ENTÃO PSD?
Por Eduardo Louro
José Sócrates conseguiu, com a prestimosa ajuda do Presidente, enrolar o PSD e tomar Pedro Passos Coelho (PPC) como refém.
Ao transformar o PSD num avalista dos sucessivos PEC´s Sócrates aprisionou Pedro Passos Coelho e retirou-lhe toda a capacidade de iniciativa. A moção de censura do Bloco de Esquerda (BE), e a forma como o PSD (e o CDS) não soube lidar com ela – caindo na esparrela do BE, ou da parte que a protagonizou – fizeram o resto. E o resto foi o fortalecimento de uma posição dominante que Sócrates, como poucos, sabe construir. Ou, às vezes, apenas inventar!
A forma como surgiu este último PEC – como foi construído, com ou sob o BCE e a UE, e como foi apresentado ao país em Bruxelas – ignorando completamente o parlamento e em total desprezo pelos acordos anteriormente estabelecidos com o PSD, quer no âmbito do Orçamento quer no dos anteriores PEC´s, revela-nos Sócrates, governo e PS em abuso de posição dominante. À maneira das EDP´s, das PT´s e das GALP`S…
É visível nas palavras de Sócrates e de Teixeira dos Santos, hoje de novo em Bruxelas. Mas também nas de Francisco Assis ou nas de Lacão!
Diz-se que crise política rebentou, que está decididamente aberta. Já o está há muito, e há muito que PPC deveria estar preparado para o dia em que teria obrigatoriamente de se livrar das amarras que deixou que Sócrates lhe atasse.
É por isso muito estranho que PPC não tenha feito o trabalho de casa ao longo deste último ano. Cheira a cábula!
É muito estranho que não conheçamos ainda um programa eleitoral do PSD. Que nem sequer vejamos alinhavadas quatro ou cinco ideias mobilizadoras. Pior, e mais angustiante, que percebamos que PPC ainda não passou da fase dos balões de ensaio. Que, traumatizado com aquela entrada da revisão constitucional de que não mais pareceu recuperar, se limite a, com todas as cautelas, deixar que um ou outro lance uma ou outra ideia para o ar. A ver no que dá!
Já não dá para cabular mais. Como já não dá para especular mais com o jogo…
A hora é de acção. E não vale a pena ficar à espera do Presidente… Como se dizia por aí, agora cada um vai ter de pedalar a sua bicicleta!