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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Futebolês #32 Paradinha

 

Por Eduardo Louro

 

 

 

Parados ou paradinhos são muitas vezes alguns jogos. Muitas vezes a defesa fica parada, à espera do fora de jogo que o árbitro assistente (fiscal de linha não era bem mais giro?) acaba por não marcar. Paradinha, a ver os adversários correrem até à baliza, e ao golo.

Paradinha tem que estar a bola quando é reposta em jogo, seja na cobrança de faltas, ou nos pontapés de saída, de baliza ou de canto. Paradinhos pareceram-nos muitas vezes os jogadores da nossa selecção a ver os jogadores espanhóis, divertidíssimos, a trocar a bola. A jogarem sozinhos, como se fossem os donos da bola e não deixassem os portugueses brincar. Coisa que, como bem nos lembramos dos nossos tempos de meninice, não se faz aos vizinhos

O futebol está cheio de paradas e paradinhas. No campeonato de mundo da África do Sul estão equipas que são autênticas paradas de estrelas. Não é o caso da nossa selecção. Porque já lá não está, e porque só tinha uma estrela. Quanto muito seria uma paradinha. Mas em futebolês paradinha não tem nada a ver com qualquer destas coisas.

Agora que o campeonato do mundo de futebol está em tempo de decisões através dos chamados pontapés da marca da grande penalidade (podíamos simplesmente dizer “através de penaltis”, mas isso iria chocar os puristas, os mesmos que acham que ninguém pode dizer se não bem de Carlos Queiroz) iremos ouvir falar dela. Da paradinha, claro!

É que a paradinha é indissociável do penalti. Seja o do decurso normal do jogo, daqueles que o árbitro só marca contra a nossa equipa, sempre em prejuízo dos nossos e sempre em acto de descarado e desavergonhado roubo, ou daqueles que o árbitro, depois de deixar passar dezenas de outros que todos nós vimos, assinala de vez em quando a nosso favor. Ou, ainda, dos tais que servem para resolver aquilo que ninguém consegue desempatar, nem que houvesse prolongamento atrás de prolongamento.

Já tínhamos visto a guia de marcha do Japão ser assinada pelo Paraguai através dos tais penaltis. Com o Cardoso a marcar o decisivo com classe e com cheiro a paradinha, coisa que nunca o víramos fazer no Benfica – aí a sua especialidade era mais falhá-los! Ontem vimos o Uruguai, depois de um jogo dramático, fazer o mesmo ao Gana, com o penalti decisivo marcado através da mais linda paradinha. Perfeita!

A paradinha é um truque! O futebol é um jogo de fair play mas também é o jogo onde o “fair play é uma treta”, como um dia disse esse grande treinador, que me não canso de elogiar, chamado Jorge Jesus. Daí que seja um jogo onde todos tentam enganar todos: os jogadores tentam enganar os árbitros e os adversários, os árbitros tentam enganar as câmaras de televisão, os treinadores tentam enganar-se uns aos outros e os dirigentes tentam enganar toda a gente…

Na paradinha o marcador apenas tenta enganar o guarda-redes adversário. Porque é o único que ali está, não pode mesmo enganar mais ninguém! Parte para a bola, o coitado do guarda-redes ali sozinho e angustiado fica á espera que ele vá direitinho á bola e … zás… lá venha ela! Mas não: a determinada altura pára. Lá está: paradinha!

Quando pára deixa o guarda-redes desesperadamente entregue às leis da física, com a inércia já irremediavelmente vencida e sem possibilidade de voltar atrás. Aí, o malandro do marcador envia a bola para onde lhe apetece: o lado contrário àquele para que o seu oponente se balanceou. E chega a fazê-lo com requintes de malvadez!

A paradinha é a mãe da maior das maldades: aquela em que, depois do coitado do guarda-redes por terra, o marcador pica a bola ao de leve e a faz descrever lentamente uma parabólica em direcção à baliza.

Chamam-lhe um penalti à Panenka, o nome de um jogador checo que entrou na história do futebol quando, na final do campeonato da Europa de 1976, contra a Alemanha, teve a frieza de marcar assim o penalti decisivo. A então Checoslováquia conquistaria o seu único título e, à sua frente, estava uma lenda das balizas: o alemão Sepp Maier. Ainda hoje está por saber se se tratou de coragem ou de loucura!

Desde então muitos foram os que o imitaram. Quem não se lembra de Hélder Postiga (eu sei que ninguém se lembra dele!) a fazê-lo no Euro 2004, frente à Inglaterra? Ainda ontem, um uruguaio a quem chamam de El Loco, nos deixou mais um belo exemplar...

Uma nota final formativa (esta rubrica, embora não pareça, também tem um papel formativo): as leis do jogo já permitiram a paradinha e já a proibiram. Actualmente é permitida se efectuada a meio do percurso para a bola, mas proibida se imediatamente antes da execução do remate.

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