezes os outros nem os pés arriscavam a pôr. Além disso era um excelente mergulhador – um verdadeiro especialista a mergulhar para a piscina – coisa que também dá muito jeito para marcar golos de cabeça. Pois aquela gente, cuja cabeça não serve para marcar golos nem para outra coisa, decidiu pôr o Levezinho a andar e devolvê-lo á procedência, dizendo que afinal ele não era nada Levezinho. Que era bem pesadinho … de salário!
Vá lá, desta vez não venderam ao Porto… Parece que a lesão do Falcao é coisa também leve, nada que tivesse obrigado o Porto a acautelar-se. Não fosse isso e logo veríamos o que seria o jogo aéreo do Liedson de novo ao lado do Moutinho…
Mas o negócio é óptimo para os cofres de Alvalade! O que não admira, pois, como sabemos, aquilo é um clube de alta gestão e com incomparável experiência e conhecimento acumulado nas altas esferas da engenharia financeira. Por isso é que somam o valor que recebem pela venda dos direitos de utilização do jogador com o valor que deixam de lhe pagar em salários! Se fosse necessária mais alguma prova da alta competência do Sporting nestas artes da engenharia financeira, ela aí estaria. O ministro das finanças não faria melhor… E aprendeu mais uma para resolver definitivamente o problema do défice: bastar-lhe-ia arranjar uma forma de exterminar os funcionários públicos … Depois era só contabilizar os vencimentos que deixaria de pagar e aí teríamos o país com o maior super havit do mundo!
Os lamentos sportinguistas pelo seu fraco jogo aéreo talvez tenham muito a ver com a eficácia dos adversários nesta vertente do jogo. Ou do adversário: claro que o adversário do Sporting é só um – o Benfica, e mais nenhum! Que não tem os pinheiros do Paulo Sérgio mas tem as suas torres: à frente e atrás. Ainda agora saiu uma – e que torre – logo o David Luiz que, como aqui afirmara no último número, saiu e saiu mesmo para o Chelsea, ao contrário do que então se dizia – mas já lá estava outra para repor o nível. De altura, evidentemente, Porque o outro é mais difícil!
O Porto também está com sérios problemas no jogo aéreo. Mantém, sem surpresas, um alto nível de desempenho no jogo aéreo mas das pedras, em especial no jogo das pedras contra o autocarro do Benfica. São rotinas há muito instituídas e muito bem treinadas e ensaiadas nos vidros das casas do Benfica das redondezas.
No resto tiveram que bater a bola baixa e a tentar explorar o jogo rasteiro. Com tanta convicção que passaram o tempo a mandar-se para o chão. A ver se pegava…Também o treinador – o grande André Vilas Boas – que já andava em bicos de pés e de nariz no ar, foi obrigado a baixar a bola. Agora já o vemos de bolinha baixa, junto à relva! Mas garanto-vos que será por pouco tempo…