O campeonato acabou hoje. Para mim acabara na semana passada…
Prematuramente?
Não! Para o Benfica é que acabara prematuramente, duas semanas antes, na Madeira. Vá lá saber-se porquê!
Parece-me que há uma jogada e um jogo que têm muito a ver com este insólito desfecho do campeonato. E nem o jogo é o do Estoril - nem o primeiro do campeonato, na Luz, com o Braga, do golo invalidado a Cardozo no último minuto, nem o de Coimbra dos tais dois penaltis, nem o do Nacional... - nem a jogada é aquela do Kelvin-Liedson-Kelvin…
A jogada é aquela obra de arte que culminou no 2-0 ao Sporting. Estranho?
Talvez, mas aquela fantástica jogada teve consequências muito para além do golo de Lima. Deu origem ao limpinho… limpinho, com tudo o que isso trouxe. E acabou por ter algo de enganador, que maquilhou uma realidade que precisava de ser enfrentada. Porque é bom ganhar quando nem tudo está bem, mas não é bom não o perceber.
O jogo foi o da Madeira, com o Marítimo. Que, vá lá saber-se por quê, não foi encarado como mais um jogo que tinha de ser ganho, mas como o jogo que ganhava o campeonato…
Claro que, hoje, só Fátima poderia provocar outro desfecho na Mata Real mas, como se sabe, o plafond de milagres ficou esgotado com o fecho da sétima revisão da troika… Em vez disso houve passadeira vermelha, não estendida pelo adversário, como a da Madeira há duas semanas atrás, mas nem por isso menos estendida… Logo aos vinte minutos o árbitro resolve inventar um penalti. Com expulsão. E pronto…
Ouve-se dizer por aí que o negócio vai mal para as farmácias – corre bem a quem? – que fecham todos os dias, numa escalada de falências. Não sei se é bem assim ou não, sei é que terão hoje um grande dia de negócios, de casa cheia, inundada de benfiquistas e portistas a esgotar stocks. Benfiquistas numa procura desenfreada de Kompensan e portistas a levarem até à última embalagem de Hirudoid… Uns à procura de tratar de um nó no estômago, bem pior do que se tivesse acabado de levar com um gancho certeiro do Cassius Clay dos bons velhos tempos. Outros com o corpo cheio de nódoas negras de, incrédulos, tanto se beliscarem. Para confirmar que estão bem acordados, que não foi um sonho, que aquilo aconteceu mesmo…
Naquele minuto 92, quando o Liedson (mas este tipo tem que nos perseguir até ao inferno?) recebe a bola e a coloca à frente do Kelvin, como em nenhum dos dias dos últimos três meses - à excepção destes últimos cinco - não havia portista que acreditasse que fosse possível ganhar este campeonato. Acho que era o Benfica que o mereceria ganhar, mas também acho que o Porto tem mérito.
Acho, como já escrevi, que não se pode resumir as coisas à sorte e ao azar, mas não acho que o mérito do Porto tenha sido o de acreditar. De acreditar sempre, como dizem. E como diz o Vítor Pereira… Não foi, até porque, como foi mais que evidente, ninguém acreditava. E a toalha foi atirada ao chão, toda a gente viu.
O mérito do Porto foi outro: ganhar todos os seus jogos durante estes dois ou três meses, não ceder num único jogo a partir do momento em que viu o Benfica fugir com uma vantagem de quatro pontos. E esse mérito é bem maior. Tudo é mais fácil quando se acredita, quando se persegue qualquer coisa. Difícil é não ceder quando em causa está apenas a obrigação de ganhar. Naturalmente, sem mais…
É isso que normalmente o Benfica não consegue fazer, e que simplesmente vem do hábito de ganhar!
O Benfica acaba de reconquistar o título de campeão nacional em futsal!
Depois de uma época em que ganhara tudo o que havia para ganhar e de uma fase regular onde alardeou grande superioridade, o Benfica entrou na final – à melhor de cinco – a confirmar essa superioridade, com uma goleada. Que, depois, não conseguiria confirmar, com o Sporting a ganhar tangencialmente o segundo jogo, ainda na Luz e, da mesma forma, o terceiro, em Loures, a casa emprestada do Sporting. No quarto jogo, de novo em Loures, houve empate, com o Benfica a trazer a decisão para a Luz através das grandes penalidades.
Hoje era a decisão final. O Sporting entrou melhor e marcou primeiro, mas, ainda na primeira parte, o Benfica deu a volta ao marcador, chegando ao intervalo a ganhar por 2-1.
Na segunda parte o Benfica foi superior, criou e desperdiçou inúmeras oportunidades de golo. Chegou finalmente ao terceiro golo e, com dois golos de desvantagem, o Sporting lançou mão do guarda-redes avançado, estratégia que domina como poucos. Conseguiu chegar ao empate, tendo ainda um remate ao poste antes de o tempo regulamentar se esgotar.
Já na segunda parte do prolongamento o Benfica desempatou, numa jogada em que César Paulo, sozinho e rodeado pelos quatro jogadores adversários, conseguiu libertar a bola para Edesio que, tão sozinho quanto os restantes jogadores do Benfica, fez o golo. O Sporting voltou a pôr em campo o guarda-redes avançado, mas desta vez não resultou. Resultou, ao contrário, no quinto golo do Benfica.
O Sporting, mantendo com a estratégia, ainda chegaria ao quarto golo, a um minuto do fim. Mas não mais que isso!
Curioso é que o Benfica tenha ganho os três jogos sem Ricardinho, o outro melhor do mundo. E perdido os dois em que jogou. Não merecia isto, porque não é só o melhor do mundo, é uma grande pessoa humana e um grande benfiquista!
Não fora o futebol e esta tinha sido a época perfeita!
O Benfica não ganhou este jogo que pôs ponto final na questão do título, e que permitiu a antecipação dos festejos que neste momento inundam a invicta, mui nobre e sempre leal cidade do Porto,também porque entrou mal e reentrou pior no jogo.
Sublinhei também porque, infelizmente, voltou a suceder o costume. Se foi assim até aqui, assim teria de ser até ao fim…
A nota curiosa deste jogo residiu no regresso de Olegário Benquerença à arbitragem dos jogos do Benfica, vinte meses, quase dois anos depois. Igual a ele próprio, como costuma dizer-se!
De mão leve, puxando de amarelos a torto e a direito, mas assinalando um penalti a favor do Benfica. Inédito, creio!
Mas, porque a tradição ainda é o que era, mais dois – claríssimos e cometidos mesmo à sua frente – deixaria por assinalar. A não ter sido assim o Porto festejaria o título que o Benfica lhe ofereceu no relvado do Dragão ou no da vizinha Vila do Conde, ainda antes de o festejar na Avenida dos Aliados.
Mas nem o facto de considerar que este Porto os não terá merecido, me impede de deixar de aqui os meus parabéns aos portistas. Em primeiro lugar, e em especial, aos meus colegas dragões do Dia de Clássico e ao meu amigo Nuno, o Portomaravilha. E ao Paulo, Mr Cosmos...
Ora aí está: o Braga já está isolado no comando do campeonato! E, apesar do calendário difícil, no caminho que o pode levar, pela primeira vez, ao título campeão nacional.
Com o Porto a continuar sem jogar nada, e comandado por um adjunto bloqueado e obcecado, e com o Benfica irregular e distraído - e com desgaste da Champions mal planeado – o Braga tem tudo para ganhar o campeonato. É, nesta altura da época, a equipa mais forte, mais competitiva, com mais ideias e com melhor futebol. E, porque afastada muito cedo da Taça de Portugal e da Liga Europa – mal, em ambas as circunstâncias – é, a par do Porto em idênticas condições, uma equipa sujeita a menor desgaste físico e mental.
Tem a simpatia da imprensa e, tanto quanto se tem visto, a dos árbitros. Que normalmente não erram nos seus jogos ou, se erram, fazem-no em seu favor como, por exemplo, no conturbado jogo da primeira volta com o Benfica ou, recentemente, no jogo com a União de Leiria.
No jogo de hoje, que lhe abriu a mais apetecida porta do campeonato, o Braga entrou como deve entrar qualquer equipa com ambição: com uma pressão imensa em todos os espaços do campo e com uma intensidade de jogo verdadeiramente guerreira, sem deixar espaço nem tempo para a Académica respirar. Chegou ao intervalo a ganhar por dois a zero, com o segundo golo a surgir na melhor altura, em cima do apito para o final da primeira parte.
Regressou ao balneário como quem se retira para os aposentos. A segunda parte seria passada no conforto do cadeirão, à espera do adversário para depois sair rapidamente, apanhando-o em contra pé. É assim que joga e é assim que constrói os seus resultados!
Desta vez não resultou, a Académica até fez o papel que lhe estava reservado. Mas fez mais: fez um grande golo – pelo benfiquista David Simão (ontem fora Melgarejo) - e construiu oportunidades suficientes para empatar o jogo (até para ganhar). E de repente o cadeirão ficou muito desconfortável, e o Braga sofreu!
Nos últimos dez minutos não houve jogo. Apenas anti-jogo, sem quebras de energia - é curioso, e por isso de assinalar, que nunca mais houve problemas com a instalação eléctrica daquele estádio - é certo, mas com tudo o que lhe pertence!
As últimas imagens são as que ficam! Por essas não daria muito pelo novo líder da classificação. Não seriam essas que me levariam a correr para a Bwin a apostar no Braga. Mas as da primeira parte também lá estão. Não mentem e contam muito!
O Porto é o (de) novo campeão nacional de futebol!
Um campeão há muito anunciado. Desde a quarta jornada, ainda na alvorada de Setembro. Mas, a partir daquele jogo de Braga, há pouco menos de um mês, era uma mera questão de tempo. E de oportunidade!
A primeira estava agendada precisamente para hoje na Luz. E o Porto agarrou-a! Como sempre veio fazendo ao longo da época não desperdiçou a primeira oportunidade que lhe surgiu.
Ao Benfica competia precisamente impedir isso. Porque era a única forma de evitar – não lhe chamo desonra, nem humilhação – o desconforto de ver o seu rival maior fazer a festa na própria casa. Mas porque o Benfica deverá saber – como o seu adversário bem sabe e bem trabalha - que em qualquer jogo com o Porto estão sempre mais coisas em jogo que o mero resultado. Qualquer jogo entre o Porto e o Benfica é sempre mais que um jogo e as suas circunstâncias! O Porto sabe isso muito bem. O Benfica insiste em não perceber isso!
Foi assim no início da época, na supertaça, com os resultados que se conhecem. E foi assim hoje: com o Porto a fazer festa na Luz – facto de enorme dimensão emocional, com impactos directos muito fortes, mais a mais quando o Porto, no ano passado e em idênticas circunstancias, não o permitiu ao Benfica –, a dar um passo de gigante na perseguição a uma das poucas proezas que o Benfica segura nas mãos – campeão sem derrotas – e a fazer crescer a crença na alteração do rumo das meias-finais da Taça!
Tudo isto estava hoje em jogo e não apenas os três pontos.
E tudo isto o Benfica deixou fugir, atraindo e recuperando muitos dos seus próprios fantasmas. Alguns que julgávamos bem enterrados, como o de Roberto. Que começou a escrever a história do jogo de hoje! Uma história que, infelizmente, voltará a registar uma péssima arbitragem, incidentes a mais e arremessos para o relvado. Corte da luz e abertura do sistema de rega no final do jogo… Uma história plagiada. Repetiu-se o Dragão, sem qualquer originalidade. Uma história sem fim, porque a retaliação nunca é forma de ter razão!
Parabéns aos portistas. Aos que os merecem, que não são todos. Como em tudo, e em todos os clubes, há sempre gente que não sabe, e não sabendo não merece, ganhar...
Mas não se esgota aqui a história deste dia. Por muito que, olhando agora para as televisões, não pareça, este é um dia com muitas mais histórias. E com muitas mais notícias…
E eu tive hoje uma excelente notícia. A melhor de todas as notícias que poderia ter…
Há dias assim. Que não vamos esquecer!
Acompanhe-nos
Pesquisar
Subscrever por e-mail
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.