DOMINÓ DIPLOMÁTICO
Por Eduardo Louro
O banho de sangue continua na Líbia, com Kadhafi apostado em repetir Tiananmen.
O efeito dominó instalou-se na estrutura diplomática do país a partir da posição do embaixador em Nova Deli, de que ontem aqui dei nota. Sucedem-lhe, a começar pelo próprio embaixador na ONU, os embaixadores na Austrália, na Malásia, no Bangladesh... O que, infelizmente, não parece passar para o interior do aparelho de poder instalado no país, ao que parece a resistir à desagregação.
Efeito dominó não vemos na comunidade internacional, pese embora a ameaça da ONU de considerar a violência em curso sobre a população líbia como crime contra a humanidade. Continuamos a assistir a um silêncio ensurdecedor da União Europeia e dos países membros. Sentimo-nos incomodados pelo silêncio da Europa e pelo silêncio português – agora que Portugal tem assento no Conselho de Segurança da ONU. Sentimo-nos incomodados quando lembramos a recepção dispensada a Kadhafi ainda há pouco, na vergonhosa cimeira de todos os ditadores. Sentimo-nos envergonhados quando revemos as fotografias sorridentes de Amado e Sócrates à volta de um Kadhafi de olhar perdido e lunático. Mas o que sentir quando vemos que o conselheiro pessoal do filho de Kadhafi – Saif Al-Islam – que ontem garantia que iriam “lutar até ao último minuto, até à última munição e até que o último homem esteja de pé” – se dá pelo nome de Tony Blair?