Que mau feitio!
Por Eduardo Louro
O rei Midas é uma personagem da mitologia grega que focou conhecida pelo seu extraordinário dom de transformar em ouro tudo o que tocava. Ainda hoje há gente assim: não que transforme literalmente em ouro, mas com grande capacidade de acrescentar valor às coisas em que se envolve.
Mas também há as pessoas do pólo oposto: aquelas que têm o maldito condão de estragar tudo em que mexam. E há ainda fases da vida das pessoas em que é tiro e queda! Às vezes acontece também aos melhores.
O primeiro-ministro José Sócrates há muito que anda numa fase dessas: estraga tudo o que toca. O que é uma enorme desgraça porque, de há muito tempo a esta parte, é ele que toca em tudo…
Começou por ter uma semana em cheio, como há muito se não via. Eu, que há muito me apercebi deste seu maldito dom, se bem se lembram, bem avisei: não estrague, não diga nada!
É certo que já não ia bem a tempo de o prevenir sobre o Freeport – aí já ele pusera a boca no trombone – mas, caramba, ainda havia a história da PT para preservar…
Não resultou. Ignorou a minha recomendação e, claro, estragou tudo.
É que ninguém ligaria nenhuma ao pequeno pormenor de não ter sido ouvido pela Justiça no âmbito do caso Freeport. Ninguém queria saber se os investigadores tinham preparadas perguntas para lhe colocar. Se eram 27 ou apenas uma ou duas. E muito menos se apenas ficaram na gaveta por falta de tempo para o ouvir.
Não passariam de meros detalhes sem importância se ele não tem resolvido mexer no assunto. Mas pronto. Mexeu e agora já ninguém consegue deixar de achar bizarro que Sócrates não tenha sido ouvido num processo em que o seu nome e os dos seus familiares foram os que mais chegaram à opinião pública. Mexeu e agora, quando tudo poderia e deveria estar arrumado, ai está a suspeita de volta. Se calhar mais forte que nunca!
O caso da golden share da PT estava perfeito. Era óbvio que só tinha que estar quietinho e caladinho para colher os resultados de uma campanha que tinha corrido bem melhor do que alguém poderia imaginar. Era a perfeição absoluta!
Qual quê? Desatou a lançar foguetes sem se lembrar que nesta época de incêndios isso é coisa que não se faz. É mesmo proibido! E nem sequer teve ninguém que lhe lembrasse a velha lei de Murphy :“se pode correr mal então vai mesmo correr mal”.
E pronto: transformou a perfeição absoluta num negócio de espertos que vendem o interesse nacional por 350 milhões de euros … em suaves prestações!
Assim é difícil! Não há razão atendível que valha nem estado social que safe a coisa!