A comédia da bola
Por Eduardo Louro
Perdidos os primeiros pontos na primeira dificuldade de um calendário que mais pareceu escolhido a dedo do que por bolinhas da sorte, perdido o conforto da sucessão de vitórias que um calendário à medida prometia garantir, fosse lá como fosse, como se vira em Setúbal e em Felgueiras, Paulo Fonseca apressou-se vir a palco desempenhar o papel que lhe tinha sido distribuído.
Percebeu-se que ninguém contava que fosse tão cedo chamado àquele papel. O desempenho em palco acabou por deixar à vista que os ensaios estavam atrasados, que nem o texto estava ainda bem estudado. A interpretação ressentiu-se e a mensagem passou mal, com grande dificuldade.
Valeu-lhe a ajuda da comunicação social, que não se limitou a emitir uma boa crítica. Encarregou-se ela própria de fazer passar a mensagem. Direitinha, fluente, sem hesitações nem tempos mortos…
Mesmo que não esclarecesse a atabalhoada confusão com os três campos. O primeiro e o segundo tinham ficado claros: Alvalade, onde o Sporting se deixou superiorizar pelo Rio Ave, não teve oportunidade de marcar em fora de jogo e viu o árbitro negar-lhe um penalti. E Amoreira, onde o Porto continuou a jogar pouco, viu uma mão de Otamendi - que já não devia estar em campo desde o início do jogo, por ter derrubado um jogador do Estoril que seguia isolado para a baliza de Helton -, fora da área, transformada num penalti. Mas, e o terceiro?
Em Guimarães não era certamente, porque aí voltou a ser mais do mesmo: um penalti daqueles universais – e não é por ser do tamanho do mundo, é por sê-lo em qualquer parte do universo onde se jogue à bola -, outro daqueles que, se a favor da sua equipa ou contra a do autor das preces, são sempre marcados, e dois foras de jogo mal assinalados, com Enzo Peres na cara do guarda-redes da casa. Em Arouca também não: aí prosseguiu a série de penaltis que os árbitros vêm perdoando ao Braga. Que pé ante pé, penalti aqui penalti ali, já está no segundo lugar, a um único pontinho…
Pois é Paulo, a mensagem passou, mas não ficou bem na fotografia. Não saiu bem e não foi bonito de ver. E já que lhe exigem esse papel, o melhor mesmo é acelerar os ensaios…
Mesmo assim, com horas extras nos ensaios, veja lá se consegue arranjar um bocadinho para visitar na prisão um colega de profissão que, ao que diz, lhe ensinou alguma coisa.
É que já não há dúvida nenhuma, o Jesus vai preso. Só não ficou logo preso porque a polícia teve medo!
Talvez se encontre lá com o Caldeira. Com o Pinto da Costa é que não... aproveitaria logo para o contratar!
Uma comédia, estas coisas da bola cá do burgo!