"O futebol é isto mesmo". É um jargão do futebolês, mas se dissermos que "o futebol do Benfica é isto mesmo" estaremos a descrever o que se passou hoje na Luz - praticamente cheia - numa noite diluviana para receber, desta vez, o Marítimo.
O jogo até nem começou lá muito bem. Pertenceram ao Marítimo o primeiro remate e o primeiro canto - a até o segundo - do jogo. Com uma pressão muito alta, os jogadores da equipa insular não condicionavam apenas a saída de jogo do Benfica. Ganhavam permanentemente a bola, e logo com a baliza do Varela ali à mão.
Foi assim no primeira dúzia de minutos. Mas... aí está - o "futebol do Benfica é isto mesmo", e percebia-se que os jogadores do Marítimo eram apenas os pardais a tentar aproveitar o primeiro milho. Quando o primeiro quarto de hora se despedia do jogo já o Benfica rompia a teia, construia a primeira jogada do seu "futebol que é isto mesmo" e fazia o primeiro golo: Jonas, claro. Com a classe que só Jonas dá aos golos...
A tendência direitista vinda da semana passada mantinha-se. Era da ala direita que o Benfica desferia os golpes, uns logo a seguir aos outros. À famosa ala esquerda de Grimaldo e Cervi, assessorada por Zivkovic, respondia, à procura da mesma fama, a ala direita de André Almeida e Rafa, assessorada por Pizzi. Tudo, da direita ou da esquerda, a desaguar na classe dos golos de Jonas. Se o primeiro tinha sido muito bom, o segundo - terceiro do jogo, porque o segundo, com certificado de denominação de origem na esquerda, fora obra de Grimaldo, seis minutos depois do primeiro - foi uma obra de arte, em mais uma assistência de André Almeida.
Faltavam 10 minutos para o intervalo quando Jonas assinou essa obra prima. Até o terceiro, quarto do Benfica, sete minutos volvidos, na cobrança de um penalti cometido sobre Rafa em mais uma jogada do "futebol do Benfica que é isto mesmo", foi notável. Depois de ter falhado dois penaltis (Belenenses, que custou dois pontos, e Boavista) Jonas quis mostrar como se marcam penaltis indefensáveis. E com categoria.
Com quatro a a zero ao intervalo perspectiva-se um recorde de golos. Sete, oito, sabia-se lá...
O início da segunda parte apontava para aí. Tivessem sido mantidos os índices de eficácia e assim teria sido. Mas não foram, e o Marítimo defendeu-se muito mais. Especialmente depois de, já perto da hora de jogo, ter ficado reduzido a dez jogadores, pela inevitável expulsão de Gamboa, por sugestão do VAR confirmada pelo árbitro, depois de consultar as imagens. A partir daí o Marítimo só defendeu.
Defendeu com dez, e o Benfica só marcou por mais uma vez - aos 81 minutos, num golaço de Zivkovic. Até deveria ter valido por dois!
Nem a chuva pára este "futebol do Benfica que é isto mesmo". Com o que se tem visto, até pode nem dar para o penta, mas que é - de longe, a enormíssima distância - o melhor futebol que por cá se vê, lá isso é!
Em dia de eleições, o Benfica voltou a perder posições na candidatura ao título. Voltou a mostrar que, assim, é um candidato perdedor, sem condições para ganhar.
Depois de um jogo bem conseguido com o Paços de Ferreria, com uma primeira parte muito prometedora - ainda não se tinha visto tão flagrante demonstração de superioridade, a primeira meia hora foi a coisa mais avassaladora que viu num jogo de futebol - o desastre de Basileia voltara a devolver o Benfica às trevas. Não podia ser maior a expectativa para esta deslocação à Madeira, para defrontar o Marítimo, em dia de eleições.
A constituição da equipa alimentava as maiores dúvidas. Ao repetir o onze de Basileia, Rui Vitória ou estava a dizer aos adeptos que tinha ficado satisfeito com o desempenho da equipa humilhada na Suíça, ou a dizer-lhes que é teimoso e que é ele quem manda, ou simplesmente a atirar a toalha ao chão.
Como Rui Vitória não está em condições de se armar em teimoso, nem de demonstrações de força. restam apenas as duas restantes hipóteses. Que vão dar ao mesmo. Dizer que estava satisfeito com o que a equipa de Basileia é assinar a sentença da sua própria morte. Atirar a toalha ao chão é apenas um eufemismo dessa morte...
O jogo confirmou isso mesmo. Rui Vitória não sabe o que fazer, e como não sabe, não faz nada. Deixa andar... Sabe-se que a equipa joga até marcar um golo. Aí chegada, acabou. Não consegue mais continuar no mesmo ritimo à procura do segundo, nem consegue controlar o jogo para lhe definir ritmos. Nem consegue manter o ataque ao adversário, nem consegue mandar no jogo. Perde-se, pura e simplesmente.
E desta vez o golo surgiu no decurso do segundo minuto do jogo... A equipa durou dois minutos. Se isto não é o fim da linha...
Luz cheia de luz, de cor - mesmo que só vermelho - e de gente. Estádio cheio, como sempre. Entre os 57.064 espectadores, dois muito especiais: duas debutantes, de 3 e 5 anos. Vibrantes, como toda aquela fantástica moldura humana!
O Benfica entrou a surpreender o Marítimo. O bem sucedido treinador da equipa madeirense tinha afirmado que o Benfica é avassalador nos primeiros quinze a vinte minutos. E que era por isso fundamental apostar tudo nesse período. Que, evitar aí o golo do Benfica, era o primeiro passo para levar pontos da Luz. Talvez por isso, para surpreender o adversário, o Benfica não quis atirar-se para cima da equipa insular, hoje de amarelo, logo que o árbitro apitou. Nem nesse momento nem nos 10 minutos que se lhe seguiram....
Os jogadores do Marítimo devem ter ficado baralhados, pensando que tinham sido enganados pelo treinador. Aquilo não era avalanche nenhuma. Baralhados os jogadores adversários, o Benfica abriu então o livro e deu início, com 10 minutos de atraso, ao prometido assalto avassalador. Que não durou apenas os quinze ou vinte minutos que o treinador Daniel Ramos tinha na estratégia. Foram 35 minutos de sufoco, com as oportunidades de golo a sucederem-se a um ritmo diabólico.
O golo tardou, é certo, mas percebia-se que teria de chegar, mais minuto, menos minuto. Chegou aos 34 minutos, em mais uma fantástica jogada do Rafa, concluída num auto-golo do Luís Martins. Inevitável. Pouco antes, em circunstâncias praticamente iguais, o guarda-redes conseguira o milagre de evitar o golo. E depois, já na segunda parte, só os deuses da fortuna evitaram que mais uma intercepção de uma jogada de golo acabasse na baliza do Charles.
No minuto seguinte Jonas fez o segundo. E dez minutos depois o terceiro!
Podiam ter sido mais, muitos mais, mas o resultado acabou por ficar por aqui. A exibição é que não. Foi muito mais que o resultado, a explicar, especialmente àqueles benfiquistas que na semana passada já se tinham esquecido da exibição com o Porto, que há jogos no campeonato em que não é possível jogar bem. Que a equipa joga à bola, que o futebol de qualidade está lá. Mas há jogos - campos pequenos, jogo eminentemente físico, com ressaltos e mais ressaltos e adversários, como que possuídos, a correrem atrás de tudo o que mexe - em que não é possível mostrá-lo.
A equipa hoje explicou isto muito bem explicadinho. Espero que todos tenham percebido!
Não falei da segunda parte. Mas também não há muito para dizer. Sem repetir aqueles fantástcos 35 minutos, o Benfica controlou um jogo que estava então fácil. O Marítimo pôde respirar, e sem nunca dividir o jogo - nem uma oportunidade para a estatística, que seja -, adiantou-se mais um pouco no campo. E pisou já terrenos que nunca antes pisara. Mas só isso.
Só porque Mitroglou - hoje em dia de desentendimento com o golo, desperdiçou umas cinco oportunidades de golo feito - e Salvio desaproveitaram as oportunidades que o génio de Rafa lhes entregou, é que a segunda parte não repetiu os três da primeira.
Ah... Já me esquecia... Espero também que tenham percebido que o Rafa foi - é - brilhante. E que Lindelof está de volta à sua enorme categoria. E que isso é, nesta altura, muito importante!
E que foi o jogo 100 de Rui Vitória no Benfica. E que faltam cinco. Só cinco finais!
O Benfica perdeu, hoje na Madeira. Com o Maítimo, à décima segunda jornada e à entrada de um ciclo de elevado grau de dificuldade que faz deste Dezembro um mês complicado.
Já não perdia há muito tempo e, embora muitos o desejassem, ninguém pensaria que acontecesse hoje. Porque ainda há duas apenas semanas cilindrara esta equipa do Marítimo, no jogo da Luz, para a Taça, com uma enorme exibição e uma gorda goleada de 6-0. E porque a equipa atravessa - sim, no presente do indicativo - um período de grande consistência, em grande forma, com um futebol demolidor, com soluções para todos os problemas...
Mas aconteceu, e o Benfica perdeu hoje a invencibilidade no campeonato. E deixou de integrar o restrito grupo de três equipas invictas em toda a Europa: sobram agora o sensacional Leipzig, na Alemanha, e o Real Madrid.
A equipa não entrou bem, é certo. Entrou a perder, com um golo aos 5 minutos, num erro colectivo a que Luisão emprestou a cara. O Benfica reagiu de imediato, e pouco tempo depois já lá estava o seu futebol habitual. Em cima do adversário, asfixiando-o, com o carrossel a funcionar em pleno. Uma única excepção, ali pelo minuto 20, quando o Ederson, com duas defesas consecutivas de grande qualidade, evitou o segundo golo. Foi claramente uma excepção, as oportunidades sucediam-se, como se sucediam as faltas dos impunes jogadores do Marítimo, e era praticamente garantido que o golo do empate chegaria depressa. E que os outros viriam a seguir...
Tardou, mas não muito. O empate chegou à passagem da meia hora, com um remate de Nelson Semedo a sofrer um desvio, sem o qual não daria em golo, na única gota de felicidade que hoje estava reservada para os tri-campeões. Que sairia bem cara!
Ainda se não tinha percebido isso, e apesar de o guarda-redes Gotardi começar a parecer instransponível, a ilimitada confiança na equipa deixava os adeptos convencidos que ao intervalo já o marcador teria dado a cambalhota. Não foi assim, o golo não aparecia mesmo. Mas havia ainda toda a segunda parte...
Logo no arranque a bola saiu da cabeça de Salvio para bater na barra, e não entrar. A partir daí, ou o guarda-redes do Marítimo fazia milagres, ou a bola saía centímetros ao lado. Ou por cima. E pronto, lá se voltou a cumprir a eterna profecia do futebolês: quem não marca, sofre. Na únca vez em que o Marítimo saiu lá de trás, foi a vez do erro ganhar a cara do André Almeida. Por três vezes, o que, convenhamos, é demais: primeiro foi anjinho, e permitiu que um adversário lhe roubasse uma falta (os jogadores do Marítimo mandavam-se permanentemente para o chão, e o árbitro fazia-lhes sempre a vontade); do livre, a bola chegou-lhe, na esquerda e, com uma rosca, devolveu-a para a área, à mercê do remate de um adversário, que resultaria num canto; por fim, no canto, deixou o adversário saltar à vontade para marcar o golo que ditaria a derrota.
Faltavam 20 minutos, mas nem cinco sobraram para jogar. A partir daí os jogadores do Marítimo não permitiram mais que se jogasse à bola. Sempre no chão, um de cada vez e o guarda-redes nas vezes todas.
A Taça tembém merece este Benfica. A Taça também merece este futebol!
Que fantástica exibição fez o Benfica!
O Marítimo não teve tempo para nada. Entrou como é costume entrarem os adversários do Benfica, com uma ideia de pressionar logo na primeira zona de construção, coisa que, como se sabe, é possível fazer enquanto há pernas e pulmão..Tem esse problema: não é possível fazer durante todo o tempo. Mas tem outro: se a equipa consegue ultrapassar essa zona de pressão fica logo em vantagem, porque os adversários ficaram para trás, e já sem condições de recuperar.
Foi o que aconteceu logo após a bola de saída. O Benfica saiu da pressão que o Marítimo montou, passando pela teia montada como cão por vinha vindimada, e fez logo o primeiro golo. E o Marítimo ficou ali, como quem fica a meio da ponte: sem saber muito bem se devia cumprir o plano de voo que trazia. Percebeu-se que o abandonou, não voltou a pressionar alto e aconchegou-se lá atrás, a ver jogar o Benfica.
E o que viu... E o que vimos... Que jogo!
A primeira parte foi absolutamente espectacular, com um futebol de ataque permanente, com soluções para todos os problemas, em jogadas a um ou dois toques, numa dinâmica verdadeiramente extraordinária. A ponto de, ao intervalo, apenas os números surpreenderem: três golos para tanto futebol era surpreendente. Tão surpreendente como as estatísticas de posse de bola: não dá para acreditar nos 72% apresentados. Pelo que víramos, não dava para acreditar em tudo o que fosse menos de 90% ...
A segunda parte, meso sem nunca ter baixado do exigível a uma grande exibição, não teve o mesmo nível. Mas teve o mesmo número de golos, que fizeram subir o resultado para a meia dúzia - todos de rara beleza, incluindo o quinto, de penalti -, o maior resultado da época. A condizer com a melhor exibição da temporada. E a deixar excelentes indicações para o que aí vem. Em especial para o que aí vem já na quarta-feira, na Turquia.
Neste tão badalado jogo da Madeira, o Benfica fez questão de demonstrar por que vai ser, com toda a justiça, de novo campeão. Por causa das dúvidas…
Nem entrou bem no jogo. A velocidade e a intensidade com que entrou não eram suficientes para agarrar um jogo que não se podia dar ao luxo de não ganhar. Coisa temporária, que rapidamente se resolveu. Pouco a pouco o Benfica soube levar ao jogo tudo aquilo que ele pedia. À meia hora de jogo a equipa já asfixiava o Marítimo, encostado à sua baliza. Já tinha uma bola no ferro, com mais magia do Jonas, e o árbitro já tinha feito vista grossa a dois lances para penalti, um deles com o cúmulo de um amarelo - decisivo - ao Renato Sanches. Para controlar danos, o Marítimo começou a deitar mão ao antijogo que se tem visto aos adversários do Benfica, lançando jogadores para o chão, uns atrás dos outros. E contou com a preciosa ajuda do Renato Sanches. Porque a do sucessor do Olegário Benquerença já vinha de trás, do tal penalti não assinalado com cúmulo em amarelo. A expulsão do miúdo, a sete ou oito minutos do intervalo, colocava ponto final no sufoco do Benfica. Que não na imensa superioridade do Benfica. Nem na crença benfiquista!
Com dez, na segunda parte, o Benfica dominou por completo o jogo. Noutro registo, sem sufocos nem asfixias, o Benfica marcou por duas vezes, teve mais uma bola no ferro, e criou mais três ou quatro oportunidades claríssimas de golo. Numa delas o Pizzi cometeu a proeza de acertar no guarda redes deitado no chão… E o tal discípulo de Benquerença deixou ainda passar mais um penalti sobre o Mitroglou.
Isto é “à campeão”. Isto é de campeões… Com mala ou sem mala. Com dez ou com onze. Com o campo encharcado – com os jogadores a escorregarem pelo campo encharcado, ao intervalo voltaram abrir as torneiras – ou seco. Contra tudo e todos, esta sensacional equipa do Benfica esteve-se nas tintas para as contrariedades. Foi-se ao jogo e ganhou-o com toda a clareza.
E vai certamente ser campeão, tricampeão, 39 anos depois… E vai certamente festejar o 35 no próximo domingo!
Chegou a assobiar-se na Luz. Ainda a primeira parte não ia a meio, e já a plateia benfiquista assobiava aquele jogo pastoso, sem velocidade e sem chama, que invariavelmente toma conta da equipa. De repente tudo mudou: três golos em apenas seis minutos, obra das duas mais caras contratações de sempre. Finalmente a renderem!
A partir daí o Benfica fez praticamente o que quis de um Marítimo atordoado, que não mais atinou com o jogo. Ficou-se pela meia dúzia, repetindo a maior goleada do campeonato, estabelecida no jogo com o Belenenses, e poderia ter ido muito mais além. Mas, mesmo assim, e ao fim e ao cabo, o resultado é ainda melhor que a exibição. Posso até estar a ser injusto mas, a mim, não me deslumbrou.
E não gostei mesmo nada do individualismo que na parte final do jogo se apossou dos jogadores. Com tudo a correr pelo melhor, o melhor seria mesmo que os jogadores conseguissem afinar a dinâmica colectiva da equipa, longe de navegar nas melhores águas.
Parece que em Setúbal também houve quem experimentasse a meia dúzia. Espero que não lhe tomem o gosto. Isso é mais andança de Ferrari!
Resposta categórica e inequívoca do Benfica à incrível campanha que por aí anda. É assim, dentro de campo, que se dá a resposta que é devida…
Como vem sendo habitual, o Benfica asfixiou durante a primeira parte, mas marcou apenas um golo, deixando por marcar mais três ou quatro. Na segunda parte, com o jogo ligeiramente mais repartido, surgiram os golos que acabam por dar ao resultado uma expressão mais condizente como que se passou.
O Benfica ganhou por 4-0, o que é sempre um grande resultado, mas bem podia ter duplicado o score. O Marítimo fez o primeiro remate aos 60 minutos, já lá iam dois terços do jogo e já perdia por três a zero. Acresce que, para além de ser o primeiro, foi o único remate intencional e com verdadeiro perigo, que Júlio César defendeu para a barra. E bloqueou completamente o Marítimo – como Jorge Jesus bem referiu na flash interview, a propósito dos famosos bloqueios que o treinador dos madeirenses, sem preocupações de originalidade, decidiu também agora recuperar – afogado num imenso banho de bola...Com a nota artística que Janeiro sempre resgata!
Tudo foi bonito, a equipa voltou a não sofrer golos, Luisão atingiu os 440 jogos e a marca de Eusébio, e quase tudo correu bem – até a expulsão de Talisca, sempre muito desejada pelos comentadores da Sport TV. Mas nem tudo correu bem: Gaitan, o artista mor da companhia, lesionou-se logo nos primeiros minutos. Esperemos que não seja nada de grave, e que para delícia dos nossos olhos possa regressar depressa…
O Benfica fechou hoje o já garantido apuramento – era a única equipa apurada logo à saída da segunda jornada – para as meias-finais da Taça da Liga, num jogo em que defrontou o Gil Vicente no Restelo, que teve de pedir emprestado porque o relvado da Luz está doente, tanta foi a chuva que apanhou logo à nascença.
Numa semana em que, a propósito e despropósito – mais a despropósito, parece-me – tanto se falou de formação, o Benfica apresentou uma equipa baseada na sua formação e sem qualquer titular habitual. E com sete portugueses (e dois sérvios, um brasileiro e um argentino) à entrada e nove à saída – os dois sérvios foram substituídos por dois putos-maravilha portugueses, o Bernardo Silva e o Hélder Costa!
Não se pode falar numa exibição de sonho, mas tem de se dizer que esta equipa do Benfica fez uma grande jogatana. Jogaram à bola como gente grande, com exibições notáveis do Rúben Amorim – cada vez que joga é show de bola garantido – Ivan Cavaleiro e André Gomes e com os três suplentes que entraram, os dois acima e João Cancelo, a deixarem-nos água na boca, num domínio nunca visto entre equipas da primeira divisão. Basta lembrar que o Gil não fez um único remate!
No final da primeira parte ainda se pensou que seria por jogar contra o vento. Sabe-se que no Restelo o vento só não é tão famoso com os velhos porque no tempo de Camões ainda não havia futebol. Mas não, não era do famoso vento do Restelo, porque na segunda parte, com ele pelas costas as coisas ainda pioraram.
Mas o Benfica apenas ganhou por um a zero?
Pois, é verdade. Mas há atenuantes!
Umas vezes porque os dez defesas do Gil conseguiam impedir os jogadores do Benfica de rematar. Às vezes em falta, e ás vezes dentro da área. O árbitro só uma vez marcou penalti, mas nem assim deu golo – o Funes Mori atirou contra o guarda-redes e a recarga foi disputada pelos dois sérvios, que tudo fizeram para se anular um ao outro. Talvez por isso o árbitro tivesse evitado assinalar todos os outros… E como a bola não queria entrar, como mais uma vez provou no único golo registado no marcador, quando entrou, o árbitro achou que era uma violência contrariá-la…
Correndo hoje a última jornada tudo teria de ficar decidido. E o Braga, com cinco a zero perante um miserável Belenenses – cada vez que me lembro que foi uma equipa destas que roubou dois pontos na Luz até me dá uma coisinha má – também acabou por garantir o apuramento que, pelo capricho do sorteio e pela classificações do último campeonato, com o Sporting lá para baixo, praticamente lhe garante a presença na final. Pelo segundo ano consecutivo!
Sporting e Porto disputavam a honra e o privilégio de receber o Benfica em sua casa. Era – e acabou por ser – uma questão de golos. Passaram a semana a anunciar golos e mais golos, mas depois foi o que se viu. Saiu premiado o Porto – e o termo é esse, a vitória caiu-lhe do céu – e de fora ficou a melhor equipa do grupo, o Marítimo. Que já fora muito melhor que o Sporting, mesmo perdendo por 3-0 em Alvalade. E que hoje foi imensamente melhor que o Porto. Esteve a perder, deu a volta ao resultado, esteve sempre mais perto de fazer o terceiro do que de sofrer o empate, mas acabou por sofrê-lo e voltar a perder ingloriamente no último minuto.
Agora digam que a Taça da Liga não conta... Conta, como se viu. Mas também contam os banhos de bola. E em apenas três jogos o Porto levou dois. Dos grandes!
E tudo se resolveu com penalti do costume. Não, desta vez não foi o árbitro. Que nem o viu – e não viu mesmo porque, como já era notório, ele tinha pressa em resolver as coisas – quem o viu foi o árbitro assistente. O árbitro assistente e toda a gente!
E ainda bem, porque só mesmo visto. Contado ninguém acredita: a bola, de um canto, vem pelo ar e dois jogadores do Marítimo resolvem discutir uma bola que não tinha sequer discussão. Sobem ambos, sozinhos, sem nenhum adversário por perto – nem ao lado, nem à frente, nem atrás – e um deles sobe tanto que até leva a mão à bola. Aí estava o penalti do costume…
Depois! Bem, depois o jogo pouco mais teve para contar que os cartões amarelos para os jogadores da equipa da Madeira. Um deles para um jogador que caiu na área do Porto, depois de um ligeiro empurrão de Hulk – a tal famosa questão da intensidade. Que ali, na área do Porto, nunca é a suficiente…
E já no fim, com o Porto a defender lá atrás o que conquistara com o penalti do costume, o Djalma cai na área do Marítimo. O árbitro Paulo Batista apita e vê-se um cartão amarelo na sua mão. Para pagar com a mesma moeda, poderia pensar-se. Não, estava lá também um vermelho. E a outra mão apontaria para a marca de penalti: agora sim, era este afinal o penalti do costume!
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