Papá CR 7 ou CR 9?
Por Eduardo Louro
Já por diversas ocasiões e nas mais variadas circunstâncias tive oportunidade de me expressar sobre a fantástica máquina de marketing em que Cristiano Ronaldo se transformou.
Interrogo-me frequentemente sobre o que terá sido decisivo na construção desta poderosíssima máquina e nunca encontro uma resposta.
As suas aptidões como jogador de futebol?
Não me parece suficiente. Foi o melhor do mundo, é certo! Mas antes dele houve muitos “melhores do mundo”, entre os quais Figo, por exemplo. Depois dele Messi, um jogador de futebol entusiasmante. Fantástico na verdadeira acepção da palavra. A verdade é que nenhum atingiu a sua fabulosa dimensão. Por isso não está aí certamente a resposta!
Os seus dotes físicos?
Não sendo a minha especialidade, atrevo-me a pensar que os seus dotes físicos são mais apreciados em função da pessoa e do estatuto que atingiu do que propriamente por atributos de beleza absoluta. Diria que a imagem física e sensual que o transportará à dimensão de sex symbol será mais consequência do que causa. Daí que também me pareça não estar aí a resposta.
Estas são as hipóteses que ocorreriam á imensa maioria dos mortais. Poderia colocar mais umas quantas, mas parece-me que não vale a pena queimar os meus neurónios nem a vossa paciência com mais hipóteses, até porque não me estou a propor a nenhum exercício científico. Para além disso acho que não sairia do mesmo sítio: encontraria sempre um novelo de causas e consequências que me não levariam a conclusão nenhuma.
A verdade é que Cristiano Ronaldo soube transformar-se (ou permitiu que o transformassem) numa super star verdadeiramente global e sem paralelo. A estrela de dimensão global que saíra do futebol, mas que no firmamento está hoje muito distante da do nosso CR, era David Beckham. Que era um jogador de futebol endeusado, com bom aspecto mas – fundamental – casado com uma Spice. Só isso lhe garantiria o acesso à máquina fantástica do star system! O Cristiano está nas antípodas do spice boy. Não teve quem o levasse para lá, foi ele lá ter, a partir da criança da Madeira só e desterrada em Lisboa. E do jovem cheio de borbulhas que aterra em Manchester. Foi sem esconder as suas origens, o pai e a sua morte. Sem esconder a mãe e as suas circunstâncias. Antes pelo contrário, mostrando-a sempre como o centro da sua vida. Dando-lhe um protagonismo único! Mostrando as irmãs. Uma delas expondo-a mesmo ao mundo do espectáculo, provavelmente em circunstâncias que, à luz das leis do star system, seriam fatais.
Será que, afinal, é aqui que encontramos a resposta?
A recente divulgação da sua nova condição de pai também não nos esclarece essa dúvida, mas ajuda-nos a perceber a perfeição do funcionamento da máquina. E a mestria com que é utilizada!
Tinha acabado de chegar de um campeonato do mundo, a maior montra do planeta, em franco mau estado. Nada lhe tinha corrido bem – e nem interessa agora saber se a culpa é dele, da equipa ou do treinador – com as últimas imagens a mostrarem um CR derrotado a cuspir para o operador de câmara (foi essa a imagem que fizeram passar e que correu mundo) e em evidente choque frontal com o seleccionador, que responderia ao “perguntem ao Carlos Queiroz” com a ameaça de lhe retirar a camisola, “demasiado pequena para o seu corpo”. E, de repente: “ É com muita alegria e emoção que informo ter sido recentemente pai de um rapaz”…
E o filho já está no Algarve, com a mãe. A sua mãe, a mesma Dª Dolores Aveiro, sempre na primeira linha!
Não há mais comparações com Messi. Não há mais perguntas incómodas. Não há mais nada nem nada mais interessa. O que interessa é que o bebé se chama Ronaldo e que o novo pai adora crianças. E que sabe pegar nos bebés, como a SIC mostrara. E que já tinha dito que entretanto haveria de ter um filho, como se um filho do CR não tivesse também 9 meses de gestação.
Brilhante!
E tudo volta ao normal. Férias com a nova namorada (Irina, não é?) em New York e um novo negócio de roupa de bebé nas lojas CR 7.