Mundial da África do Sul #8: Adeus
Por Eduardo Louro
Como estava escrito nos astros, a selecção nacional está de regresso a casa. Cumpridos os serviços mínimos mas sem conseguir evitar uma certa frustração…
Carlos Queiroz adoptara uma linguagem de coragem. Revelara uma ambição e mesmo atrevimento de discurso que ninguém lhe reconheceria, ao ponto de prometer conquistas em que mais ninguém acreditava. Mais ninguém tinha razões para acreditar, e quase todos percebíamos que aquela ousadia era como que uma espreitadela furtiva por trás de uma barreira de protecção, aquela que todo o poderio reconhecido à Espanha representava.
Íamos ficando com a ideia que, enquanto toda a gente – Brasil incluído – queria evitar a Espanha, o seleccionador nacional queria mesmo encontrá-la, para nela encontrar a redenção. Claro que ninguém lhe poderia, como não pode, cobrar-lhe a derrota aos pés do campeão europeu, que chegava à África do Sul na pele de favorito-mor à conquista do título mundial.
E no entanto o jogo até começou por correr bem, ficando no ar que a selecção nacional teria as suas hipóteses, que aquilo não eram favas contadas para os nuestros hermanos. Até que, por volta do final do primeiro quarto de hora da segunda parte, os dois treinadores mexeram. Aí veio ao de cima o fado queirosiano: ao mexer estragou, como é hábito. E, como um mal nunca vem só, o espanhol acertou. Em cheio! Porque, com um jogador fixo na área, corpulento e por azar igualzinho àquele que Queiroz acabara de retirar, a Espanha destabilizou a nossa defesa e marcou de imediato, acentuando o controlo do jogo que nunca deixaria fugir.
E pronto. Um ponto final que parece de encomenda: eliminação pela Espanha, com um só golo e, ainda por cima, acabando a jogar com 10!
Um ponto final que permitirá continuar a alimentar muitas mentiras. Apenas desmente a maior de todas: o ranking da FIFA.