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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

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Futebolês #34 FRANGO

Por Eduardo Louro

 

 

 Se há expressões do futebolês com algum grau de dificuldade, como a atitude da passada semana, aqui está uma expressão que não apresenta qualquer dificuldade: toda a gente sabe o que é um frango!

Daí que nem valha a pena especular o que quer que seja à volta do frango. Mas sempre adiantaria alguma coisa sobre a essência do frango. Há quem a vislumbre numa certa semelhança entre a forma como a bola foge das mãos do guarda-redes e a agilidade como o propriamente dito foge dos seus perseguidores. Pela minha parte, não negando essa analogia e reconhecendo-lhe mesmo algum mérito, sugeriria algo semelhante que passa precisamente pela analogia com aquela posição de alguém que, de rabo para o ar e procurando apanhar o frango à saída da capoeira, o deixa passar entre as mãos e as pernas ficando, quanto muito, com as mão cheias de penas. Não quero puxar a brasa ao meu frango mas esta analogia parece-me bem que faz mais sentido!

Os frangos fazem parte de uma história à parte na história do futebol. E constituem, muitas vezes, um espectáculo á parte dentro do espectáculo do futebol. Basta procurar no youtube

Ainda agora, no mundial da África do Sul, foi uma verdadeira festa de capoeira. Então aquele do keeper inglês, Green de seu nome, frente aos Estados Unidos…

Todos guardamos na nossa memória frangos monumentais. Eu nunca mais me esqueço – era ainda muito miúdo – daquele frango do saudoso Costa Pereira que, em 1965, tirou ao Benfica a terceira Taça dos Campeões Europeus para oferecer ao Inter a sua primeira … e única até há pouco! Curiosamente seria outro português – Mourinho – a oferecer-lhes a segunda, 45 anos depois!

Este é, todavia, um frango já pouco apoquenta a memória dos benfiquistas. Já foi há tanto tempo e, afinal, a história do glorioso também é feita destas coisas!

Hoje, para os benfiquistas, frango traz-lhe outras recordações e … outras preocupações. Frango é … Roberto! É 8,5 milhões! E é até, vejam bem, Jorge Jesus!

O Quim tinha feito uma grande época – parece que só Carlos Queiroz é que não deu por isso – mas, para Jesus, não era guarda-redes que desse pontos. Daí que se tivesse apressado a despedi-lo, mesmo pela televisão. O titular da selecção – Eduardo, que Jesus bem conhece por tê-lo treinado na penúltima época – não era opção, também não dava pontos!

O guarda-redes que vinha dar pontos estava em Espanha. Era o terceiro guarda-redes (!) do Atlético de Madrid e fora emprestado ao Saragoça na segunda metade da época passada: 24 anos e 1,94 metros de altura. Alto, como Jesus gosta!

Um problema logo à partida: tinha custado 8,5 milhões de euros. Um valor inimaginável para um guarda-redes e para o mercado português. A mais cara contratação da época!

Nada que a imprensa não tratasse logo de resolver: o Benfica tinha-se antecipado à armada britânica. Um clube inglês oferecia 12,5 milhões. Logo outro oferecia 14 milhões. O Roberto só podia ser muito bom. Só podia dar mesmo muitos pontos!

Começam os jogos e as coisas não correm nada bem. Pior, já nenhum benfiquista consegue ver como é que poderão correr bem! Um frango é um frango, ninguém está livre. Calha aos melhores! Mas só frangos?

Está lançado o pânico nas hostes benfiquistas. A imprensa, que quisera ajudar, só desajudou. Afinal apenas fizera subir a fasquia!

Por muito que Jorge Jesus resista ao pânico e não se canse de tentar pôr água na fervura, aos benfiquistas apenas resta uma dúvida: se o Roberto pode vir a ser um guarda-redes sofrível, se é apenas um equívoco incompreensível ou se é um negócio estranho.

Ontem à noite, sem paciência para continuar a ouvir disparates sobre a revisão da Constituição, ao fazer um zapping pela tv, dei comigo no canal Q, num programa com um nome sugestivo: “Sacanas sem lei: ponta de lança em África”. Lá estavam a Leonor Pinhão – a pivot e, como se sabe, benfiquista empedernida – o José Fialho Gouveia (o filho, por quem eu tenho um carinho especial e que já trouxe aos meus escritos em algumas ocasiões), igualmente benfiquista e César Mourão, um humorista da nova geração e sportinguista. A missão do programa estava anunciada: reabilitar Roberto. Uma missão impossível, reconheciam os próprios!

Entre os diversos instrumentos de reabilitação surgiu um vídeo (terá sido o mesmo que venderam ao Rui Costa e ao Jesus?) com as famosas defesas do Roberto no Saragoça. Defesas atrás de defesas. Impressionante! Na maior parte das vezes a bola ia-lhe direitinha ao corpo…

Veio-me logo à cabeça um nome: Moreto!. É isso. Aí temos outro vez o Moreto. Só que desta vez chegou sem cenas no aeroporto! E o FCP deve andar distraído, o que também ajuda!

 

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