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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Que grande momento!

Na passada quarta-feira, com o Ajax, o Benfica tinha deixado, mais uma vez, uma perspectiva de mudança de rumo. A regra tem sido não confirmar essas expectativas, e por isso este jogo de hoje com o Vitória, de Guimarães, só não era de tudo ou nada, porque o tudo já não existe.

Mas não podia ser de nada.

E não foi. Não que o Benfica tenha feito uma grande exibição, que não fez. Fez o qb para ganhar, e ganhar é mesmo o mais importante nesta altura. Mas deve dizer-se também que fez o quanta bastasse para ganhar porque o jogo acabou por correr bem, ao contrário do que tantas vezes tem acontecido. Bastou que o Vitória, ao contrário do que tantas vezes tem acontecido, não tivesse feito golo na primeira vez que chegou à baliza de Vlachodimos. Nem à segunda, nem à terceira... Nem em nenhum dos 17 remates (!) que efectuou, quase o dobro dos do Benfica. Bastou que Vlachodimos tenha podido evitar o golo nas duas primeiras oportunidades do jogo, e bastou concretizar, com grande eficácia as duas primeiras oportunidades criadas.

Quer isto dizer que a clara vitória desta noite é meramente circunstancial? Não. Aquelas circunstâncias foram decisivas, mas depois delas houve o jogo. E neste jogo já se viram ideias. Sim, num jogo de futebol as ideias vêm-se. 

O Benfica não entrou com a mesma equipa que jogara com o Ajax - Otamendi e Weigl estavam disciplinarmente impedidos, e foram bem substituídos por Morato e Meité, este finalmente a mostrar-se e a fazer um bom jogo - mas entrou com o mesmo dispositivo táctico, o 4x4x2, com Darwin e Gonçalo Ramos na frente de ataque. E com ideias. 

Entre elas, e provavelmente a mais decisiva, uma ideia de espaço. E depois a ideia de o atacar, mais vincada que a do defender. E dentro dessa ideia de atacar o espaço, a de que a mudança rápida de flanco é a melhor forma de a concretizar. Não é por acaso que os dois primeiros golos, ambos de excelente execução, nasceram assim - mudanças rápidas da bola para a direita, e cruzamentos de grande qualidade de Gilberto. A qualidade que a liberdade de espaço, que noutras condições não tem, lhe permitiu mostrar. Depois bastou a qualidade de Gonçalo Ramos, no primeiro, num fantástico remate de pé direito, de primeira. E de Darwin, num grande remate de cabeça.

E por isso não foi nada circunstancial a circunstância do Benfica ter resolvido o jogo nas duas primeiras oportunidades de golo que criou. Foi qualidade e... ideias. De tal forma que, ao intervalo, já era indiscutível a vantagem do Benfica, e já ninguém se lembrava do primeiro quarto de hora do jogo.

Do que provavelmente muita gente se lembraria era do último jogo, no Bessa. Ao intervalo também era aquele o resultado, e também era aquela a imagem de superioridade. 

Com o arranque da segunda parte também isso foi esquecido. Até porque o terceiro golo, o tal que tem sido excepção, surgiu logo aos 5 minutos, num penálti - é verdade! - cometido dobre Gonçalo Ramos, e convertido por Darwin, mais uma vez com classe. E porque o Vitória foi sempre disputando bem o jogo mas sem lhe acrescentar a intensidade e a agressividade que tornassem o jogo desconfortável para o adversário.

O jogo apontava para o quarto golo do Benfica. Que acabou até por surgir logo a seguir ao terceiro, no que seria também o bis de Gonçalo Ramos, depois anulado por fora de jogo assinalado a Taarabt, que fizera a assistência. E pouco depois desperdiçado por Rafa, numa das duas ocasiões por concretizar. Até se chegar ao  momento do jogo.

O minuto 62. O primeiro momento das substituições. E não foi pela habitual inépcia de Nelson Veríssimo, mesmo que tenham produzido o habitual efeito. Foi o momento da entrada em campo de Yaremchuk, com Vertonghen a entregar-lhe a braçadeira de capitão e com a Luz a explodir numa emocionante onda de apoio à sua Ucrânia. Simplesmente fantástico, com o jogador ucraniano reconhecido, sensibilizado e fortemente emocionado. Valeu mais, muito mais, que qualquer golo. E valeu pelo jogo!

Os colegas ainda tentaram oferecer o golo ao ucraniano, que seria certamente o segundo grande momento do jogo. Mas já não dava para mais, e na parte final foi até, de novo, o Vitória a estar mais perto do golo que o Benfica, e Yaremchuk. Voltou a valer Vlachodimos para, pela primeira vez na era Veríssimo, chegar ao fim com a folha em branco.

No fim fica um jogo que valeu pelo resultado, pelo que pode contribuir para a estabilidade da equipa, e por aquele momento de manifestação contra a guerra, à volta de Yaremchuk. E a confirmação que as substituições são uma dor de cabeça para Nelson Veríssimo. Que Gonçalo Ramos é definitivamente jogador, bastava-lhe a aposta mais continuada. Que João Mário perdeu, provavelmente em termos definitivos, o seu espaço na equipa. E que também Diogo Gonçalves não tem muito para dar. Ao contrário de Meité, de quem já não se esperava nada!

 

 

Estúpida forma de suicídio

Mais um jogo, mais uma demonstração de uma equipa sem carácter e sem sombra de personalidade. Uma equipa que não é equipa!
 
É uma máxima do futebolês que uma equipa joga o que a outra deixa jogar. É um clássico que o Boavista deixa pouco que o adversário jogue, mas nem sempre é assim. Provavelmente com o jogo da meia-final da Taça da Liga, em Leiria há menos de um mês na cabeça, o Boavista, que então jogou mais e melhor, entrou convencido que há dois jogos iguais. O que vai exactamente contra outra das máximas do futebolês.
 
E por isso a equipa de Petit entrou disposta a jogar o jogo de igual para igual. Disposta, por isso, a jogar e a deixar jogar. E deu-se mal. Ou melhor, passou a dar-se mal.
 
A primeira parte dividiu-se em duas metades. Na primeira, dividiu o jogo. Foi então um jogo quase sem balizas, mas entretido. O Benfica, já com os problemas do passe e da recepção aparentemente resolvidos, e com boa dinâmica de jogo ia cimentando uma superioridade clara no jogo, culminada no primeiro golo, praticamente no fim dessa primeira metade. Um golo que, até pelo seu ineditismo, era de bom pronúncio - um remate de fora da área, de Taarabt. Duas coisas raras, mais raro ainda um golo de Taarabt, que já se julgava uma impossibilidade histórica.
 
Taarabt, a novidade na equipa que evitou o mesmo onze pela terceira vez consecutiva foi, de resto, a figura da equipa. Até pelo que o jogo acabou por ser.
 
Na segunda metade da primeira parte a exibição do Benfica chegou a ser exuberante. Marcou o segundo golo, desta vez por Grimaldo, fez mais dois, anulados por fora de jogo, em jogadas de bom futebol, e poderia ter chegado à goleada.
 
Não chegou, e depois veio o costume. Em vez de continuar com a embalagem que trazia da primeira parte, o Benfica entrou para a segunda parte para o gerir. O primeiro quarto de hora foi isso que mostrou, que a equipa trazia na cabeça a ideia de controlar o jogo no alto do 2-0, porventura com a sugestão daquele rodapé da SIC, ontem, que assinalava que o Porto goleara a Lazio por 2-1.
 
Todos sabemos que este Benfica não tem qualidade de posse de bola para controlar um jogo. Ou o assume, ou não o consegue controlar. Acresce que este Benfica de Nelson Veríssimo sofre sempre golos. E nunca marca mais de dois golos (a excepção foi aquele jogo de Tondela, onde marcou três, abdicando também da goleada). Entrar para gerir o jogo e o resultado é portanto apenas a mais estúpida forma de suicídio.
 
O que aconteceu nesse primeiro quarto de hora foi que o Boavista aproveitou essa estupidez para se colocar por cima do jogo. O Boavista destabilizou o jogo, e introduziu-lhe rapidamente a agitação na disputa da bola, nos duelos e até, aqui e ali,  na quezília. E quando uma inversão destas acontece já não há volta a dar.
 
Mais ainda para Nelson Veríssimo, que só acertará nas substituições quando for proibido de as fazer. A única que merece algumas palavras é a de Taarabt por João Mário. O marroquino tinha sido dos melhores, e é também o que melhor se adapta às condições em que o jogo já estava lançado. Não seria ele a conseguir inverter aquelas condições, evidentemente. Mas era o que mais confortável nele poderia permanecer. Pelo contrário, João Mário teria condições para inverter o rumo do jogo, mas era também, e ainda mais na fase que atravessa, o que mais facilmente poderia sair atropelado.
 
E saiu. Nem na única substituição onde poderíamos procurar alguma racionalidade, Nelson Veríssimo acertou. E o Benfica foi-se afundando a pique. O segundo quarto de hora foi um terror, e não fechou, nem poderia ter fechado, sem o  golo do Boavista que inevitavelmente seria apenas o primeiro. O segundo não tardaria muito, menos de 10 minutos. E só não veio o terceiro porque não calhou, e também porque o Boavista ficou satisfeito com o empate. Porque, em meia hora, num terço do jogo, o Boavista fez o suficiente para, pela segunda vez em menos de um mês, ter merecido ganhar o jogo.
 
Este Benfica suicida já não tem por onde se pegar. É sempre a cair, sem que se saiba onde vai parar. Nem com que estrondo. Nem em quantos cacos se vai desfazer.

Ao ritmo do puxão de orelhas

Tinha tudo para ser o jogo da revolta - e da reviravolta - este de hoje, em Tondela. No fim, não fica a certeza que o tenha sido.

Mesmo com uma boa triangulação logo aos 3 minutos, que Darwin não conseguiu concluir em golo por mérito da saída do guarda-redes adversário, o Benfica não entrou assim tão bem no jogo, e as maleitas não pareciam de todo curadas. Muitos passes falhados e muitas bolas perdidas, em especial no primeiro quarto de hora, tiravam fluidez ao jogo  e permitiam ao Tondela levar com facilidade o jogo para o meio campo do Benfica. E até introduzir a bola na baliza de Vlachodimos, num lance logo anulado pelo árbitro assistente, e confirmado pelo VAR, por 24 centímetros, em que também pareceu que a bola já teria saído quando foi cruzada.

Era no entanto notório que os jogadores se entregavam ao jogo de forma diferente da dos jogos anteriores. A equipa estava mais organizada e, acima de tudo, mais intensa e a reagir melhor à perda da bola. Foi assentando o seu jogo, desta feita num 4-4-2, com Darwin e Gonçalo Ramos,  e passou a mostrar que já havia ideias, que os jogadores sabiam o que tinham para fazer, a exibição começou a ganhar tons bonitos e as oportunidades de golo começaram a surgir com grande frequência.

O primeiro golo saiu dos pés de Everton, a concluir com classe uma bela jogada de ataque, a ainda a primeira parte não tinha chegado a meio, logo na resposta ao tal lance do fora de jogo do Tondela. Logo a seguir, Everton - de longe o melhor pelo que fez na a primeira parte - só não mar ou o segundo porque a bola foi devolvida pela barra. Dez minutos depois Darwin fez do segundo golo uma obra prima. E outros tantos depois foi o poste  - o Benfica é o campeão das bolas nos ferros, já são quase tantas como os golos marcados - a negar-lhe também o golo.

Acabou assim a primeira parte, com dois golos, duas bolas nos ferros, e mais um punhado de ocasiões de golo criadas, numa exibição com espaços de bom futebol e .... tranquila. Finalmente um jogo tranquilo. Que bom que é!

A segunda parte arrancou no mesmo tom, e o terceiro golo chegou logo ao 8 minutos. Mais uma bela jogada, com assistência perfeita de Everton e conclusão de Gonçalo Ramos. A partir daqui só se poderia esperar mais golos, até mais uma goleada, de que tantas saudades tínhamos. A equipa jogava bem, só poderia estar cheia de fome de golos, e o Tondela, sempre muito vivo e resistente, teria finalmente de se entregar ao destino que o jogo lhe traçara. Para mais, logo a seguir, ficaria reduzido a dez, com a expulsão por segunda amarelo ao seu lateral esquerdo.

Só que - e agora é altura de voltar ao início - a partir daí os jogadores do Benfica decidiram voltar ao conforto  do dolce fare niente. E, em vez de mostrarem revolta e fome de sucesso, e de mostrarem aos adeptos que este era mesmo o jogo da reviravolta, regressaram à displicência. No banco, o treinador mostrava que estava de acordo. E desatou a tirar os melhores para fazer as substituições a que já estamos habituados. Entraram todos, os do costume.

E contra dez, o Benfica perdeu esse novo jogo de ... meia hora. Lá se foi a goleada, e lá se foi essa hipótese que parece cada vez mais remota de um jogo sem sofrer golos. E a oportunidade de um resultado e de um jogo convincente, que não deixasse reticências. Que até a forma como sofreu o golo - mais uma vez de um canto, que já nasceu com a defesa aos papéis, para acabar com a defesa a dormir, com Otamendi fora de campo, depois de assistido pelo atropelamento de Vlachodimos, que dra no canto.

Parece que este jogadores só trabalham com puxões de orelhas. Jogaram como o fizeram uma hora depois do puxão de orelhas de Rui Costa. E só voltaram ao jogo depois do puxão de orelhas que foi o golo sofrido. Não se lhes pode dar folga, como se faz às crianças mais mal comportadas. E não me parece que tenham lá paizinhos para não lhe dar folga. Nelson Veríssimo não é paizinho para puxar orelhas É mais para desculpar sempre os meninos: "o golo não pode apagar a exibição que a equipa fez". Pode, pode, Nelson. Pode apagar isso e muito mais! 

 

Cavar mais fundo

Quando parece que não há mais fundo, que o Benfica já lá tinha batido, há sempre quem se apresse a cavar mais fundo, para que haja mais para onde cair. O Benfica chegava ao jogo desta noite, com o Gil, na Luz, nas profundezas de um buraco de onde se não via saída. Artur Soares Dias, a primeira coisa que fez foi começara a cavar mais fundo e a empurrar para lá das profundezas.

É também disto, como está mais que dito e redito, que se faz a realidade do Benfica. Dessa falta de respeito. O respeito que não foi perdido, foi roubado. Quem trouxe o Benfica até aqui não roubou apenas tudo o que havia para roubar. Roubou-lhe a dignidade, e com ela a respeitabilidade.

Hoje ninguém respeita o Benfica. Nem adversários, nem árbitros!

Soares Dias não teve o mínimo problema em assinalar uma falta que ninguém viu, quando a bola ia a entrar na baliza. Sabia que, fazendo-o, o lance não iria ao VAR. Fê-lo sabendo que estava a violar as regras do protocolo estabelecido, que recomenda que o árbitro aguarde pela conclusão do lance. Fê-lo sabendo que, impedindo o golo inaugural ao Benfica, e daquela forma, cavava mais fundo o buraco onde a equipa está enfiada e perdida. E fê-lo com o habitual cinismo que coloca sempre que arbitra os jogos do Benfica, confirmado quando, depois, assinalou um penalti do guarda-redes gilista sobre Gonçalo Ramos (que daria ainda expulsão) por ter deixado seguir um fora de jogo evidente. Aí, num fora de jogo evidente em cima da linha de meio campo, deixou a jogada prosseguir até ao fim, sabendo que o que contaria era o fora de jogo, e nunca o penalti que assinalara. É a provocação e a falta de respeito em todo o seu esplendor!

Não se sabe se com esse golo logo aos 5 ou 6 minutos o Benfica ganharia o jogo. Sabe-se apenas que o resultado seria diferente. Até porque o Gil Vicente também não teve respeito pelo Benfica. Só que, aqui, respeito é sinónimo de medo. Essa falta de respeito é outra coisa. Não ter medo, do adversário é uma atitude positiva, mau é que este Benfica não meta medo a ninguém. Só mete medo quem é forte, dos fracos não reza o medo, como a História.

A equipa do Gil Vicente não faltou ao  respeito ao Benfica, como fez Artur Soares Dias. Simplesmente não teve medo. Teve futebol, e em tudo o que foi futebol foi muito melhor que a do Benfica. O que fica por saber é o que a falta de respeito de Soares Dias teve a ver com a falta de respeito da bem trabalhada equipa de Ricardo Soares. Que deixou na Luz um compêndio de futebol, com lições de como se joga futebol, e de como se escolhem, e trabalham, jogadores. Um a um, foram todos muito melhores que os do Benfica. E muito provavelmente todos juntos custam menos que apenas um dos jogadores do Benfica, qualquer que seja. À natural excepção do Henrique Araújo, que hoje se estreou na equipa principal.

E quando assim é, quando olhamos para todos aqueles jogadores e ficamos com a ideia que são melhores que os do Benfica, e olhamos para o Ricardo Soares e percebemos que é melhor treinador que o do Benfica, só nos fica a saudades do Benfica que há muito perdemos. A esperança de o ter de volta vai ter que esperar, sabe-se lá até quando.

As únicas certezas são a quarta derrota no campeonato, a terceira de Nelson Veríssimo, em apenas um mês, os 12 pontos de distância para o Porto, os 6 para o Sporting e o calvário que temos pela frente. E não é só até ao fim da época. Está tudo montado para ser mais longo.

 

Um espelho

 

Não, nem tudo está bem quando acaba bem. E o Benfica não só está mal, como está pior a cada jogo que passa.

Hoje, em Arouca, regressou às vitórias - a segunda em quatro jogos da nova era Nelson Veríssimo. E a mais dilatada, igualando o da Luz , com o Paços. Quando, bem lá no fundo, a luzinha da esperança ainda continuava acesa.

Mas, em qualidade, este foi o pior dos quatro jogos. Quando se pensava que a equipa batera no fundo no último jogo, na Luz, com o Moreirense, hoje, viu-se que não. Que há mais fundo para além do que tinha ficado à vista. Então a equipa jogara mal, muito mal. Mas criou oportunidades mais do que suficientes para ganhar esse jogo, e sofreu o empate com um golo ilegal, escandalosamente validado pela arbitragem.

Hoje, não. E ganhou-o porque foi finalmente assinalado um penalti (na imagem) a seu favor. O segundo da época, e o quarto em cerca de três anos. E porque o Arouca falhou o que teve a seu favor. Sim, foi muito mais um falhanço do marcador do que uma grande defesa de Vlachodimos.

Quando encontrou pela frente uma parede defensiva, a equipa não teve futebol para a contornar. Apenas para esbarrar contra ela. Apenas por uma dispôs (não criou, foi criada por um mau atraso de um adversário) uma situação de golo, por Darwin. salva sobre a linha de golo por um defesa arouquense. Se o não tivesse sido provavelmente não contaria, porque a bola teria roçado a mão do marcador. É já crónico, perante adversários que se fecham à frente da baliza - e em teoria será o caso da grande maioria deles - a equipa não tem soluções, e bloqueia. E foi o que aconteceu na primeira meia hora de jogo, até Darwin converter - com classe, diga-se - o penalti.

Depois, o Arouca saiu lá de trás e passou a discutir o jogo no campo todo. Até há pouco tempo, quando isso acontecia,  as coisas começavam a correr bem. Com espaço, a superioridade técnica dos seus jogadores vinha ao de cima, surgiam as chamadas transições rápidas e os golos. E as goleadas. Mas também já não há nada disso. Mesmo com o campo todo para jogar, não dá. A equipa não recupera a bola, perde os ressaltos, perde os duelos. E quando ganha a bola perde-a logo a seguir. Os jogadores ou não acertam um passe, ou não conseguem uma recepção limpa.

Não admirou que tivessem bastado 10 minutos para o Arouca poder empatar, para poder voltar a erguer-se em muro à frente da baliza. Mais uma falha defensiva, com Vlachodimos - incluído - a cometer penalti. Valeu que o jogador do Arouca - João Basso, que já tinha cometido o penalti sobre Darwin - quis imitar o saltinho do Bruno Fernandes e ... saiu mal.

Ao intervalo Nelson Veríssimo tentou experimentar outra coisa. Trocou o Yaremchuk - é verdade, ninguém o viu mas esteve em campo durante 45 minutos, durante grande parte dos quais o jogo decorreu em cima da área do Arouca - pelo Everton; e o 4-4-2 pelo 4-3-3. E chegou a parecer que iria resultar. O Everton pareceu entrar bem, João Mário e Paulo Bernardo ficaram mais libertos, com este último a subir claramente de rendimento. Não durou mais de 10 minutos, esse efeito. E duas oportunidades de golo - Everton e Rafa, praticamente seguidas.

Esgotados esses 10 minutos iniciais da segunda parte, o Benfica regressou ao seu pior. A perder o meio campo, e a perder sucessivamente a bola, sem conseguir dois passe seguidos. E durante mais de meia hora só deu Arouca. E só não deu o golo do empate por acaso. E porque Vlachodimos o evitou em duas ocasiões. A equipa caiu no inferno, e de pouco valeram as sucessivas substituições de Nelson Veríssimo. A de Paulo Bernardo, pareceu que por lesão, por Taarabt só agravou ainda mais as coisas, quando os jogadores do Arouca já juntavam frequentes entradas violentas à sua superioridade no jogo.

Uma dessas, já em período de compensação, deu num livre cobrado por Grimaldo que Gonçalo Ramos, que substituíra Darwin, concluiu com c único apontamento de verdadeira classe em todo o jogo. Que só aí ficou finalmente resolvido!

A equipa é hoje o espelho de um Benfica incompetente, incapaz e desorganizado. Se os jogadores fossem dirigentes eram bem capazes de estar a anunciar uma contratação por consumar, e a ficar nas mãos do contratado, à sua mercê. Se os dirigentes fossem jogadores eram incapazes de dominar e controlar um jogo contra uma qualquer equipa do fundo da tabela!

 

Em estado de emergência

 

Poderá sempre dizer-se que há jogos assim em todos os campeonatos. O Benfica teve pelo menos dez oportunidades claras de marcar, entre as quais duas bolas nos ferros, uma na barra e outra no poste. E marcou apenas um golo, por acaso numa jogada fortuita, e afortunada. Um golo até algo caricato. E sofreu outro, num auto-golo, na sequência de um lance ilegal, que ainda se está por perceber como o VAR validou.

O problema é que o Benfica já não tinha campeonato para jogos assim. E quando já não há campeonato para jogos assim, simplesmente não pode haver jogos assim!

Percebeu-se desde o início que este jogo com o Moreirense ia complicar-se. A equipa do Benfica entrou como teria entrado há algumas semanas, ou a alguns meses. Depois das indicações deixadas no último jogo, com o Paços, que apontavam para um futebol noutra direcção, e com outro rumo, a equipa voltou para trás. Na primeira metade da primeira parte não jogou nada. Absolutamente nada. Com um único remate, o de Rafa, à barra, ia o jogo já com 20 minutos. Nesse período o Moreirense, só a defender, fez quatro!

O futebol do Benfica resumiu-se a cruzamentos sem nexo. Sem qualquer critério e bombeados para a área contrária, com dois jogadores  do Benfica asfixiados por oito ou nove adversários, sempre de frente para a bola. Nunca chegou à linha de fundo, nunca rematou de fora da área, nunca conseguiu uma transição rápida. A bola nunca chegou aos pontas de lança - Seferovic e Darwin - e por isso nunca puderam fazer um remate, que fosse. À excepção de uma espécie de remate de cabeça de Seferovic, já perto do final da primeira parte.

Mesmo assim o Benfica acabou a primeira parte com quatro remates. Todos de golo. Todos que apenas por centímetros não acertaram na baliza, com o guarda-redes - que em todo o jogo fez apenas três defesas - batido. 

Pode até parecer que a segunda parte foi diferente. Mas não foi muito diferente. E não foi diferente a qualidade global da equipa. 

Já não houve tanto daqueles cruzamentos disparatados, em que Gilberto foi rei. Por uma ou outra vez a bola chegou à linha de fundo. A equipa rematou mais, mesmo que apenas quatro remates tenham sido enquadrados com a baliza. E criou mais seis ou sete ocasiões de golo. Mas veio ao de cima o que a equipa não tem. 

O Moreirense passou o jogo todo com 11 jogadores dentro da área. E entretido nas mais diversas práticas de anti-jogo, sempre com a complacência do árbitro - Rui Costa. Do Porto, como não pode deixar de ser com este Benfica. Ainda assim conseguiu arranjar tempo e forma de trocar a bola, e sair a jogar. E cada vez que passava do meio campo - o que acontecia para aí de 15 em 15 minutos - a defesa do Benfica deixava-nos à beira de um ataque cardíaco. Era uma aflição. Numa dessas aflições, um quarto de hora depois do recomeço, Gilberto marcou na própria baliza, em boa verdade a meias com Otamendi (a ilegalidade do lance não altera em nada a aflição). 

Ora isto só tem a ver com o que a equipa não teve hoje, nem tem há muito, sem o que se não ganham campeonatos. A equipa não pressiona o adversário. Às vezes imita essa pressão, mas não passa de uma imitação. Nunca consegue abafar o adversário. Não tem intensidade para isso. Não tem força mental para fazer isso. Não se sabe posicionar de forma a manietar o adversário, a impedir-lhe que troque a bola.e que surja com ela dominada em frente aos defesas.

Depois, vem a arbitragem. A de hoje, como a de praticamente sempre. E isso tem a ver com o estado a que chegou o Benfica. Acossado por todos os lados, perdeu a respeitabilidade. Nunca foi tão fácil faltar ao respeito ao Benfica!

Hoje a arbitragem voltou a ser parte activa do resultado. O golo do Morerirense - o auto-golo do desastrado Gilberto - tinha ser invalidado. Desde logo pelo árbitro assistente e, em última análise, pelo VAR. Há dois jogadores do Moreirense em claríssimo fora de jogo. Um deles disputou a bola com Otamendi, que despois a chuta contra Gilberto, antes de se encaminhar para a baliza. Há um lance, pelo menos esse, sobre o Grimaldo, em cima do intervalo, que teria de levar à exibição do cartão vermelho ao jogador do Moreirense. Permitiu todo o anti-jogo que os jogadores do Moreirense quiseram fazer, simulando lesões (depois de rebolarem e serem assistidos até piscavam o olho), assinalando faltas cada vez que se mandavam para o chão. Uma dessas vezes coube a Steven Vitória, na sua grande área, com a bola a seguir para Gonçalo Ramos, que a introduziu  na baliza. Rui Costa - o árbitro - apitou antes dela entrar, quando as regras mandam seguir o lance para, se acabar em golo, ser avaliado pelo VAR (sabemos que, da forma que as coisas estão, não daria em nada de diferente). E, no fim, com 10 substituições - em que as cinco dos jogadores de Sá Pinto tiveram todas prolongadas festas de despedida - e com outras tantas, ou mais, interrupções para o festival de simulações do Moreirense, compensou com 6 minutos.

Hoje, três dias depois, a entrevista do nosso Rui Costa morreu. Nada é possível construir em cima das ruínas que hoje sobram do Benfica. Sem jogadores, sem estrutura técnica e sem liderança não há projecto. Hoje, no Benfica, só há emergência. Também a conferência de imprensa de Nelson Veríssimo ajudou a confirmar isso mesmo. Na parte que lhe toca, que é pouca evidentemente. 

Outra música

 

Chegou ao fim a primeira volta do campeonato, encomendado e inexoravelmente reservado para o Porto. Como esta última jornada tratou de confirmar, ontem, no Estoril.

Ao Benfica resta-lhe, agora, fazer a sua parte. Hoje, na Luz, com a equipa novamente atingida pelo covid, fê-la. A equipa parece outra, sem nada a ver com a apatia e a resignação da equipa de Jorge Jesus. O futebol de passe para trás e para o lado, em que a linha de fundo era uma miragem, e a grande área adversária território inóspito, deu lugar ao futebol dinâmico, com os jogadores sempre em movimento, e com a bola, sempre a circular ao primeiro e ao segundo toque, pronta a chegar á á área e à adversárias.

A primeira parte foi sempre jogada a grande nível. E mesmo com a equipa do Paços a defender bem, e com especial agressividade, o Benfica finalizou todas as jogadas de ataque com claras oportunidades de golo. Foram oito, para um só golo. O de João Mário, em cima do apito para o intervalo, logo a seguir à expulsão de um jogador do Paços, depois de ter atingido com violência Grimaldo, e do VAR ter chamado o árbitro Vítor Ferreira - com uma arbitragem ridícula, mais ainda que miserável - a consultar as imagens e a reverter o amarelo que tinha  começado por exibir.

O pecado capital, no jogo em que o Benfica bateu o recorde de remates - foram 23, mais dois que naquele jogo, de má memória, com o Portimonense, que se tinha ficado pelos 21 - foi mesmo o desperdício de tantas oportunidades de golo. Umas vezes por infelicidade, como foi o caso das duas bolas na barra (Gonçalo Ramos, na primeira parte, e Darwuin, que entrou a substituí-lo, já na parte final): outras por inépcia, como foi especialmente o caso de Seferovic; e outras, ainda, sem que se perceba porquê, como aconteceu de novo com Darwin em duas ou três ocasiões, a última a picar bem a bola sobre o guarda-redes, mas a falhar por centímetros a baliza.

A segunda parte começou com o ritmo que trazia da primeira. Com o Paços com menos um jogador,  e com o mesmo ritmo, se os jogadores do Benfica melhorassem um bocadinho a pontaria, era de esperar mais uma goleada, ao nível das que a equipa já atingiu neste campeonato. Não se confirmariam essas expectativas. Porque a pontaria não melhorou mas, acima de tudo, porque o ritmo da equipa oscilou. Pareceu que uns jogadores desligaram do jogo, e outros perderam fulgor. Se este aspecto terá que se aceitar, o primeiro é de todo inaceitável, e deverá merecer a atenção de Nelson Veríssimo.

Depois dos 10 minutos iniciais da segunda parte, em que criou mais três oportunidades claras de golo, a equipa desligou. E durante outros tantos permitiu ao Paços, com menos um jogador, discutir o jogo, rematar - fez quatro remates nesse período, quando só trazia dois da primeira parte - e criar até uma oportunidade para marcar, a única, em todo o jogo. Com 1-0 no marcador, não eram evidentemente boas notícias. E sentiu-se isso nas bancadas da Luz!

Os jogadores devem ter percebido isso. Nelson Veríssimo também, e começou a mexer na equipa. No passado recente era fácil fazer substituições: eram tantos os que não estavam a jogar nada que, à partida, Jorge Jesus acertava sempre. Pelo menos nos que escolhia para sair. Hoje não era assim tão fácil. Todos tinham estado bem.  Primeiro tirou o Gonçalo Ramos, para entrar Darwin, e não pareceu boa ideia. O miúdo tinha estado muito bem, apenas infeliz na finalização. Depois entraram Paulo Bernardo e Lázaro, para substituir  Everton - o renascido Everton, mas já a acusar cansaço, físico e mental - e Gilberto, e o Benfica acabou de vez com reacção pacense, e com os focos de impaciência que começavam a surgir, para regressar à criação massiva de oportunidades para marcar.

Até porque, dois minutos depois, Grimaldo fez de uma obra de arte o segundo, e afinal último, golo. O golo 6000 do Benfica na História dos campeonatos nacionais só podia ser uma obra de arte!

E o Benfica partiu para um quarto de hora final em que podia ter marcado mais três ou quatro golos, no mínimo. Finalmente entraram Diogo Gonçalves e Taarabt, para substituir Seferobvic e João Mário, a grande nível, agora a jogar para a frente, em vez de para trás e para o lado. O sufoco voltou, como voltaram as oportunidades. Mas não com o mesmo critério do primeiro tempo, quando todas as jogadas acabavam em situações de golo. Este sufoco final não teve a qualidade de então, e foram muitas as jogadas que se perderam antes de decididas.

No fim fica um resultado muito curto para a exibição. Lembramo-nos que há cerca de um mês, o jogo para a Taça, ficou em 4-1. Mas convém lembrar como aconteceu esse resultado, e como essa exibição não teve nada a ver com a de hoje. É indiscutível que é outro o futebol da equipa. Esta é outra música. É outro o desempenho dos jogadores, E são outras as conferências de imprensa do treinador do Benfica. Que tudo isto venha para ficar!

 

 

Tudo diferente, menos o que é sempre igual

 

É impossível não começar com uma palavra de enorme apreço para Nelson Veríssimo: estava com a equipa B na Feira, para disputar o jogo da Segunda Liga, com o Feirense, quando foi chamado a Lisboa para tomar conta da equipa principal. Na viagem recebeu a notícia da morte da mãe - e quem já perdeu a sua sabe o que é isso - foi dar o treino e apresentou-se hoje no Dragão, com uma equipa, uma verdadeira equipa, a discutir o jogo. 

É de um verdadeiro benfiquista. É de campeão!

Este jogo de hoje não teve nada em comum com o da semana passada. O que teve em comum é o que têm em comum todos os jogos com o Porto: uma arbitragem a influenciar o seu desfecho, sempre sob a pressão permanente, e a batota sistemática dos jogadores do Porto, em teatralização permanente, quer a simular faltas, quer a sua extensão. De resto, mais nada que fizesse lembrar o naufrágio da equipa da Benfica no jogo da Taça, faz hoje uma semana.

Nelson Veríssimo não revolucionou a equipa. Nem podia. Não houve tempo para fazer a revolução, e as opções disponíveis também não davam para muito. Mas acabou com os três centrais que Jesus inventara, e que limitavam o equilíbrio da equipa, e fez com que os mesmos jogadores parecessem outros. E o Benfica que entrou em campo foi uma equipa equilibrada e com jogadores empenhados, e dispostos a disputar todas as bolas com a mesma vontade dos seus adversários. 

Bastou isto para que entrasse em campo sem medo e, a partir daí, não só a discutir o jogo mas a superiorizar-se. E na verdade a primeira meia hora foi do Benfica. Quem, faz hoje uma semana, por esta hora, admitiria que isto fosse possível?

Aconteceu então o que é comum acontecer nestes jogos com o Porto. Aos 34 minutos. Pontapé longo do guarda-redes portista - logo depois de Yaremchuk, isolado, ter desperdiçado uma ocasião flagrante para marcar - que obrigou Vlachodimos a sair da área e a corta a bola pela lateral. Reposição rápida da bola (mérito ao apanha-bolas - não é caso único, e só é possível a jogar em casa), com o Fábio Vieira a dominá-la com o braço para, com a defesa do Benfica surpreendia com a rapidez com que a bola fora reposta, se isolar e marcar o golo, com a bola a passar entre as pernas do guarda-redes. 

Viu-se no lance corrido que o Fábio Vieira - já tão batoteiro como Octávio - ajeitou a bola com o braço. E que, sem esse gesto, não teria ficado com ela à frente. E nunca poderia ter marcado o golo. Esperava-se que o VAR o anulasse. Mas não. Nem o VAR o anulou, nem a Sport TV mostrou mais o lance. 

O Benfica sentiu o golo. E sentiu mais a injustiça, mais uma vez. E três minutos depois - aí sim. com a defesa aos papéis - sofreu o segundo. Dois golos em três minutos, e assunto resolvido. 

Nada disso. Em vez de o darem por resolvido, o treinador e os jogadores do Benfica sentiram que tinham ainda de fazer mais, e que se não deixariam abater. Voltaram ao domínio do jogo, mas o resultado não se alterou até ao intervalo.

A entrada na segunda parte foi de autêntico assalto à baliza portista, e o golo surgiu logo ao segundo minuto. Só que logo a seguir André Almeida foi expulso (adivinhava-se!). O Benfica ficava toda a segunda parte a jogar com menos um. Mas nem assim deixou de ser melhor, e de criar as melhores oportunidade para marcar. Mbemba evitou o golo de Gonçalo Ramos, que batera com categoria Diogo Costa, com bem mais trabalho que Vlachodimos. E Rafa, num grande remate, fez a bola passar a centímetros do ângulo esquerdo da baliza, com o guarda-redes portista batido.

A meio da segunda parte Nelson Veríssimo mexeu na equipa. Com a expulsão de André Almeida já tinha retirado Yaremchuc, que acabara de fazer o golo, para entrar Lázaro - e que bem jogou, não teve nada a ver com o que se tem visto - para lateral esquerdo. Provavelmente, pelo esforço despendido pelos jogadores, não poderia deixar de o fazer. Mas não correu bem .João Mário e Rafa, que estavam a fazer um grande jogo, deram o lugar a Pizzi e Taarabt. E Gonçalo Ramos, também em bom nível, a Seferovic.

É certo que os que entraram não estiveram ao nível dos substituídos. Mas decisivo, mesmo, foi que o terceiro golo do Porto aconteceu em simultâneo. Num lance infeliz, em que Gilberto (mais um, com um grande jogo) perde um ressalto para Vitinha, que isolou Taremi para marcar. De novo por entre as pernas de Vlachodimos.

Nem aí a equipa desistiu e, mesmo sem a qualidade que antes demonstrara, continuou a jogar, sem nunca se entregar.  E teve ainda mais uma ou outra oportunidade para marcar, mesmo que a mais flagrante tenha pertencido ao Porto, por Octávio. Mas já nos descontos, e com Morato (mais outro bravo) já sem poder correr.

O Benfica perdeu. E  está inevitavelmente arredado do título. E, no fim este, jogo serviu apenas para Nelson Veríssimo, e os jogadores, dizerem a Rui Costa quanto custou não ter decidido quando e como devia. 

Que o novo ano, que aí vem, seja melhor. Um bom ano para todos!

Bom ensaio

A águia Vitória não quis aterrar no seu poiso, e ficou-se ali por perto da grande área da baliza norte. Parecia mau agoiro para esta recepção ao Marítimo, agora de Vasco Seabra, o miúdo que na época passada fez a vida negra ao Benfica e que, por força da derrota imposta ao serviço do Boavista, que precipitou o desastre em que essa época se viria a tornar, e do empate, pouco depois, já ao serviço do Moreirense, apresentava um raro currículo de treinador imbatível frente às águias.

Por falar em treinador ... Jorge Jesus continuava fora do banco. Como acontecera no último jogo e voltará a acontecer no próximo, no Dragão, para a Taça. Mas não seria daí que viria o agoiro. Não era como o voo da águia Vitória...

O jogo começou como tantos outros - com o golo do Benfica. Logo aos 3 minutos: primeiro ataque, primeiro remate e primeiro golo. De Darwin, que o roubou ao Rafa. Bem roubado, de resto.

Como em tantos outros jogos, que começaram assim, também neste fez o adversário crescer. O Marítimo surgiu a pressionar no campo todo, e especialmente bem alto, logo em cima da área do Benfica, e com a isso a ganhar sucessivamente a bola. E a saber trocá-la. De tal forma que por volta do meio da primeira parte tinha  61% de posse de bola. Mas aí já o Benfica ganhava por 2-0, depois de Darwin ter bisado, agora de cabeça. Perfeito, o remate de cabeça. E já se percebia que Vasco Seabra tinha decidido imitar Carlos Carvalhal, vá lá perceber-se por quê ... Acredito que tenha sido por algum deslumbramento com os resultados desde que há um mês tomou conta da equipa - a substituir o espanhol Júlio Velasquez, que na época passada salvou a equipa da descida, para onde, nesta, estava a voltar a encaminhá-la - com duas vitórias e um empate, e um salto de gigante na tabela classificativa.

O Marítimo parecia o Braga de há umas semanas atrás. Quis discutir o jogo olhos nos olhos, e acabou da mesma forma, vergado ao peso dos golos e de um banho de bola. Não é novidade nenhuma. Em Portugal só os outros dois grandes conseguem discutir os jogos com o Benfica, e mesmo esses sempre a partir da exploração do lado estratégico do jogo, raramente apenas a mandarem-se para a frente. Como fizera o Braga, e fez hoje o Marítimo.

É certo que nem sempre, mas na maioria dos jogos em que encontram espaço para jogar, a qualidade dos jogadores do Benfica faz a diferença. Com o acumular dos golos, ao espaço junta-se a confiança. Com espaço, e com confiança, ninguém segura João Mário, Rafa, Darwin e a maior parte de todos os outros. Problema mesmo é quando não há espaço nem tempo. Os passes e as recepções falham, e a confiança vai pelo cano.

O festival de futebol começou a partir do meio da primeira parte. Pouco depois da meia hora Gilberto fazia o terceiro, e por aí ficou o resultado até ao intervalo. 

Para a segunda parte nada do jogo se alterou, e o festival de bola acentuou-se ainda mais, com os jogadores em permanente movimento por todos os espaços do campo. Logo a abrir mais um golo - o quarto, com Rafa a desmarcar-se a concluir, com classe, um passe de Yaremchuk. E depois o quinto, com os papeis invertidos e com o ucraniano a regressar ao golo, que perseguia já com evidente desconforto.

E a equipa relaxou, como se o golo de Yaremchuk tivesse sido o visto que faltava ao jogo. Até Otamendi teve direito a dar férias à concentração competitiva que nunca abandona. E o Marítimo marcou então o golo de honra, que parecia inatingível. Vieram então as substituições, com o condão de renovar a ambição. Todos quiseram mostrar serviço, e tinham razões para isso. Gonçalo ramos precisava do golo, e foi dele o sexto. Seferovic também, e marcou o sétimo. E por marcar ficaram mais três ou quatro ... Mas nem isso foi suficiente para beliscar a eficácia goleadora da equipa no jogo.

Ficou um excelente ensaio para este tremendo final de ano, com os dois consecutivos - e decisivos - jogos no Dragão. Um bom ensaio é sempre animador, mesmo que saibamos que nem sempre é garantia de boa estreia. 

 

 

Montanha russa

Hat-trick de Darwin na goleada do Benfica em Famalicão

 

O Benfica saiu hoje de Famalicão com uma vitória convincente, por expressivos 4-1, construída em dois quartos de hora - os primeiros de cada uma das partes. Entrou bem no jogo, e entrou bem na segunda parte.

Quer isto dizer que a exibição não foi tão convincente quanto o resultado? 

Exactamente!

Mas não quer dizer que não tenha sido uma vitória merecida. Porque o foi, absolutamente. Mas não foi um jogo consistente, como não têm sido a maioria dos jogos do Benfica. Desta vez - do mal o menos - depois de perder o controlo do jogo logo que se esgotou o primeiro quarto de hora, e de ter rapidamente chegado ao 2-0, o Benfica conseguiu recuperar a superioridade sobre o adversário. E, verdade se diga, mesmo depois de a voltar a perder no fim do primeiro quarto de hora da segunda parte, nunca mais a perdeu de forma definitiva. Claro que, a isso, também o resultado ajudou. O 4-1 no fim desse quarto de hora já era decisivo para o comportamento das duas equipas.

O Benfica entrou muito bem no jogo, como de resto tem acontecido noutras ocasiões. E Darwin - com mais um hat-trick - até parecia confirmar o evolucionismo, teoria que o próprio parecia apostado em negar. O primeiro golo foi de perfeição técnica. Tudo - recepção, controlo e remate - foi de grande primor técnico. Que, não sendo exactamente o seu maior atributo, era também onde mais se notava a falta de evolução num jogador com as suas condições, incluindo a sua idade.  Esperemos que não haja regressão. 

Depois caiu, como tantas vezes acontece, e permitiu que o Famalicão fosse crescendo. E que tivesse relançado o jogo, e aberto o resultado, com o golo, ainda antes da meia hora. Só não foi pior porque Otamendi e Vlachodimos lá foram evitando males maiores. 

Ao intervalo, Jorge Jesus entrou no jogo das substituições. Mais uma vez não tinha por onde correr grandes riscos na escolha dos jogadores a tirar do campo. A probabilidade de acertar era muito grande. Escolheu Seferovic e Diogo Gonçalves, que eram mesmo os piores entre os piores. O problema costuma estar nos que entram. E se para o lugar do lateral direito não havia outra opção que Gilberto, ainda por cima moralizado pela exibição da passada quarta-feira, no jogo da Champions, a de Taarabt para substituir Seferovic deixava-nos os cabelos em pé.

Correu bem, desta vez. E o marroquino esteve nos dois golos do início da segunda parte - o terceiro, de Rafa e o quarto, do hat-trick. de de Darwin. Já a segunda vaga de substituições, ainda a 20 minutos do fim, teve por único objectivo resguardar os titulares - Rafa, Grimaldo e João Mário.  Pizzi, e não virar o jogo. As opções por Pizzi, Gil Dias e Paulo Bernardo poderiam ser as mais naturais, nessas circunstâncias. Pizzi e Paulo Bernardo porque são jogadores que têm de contar, e Gil Dias porque não há outro lateral esquerdo. Mas acabaram por acelerar a queda da equipa, e a voltar à fase descendente da montanha russa que é o futebol da equipa ao longo de um jogo. 

Nada de muito novo, portanto!

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