A SUCESSÃO DE SÓCRATES
António Costa disse que não. E a gente percebe. O que não percebemos é o argumento que apresentou: ser secretário-geral do PS é incompatível com a responsabilidade de ser presidente da câmara de Lisboa…
Esta é que não lembraria ao diabo! Para António Costa e para o PS governar uma câmara é mais exigente que governar o país: a Câmara de Lisboa exige dedicação exclusiva, e como o PS também, nada feito. Já o governo do país não! Não coloca as mesmas exigências e é perfeitamente conciliável com o governo do partido, como de resto está mais que provado ao longo de toda a história da democracia portuguesa: todos os primeiros-ministros acumularam com a liderança partidária.
O próprio Pedro Passos Coelho apenas vai confirmar essa regra: nem mesmo as circunstâncias de extraordinária exigência governativa, que o partido de António Costa e o governo do seu amigo Sócrates lhe deixaram em herança, se podem comparar com a da governação da câmara de Lisboa.
O que vale ao PS é a sua fraca representação autárquica. Tivesse mais presidentes de câmara e não encontraria sucessor para Sócrates!
Valeu que Francisco Assis não ganhou a câmara do Porto e que o António José Seguro andava tão escondido atrás dos arbustos que ninguém se lembrou dele para a câmara das Caldas da Rainha (em Braga reina o Mesquita Machado).
E aí estão eles, prontos para a travessia do deserto. E se Assis utilizou métodos convencionais para anunciar a candidatura, já Seguro (e não formoso) utilizou mecanismos modernos: começou num elevador (para marcar atabalhoadamente terreno) e acabou à pressa no facebook para, pelo menos desta vez, se antecipar ao adversário.