EXPLIQUEM LÁ, SE FAZEM FAVOR!
Por Eduardo Louro
Um mês depois ficou a saber-se que Sócrates e Passos Coelho se encontraram em S. Bento na véspera da apresentação do famoso PEC 4 em Bruxelas.
Saber-se de um encontro entre estas duas figuras um mês depois de ter ocorrido não é anormal. Não pode ser normal! Não se percebe como poderia não ser relevante para se tornar público! Se foi entendido conveniente mantê-lo privado não se percebe a razão. Se esse entendimento resultou de um acordo de cavalheiros entre ambos, menos se percebe ainda!
Quando o governo – Sócrates – foi tão duramente criticado por, ao arrepio de elementar espírito democrático, se ter vinculado a mais este PEC sem consultar o seu parceiro de lides PECianas e sem informar o presidente. Quando Sócrates sempre reagiu a isso precisamente (apenas) com o argumento de que tinha telefonado a Passos Coelho (quanto ao presidente justificaria que mais não fez que repetir o que sempre fizera – não informar previamente). E quando passou para o país que, mais que propriamente divergências de conteúdo sobre o PEC – conforme os imensos tiros nos pés de Passos Coelho – o que esteve em causa era a forma, a forma como Sócrates desprezou o(s) seu(s) parceiro(s) de tragédia, com as consequências conhecidas, nada disto se percebe.
Não se percebe que Sócrates não tenha dito que chamara Passos Coelho a S. Bento e que se tenha ficado pelo telefonema. Ninguém percebe o que teria Sócrates a ganhar com isso…
Ninguém percebe que, quando passou para o país que Passos perdera toda a confiança em Sócrates – o que todo o país percebia sem qualquer dificuldade - estes dois se pudessem entender em esconder tal encontro durante um mês.
Ninguém percebe que venha agora o aparelho do PS – eu ouvi Francisco Assis, mas não tenho dúvidas que muitos outros se seguirão – reclamar a mentira de Passos Coelho. Porquê só agora?
Como ninguém percebe a reacção de Passos Coelho: dizer, sem mais, que recebeu o telefonema e que foi chamado a S. Bento mas apenas para ser confrontado com o facto consumado!
O que é que terá acontecido agora? Por que é que, depois de já terem dito um dos outros o que Maomé não diria do toucinho, este ponto fraco permaneceu escondido? Por que é que, depois de o PS ter manipulado factos e mais factos para atacar o seu principal adversário, não utilizou este que seria um trunfo aparentemente bem mais legítimo?
É muita coisa que se não percebe. Não haverá ninguém que queira explicar?
Não me digam que foi a forma que encontraram para dar as boas vindas ao FMI…