Uma enorme fraude
Por Eduardo Louro
A ministra das finanças apresentou ontem uma coisa a fingir de proposta de orçamento para 2014. É tudo a fazer de conta, até ela fez de conta que apresentou!
Não vale a pena perguntar pelo novo ciclo. Não vale a pena perguntar pelo Paulo Portas, que ainda há duas semanas dizia que não vinha aí mais austeridade. Nem pelo Pires de Lima, agora reduzido a simples soldado disciplinado. Nem pedir a Maria Luís Albuquerque que explique lá essa da fase de ajustamento das famílias já ter passado, e que agora é o Estado. O Estado por cuja reforma também não vale a pena perguntar-lhe. A reforma que já vem do programa da troika e que ainda não vem no relatório que Paulo Portas ficou de entregar em Fevereiro!
Não vale a pena perguntar pelo corte das subvenções vitalícias dos políticos. Nem por que é que os automóveis são tão diabolizados nas empresas e tão deificados no Estado, e no governo em particular.
Mas vale a pena dizer que o que fizeram com o enorme aumento de impostos deste ano é o mesmo que vão fazer com o enorme corte de salários e pensões do próximo. Nada!
Nada que não seja destruir ainda mais o que resta da economia e lançar ainda mais os portugueses na miséria. O défice parece mais teimoso que o governo e a troika, não baixa. Este ano fica exactamente igual ao do ano passado, depois de nos ter devorado o enorme aumento de impostos. É maquilhado para os 5,5%, mas apenas isso. Como pensam que será o do próximo ano. E do outro… e do outro…
Os enormes sacrifícios que andamos há três anos a fazer são todos engolidos pela recessão, pela simples razão que apenas provocam empobrecimento. É isto a espiral recessiva, que ainda há pouco tempo o presidente denunciava, mas que agora cala, esconde e protege.
Já não há dúvida: ou o governo e todos os seus aliados internacionais conseguem mesmo intimidar o Tribunal Constitucional, ou este governo acabou de vez. Queira Cavaco ou não queira!
Este, não podendo repetir o enorme aumento de impostos, não é só o orçamento do enorme corte de salários e pensões. Não é sequer um orçamento, é uma enorme fraude!