GENTE EXTRAORDINÁRIA IX
Por Eduardo Louro
António Costa, como ontem aqui se referiu, surgiu em grande actividade no suposto sentido de evitar a crise política. "As crises são sempre evitáveis, só as catástrofes e a morte é que não": não se cansa de repetir.
Esta é uma manobra que, evidentemente, mais não visa que ratificar a estratégia de vitimização de Sócrates. Estratégia que ele – Sócrates – sabe explorar como ninguém e com a qual conta para voltar a enrolar os portugueses!
A chave desta manobra está na teoria - agora posta a circular pelo aparelho do PS - segundo a qual tudo não passou de um lamentável equívoco seguido de um deplorável erro de comunicação de Teixeira dos Santos. A situação política actual não passa de uma tempestade num copo de água: a estória do PEC 4 foi mal contada pelo incompetente do Teixeira dos Santos, que foi absolutamente desastroso na comunicação que fez ao país, faz hoje precisamente oito dias.
Esta extraordinária tese começou a ser construída a partir da entrevista de Sócrates à Ana Lourenço na SIC, onde ele se esforçou por deixar a ideia que aquelas medidas não eram medidas nenhumas. Apenas uma coisa para entreter lá em Bruxelas…
Não deixa de ser extraordinário que seja gente extraordinária como António Costa a empunhar esta bandeira. Alguém que, como se sabe, para além de muita influência e de grande proximidade a Sócrates, tem boa imprensa. Alguém que ainda há uma semana, numa entrevista a Clara Ferreira Alves, publicada na Revista única do Expresso, confessava que ele e Sócrates, em tempos, tinham estabelecido um acordo para assumir a liderança do partido. Não se digladiariam e avançaria aquele que na altura estivesse em melhores condições.
O que a comunicação social deixou passar em claro, sem um reparo ou sequer um comentário... Alguém tem dúvidas de que tem mesmo boa imprensa?
Há portanto que aproveitá-la…