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Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

Quinta Emenda

Tenho o direito de ficar calado. Mas não fico!

A infalibilidade do Papa

Por Eduardo Louro

 

A arbitragem de Artur Soares Dias no clássico do passado domingo foi completamente desastrada, em prejuízo nítido, claro e permanente do Benfica até ao segundo golo, aos 53 minutos de jogo, logo depois do mais inacreditável de todos os erros – o corte com a mão, de Mangala, bem dentro da área, à sua frente, bem à sua frente. A partir desse erro(?) capital, porque, como aqui escrevi depois do jogo, “viu que toda a gente viu que ele viu” o árbitro não resistiu à perturbação e, como também então escrevi, “desatou a fazer mal sem olhar a quem”, com uma incrível sucessão de decisões absurdas, em prejuízo de qualquer das duas equipas e do próprio jogo.

No final do jogo, curiosamente, ninguém se referiu à arbitragem verdadeiramente inaceitável de Artur Soares Dias, que Pinto da Costa quer agora transformar no Proença do Porto. Jorge Jesus porque, já se sabe, não sabe o que é comunicação nem faz ideia para que servem as conferências de imprensa, mas também porque ganhou, percebendo-se que, com o que para ele significava aquela vitória, não restasse espaço para mais nada -, e o Paulo Fonseca porque a vergonha pela exibição da sua equipa não lhe permitiu mais que dar graças a Deus por só ter levado dois, reconhecer a justeza da vitória do Benfica – o que para Pinto da Costa é apenas o maior dos pecados – e proclamar a sua confiança cega de que na última jornada será campeão.

Pinto da Costa, que sempre que não ganhou na Luz nunca deixou de vir a terreiro reclamar da arbitragem, estranhamente ficou calado.

Os comentadores portistas espalhados pelo universo mediático, que são normalmente parte integrante da máquina de comunicação azul e branca, potenciando os erros da arbitragem - que fazem como ninguém – reconheciam o mérito da vitória do Benfica. E unanimemente reconheceram que era a actuação da equipa, e não a arbitragem, que tinham de responsabilizar pela derrota. Porque Pinto da Costa apenas tem responsabilidade nas vitórias, fustigaram – alguns achincalharam, sem dó nem piedade - o treinador.

A meio da semana houve jogos da Taça da Liga. Jorge Jesus aproveitou para dar mais uns tiros no pé – não há volta a dar-lhe –, desta vez com as 10 vezes que preciso nascer para substituir o Matic, e o Paulo Fonseca muito satisfeito com a goleada ao Penafiel que lhe garantia a liderança no grupo. E Pinto da Costa aproveitou para elogiar a filha de Eusébio…

No final da semana tudo mudou. Pinto da Costa renovou a confiança no treinador – já agora um aviso, Paulo Fonseca: se a sua mulher lhe diz todos os dias que o ama, é melhor começar a desconfiar – e atirou-se ao árbitro com uma violência pouco vista. E obrigou-o a rectificar as declarações do final do jogo, e a fazer aquela triste figura de dizer que não falara da arbitragem propositadamente para testar os jornalistas. que só querem destabilizar o Porto.

Foi até desenterrar Calabote – coitado do Calabote, que foi irradiado por um único jogo, o último de um campeonato que o Porto até ganhou, em igualdade de pontos com o Benfica, que seria o último antes do apagão de 19 anos, ao pé dos Martins dos Santos, Calheiros, Augusto Duarte… - para acentuar a nova tese de que a derrota da Luz é da responsabilidade da arbitragem de Soares Dias. Não é Paulo Fonseca, porque é ele o responsável por esse erro de casting. Não é da equipa, porque é ele o responsável pelas contratações. E ele, como se sabe, não erra. Protagoniza a infalibilidade papal. Se não mesmo divina! 

O costume

Por Eduardo Louro

 

O Benfica começou o campeonato como de costume. Como de costume, não ganhou!

Se é costume, é normal, dir-se-á. E o que é normal é isso mesmo, normal. Nada de anormal, pois, nesta derrota na Madeira – onde não era normal perder. Afinal já há aqui qualquer coisa de anormal…

O problema é que, toda a gente sabia, o Benfica que Luís Filipe Vieira quis que continuasse a ser o de Jesus, estava proibido de começar mal este campeonato. A equipa, e principalmente o seu treinador, depois do desastre do final da época passada, não tinha margem de erro. Esse era, de resto, um dos principais riscos da insensata decisão de renovar com Jorge Jesus!

Os níveis de confiança da equipa saíram da época passada no ground zero. Percebeu-se que as férias não tinham permitido aos jogadores fazer o luto. Mais, que a equipa, graças á continuidade de Jesus, e concomitantemente à abstrusa gestão do caso Cardozo, não tinha fechado a época anterior. Que a pré-época foi simplesmente a sua continuação, sem sequer um intervalo!

Sendo o costume, esta derrota inaugural do Benfica nunca não poderá ser aceite com normalidade. Esta é uma derrota que confirma a lei de Murphy, que há tempo aqui ando a invocar.

Este é o ano decisivo para Luís Filipe Vieira. É o campeonato que o Benfica não pode perder, porque será o tetra do Porto e a porta aberta para o segundo penta. Mas, acima de tudo, porque, agora, com esta estratégia televisiva – que sempre apoiei e apoio - tem todos os ovos no mesmo cesto. Os resultados – e as exibições, e a mobilização dos benfiquistas – já não ditam apenas o sucesso e o insucesso desportivo, passam também a ditar grande parte do sucesso e do insucesso da estratégia da Benfica TV, agora crítica na conta de exploração.

Por isso menos se percebe ainda a aposta na continuidade de Jesus. Mas menos ainda se entende o desaparecimento do presidente. Que não aparece a dar a cara pelos negócios esquisitos – chamemos-lhe assim, quando falamos de Roberto e Pizzi, e mesmo de Fariña - e que não apareceu para resolver a tempo a situação de Cardozo. Por isso não se percebe que, tendo o Benfica que vender como se sabe que tem, o campeonato se tenha iniciado sem uma única venda efectuada. Com a mesma equipa da época passada, sabendo que, dentro de duas semanas, quando os ponteiros do relógio de aproximarem da meia-noite do último dia de Agosto, três ou quatro desses jogadores irão ter de sair, então pelo preço da uva mijona. Ou talvez não, como já viu pelo Roberto!

Por isso se não percebe a “ruicostização” de José Eduardo Moniz, a deixar perceber que LFV entendeu que seria muito mais útil como golpe no coração da oposição do que como mais-valia de gestão, em particular na estratégia para a Benfica TV (prometo voltar ao tema).

Mas não foi só a derrota do Benfica que foi o costume na abertura deste campeonato que não pode perder. E que o Porto, em sentido contrário, também não!

Como de costume, o Porto vendeu bem e na altura certa, dando até para segurar o Jakson. E, ao que parece, não se enganou nas compras. Trocou de treinador, mostrando que ali é acessório o que no Benfica é fundamental. E, porque é de manhã que se começa o dia, mostrou, como de costume, quem manda. Quem põe e dispõe de tudo o que, acessório, pormenor ou detalhe, é decisivo no desequilíbrio dos pratos da balança.

Pinto da Costa - que está sempre presente, como ainda ontem, em Setúbal, muita gente se lembrou logo que os factos lhe avivaram a memória – sabe que, neste arranque de época, como no de há três anos (quando o imperativo era impedir o bi do Benfica), é preciso que as coisas comecem logo a correr mal. E muito bem ao Porto!

As nomeações do super dragão Jorge Sousa para os Barreiros e de Capela – triturado pela máquina portista depois do derbi da Luz, era, em razão do poder, a carta segura - para o Bonfim, aí estavam para mostrar urbi et orbi que, como de costume, não brincam em serviço. E, claro, cada um fez o melhor que pôde. E Capela pôde muito… Fartou-se de poder!

Luís Filipe Vieira, esse, tem mais que fazer… Mesmo que afogado num mar de cumplicidades!

NÃO HÁ CONDIÇÕES...

Por Eduardo Louro

 

Jorge Jesus irá ocupar por estes dias o centro do debate destas coisas da bola.

Parece-me que o povo benfiquista é hoje, ao contrário de há dois dias atrás, maioritariamente pela saída do treinador. Não sei se o mesmo se passará na opinião publica(da) benfiquista, onde muita gente continua fiel a Jesus.

Não é esse o meu caso, como já manifestei. E não vou, nem repetir argumentos que já utilizei, nem aduzir muitos outros que ainda não apresentei. Vou antes deter-me sobre os argumentos que poderão pesar na sua continuidade.

Diz-se que o Benfica nunca facturou como com Jesus. Que nunca jogou um futebol tão atractivo. Que atingiu um patamar, nacional e internacionalmente, donde há muito estava afastado. Que valoriza jogadores como nunca se viu na Luz.

Tudo isso são verdades. Que não sendo escamoteáveis, cabem – quase todas - na grande questão das atribuições do treinador e da estrutura do negócio do futebol. Se tudo se deve a Jesus. Se o Benfica nada fez por isso, se Luís Filipe Vieira não só pactuou com o afastamento de Rui Costa, como assinou por baixo a entrega de toda a estratégia e de toda a operação do negócio a Jorge Jesus.

Pelo que é possível perceber, fica a ideia de que assim foi. Que LFV entregou tudo nas mãos do treinador que, saindo, tudo levará. Porque não se percebe - pela comunicação, verdadeiramente desastrada, pela (falta de) interacção com a equipa B, pela gestão de jogadores, com evidente tratamento diferenciado entre os contratados pelo treinador e os outros, que já estavam, de formação ou não - uma estrutura homogénea e coesa a funcionar em perfeita harmonia.

Só que Jorge Jesus partiu a corda da confiança que o ligava aos adeptos e, bem pior, a que o ligava ao balneário. A confiança dos adeptos poderia até ser recuperável, sabe-se como é curta a distância de besta a bestial: bastaria iniciar bem a próxima época. Mas, sem a confiança do balneário, perdido como é claro que está o balneário, isso é uma utopia…

Jesus não tem condições de ficar na Luz, como – creio – toda a gente percebe. Só que isso – é esse o drama - lança-o para os braços de Pinto da Costa, que esperou meticulosamente por este momento. Um momento de supremo de gozo! De tanto gozo que acabará por lhe turvar a racionalidade e a clarividência…

Que Jesus continue no Benfica, sem quaisquer condições de êxito, mas apenas para evitar isto, é que não faz sentido!

"SÓ OS BURROS É QUE FALAM DE ARBITRAGEM"

Por Eduardo Louro

 

Esperei… esperei… Já passaram mais de 15 horas e nada. Nenhuma reacção. A máquina – altamente lubrificada, sempre operacional e tão rápida e eficaz a reagir, a que nem sequer uma suposta gafe de trinta segundos escapa – engasgou!

Ficou sem capacidade de resposta… Gripou!

Não. Não foi Luís Filipe Vieira que calou Pinto da Costa. Foi Pinto da Costa que se calou a si próprio: “pela boca morre o peixe”!

O presidente do Benfica limitou-se a usar a memória. Mesmo a recente. A lembrar… Coisa que mais ninguém faz e de que, pelos vistos, o vitalício presidente do Porto não gosta muito!

Penso eu de que… Sim, porque falar de arbitragens é ridículo e estúpido!

 

PARCERIA HISTÓRICA

Por Eduardo Louro

 

Godinho Lopes vai prosseguindo o seu processo revolucionário no Sporting. Enquanto espera que os investidores internacionais aterrem na Portela, e depois de contratar um treinador de treinadores, deita mãos à mais revolucionária das suas medidas revolucionárias, que irá mudar a face do futebol em Portugal, negociando com Pinto da Costa um acordo histórico. Chama-lhe parceria e é algo de verdadeiramente inovador!

Basicamente o Sporting manda Ismailoves para o Porto e recebe de lá Miguéis Lopes… A primeira troca já aconteceu. Não espantará que, na próxima, o Sporting mande para lá o Carrillo e receba em troca o Castro!

Entretanto vão perdendo jogos, uns atrás dos outros

DIA D: D de DESAFIOS AO MESTRE

Por Eduardo Louro

 

Afinal havia outro dia D. O do limite de inscrições de jogadores na UEFA, que os mercados das horas extraordinárias não deixaram passar. E da Rússia lá chegaram mais uns milhões largos, os suficientes para a cláusula de rescisão de Witsel e para o que Pinto da Costa fizesse mais uma pirueta.

E eu que pensava que já ninguém nos levava o belga de carapinha e olhos azuis…

Que pensava que, com os seus 23 anos, ele acharia que tinha tempo para esperar mais um ano, para rumar a um dos gigantes dos dois maiores campeonatos do mundo, para um daqueles que juntam dinheiro a prestígio. Mas não! Se calhar pensou que mais vale um tordo na mão que duas perdizes a voar…

O Benfica não podia fazer nada?

Podia! Podia ter tido visão estratégica para cuidar a tempo da revisão contratual do seu jogador com mais mercado, com o consequente alargamento da cláusula de rescisão que, como invariavelmente se tem visto – no Benfica e nos outros – serve para nada quando se quer vender e para pouco, mas alguma coisa, quando se não quer. Mas também podia ter tido visão estratégica - para o que não era sequer necessário ser visionário – para, em vez de contratar não sei quantos alas, ter procurado alguém para o meio campo, esse espaço vital do rectângulo agora mais desertificado que o interior do território nacional.

O plantel do Benfica conta agora com três centro-campistas: Matic, Aimar e Carlos Martins. Um sem ritmo de jogo e dois que passam mais tempo lesionados que a jogar. E ambos sem pernas para um jogo inteiro, nos que jogam!

Não importa que o Witsel tenha rendido tanto quanto o Hulk ao Porto. Ou que tenha deixado mais valias bem superiores às que o Incrível deixou nos cofres do Dragão. Não serve de consolação nenhuma que o Zénite tenha duas direcções: uma que oferece 50 milhões a Pinto da Costa,  e que ele rejeita liminarmente, e outra que lhe dá 40 milhões e leva o Hulk. Pouco importa que Pinto da Costa faça exercícios de matemática para conseguir o milagre da multiplicação dos números, mesmo que, com isso, se fique a saber que havia umas dívidas por saldar ao jogador. Já se tinha ouvido falar disso, mas pensava-se que era só nas modalidades. Ou apenas coisa de más línguas…

O que importa mesmo é que, agora, o catedrático que está a evoluir para um look à Rod Stewart, tem a oportunidade da sua vida: fazer do Bruno César um trinco, do Gaitan um 10, do Nolito – já que não o consegue despachar para França – um box to box, e do Kardec uma coisa qualquer que jogue à bola!

FUTEBOLÊS#122 PASSE À QUEIMA

Por Eduardo Louro

 


Já vimos
que no futebol e no futebolês há muita coisa que queima e muitos incêndios. Queimam-se, mas também se rasgam, cartões, quando as coisas não estão a correr bem. Queimam-se bandeiras e outras coisas, até cadeiras, quando o civismo e os mais elementares princípios de boa educação e convivência são substituídos pelo vandalismo e pelo facciosismo exacerbado. Incendeiam-se os ânimos por dá cá aquela palha, para abrir as portas à violência… Até a bola queima, como haveremos de ver numa das próximas edições!

E há o passe à queima: o passe feito para um colega de equipa que o coloca em maus lençóis. Que o deixa em dificuldades perante o adversário, levando-o a perder a bola e, frequentemente, obrigando-o a cometer uma falta e a levar um cartão. Às vezes o segundo amarelo que o levará para a rua ou, para fugir desse destino, a deixar fugir o adversário para o golo!

Um passe à queima é assim como uma faca espetada nas costas do companheiro. Quando é feito para o guarda-redes, então, ainda é mais que isso. Mais parece uma granada arremessada contra toda a equipa!

Desengane-se quem pensar que só os jogadores têm esta capacidade autodestrutiva. Mesmo sem tocar na bola também treinadores e dirigentes fazem passes à queima. Com uma particularidade: têm sempre consequências bem mais nefastas e duradouras.

Quando, por exemplo, Jorge Jesus insiste sempre nos mesmos jogadores, espremendo-os até ao limite – sendo também ele responsável por esses limites -, independentemente da qualidade do plantel que tiver à sua disposição, e rebenta com a equipa para as fases decisivas da competição, não esteve se não a entreter-se com passes à queima. Para a equipa, para o clube e para os adeptos. Quando embirra com o Ruben Amorim, o Capdevilla, o Nolito, o Miguel Vítor ou o Enzo Perez, ou quando, ao contrário, vira a sua teimosia em favor de Roberto, na época passada, ou de Emerson, na actual, não está só a fazer passes à queima para estes jogadores. Está a fazê-los à equipa toda, ao clube e aos adeptos.

Claro que nem sempre os passes à queima correm mal. Quando não correm mal passam a chamar-se passes de risco: foi um passe arriscado, mas correr riscos faz parte da vida. Quem não arrisca não petisca!

O passe é o mesmo, só mudaram as consequências. Por mérito do destinatário ou demérito do adversário, nunca por mérito do autor!

Pinto da Costa, por exemplo, faz um passe à queima com a promoção de Vítor Pereira a treinador principal. Com tanta convicção que até inscreveu no contrato uma cláusula de rescisão que ninguém se atreveria a colocar num contrato com Mourinho. Correu bem, ou perto disso, e passou a passe de risco. Por demérito do adversário, como toda a gente percebeu. Mas, tal como há jogadores a quem tudo se perdoa – mesmo passes à queima ou falhados – também há dirigentes benzidos pela mesma água. Ora aí está como, contra todas as lógicas, o mérito vai para quem fez o passe à queima!

Esta semana assistimos à divulgação pública do maior dos passes à queima da categoria dirigentes: uma proeza – mais uma – da direcção do Sporting. O vice-presidente de Godinho Lopes, o nosso bem conhecido Paulo Pereira Cristóvão, especialista nestas coisas que queimam - ainda nos lembramos como incendiou ânimos (se não também cadeiras) no dérbi da Luz desta época, o seu primeiro dérbi como dirigente sportinguista -, é acusado de ter mandado um seu funcionário e sócio (parece que funcionário num lado e sócio noutro) e ainda colaborador do clube e membro da claque Directivo Ultra XXI (que grande confusão, maior ainda quando parece que empresas de ambos, na área da segurança e vigilância, trabalhavam para o Sporting)  – conhecido por Rui da Amadora – efectuar um depósito de dois mil euros na conta do árbitro assistente José Cardinal para, depois, apresentar uma denúncia anónima de corrupção.

O depósito foi efectuado num balcão da Caixa Geral de Depósitos no Funchal, dias antes do jogo de Alvalade com o Marítimo, na semana do Natal, a contar para os quartos de final da Taça de Portugal. Para que a coisa batesse certa e o passe não fosse à queima, o tal Rui da Amadora ter-se-á deslocado à Madeira para fazer o depósito, em notas.

O ex-polícia da Judiciária apresentou a demissão da direcção, mas reflectiu e percebeu que fez mal. Parece que já quer voltar!

E afirma que não tem nada a ver com aquilo. Creio que todos acreditamos que não: um profissional da vigilância e da segurança, com 17 anos de polícia de investigação, não iria mandar um funcionário e sócio fazer um depósito destes, ficando à mercê das câmaras de vídeo do banco. Seria um passe à queima, com muita incompetência!

O presidente Godinho Lopes também diz que o Sporting não tem nada a ver com isto. Também não nos custa nada a acreditar: se por lá não há dinheiro, como é que iriam arranjar aquelas notas todas?

Um passe à queima, que os deixa a todos bem chamuscados!

FUTEBOLÊS#116 VISÃO (DE E DO JOGO)

 

Por Eduardo Louro

 

Visão é a condição de ver. Deixa de ser uma simples condição - para passar a ser uma invejável capacidade - quando é ver mais além, quando é ver o que escapa os mais comuns dos mortais. Aos que os deuses privilegiaram com esse dom chamamos visionários!

No futebolês é muito mais do que isso. No futebolês há a visão do jogo e a visão de jogo. Aos jogadores requer-se ainda visão periférica, a capacidade de, com a bola nos pés ou debaixo de olho, conseguir ver o que se passa à sua volta, o que está para além do foco principal da sua visão. Aos jogadores, aos que fazem a diferença, exigisse-lhes a visão periférica do coelho, na totalidade dos 360 graus: só assim antecipam jogadas, evitam roubos de bola e, quantas vezes, entradas maldosas de adversários. Que não as do Bruno Alves. A essas, de tão traiçoeiras e brutais, não há visão periférica que valha!

Para ter visão de jogo não é preciso ser-se visionário, mas não está muito longe disso. É preciso ter visão estratégica, o que não é pouco. E ver muito para além da bola, ver o campo todo em cada momento. O que, sendo realmente de elevado grau de dificuldade para os jogadores – e daí estar apenas ao alcance dos sobredotados - obrigados a concentrar o seu foco de visão na bola, no adversário e num ou noutro companheiro, é o mínimo exigível ao treinador.

Por exemplo, neste último clássico entre o Benfica e o Porto, faltou a Jorge Jesus visão de jogo. Depois de, no arranque da segunda parte, ter dado a cambalhota no marcador com o segundo golo de Cardozo, porque não viu o jogo do Manchester City com o Porto – o tal em que Vítor Pereira nos brindou com mais uma estranha e bizarra visão do jogo - ou, o que é bem mais provável, porque se julga mais competente, mais esperto e com melhor visão de jogo que Mancini, não baixou a equipa. Tendo que tirar Aimar do jogo, substituiu-o por Rodrigo – que a portíssima visão de jogo de Bruno Alves se encarregou oportunamente de anular – em vez de alguém (Matic) que ajudasse a segurar o jogo. Depois da cirúrgica expulsão de Emerson, manteve Cardozo – que já tinha feito e bem a sua obrigação – e não fez entrar Capdevilla para a posição que ficou vaga. Porque, por falta de visão de jogo, o tinha deixado na bancada, onde ia bebendo Coca-cola ao lado da lindíssima mulher, de copo de cerveja na mão. Mandou para lá o Gaitan, que não sabe fazer aquilo e que deixou de fazer o que bem sabe.

Já na visão do jogo a única pedra que se pode atirar a Jesus é mesmo a de não ter visto a sua falta de visão de jogo.

Visão de jogo teve permanentemente o árbitro Pedro Proença. Mas há um lance de mestre, de uma capacidade de visão periférica capaz de fazer inveja a Aimar ou a Lucho. É o do segundo golo do Porto, que restabeleceu na altura o empate, um empate de grande amplitude. Porque, com ele, o Porto não só evitava a derrota como deixava tudo empatado nas contas do campeonato, remetendo as contas finais para a diferença geral de golos. Aí, com a equipa do Benfica toda no ataque – e descompensada por via da já referida falta de visão de jogo de Jesus - Proença viu uma falta sobre Witsel. Mas logo se sobrepôs uma visão superior: viu que, em consequência da falta, o Witsel ficava estendido à entrada da grande área do Porto – pelo que não poderia ocupar o seu lugar no centro do campo – e viu que o Javi teria de se deslocar para a direita para compensar a falta de Maxi Pereira, também no ataque. E percebeu logo, tal a visão de jogo, que estava ali aberta uma SCUT para o James. Sem portagens!

Também na expulsão de Emerson revelou boa visão de jogo. Se já tinha dado um empurrão para o empate por que não concluir o serviço? Já nas sucessivas faltas de Maicon, Otamendi, Janko e, especialmente Djalma, e no fora de jogo com que arrumou com a questão, nada mais que ligeiros problemas de visão.

Problemas com a visão do jogo continuam a ter os comentadores das televisões. Quase todos mas, muito particularmente, os da Sport TV. Até o superlativo Luís Freitas Lobo viu um grande golo de Ulk e não viu que o Artur estava a dormir e deu um frango. Viu que a falta de Emerson que lhe valeu a expulsão era merecedora de cartão amarelo, mas não viu a que a anterior não o era, nem que as inúmeras e sucessivas faltas grosseiras de Djalma – já depois de amarelado - o deviam ter impedido de terminar a primeira parte em campo. E não viu o fora de jogo no golo da vitória do Porto. Foi preciso que o jogo terminasse para, depois de tantas repetições – o que também não é habitual na Sport TV – concluir, sem ênfase, que havia fora de jogo!

Claro que sei que, se poucos têm visão de jogo, toda a gente tem (a sua) visão do jogo. Mas poucos conciliam visão de jogo com visão do jogo. Pinto da Costa é, também nisso, mestre. Com a sua visão de jogo tem uma visão do jogo - que nem é sua, é a dos seus jogadores – na qual ficaram dois penaltis por assinalar a favor da sua equipa. Por essas e por outras é que até de uma espécie de treinador como Vítor Pereira consegue fazer um treinador campeão!

 

PS1: Logo no início tive uma visão do jogo lamentável: vi os miúdos que costumam entrar em campo pela mão dos jogadores de ambas as equipas, de mãos dadas apenas com os jogadores do Benfica. Cada um com um miúdo em cada mão e com os jogadores do Porto de mãos vazias!

PS2: Não é normal haver duas edições consecutivas do Futebolês. O normal é uma em cada sábado. Esta é uma excepção, que talvez se compreenda!

GENTE EXTRAORDINÁRIA XIII

 Por Eduardo Louro 

 

            

Pinto da Costa veio hoje pedir às televisões que passassem, sem comentários, não sei quantos penaltis que Duarte Gomes assinalou a favor do Benfica nos últimos anos e o que ontem não terá assinalado sobre o Belluschi, que não teve sequer qualquer influência no resultado. O Porto ganhou – contra dez, mas ganhou – por dois a zero!

Não tenho grandes dúvidas que, pelo menos a Sport TV - mas mesmo a RTP – lhe farão a vontade. Não será é sem comentários!

O que Pinto da Costa não coloca na encomenda é o penalti no Dragão assinalado ao Yebda, que decidiu a vitória do Porto e afastou o Benfica do título. Nem o da Figueira da Foz, no ano passado, que lhe deu a vitória e precioso amparo para o arranque da época, quando o Benfica era empurrado para longe por arbitragens escandalosas. Nem o de Guimarães, no jogo inaugural desta liga, para aproveitar do empate encarnado em Barcelos e repetir a época passada.

Isto sem o mínimo esforço de puxar pela memória, para não tornar este texto ilegível. De tão grande e monótono!

É estranho que Pinto da Costa – notável desta lista de gente extraordinária, onde já bisa – surja agora? Não, não surpreende ninguém. Ele sabe quando e como tem que aparecer. É cirúrgico!

Como também sabe fazê-las sem sequer aparecer. Alguém se lembra que, no mesmo dia do derby, um jornalista da TVI foi ameaçado e insultado por Pinto da Costa e agredido pelos seus capangas?

Provavelmente alguns lembram-se vagamente de qualquer coisa. Porque para comunicação social – e em particular para a desportiva – não se passou nada…

Num dos expoentes do corporativismo, nem mesmo quando a vítima é jornalista!

 

 

 

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