"Para mim não foi um mero esquecimento. Passos Coelho em 1999 não pensava que viria a ser primeiro-ministro. Nunca lhe passou pela cabeça que o PSD e o PS lhe proporcionassem essa oportunidade. Por isso, na altura fez aquilo que lhe dava mais jeito.
Temo que a desinformação, a cegueira partidária, a desonestidade intelectual das camarilhas e a falta de honestidade ética e política dos actores continue a fazer o seu caminho. Como até aqui. Não até à vitória final, mas até à abstenção final. Ou, quem sabe, até que o desespero dos portugueses trabalhadores, honestos, sérios e que cumprem as suas obrigações sem esquecimentos, enquanto os trapalhões vão engrandecendo e comendo-lhes as papas na cabeça, os leve a dizer basta".
Ao contrário do que se fez nesta vossa casa - que limitou a sua mensagem a uma, que foram duas, imagens - muito se escreveu na blogosfera sobre o 25 de Abril.
O Aventar foi, pelo que vi, quem mais tratou do tema. Convidou muita gente para escrever sobre o 25 de Abril, e o resultado foi excelente. Não faltaram textos interessantes, e foi Cavaco o tema dominante. Dentro do tema, o Milagre que a Teresa descreveu, e donde até os cravos da fotografia roubei, é o meu preferido. Curto - e por isso aqui fica -, mas delicioso:
Mário Soares tem sido acusado por alguma imprensa de incontensão verbal, expressão do domínio do politicamente correcto. Fora desse domínio a expressão foi substituída por senilidade, arrogância, sectarismo, e até loucura.
A direita tem sido evidentemente mais cáustica, não lhe perdoando uma, e atirando-lhe directamente ao carácter. Percebeu-se que a esquerda se dividia entre os que reconheciam que o homem tinha ficado xé-xé, a não dizer coisa com coisa, e os que, esquecendo-lhe o passado, lhe aplaudiam o regresso à esquerda, imaginando-o a tirar da gaveta umas coisas que há muitos anos lá tinha metido.
O que para a direita era uma questão de carácter e de princípios, era para a esquerda perdoável. Perdoável pela idade ou perdoável pelo pragmatismo dos fins justificarem os meios!
Um dos efeitos colaterais da morte de Eusébio, o mais colateral de todos, não tenho dúvidas, foi acabar com esta divisão entre os portugueses. Com as suas absurdas declarações a propósito da morte de Eusébio, Mário Soares acabou com esta divisão e uniu os portugueses. Infelizmente – especialmente para ele - à volta da ideia que dele fazia a direita!
“Há tempos, depois de ter pago com atraso de um ano o Imposto único Automóvel, a funcionária das Finanças disse-me, muito séria, para guardar os documentos nos quatro anos seguintes. Estranhei a recomendação, mas guardei os papéis. Também os do IRS têm que ser mantidos durante cinco anos, prazo em que prescrevem eventuais processos. Já os documentos de trabalho dos inspectores de Finanças sobre os swap foram destruídos ao fim de apenas três anos. O meu IUC e o meu IRS são mais importantes e sensíveis para as Finanças do que os negócios manhosos com a banca, feitos por gestores públicos geniais como Maria Luís Albuquerque, e que somam prejuízos de milhares de milhões para o Estado. Estamos sempre a aprender.”