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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

VAMOS VOTAR (II)

 Por Joana Louro *

Não queria falar de política... Nem da campanha eleitoral. Não concordo com estas eleições: acho que, para o que afinal irão servir, quando o programa de governo é imposto de fora e alheio à nossa escolha democrática, haveria outras alternativas! Não estou de acordo com este modelo de campanha, com custos exorbitantes – apesar de se notar alguma moderação, visível pelos outdoors que se não vêm -, e praças cheias de gente que nem sabem ao que vão - ou que vão para matar a fome num saco de plástico com mais afronta e indignidade do que pão – que não podem votar, porque nem sequer são portugueses... Mas lá vão enchendo as praças sem que consigam encher de vergonha a cara de quem os levou até ali. Não consigo rever-me nisto... Mas também, neste momento, não me é fácil falar de outro tema: agora que o dia 5 de Junho está mesmo aí e a campanha está ao rubro.

 Pertenço a o grupo dos “indecisos”, que permite todas as leituras às sondagens que todos os dias vão animando este carnaval. Porque não me sinto motivada por nenhum dos candidatos nem por uma campanha que não toca nos gravíssimos problemas que temos pela frente para se entreter em fait divers e disparates de toda a ordem. É tudo demasiado mau para ser verdade: quem aqui aterrasse, vindo de outro planeta, nunca conseguiria imaginar que o país vive a sua maior crise do último século. Porque está demonstrada a incapacidade dos candidatos para apresentarem um projecto com segurança e credibilidade para um país que está no abismo económico e em total desagregação social. Porque não reconheço em nenhum dos candidatos suficiente capacidade pessoal, altruísmo e distanciamento das máquinas partidárias que garanta a composição de uma equipa de mérito para mudar o país... Porque a decisão de votar num candidato pelo único motivo de expulsar de lá o outro me sabe a pouco, a muito pouco... Ainda que possa ser compreensível, é triste. Este é um motivo que não legitima uma vitória, nem o próximo líder nacional...

Desde muito pequenina que os meus pais me ensinaram que a democracia era coisa muito séria. E votar era um direito e um dever, mas sempre um acto de grande responsabilidade... Cresci a acreditar nestes princípios e ao alcançar a maturidade cívica tentei aplicá-los com seriedade e responsabilidade. Pois o problema é que não revejo no único motivo que poderia decidir o meu voto – o voto útil, para expulsar um “criminoso” - responsabilidade social ou cívica. Reconheço-o apenas como um acto de desespero. E o resultado deste tipo de decisões nunca é bom... E este é o cerne da questão e o motivo da minha angústia.

Hoje, já grandinha, continuo a considerar a democracia coisa séria, muito séria, ainda que já lhe reconheça inúmeros defeitos... Afinal, como dizia Churchill, a democracia é o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros. Por isso no dia 5 de Junho irei votar, mesmo não sabendo em quem, mesmo com muita angústia e preocupação, e sobretudo muito desencanto. E na realidade este é o meu único apelo: Votem. Não podemos permitir, por maior que seja a desilusão e o desencanto, que a abstenção diga ao mundo que nos estamos nas tintas ou que desistimos. Por nós, pelo nosso país, pelo futuro dos nossos filhos... mesmo dos que ainda não nasceram!

  

* Publicado hoje no Jornal de Leiria

 

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