A champions em Lisboa III
Terminou hoje na Luz a "Champions" desta longa - a mais longa de sempre, quando já se disputam jogos de apuramento para a próxima - e anormal época de 2019/20, num formato de emergência ditado pela emergência da pandemia. A condensação das quatro últimas fases da competição numa espécie de fase final a eliminar, em Lisboa, trouxe uma sensação de uma outra dimensão da competição, a que a falta de público tirou ambiente e espectacularidade, mas não interesse.
Foi uma final inédita, como seria sempre. Mas também inédita pelas equipas em confronto, não pelo Bayern, que já anteriormente disputara dez finais da maior prova de clubes do futebol mundial, mas pelo PSG, que a atingia pela primeira vez nos seus 50 anos de História. Foi a final que a UEFA desejava, mas também foi a final ajustada ao desempenho das oito equipas que chegaram a Lisboa há duas semanas para disputar o mais importante título do futebol da Europa e do Mundo.
E se não foi a mais espectacular de sempre - e não foi mesmo, se nos lembrarmos de Istambul, em 2005, mas também de mais uma ou outra - teve talvez a melhor primeira parte de sempre. Mesmo sem golos. Com o Bayern a confirmar que é neste momento a equipa mais forte do futebol mundial, porventura apenas ao alcance do Liverpool, e o PSG a confirmar que já é uma equipa, e até uma equipa espectacular.
Não se pode dizer que a equipa de Paris tenha sido superior. Mas criou mais, e mais espectaculares, oportunidades de golo. Só que na baliza dos alemães estava Neuer... Que fez a diferença. Que faz sempre a diferença quando a sua equipa não consegue controlar tudo, e chega a sua vez de dizer presente.
A segunda parte foi substancialmente diferente. Primeiro porque o Bayern marcou ainda cedo, à beira dos 15 minutos, por Coman, e acentuou a sua capacidade de controlar o jogo. E depois porque a condição física dos jogadores já não permitia nem o mesmo ritmo, nem a mesma disponibilidade mental. E a qualidade do jogo teve que se ressentir.
Mesmo assim, voltou a ser Neuer a fazer diferença. Não que, do outro lado, Keylor Navas tenha tido culpas no golo sofrido. Simplesmente porque, imperialmente, defendeu tudo, mesmo o que não tinha defesa.
E decidiu esta "Champions", que se confirma como competição aristocrática, continuando a virar as costas ao novo riquismo do futebol mundial. Os novos ricos, movidos a dinheiro de magnatas das arábias, terão de continuar à aguardar à porta deste clube aristocrata dos velhos emblemas europeus. Salvo uma ou outra distracção, a "Champions" continua com reserva do direito de admissão!